O processo de restauração de uma obra é extremamente importante para interpretação da peça. O tempo faz com que muitas obras se percam ou mudem de forma drástica. A Mona Lisa, por exemplo, não tinha esse aspecto marrom que aparenta hoje. Ela, inclusive, chamou atenção em sua época por alguns detalhes impossíveis de perceber hoje.
A Huffington Post produziu essa matéria que vai esclarecer algumas coisas pra você e mostrar o quanto uma obra pode mudar com o tempo.
Acima:
01. "The Night Watch" era na verdade "The Day Watch"
A obra "Companhia Milícia do Distrito II sob o comando do Capitão Frans Banninck Cocq" foi finalizada por Rembrandt van Rijn em 1642. Com o tempo, o trabalho foi chamado de "The Night Watch" (Turno da noite), devido a camada de verniz em decomposição que escureceu toda a peça. Após o verniz ser removido, por volta dos anos 1940, ficou claro que na verdade a pintura deveria se chamar "The Day Watch" (Turno do dia), mas a essa altura o nome já tinha pegado. O que aconteceu é que Rembrandt usou o verniz em toda pintura para realçar as cores brilhantes dos uniformes da milícia e o brilho do anjo, e ele escureceu com o tempo.
Outro fato sobre esta obra é que ela sofreu um corte considerável em 1715, quando foi movida para a Câmara Municipal de Amesterdã. Presume-se que o espaço alocado para ela não cabia a pintura inteira. Esses tipos de cortes eram comuns durante aquele período. Cerca de dois metros do lado esquerdo do quadro foram perdidos, cortando vários membros da milícia. Um arco na parte superior também foi cortado.
02. Não era pra Mona Lisa ser marrom deste jeito
Leonardo da Vinci completou a Mona Lisa no século 16, e o Museu de Louvre é a casa da pintura desde 1797. Em todo este tempo, camadas de verniz foram aplicados à pintura, o que fez com que ela começasse a escurecer. Embora com aspectos muito bem conservados, essa mudança na obra aconteceu porque o trabalho passou por muitas mãos diferentes - incluindo as de Napoleão Bonaparte que manteve a pintura em seu quarto durante um tempo.
A citação de Giorgio Vasari - que descreveu Mona Lisa poucas décadas após ela ser finalizada - dá uma ideia de como as cores foram distorcidas ao longo dos anos: "Os olhos tinham um brilho aguado, as narinas rosadas e macias como se estivessem vivas... A abertura da boca parecia não ser pintada, mas de carne viva."
Acredita-se que a imagem da direita foi pintada por um aprendiz de Leonardo, na mesma época em que ele estava trabalhando sua Mona Lisa. Apesar de não ser considerada uma cópia exata da obra - já que o sorriso e os olhos são diferentes da original - a coloração usada nela é um exemplo de como as cores da peça original poderiam ter sido nos primeiros anos de existência.
03. Muitos detalhes de "A Última Ceia" foram perdidos, incluindo os pés de Jesus
Concluída no final do século 15, A Última Ceia pertencia à uma parede no mosteiro de Santa Maria delle Grazie, em Milão, Itália.
A pintura tomou alguns anos de dedicação de Leonardo da Vinci, embora o cronograma exato seja desconhecido. Há boatos de que Da Vinci tenha ficado um pouco puto com a quantidade de tempo que a obra levou pra ser concluída.
A condição da pintura começou a declinar logo após ser finalizada. Mas, foi só no meio do século 16 que o pintor italiano Gian Paolo Lomazzo disse que a pintura estava toda destruída. Além da deterioração do tempo, várias partes da peça foram destruídas.
Em 1652, uma porta foi inserida no mural qual a obra ocupava, o que removeu os pés de Jesus. Durante a Segunda Guerra Mundial, o monastério foi bombardeado, embora a parede com a obra tenha permanecido intacta.
A segunda imagem é uma cópia da pintura de Da Vinci, feita por Giovanni Pietro Rizzoli, concluída no início do século 16. Ela tem sito utilizada como a principal fonte de restauração do século 20 por ser a cópia mais fiel da peça original.
04. O Grito, na verdade, são 4 obras diferentes
Edvard Munch criou a série "The Scream” / "O grito" entre 1893 e 1910. Das quatro obras, duas são pinturas, uma é pastel e a outra é uma litografia.
Em 2012, o desenho a pastel (a obra menos conhecida) quebrou um recorde na Sotheby como "a obra mais cara do mundo já negociada em um leilão", vendida por 119.900 milhões de dólares.
Com exceção às outras obras deste artigo, a série The Scream na verdade não sofreu alterações significativas com o tempo - já que não faz nem um século direito desde que as obras foram concluídas. A questão de incluir The Scream aqui na lista é que apesar da obra ter sido tão impactante quanto Mona Lisa foi em sua época, poucas pessoas sabem que a obra é dividida em quatro peças significantemente diferentes uma da outra.
A imagem do topo esquerdo é a pintura original, a do topo direito é a litografia; no canto inferior esquerdo é a pastel e inferior direito é a outra pintura.
05. Os amarelos de Van Gogh escureceram consideravelmente com o tempo. A obra "Quarto em Arles" é toda distorcida hoje em dia
A primeira versão de "Quarto em Arles" foi concluída por Van Gogh em 1888, mas ao todo foram feitas três obras. Cada versão tinha uma característica diferente da outra e elas não são consideradas uma série, já que não foram feitas com intuito artístico, mas como formas de presentes casuais do artista para conhecidos.
O pigmento amarelo usado por Van Gogh nesta obra, hoje escurecido com o tempo, é um problema que atormenta muitos outros trabalhos do artista. A assinatura amarela dele só foi possível por causa da revolução industrial, que introduziu novas cores no cenário, incluindo o amarelo cromo da obra.
A imagem acima mostra o processo de restauração da obra no Museu Van Gogh, em Amsterdã, e acredita-se que esta é a representação mais fiel ao amarelo originalmente usado pelo artista.
06. A Grande Onda é, na verdade, uma série de cópias feitas em woodblock, e as versões que os principais museus mostram são distorcidas
Katsushika Hokusai completou sua cópia ukiyo-e woodblock (técnicas de impressão muito parecidas com a xilogravura, bastante utilizadas no Japão entre os séculos 17 e 19), no início do século 19. "A grande onda" faz parte da série "Trinta e seis vistas de Monte Fuji", que inclui 46 gravuras no total. Após as impressões iniciais, ela se tornou popular.
Milhares de cópias foram feitas, mas cada uma está diferente da outra. Algumas até perderam detalhes originais da peça. As tantas variações de "A Grande Onda" faz com que seja difícil saber qual é de fato a que foi feita primeiro. Os detalhes das cópias foram perdidos e o céu de amarelo é predominante na maioria das versões.
07. "O pensador" foi originalmente produzido como parte da peça "The Gates of Hell"
August Rodin trabalhou em "O Pensador" no final do século 19, como uma figura para parte da obra chamada "The Gates of Hell", que ficariam em torno de uma porta.
Ao total eram 180 peças separadas e, originalmente, a peça era muito menor do que a obra solo, produzida mais tarde por August. A peça recebeu o nome de "O Pensador" por sua semelhança com "Il Penseroso", de Michelangelo.
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