(por Stela Farias) SUL21
Afinal, saiu a lista do STF com os políticos investigados por envolvimento nos desvios na Petrobras, objeto da Operação Lava Jato. Ao todo, são 22 deputados federais, 12 senadores, 12 ex-deputados e uma ex-governadora, de seis diferentes partidos (PMDB, PT, PP, SD, PSDB e PTB).
Sem apontar o dedo seletivamente para pessoas ou siglas, vale refletir sobre a imagem desacreditada da política e de seus representantes diante da população. Não é o primeiro escândalo na política nacional, mas é inédito o estímulo para investigar e punir quem tenha cometido ilícitos quer sejam próximos ou não do governo. Antes abafados ou varridos para debaixo do tapete (lembram o Procurador Geral conhecido como “engavetador da República”?) o tempo de impunidade dos crimes de colarinho branco, está acabando. É seguro afirmar que estamos assistindo ao trabalho eficiente das instituições brasileiras, uma demonstração irrefutável de que o país funciona e tem em seus sistemas legais a forma correta de lidar com irregularidades e malfeitos.
Portanto, não é razoável reduzir ou simplificar problemas de diversas ordens que o país enfrenta – alguns recentes, outros de décadas – exclusivamente à corrupção. Os antecedentes dessa postura reducionista estão gravados nos livros de História como aqueles que, em nome de um puritanismo hipócrita, favoreceram a ascensão de regimes totalitários, antidemocráticos e genocidas.
Não adianta mudar os personagens, é preciso mudar o sistema político-eleitoral. O nível de comprometimento dos partidos e da política coloca em cheque o próprio sistema democrático brasileiro, na medida em que cria condições desiguais para eleger seus representantes. Crimes envolvendo propinas, favores e facilitações entre agentes públicos e empresários com interesse em recursos públicos, em troca de apoio financeiro nas campanhas eleitorais, são resultado das brechas do sistema eleitoral brasileiro, que ao longo do tempo foram permitindo tais distorções.
Urge aperfeiçoar o sistema democrático, para evitar os descaminhos da corrupção, da intervenção do poder econômico que desequilibra os pleitos, sobretudo para que o povo recupere o respeito pela política, como caminho ideal para as mudanças necessárias à sociedade. A democracia, como a sociedade, não é uma obra acabada, mas sujeita às condições sociais, econômicas e acima de tudo, ao amadurecimento das mentalidades.
Defendemos o fim das doações de empresas, permitindo o financiamento individual por pessoa física, em valores que não ultrapassem mil reais. Queremos assegurar um processo democrático, onde as regras eleitorais sejam de absoluta transparência desde o exercício do voto, até o financiamento democrático dos partidos e campanhas eleitorais, com controle social, fiscalização e prestação de contas. É através da reforma política que faremos o necessário enfrentamento a corrupção!
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Stella Farias é Vice-líder da Bancada do PT na Assembleia Legislativa.
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