A História da arte é uma disciplina que estuda a evolução das expressões artísticas, a constituição e a variação das formas, dos estilos, dos conceitos transmitidos através das obras de arte.
Costuma referir-se à história das artes visuais mais tradicionais, como a pintura, escultura e arquitectura.
Se bem que as ideias sobre a definição de arte tenham sofrido mudanças ao longo do tempo, o campo da história da arte tenta categorizar as mudanças na arte ao longo do tempo e compreender melhor a forma como a arte modela e é modelada pelas perspectivas e impulsos criativos dos seus praticantes. Embora muitos pensem na história da arte simplesmente como o estudo da sua evolução ocidental, o assunto inclui toda a arte, dos megalíticos da Europa Ocidentalàs pinturas da dinastia Tang, na China.
História da arte é a história de qualquer atividade ou produto realizado pelo Homem com propósito estético ou comunicativo, enquanto expressão de ideias, emoções ou formas de ver o mundo. Ao longo do tempo, as artes visuaistêm sido classificadas de várias formas diferentes, desde a distinção medieval entre as artes liberais e as artes mecânicas, até à distinção moderna entre belas artes e artes aplicadas, ou às várias definições contemporâneas, que definem arte como a manifestação da criatividade humana. O alargamento da lista das principais artes durante o século XX definiu nove: arquitetura, dança, escultura, música, pintura, poesia (aqui definida em sentido lato como forma de literatura com um propósito ou função estética, o que inclui também o teatro e a narrativa literária), o cinema, a fotografia e a banda desenhada. Quando considerada a sobreposição de termos entre as artes plásticas e as artes visuais, inclui-se também odesign e as artes gráficas. Para além das formas tradicionais de expressão artística, como a moda ou a gastronomia, estão a ser considerados como arte novos meios de expressão, como o vídeo, arte digital, performance, a publicidade, aanimação, a televisão e os jogos de computador.
A "história da arte" é uma ciência multidisciplinar que procura estudar de modo objetivo a arte através do tempo, classificando as diferentes formas de cultura, estabelecendo a sua periodização e salientando as características artísticas distintivas e influentes. O estudo da história da arte teve início durante o Renascimento, ainda que limitado à produção artística da civilização ocidental. No entanto, ao longo do tempo foi-se impondo uma visão alargada da história artística, procurando-se compreender e analisar a produção artística de todas as civilizações sob a perspectiva dos seus próprios valores culturais.
Hoje em dia, a arte desfruta de uma ampla rede de estudo, difusão e preservação de todo o legado artístico da humanidade ao longo da História. Durante o século XX assistiu-se à proliferação de instituições, fundações, museus, e galerias, tanto no sector público como privado, dedicados à análise e catalogação de obras de arte e exposições destinadas ao público em geral. A evolução dos média foi crucial para o desenvolvimento e difusão da arte. Os eventos internacionais, como as bienais de Veneza ou de São Paulo ou a Documenta contribuíram bastante para a formação de novos estilos e tendências. Os prémios, como o Prémio Turner, oPrémio Wolf de Artes, o Prémio Pritzker de arquitetura, o Prémio Pulitzer de fotografia ou os Óscares do cinema promovem também as melhoras obras criativas a nível internacional. As instituições como a UNESCO, através da criação de listas do Património Mundial, apoiam também a conservação dos mais significativos monumentos mundiais
Pré-história
Os primeiros artefactos tangíveis que podem ser considerados arte aparecem na Idade da Pedra (Paleolítico superior, Mesolítico e neolítico). Durante o Paleolítico (25 000-8000 a.C.) o Homem era ainda caçador-coletor, habitando cavernas que viriam a ser os primeiros suportes de arte rupestre. Após o período de transição do Mesolítico, é durante o Neolítico (6000-3000 a.C.) que o Homem se sedentariza e inicia a prática da agricultura. À medida que as sociedades se tornam cada vez mais complexas e a religião ganha importância, tem início a produção de artesanato. Durante a Idade do Bronze (c. 3000-1000 a.C.), têm início as primeiras civilizações proto-históricas.
A chamada arte pré-histórica é o que podemos assemelhar com produção dita artística do homem ocidental dos dias de hoje, feita pelos humanos pré-históricos, como gravuras rupestres, estatuetas, pinturas, desenhos.
A arte pré-histórica não está necessariamente ligada à ideia de "arte" e sim de comunicação que surgiu a partir dorenascimento.
A relação que o homem pré-histórico tinha com esses objetos é impossível definir. Pode-se, no entanto, formular hipóteses e efetuar um percurso para as apoiar cientificamente.
Ainda hoje, povos caçadores-recolectores produzem a dita "arte" e em algumas tribos de índios percebe-se a relação do homem contemporâneo com o conceito atual de obras de arte e também de comércio.
Achados arqueológicos
Apesar de convencionar-se a consolidação da religião no período Neolítico, a arqueologia registra que no Paleolítico houve uma religião primitiva baseada no culto a uma Deusa mãe, ao feminino e a associação desta ao poder de dar a vida. Foram descobertas, no abrigo de rochas Cro-Magnon em Les Eyzies, conchas cauris, descritas como "o portal por onde uma criança vem ao mundo" e cobertas por um pigmento de cor ocre vermelho, que simbolizava o sangue, e que estavam intimamente ligados ao ritual de adoração às estatuetas femininas; escavações apresentaram que estas estatuetas, as chamadas vênus neolíticas eram encontradas muitas vezes numa posição central, em oposição aos símbolos masculinos localizados em posições perféricas ou ladeando as estatuetas femininas.
