pec-241
Caro Celso IIlyitch Ulyanov, Presidente Prudente, SP

Os confrontos entre grupos são evidentes nesta crise do capitalismo internacional, reforçado pelo golpe judicial parlamentar que atinge o Brasil.
Entre os que apoiam essa barbárie agem os empresários medíocres que sempre colocaram os lucros e concentrações de rendas e de riquezas em poucas mãos acima do Brasil.

No meio, como borrasca levada para um lado e outro a periclitante e falsa classe média. Seus comensais, que se imaginam ricos, não passam de massa de manobra e parasitas dos primeiros.
No polo crítico há uma gama enorme de setores que percebem com bastante clarividência os passos do golpe que se abate com força, violência e ódio sobre todos nós.

O golpista MiShel Temer até ameaçou desrespeitosamente os setores críticos da sociedade chamando-os de corporativistas e que não toleraria suas reações contra a diabólica PEC 241 e seu imenso pacote de maldades.

Ora, o parasita ocupante indevido da presidência da República ronca grosso querendo intimidar-nos. No seu ódio ao Brasil quer reeditar o ranço da ditadura militarizada, objetivando favorecer os interesses neoliberais a quem o seu pacote favorece.

Não assustará ninguém nem usando a polícia covarde e fura olho de Geraldo Alckmin. Como disse Boulos, líder do MTST ao referir-se ao filhote de ditador, o recém eleito prefeito de São Paulo, o mau burguês João Dória, não precisamos pedir licença ao golpista para reagirmos contra ele.
É nesse sentido que os Bispos Católicos Romanos repudiam a destrutiva PEC 241, cuja primeira etapa foi aprovada pelos insanos e satânicos deputados na noite de 10 de outubro de 2016.

Digo primeira etapa me referindo ao regimento da Câmara que orienta que uma emenda à Constituição só pode acontecer mediante a votação de dois terços dos deputados e deputadas.

Na verdade esse projeto de emenda é a quarta etapa do golpe contra o Brasil, a democracia e contra nossos direitos.

A primeira – 17 de abril de 2016 – foi na noite da vitória do fanatismo, do fundamentalismo e da falta de respeito quando 367 assaltantes, bandidos e ladrões votaram pela admissibilidade do impeachment. A segunda foi por ocasião da admissibilidade dessa forma de golpe pelo Senado. A Terceira foi na noite de 31 de agosto com o golpe propriamente na forma do impeachment. E a quarta foi agora nesta noite de 10 de outubro com essa desgraça que visa destruir em pedaços o Estado social brasileiro.
Se isso for aprovado definitivamente o Brasil será definitivamente empurrado para a miséria, para a pobreza e para o roubo de tudo o que conquistamos nestes últimos rápidos 13 anos.

Lembro-me de 13 de dezembro de 2007 por ocasião da derrota imposta pela direita que odeia os investimentos sociais o quanto senadores dos partidos que deram o golpe em 2016 se vangloriaram de derrubar a CPMF, sem se importar com os danos que adviriam para a saúde dos mais pobres e dos trabalhadores.

Nessa sucessão de atos violentos contra os direitos sociais e contra os pobres o pau mandado do imperialismo instalado no Palácio do Planalto e dos rentistas estúpidos mandou o veneno da cobra saída de sua ponte para o futuro para começar a matar os pobres desde agora no presente.
Todas as vozes lúcidas e a massa critica nacional, no entanto, avaliam que essa PEC 241 é o ódio em forma de projeto.

Portanto é inaceitável e merece o repúdio e a resposta dura e rígida contra o que isso representa.
Os bispos, a maioria provinda dos tempos da ditadura e das consequências do neoliberalismo aplicado por FHC, repudiam esse pacote.

Ao emitir nota sobre essa proposta de emenda os bispos examinam cuidadosamente todas as causas e consequências que se abaterão sobre o povo, principalmente sobre os mais pobres, que começavam a se reanimar nestes últimos anos.

Destaco aqui um parágrafo forte da nota assinada por Dom Roberto Francisco Ferrería Paz, Bispo de Campos e Referencial Nacional da Pastoral da Saúde: “…devemos manifestar nosso repudio e indignação, pensando como sempre nos mais pobres que serão as vítimas principais desta política antipopular contra a vida. Conclamar a uma mobilização geral em defesa da Constituição, do Estado Social de Direito, da Seguridade Social e do SUS. O SUS é nosso, o SUS é da gente, direito conquistado, não se compra nem se vende! Que Jesus o Rosto da misericórdia do Pai, nos ilumine e nos fortaleça na caminhada e defesa de saúde integral e universal para todos os brasileiros(as).” (Leia mais aqui).

Abraços críticos e fraternos na luta pela justiça e pela paz sociais.

Dom Orvandil, OSF: bispo cabano, farrapo e republicano, presidente da Ibrapaz, bispo da Diocese Brasil Central e professor universitário, trabalhando duro sem explorar ninguém.