Arte na Pré-história e as diferenças com a Arte na atualidade
A arte neste período pode ser inferida a partir dos povos que vivem atualmente ou viveram até recentemente na pré-historia (por exemplo, os aborígenes, os índios). Na pré-história, a arte não era algo que pudesse ser separado das outras esferas da vida, da religião, economia, política, e essas esferas também não eram separadas entre si, formavam um todo em que tudo tinha que ser arte, ter uma estética, porque nada era puramente utilitário, como são hoje um abridor de latas ou uma urna eleitoral. Tudo era ao mesmo tempo mítico, político, econômico e estético.
A arte como uma palavra que designa uma esfera separada de todo o resto só surgiu quando surgiram as castas, classes eEstados, isto é, quando todas aquelas esferas da vida se tornaram especializações de determinadas pessoas: o governantecom a política, os camponeses com a economia, os sacerdotes com a religião e os artesãos com a arte. Só aí é que surge a arte "pura", separada do resto da vida, e palavra que a designa.
Mas antes do renascimento, os artesãos eram muito ligados à economia, muitos eram mercadores e é daí que vem a palavra "artesanato". Então a arte ainda era raramente separada da economia (embora na Grécia Antiga, a arte tenha chegado a ter uma relativa autonomia), por isso, a palavra "arte" era sinônimo de "técnica", ou seja,"produzir alguma coisa" num contexto urbano. No renascimento, alguns artesãos foram sustentados por nobres (os Médici, por exemplo) apenas para produzir arte, uma arte "pura". Aí é que surgiu a arte como a conhecemos hoje.
Arte pré-histórica | |||||||||
Arte do Paleolítico | - Arte rupestre (Pintura rupestre – Caverna de Altamira | Vénus de Willendorf) | ||||||||
Arte do Mesolítico | - | ||||||||
Arte do Neolítico | - Arquitectura do Neolítico (Monumento megalítico | Menir | Anta/Dólmen | Tolos | Cromeleque | Gruta artificial) | ||||||||
Arte proto-histórica | |||||||||
Idade do Cobre | - | ||||||||
Idade do Bronze | - Arte egeia (Arte cicládica | Arte minoica | Arte micénica) | ||||||||
Idade do Ferro | - Arte celta | Arte pré-românica - Arte etrusca |
Referências
- ↑ Encarta Encyclopedia
- ↑ Encarta Encyclopedia, Mesopotamiam Art
- ↑ Neolithic Art, Encarta Ecyclopedia
- ↑ Witcombe, Willendorf
- ↑ O cálice e a espada, Riane Eisler, p.14
- ↑ O cálice e a espada, Riane Eisler, p.18
Paleolítico
Ver artigo principal: Arte do Paleolítico
As primeiras manifestações artísticas durante o Paleolítico dão-se por volta de 25.000 a.C., atingindo o auge na época da Cultura Magdaleniana (c. 15000-8000 a.C). Os primeiros vestígios de objectos produzidos pelo Homem foram encontrados na África meridional, no Mediterrâneo ocidental, na Europa Central e de Leste(no mar Adriático), na Sibéria (Lago Baical), Índia e Austrália. Estes primeiros vestígios são geralmente ferramentas em pedra (sílex e obsidiana), madeira ou osso. Na pintura era usado óxido de ferro para obter vermelho, dióxido de manganés para obter preto e argila para obter o ocre.2 A arte deste período que sobreviveu até aos nossos dias é composta sobretudo por pequenos entalhes em pedra e osso ou arte rupestre, esta última forma presente sobretudo na região cantábrica e no sudoeste de França, como nas cavernas de Altamira ou Lascaux. As pinturas são de carácter fundamentalmente religioso e mágico ou representações naturalistas de animais. Os trabalhos de escultura são representados pelas estatuetas de vénus como a Vénus de Willendorf, figuras femininas provavelmente usadas em cultos de fertilidade.3
Arte do Paleolítico
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
A arte do Paleolítico refere-se ao início da história da arte e à mais antiga produção artística de que se tem conhecimento. A arte deste período situa-se na Pré-História, no Paleolítico (Idade da Pedra Lascada), e tem início há cerca de dois milhões de anos estendendo-se até c. 8000 a.C.
O Paleolítico é um dos três períodos da Idade da Pedra, ao qual se segue o Mesolítico e, posteriormente, o Neolítico(Idade da Pedra Polida), e que se situa, do ponto de vista geológico, na Idade do gelo, mais precisamente no Pleistoceno.
Somente no início do século XX são feitas as primeiras descobertas de achados pré-históricos e a primeira reacção da classe especialista é a de cepticismo relativamente à aparente maturidade artística num nível tão embrionário da história da humanidade. Considerava-se até então que a primeira semente artística teria sido lançada no Antigo Egipto e naMesopotâmia. Embora ainda hoje persistam dúvidas quanto ao efectivo objectivo das peças de arte paleolíticas, a verdade é que a qualidade e criatividade que revelam são inegáveis e de extrema importância para a compreensão da mentalidade do Homem.
São deste período instrumentos de pedra talhada, decoração de objectos, jóias para diferentes partes do corpo, pequenaestatuária representando a figura feminina ou animais, relevos e pinturas parietais com temática de caça e figuras isoladas de animais ou caçadores.
Contexto[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Paleolítico
De um modo geral, e para facilitar também a caracterização da arte num espaço de tempo tão longo, divide-se o Paleolítico em outros três sub-períodos:
- Paleolítico Inferior (2 500 000 - 2 000 000 até 120 - 100 000 a.C.),
- Paleolítico Médio (300 - 200 000 até 40 - 30 000 a.C.),
- Paleolítico Superior (40 - 30 000 até 10 - 8 000 a.C.).
Considera-se que é no último período (Paleolítico Superior) que o Homem dá o mais significativo passo na produção artística consciente, como resultado de uma necessidade espiritual. No entanto é possível que este nível seja o culminar de um longo processo de amadurecimento artístico e técnico, e que muito do que foi criado em épocas anteriores simplesmente não tenha sobrevivido até aos nossos dias. Por esta razão subsistem ainda muitas incógnitas e questões em aberto, podendo-se apenas especular sobre quais seriam as verdadeiras motivações artísticas do Homem pré-histórico.
Para uma abordagem mais próxima às primeiras criações artísticas é essencial relacioná-las com o seu plano de fundo cultural, geográfico e social. Indissociável do seu meio-ambiente, o qual nem sempre é propício à vida humana, o Homem é por ele extremamente influenciado, levando a que as suas decisões (deslocamentos a outros locais, etc) sejam ditadas por condicionantes e factores naturais. Que os temas da arte paleolítica foquem, acima de tudo, elementos do seu meio-ambiente (como o reino animal, principalmente o alvo da sua caça – manadas de renas das planícies e vales) surge assim como uma consequência lógica.
Influências culturais e especificidades regionais[editar | editar código-fonte]
Durante os dois primeiros períodos do Paleolítico (Inferior e Médio) a área da ocupação humana vai estar reduzida à África, Ásia e Europa. O achado arqueológico por excelência é o artefacto talhado em pedra (machados, etc), que se vai aperfeiçoando tecnicamente ao longo da Pré-História, e que transmite já uma certa preocupação estética pela procura da simetria.
Embora existam características específicas de cada região, observa-se, simultaneamente, uma certa unidade entre os achados, unidade esta que espelha a existência de contactos entre diferentes grupos de diferentes regiões (p. ex.: a utilização generalizada do vermelho).
A partir do Paleolítico Médio dá-se um “corte” na continuidade da influência cultural entre os continentes, em que a África (exceptuando o norte) e a Ásia seguem caminhos distintos do da Europa. Durante o Paleolítico Superior, quando o Homo sapiens surge no lugar do Neandertal, segue-se o alargamento da área de ocupação humana à América e Austrália, possibilitado pela redução do nível do mar (época glaciar) e o consequente surgimento de “pontes” térreas de ligação aos referidos continentes.
Os achados arqueológicos americanos denotam bem a sua proveniência da Ásia oriental, mas acabam também por evoluir para características próprias. No entanto, pouco se deixa reconstruir da produção artística deste continente durante o Paleolítico devido à reduzida informação arqueológica disponível. Quando a ligação natural à Austrália deixa de existir, a comunicação de outros povos estabelecida até então com este continente leva o mesmo caminho, e o isolamento que se segue resulta no “empobrecimento” da cultura aí presente.
É por estes diversos factores que a Europa e a Índia são as regiões que oferecem, até ao momento, os melhores testemunhos de estudo da cultura paleolítica, a partir dos quais melhor se pode compreender a interpretação que o Homem paleolítico faz do seu mundo. Na França e norte de Espanha podem-se observar dos mais ricos exemplares de pintura rupestre, com base nos quais se pode afirmar a existência de um importante florescer artístico nestas áreas. Mesmo assim torna-se difícil precisar se terá tomado aqui lugar a origem do processo da consciencialização humana e, consequentemente, se terá aqui iniciado a sua evolução artística. A própria área actual dos achados a nível mundial não pode ser entendida como definitiva, uma vez que a preservação das obras muito depende das boas condições dos locais onde foram criadas.
O momento de transição
Este método implica a captação da realidade e, no caso da pintura e do relevo, a passagem da tridimensionalidade para um plano bidimensional que resulta, inicialmente, em representações de grande naturalismo e realismo. O Homem faz também uso de rochas ou pedaços de osso ou madeira que se assemelhem a um determinado animal, tirando partido dessa associação e das características pré-existentes do suporte para criar uma escultura ou relevo (por vezes também associando a pintura).Após o início da produção manual de objectos começam a surgir os primeiros indícios de decoração dos mesmos, mas só no Paleolítio Superior se fazem as primeiras tentativas de transpôr algo real para um determinado suporte. Para isto é necessário uma observação cuidada da natureza envolvente e a percepção de que é possível a reprodução do mundo visível através de um novo método.
O Homem compreende que a arte lhe possibilita uma relação mais estreita com a natureza e que ele próprio pode usar a sua representação para exercer influência sobre o mundo que o rodeia. Através da imagem os factores essenciais à sua existência podem ser dominados e o Homem pode revelar as experiências dos seus sentidos. Mais tarde, quando começa a reflectir sobre si próprio e o mundo envolvente, passa progressivamente a representar imagens idealizadas, ao invés de simplesmenteimagens observadas. A partir deste momento começa a aproximando-se cada vez mais da sintetização dos elementos e da sua esquematização simbólica (como o caso das estatuetas femininas onde se realçam as características da feminilidade em linhas simples).
Abordagens sobre o objectivo da arte
De um modo geral, a hipótese mais defendida sobre o objectivo da arte paleolítica é a que os primeiros objetos de arte não eram utilitários ou adornos, mas uma tentativa de controlar forças sobrenaturais e, segundo especulam os arqueólogos, obter a simpatia dos deuses e bons resultados na caça. Considerando que as pinturas descobertas em cavernas se encontram em locais de difícil acesso, e não à entrada ao olhar de todos, pode-se supor que o objectivo não é proporcionar uma imagem impressionante acessível a todo o grupo, a arte pela arte, mas antes seguir um ritual mágico. Assim, o resultado estético (de grande naturalismo) não será mais que uma consequência secundária do objectivo principal. De qualquer modo não se pode eliminar totalmente a hipótese de um objectivo estético consciente.
Talvez existisse uma ténue linha divisória entre a realidade e a representação e que, ao se pintar um animal, fosse necessário recriá-lo com o maior realismo possível, para que a caça bem sucedida na pintura se transportasse para a realidade, ou ainda, que a criação pictórica de uma manada resultasse na sua criação real, e que o Homem pudesse assim beneficiar de muito alimento e prosperidade. Do mesmo modo se crê que as pequenas estatuetas femininas sejam amuletos relacionados com o culto da fertilidade, factor crucial para a sobrevivência do grupo.
Porém é importante uma ressalva: precisamos pesar as ações do homem, no caso no campo da representação em imagens, como não estritamente vinculadas à representações religiosas ou a uma busca trancedental de "um algo maior". Assim como uma criança que brinca com lápis de cor e papel com formas e cores de forma lúdica, não podemos descartar a arte paleolítica como uma atividade lúdica, um descobrir formas sem maiores pretensões.
Escultura paleolítica
Da escultura paleolítica são famosas as estatuetas femininas de pequenas dimensões designadas genericamente por vénus. Identificadas como possíveis ídolos para o culto da fertilidade e sexualidade estas figuras apresentam características semelhantes entre si; são representadas nuas, de pé e revelam os elementos mais representativos do corpo feminino em linhas exacerbadas. O exagero destes elementos traduz-se num peito, ventre e ancas voluminosos em oposição a braços e pernas delicados e cabeça pequena. A face, tratada com linhas simples reduzidas ao essencial, onde não é possível reconhecer traços individuais, transforma-se, com o tempo, num elemento cada vez mais estilizado e simbólico, assim como todo o corpo da figura.
Estes ídolos surgem pela primeira vez durante o Paleolítico e são a origem dos ídolos da arte cicládica de 2000 a.C.. A mais antiga estatueta conhecida é a Vénus de Tan-Tan encontrada em Marrocos do período Acheulense e com 6 cm de altura. Entre as mais antigas, com 30 000 anos, contam-se as vénus encontradas na Europa, na área do Danúbio, como a Vénus de Willendorf (Áustria), a Dame de Sireuil (França), a Mulher com corno de Bisonte (relevo na rocha, França) de formas realistas, ou a Vénus de Vĕstonice (República Checa) de formas estilizadas.
- Pintura Papeolítica
No período do Paleolítico Superior são feitas as primeiras pinturas em cavernas e paredes externas de pedra, há aproximadamente 15.000 anos. A representação de vários animais (cavalos, mamutes, bois, veados) é comum, como se pode observar na caverna de Lascaux, França - sítio arqueológico descoberto em 1940.
Aproveitando-se das irregularidades naturais das pedras, o homem do paleolítico chega, com suas pinturas, próximo das formas reais da natureza. Utiliza para os seus trabalhos diversos materiais como carvão, terra e sangue, além de pincéis e osso oco como instrumento de sopro (ex.: para pulverizar o contorno da mão obtendo um negativo).
Outras importantes pinturas rupestres foram descobertas na caverna de Altamira, Espanha, por Marcelino Sanz de Sautuola. Em Altamira encontram-se pinturas nas paredes e no próprio teto da caverna, consideradas até hoje uma das maiores descobertas da história da arte.
Fontes
Bibliografia
- ALARCÃO, Jorge, História da Arte em Portugal – do Paleolítico à arte visigótica, Publicações Alfa, Lisboa, 1986
- HINDLEY, Geoffrey, O Grande Livro da Arte - Tesouros artísticos dos Mundo, Verbo, Lisboa/São Paulo, 1982
- JANSON, H. W., História da Arte, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 1992, ISBN 972-31-0498-9
- MÜLLER_KARPE, Grundzüge früher Menschheitsgeschichte I – Von den Anfängen bis zum 3. Jahrtausend v. Chr., Theiss, Stuttgart, 1998, ISBN 3-8062-1309-7
- STRICKLAND, Carol. Arte comentada: da pré-história ao pós moderno. 7. ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 2002.
- THIELE, Carmela, Skulptur, Schnellkurs, DuMont Buchverlag, 1995, ISBN 3-7701-3537-7
- TORBRÜGGE, Walter, Enzyklopädie der Weltkunst – Das Entstehen Europas, Holle Verlag, Baden-Baden, 1977, ISBN 397-355-18-02
- WETZEL, Christoph, Das Reclam Buch der Kunst, Reclam, 2001, ISBN 3150104769
Neolítico
O Neolítico representa uma alteração profunda para o Homem, que se sedentariza e inicia a prática da agricultura e pastorícia, ao mesmo tempo que se desenvolve a religião e formas complexas de interacção social. Nos sítios de arte rupestre da bacia mediterrânica da península Ibérica, assim como no norte de África e na região do actual Zimbabué, foram encontrados várias representações esquemáticas figurativas, em que o homem é representado através de uma cruze a mulher através de uma forma triangular. Entre os artefactos de arte móvel, um dos exemplos mais notável é a cultura da cerâmica cardial, decorada com gravuras de conchas. São utilizados novos materiais, como o âmbar, quartzo e o jaspe. Durante este período podem ainda ser observados os primeiros sinais de planimetria urbana, como nos vestígios de Tell as-Sultan, Jarmo e Çatalhüyük.
Arte rupestre é o termo que denomina as representações artísticas pré-históricas realizadas em paredes, tetos e outras superfícies de cavernas e abrigos rochosos, ou mesmo sobre superfícies rochosas ao ar livre. A arte rupestre divide-se em dois tipos: a pintura rupestre, composições realizadas com pigmentos, e a gravura rupestre, imagens gravadas em incisões na própria rocha.
Exibem uma iconografia variada, em vários "estilos", técnicas e materiais. Em geral, trazem representações de animais, plantas e pessoas, e sinais gráficos abstratos, às vezes usados em combinação. Sua interpretação é difícil e está cercada de controvérsia, mas pensa-se correntemente que possam ilustrar cenas de caça, ritual, cotidiano, ter caráter mágico, e expressar, como uma espécie de linguagem visual, conceitos, símbolos, valores e crenças. Muitas composições são louvadas pela sua beleza e refinamento e seu apelo visual. Por tudo isso, muitos estudiosos atribuem à arte pré-histórica funções e características comparáveis às da arte como hoje é largamente entendida, embora haja uma tendência recente de substituir a denominação "arte" rupestre por "registro" rupestre, considerando a incerteza que cerca seu significado. Permanece, de todo modo, como testemunho precioso de culturas que exercem grande fascínio contemporaneamente mas são ainda pouco conhecidas.
Descoberta e autenticidade
Quando Marcelino Sanz de Sautuola encontrou pela primeira vez as pinturas da caverna de Altamira, na Espanha, em torno de 150 anos atrás, elas foram consideradas como fraude pelos acadêmicos. Com base no novopensamento darwiniano sobre a evolução das espécies, considerou-se que os primitivos humanos não poderiam ter sido suficientemente avançados para criar arte. Émile Cartailhac, um dos mais respeitados historiadores da Pré-História do final do século XIX, acreditava que as pinturas tinham sido forjadas pelos criacionistas (que sustentavam a criação do homem por Deus) para apoiar suas ideias e ridicularizar Darwin, mas depois ele veio a se retratar, reconhecendo sua autenticidade.
Recentes avaliações têm atestado uma grande antiguidade nas figuras pré-históricas encontradas. Estima-se que a arte rupestre tenha começado quando o homem de Cro-Magnon se estabeleceu na Europa deslocando o homem de Neanderthal, aparecendo no período Aurignaciano e florescendo especialmente nos períodos Solutreano eMagdaleniano do Paleolítico, sendo provavelmente posterior ao aparecimento de objetos "artísticos" móveis, como artefatos em osso ou pedra esculpida. Porém, o conceito de Pré-História é diferente quando aplicado à Europa e às outras partes do mundo, pois está baseado fortemente sobre as características da cultura material e não na cronologia. Na Europa a História inicia em torno de 8 mil anos antes do presente, quando surgem os primeiros registros de uma forma embrionária de escrita, e nas Américas, segundo Funari & Noelli, é pré-histórico tudo o que veio antes da chegada dos europeus no final do século XV, embora osmaias possuíssem escrita, os astecas uma proto-escrita e os incas, um sistema de registro de eventos e contabilidade através de cordas com nós, os quipos. Mas são casos isolados. Para todas as outras culturas o que sobrevive para estudo são registros visuais em rochas e artefatos em pedra, cerâmica e outros materiais.A questão da idade exata das imagens permanece, de fato, controvertida, dado que métodos como a datação por radiocarbono podem facilmente levar a resultados errôneos pela contaminação de amostras de material mais antigo ou mais novo. As cavernas e superfícies rochosas estão tipicamente atulhadas com resíduos de diversas épocas.
Depois de ser considerada primeiro como fraude, e em seguida como evidência de mentes primitivas, ao longo do século XX, a partir da complexidade e da beleza de muitos exemplares de arte rupestre, formou-se uma ideia, de larga aceitação, de que essas manifestações deveriam significar que os homens pré-históricos há pelo menos 30 ou 40 mil anos possuíam uma capacidade simbólica, intelectual e artística semelhante ao homem moderno. Os exemplares mais antigos de pintura cuja datação é razoavelmente confiável estão na Caverna de Chauvet, na França, criadas em torno de 32 mil anos antes do presente. Tornaram-se famosas pela sua grande sofisticação, e isso colocou mais dificuldades no estabelecimento de uma linha evolutiva coerente e progressiva para a arte pré-histórica. Apesar das muitas pesquisas realizadas tentando corroborar esta evolução linear, elas são frágeis, baseadas em poucas evidências, pois apenas 5% das imagens foram datadas com alguma confiabilidade.
De fato, a dificuldade na datação das relíquias é tamanha que durante muitos anos a tendência foi de estudar a arte rupestre como um bloco, na perspectiva da atemporalidade, mas considerando que a produção se desenvolveu ao longo de muitos milênios e sobre variadas regiões, cultivada por sociedades com características diferenciadas, esta abordagem tem problemas óbvios. Este panorama só a partir dos anos 80 começou a se modificar, quando os estudos especializados se multiplicaram rapidamente procurando definir melhor as especificidades tipológicas, técnicas, cronológicas e geográficas. Avanços recentes na tecnologia e na metodologia científica têm contribuído para esclarecer melhor vários pontos obscuros, mas às vezes introduzem novas dúvidas em conceitos consagrados. O estudo da arte rupestre é um campo em rápida expansão e constante transformação.
Objetivo e temas
Em geral as imagens são formadas por figuras de grandes animais selvagens, como bisões, cavalos, cervos, entre outros. A figura humana surge menos vezes, mas também é muito comum, sugerindo atividades como a dança, aluta e, principalmente, a caça, mas normalmente em desenhos esquemáticos e não de forma naturalista, como acontece com os dos animais. Paralelamente encontram-se também palmas de mãos humanas e motivos abstratos. Os pigmentos mais usados são o carvão, argilas de várias cores e minerais triturados. Os veículos para os pigmentos são de determinação mais difícil, mas presume-se que possam ter sido usados sangue, excrementos e gordura animal, ceras e resinas vegetais, clara ou gema de ovos e saliva humana.
Acredita-se que estas pinturas tenham um cunho ritualístico ou mágico, com uma simbologia relacionada principalmente à caça e à fertilidade. Na Caverna de Altamira (a chamada Capela Sistina da Pré-História), na Espanha, a pintura rupestre do bisonte impressiona pelo tamanho e pelo volume conseguido com a técnica claro-escuro. Em outros locais e em outras grutas, pinturas que impressionam pelo realismo. Em algumas, pontos vitais do animal marcados por flechas. Para alguns, "a magia propiciatória" destinada a garantir o êxito do caçador. Para outros estudiosos, era a pura vontade de produzir arte. A importância do estudo da arte rupestre deve-se não tanto à interpretação das figuras em si, mas antes à possibilidade de obter um entendimento dos motivos e contextos que levaram uma comunidade a usar muito do seu tempo e esforço na execução da dita arte. Como estas sociedades primitivas se estendem no tempo e na sua essência são consideravelmente diferentes das nossas vivências atuais, o estudo da arte rupestre de forma científica permite analisar o comportamento do homem em contextos muito díspares, pelo que acaba por ser um estudo transdisciplinar entre a psicanálise, a antropologia e o nosso próprio conceito de arte.
Mas é difícil garantir qualquer coisa sobre seus significados e funções, subsistindo grande polêmica. Vários estudos chegaram a comparar a arte rupestre com a produção de crianças autistas, e Robert Bednarik observou que há muito escassa evidência de que a arte paleolítica tenha sido feita predominantemente por adultos, havendo evidências, porém, de que parte expressiva do acervo foi criada por jovens e crianças. Segundo Rodrigo Simas Aguiar,
- "Uma tradução dos grafismos rupestres é impossível, pois para tanto seria necessário conhecer com precisão os códigos que regem a composição destes símbolos. [...] Como não podemos decifrar com precisão os desenhos, é fundamental estar atento às técnicas de produção. Ciente disso, o arqueólogo registra informações diversas sobre a arte rupestre, como estilo, maneira de pintar ou gravar, largura dos sulcos ou linhas, tipos de associações de desenhos, fontes de água mais próximas, e assim por diante. Essas informações, quando combinadas a outras, vindas de escavações arqueológicas tradicionais, auxiliarão na composição do contexto em que a arte rupestre está inserida."
Embora as conclusões dos estudiosos sejam muito controversas, é um consenso que os registros podem proporcionar valiosas pistas a respeito da cultura e dascrenças daquela época. As imagens também têm sido usadas para desvendar a aparência da fauna e da flora daqueles tempos, mas o grau de realismo das representações é variável, e mesmo os exemplares mais sofisticados podem não ser realistas. Segundo estudo de Pruvost et al., as figuras de cavalos tendem a ser as mais confiáveis.
Sítios mais conhecidos
Itália[editar | editar código-fonte]Os sítios mais conhecidos e estudados encontram-se na Europa, sobretudo França e no norte da Espanha, a denominada arte franco-cantábrica; em Portugal, na Itália e na Sicília; Alemanha; Balcãs e Roménia. No norte mediterrâneo da África; na Austrália e Sibéria são conhecidas milhares de localidades, porém não tão estudadas, como é o caso do Brasil.
Líbia
- Tadrart Acacus, Patrimônio Mundial da Unesco.
Espanha
- Caverna de Altamira e arte rupestre paleolítica do norte da Espanha, Patrimônio Mundial.
Argentina
- Cueva de las Manos, Patrimônio Mundial.
Índia
- Abrigos na Rocha de Bhimbetka, Patrimônio Mundial.
França
- Grutas decoradas do vale do Vézère, Patrimônio Mundial, incluindo, entre outras, Lascaux, Les Combarelles eFont de Gaume.
- La Marche, perto de Lussac-les-Chateaux.
- Caverna de Chauvet, perto de Vallon-Pont-d'Arc.
- Caverna de Cosquer, perto de Marselha.
- Caverna de Pech Merle.
- Caverna de Les Trois-Frères.
Inglaterra
Portugal
Em Portugal são conhecidas mais de trezentas localidades de arte rupestre, destacando-se os complexos do Vale do rio Côa, Patrimônio Mundial, e do Vale do Tejo, dos mais antigos ao ar livre, a gruta do Escoural, fundamental no estudo do Cro-Magnon e Neandertal, e gravuras rupestres como o cavalo de Mazouco. A Anta Pintada de Antelas, em Oliveira de Frades, é um monumento nacional que apresenta as pinturas rupestres melhor conservadas de toda a Península Ibérica.
Brasil
No Brasil são encontradas manifestações de arte rupestre em todo o território nacional. Com base em suas características e localização, o acervo foi dividido em "tradições": Agreste, Planalto, Nordeste, São Francisco, Litorânea, Geométrica, Meridional e Amazônica, mas verificam-se muitas interpenetrações entre esses grupos. O principal sítio é o Parque Nacional da Serra da Capivara no Piauí, Patrimônio Mundial da Unesco, com o maior acervo do continente americano, e um dos mais estudados. No estado de Pernambuco encontram-se pinturas no Parque Nacional do Catimbau, o segundo maior parque arqueológico do Brasil. Outros sítios importantes são os Lajedos de Corumbá, no Mato Grosso do Sul; a Pedra do Ingá, na Paraíba; a Lapa do Boquete, a Lapa do Caboclo, e as regiões de Varzelândia e Lagoa Santa, em Minas Gerais. Em Santa Catarina se destacam registros em várias ilhas litorâneas, como Campeche e Corais. No Rio Grande do Norte são encontrados principalmente nas regiões do Seridó e na chapada do Apodi, com destaque para o Lajedo de Soledade. Muitos registros estão em condições precárias, outros têm sofrido vandalismo, ou são destruídos em obras de infaestrutura como barragens e estradas.
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O último período pré-histórico é a Idade dos Metais, durante a qual as sociedades dão início à produção, transformação e o trabalho de elementos como o cobre,bronze e ferro. Durante o calcolítico surge a cultura megalítica, notável pelos monumentos de pedra ((dólmens, menires e cromeleques) como Stonehenge).6 NaPenínsula Ibérica surgem as culturas de Los Millares e do vaso campaniforme, caracterizadas pelas figuras humanas com olhos de grande dimensão. São também notáveis os templos megalíticos de Malta. As culturas megalíticas das Ilhas Baleares apresentam monutentos característicos, como a naveta, um túmulo com a forma de uma pirâmide truncada e câmara funerária alingada; a taula e o talayot.7
Durante a Idade do Ferro, as culturas de Hallstatt (Áustria) e La Tène (Suiça) marcam as fases mais significativas na Europa. A cultura de Hallstatt desenvolveu-se entre os séculos V e IV a.C. A cerâmica era policromática, com decorações geométricas e apliques de ornamentos metálicos. La Tène desenvolveu-se no mesmo período, sendo também conhecida como Arte celta primitiva. A produção artística focou-se sobretudo em objectos de ferro, como espadas e lanças, e em bronze, como nos escudos profusamente decorados e em fíbulas, ao longo de diversos estágios evolutivos do estilo (La Tène I, II e III). A decoração foi influenciada pela arte Grega, Estrusca e Cita.
Idade dos Metais
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Denomina-se Idade dos Metais o período que à Idade da Pedra, marcado pelo início da fabricação de ferramentas e armas de metal.
O ser humano começava a dominar, ainda que de maneira rudimentar, a técnica da fundição. A princípio, utilizou como matéria prima o cobre, o estanho e o bronze (uma liga de estanho), metais cuja fusão é mais fácil.
Este período do Neolítico começa antes do Quinto milênio a.C. e acabaria em cada lugar com a entrada na História, para boa parte da Europa no Primeiro milênio a.C. É parte da Pré-História na Europa, bem como na maior parte do mundo, exceto naMesopotâmia, que coincide com o desenvolvimento da escrita e portanto com a História.2 Quando existem testemunhos escritos indiretos é considerada também Proto-história. De qualquer forma, não existe uma ruptura (exceto arbitrária) no desenvolvimento desta tecnologia metalúrgica entre a Pré-História, a Proto-história e a História.
Nesse período, o crescimento da população se acentuou em algumas regiões do planeta. As pequenas comunidades foram se desenvolvendo. Algumas delas passaram a dominar grandes extensões de terra e outros grupos. Surgiram, assim, as primeirascidades, principalmente no cruzamento de caminhos naturais. Algumas dariam origem às mais significativas civilizações da história da humanidade.
Europa, o Oriente Médio e a Ásia
Na Eurásia, a Idade dos Metais subdivide-se tradicionalmente em Idade do Cobre, Idade do Bronze e Idade do Ferro, fusionando-se ao final com os tempos históricos sem solução de continuidade.
O cobre
O cobre, com o ouro e a prata, foi um dos primeiros metais usados3 talvez porque, às vezes, aparece em forma de pepitas de metal nativo.
O objeto de cobre mais antigo conhecido é um pingente oval procedente de Shanidar (Irã), datado por volta do Décimo milênio a.C. Contudo, esta peça é um caso isolado, pois não foi até 3000 anos mais tarde que as peças de cobre martelado em frio começaram a ser habituais. Em efeito, em vários sítios arqueológicos a partir de 6500 a.C. foram encontradas peças ornamentais e alfinetes de cobre manufaturado a partir da martelagem em frio do metal nativo, tanto nos montes Zagros (Ali Kosh em Irã), quanto no planalto da Anatólia (Çatal Hüyük, Çayönü ou Hacilar, na atual Turquia).
Vários séculos depois for descoberto que o cobre podia ser extraído de diversos minerais (malaquita, calcopirita, etc.), por meio da fusão em fornos especiais, nos quais se insuflava oxigênio (soprando por longos tubos ou com foles) para superar os 1000 °C de temperatura. O objeto de cobre fundido mais antigo conhecido procede dos montes Zagros, concretamente de Tal-i-Blis (Irã), e é datado cerca de 4100 a.C.; junto a ele foram encontrados fornos de fundição, crisóis e até mesmomoldes.
Como o cobre podia ser refundido, este costumava converter-se em lingotes, por vezes com uma forma peculiar (como os do Mediterrâneo oriental, que lembram a pele de um animal), para depois fabricar diversos objetos por fusão e colado em moldes. O cobre é muito maleável e dúctil, podia martelar-se em frio ou em quente, com o que se duplicava a sua consistência e dureza. De qualquer forma, resultava impossível eliminar todas a impurezas do cobre, mas, enquanto algumas eram prejudiciais, como o bismuto, que o faz quebradiço, outras eram benéficas, como o arsênico, que reduz a formação de borbulhas na sua fundição, pois impede a absorção de gases através dos poros do molde, assegurando um produto de melhor qualidade. O cobre com alto conteúdo natural em chumbo é mais mole, o qual pode ser uma vantagem para fabricar recipientes por meio da martelagem de uma prancha em forma de disco, curvando-a em forma côncava, para elaborar caldeiras ou tigelas; até mesmo podia ser repuxado. Alguns metalurgistas acreditam que estes cobres com impurezas benéficas são, na realidade, "bronzes naturais".
A técnica do cobre não tardou em difundir-se por todo o Próximo Oriente, coincidindo com o nascimento das primeiras civilizações históricas da zona, principalmente a Suméria e o Antigo Egito; contudo, estudiosos acreditam que pôde ser inventado em datas muito parecidas em outras partes do Velho Mundo. Concretamente na Europa há um avançado núcleo calcolítico nos Balcãs que inclui ocasionalmente objetos de cobre fundido entre os seus achados do Quarto milênio a.C. (cultura Gulmenita) e parece ser uma invenção autóctone; embora este primeiro metal não se difunda pela Europa central e mediterrânea até pouco depois do Terceiro milênio a.C., por exemplo, ligada a povos megalíticos da península Ibérica, como Los Millares ou Vila Nova4 ou, na Europa Central, com acultura das Cerâmicas cordadas. Houve zonas que ainda desconheciam o cobre fundido, mas um novo povo encarregou-se da sua definitiva difusão europeia: aCultura do Vaso Campaniforme, em finais do terceiro milênio.
Por outro lado, na Ásia não houve uma Idade do Cobre com entidade suficiente, dada a sua curta duração, pois o desenvolvimento da metalurgia em lugares como a Índia ou a China começa realmente com o bronze.
O bronze
Ver também: Idade do Bronze
O bronze é o resultado da liga de cobre e de estanho numa proporção variável (atualmente acrescentam outros metais como o zinco ou o chumbo, criando os chamados bronzes complexos). A quantidade de estanho podia variar de cerca de 3% até cerca de 25% (a maior quantidade de estanho, mais tenacidade, mas também menos maleabilidade): na Pré-História a quantidade média costuma rondar 10% de estanho. Supõe-se que foram os egípcios os primeiros a acrescentar estanho ao cobre, ao observar que este lhe dava melhores qualidades, como a dureza, um ponto mais baixo de fusão e a perdurabilidade (pois o estanho não seoxida facilmente com o ar e é resistente à corrosão). Ademais o bronze é reciclável, podendo ser fundido várias vezes. A técnica de trabalho do bronze é virtualmente idêntica à do cobre.
O emprego do bronze começou na Mesopotâmia,5 num momento que coincide, aproximadamente, com o apogeu de outras grandes civilizações antigas comoSíria, Canaã e o vale do Nilo, e um pouco antes que surja o império Hitita em Anatólia, assim como as culturas prehelênicas do mar Egeu. Os metalúrgicos destas áreas, para satisfazer a demanda de cobre, estanho e metais preciosos, deveram de se tornar também em exploradores e comerciantes à procura de minas e oferecendo os seus produtos em troca das apreciadas matérias primas.5 Os sumérios e os seus sucessores, por exemplo, careciam por completo de minerais metálicos e suspeita-se que os importavam dos montes Zagros, onde surgira o império Elamita e do Cáucaso (onde abundam a malaquita e a cassiterita), assim, há constâncias de contatos sumérios desde o Afeganistão até a Europa oriental, já no terceiro milênio.
Os antigos egípcios obtinham a maior parte do cobre das minas de Tina, em Arava, junto ao deserto do Negev, embora ramificassem as suas relações comerciais com o Egeu e a Europa (peças de procedência egípcia aparecem neste continente evidenciando algum tipo de intercâmbio), assim como com algumas regiões africanas.
Os habitantes da Síria, Palestina, Anatólia e do Egeu dirigiram as suas expedições para a Europa, remontando o Danúbio à procura do estanho da Boêmia e daHungria; ou beirando o Mediterrâneo até o sul da península Ibérica, onde obtiveram o cobre em El Argar. Com o tempo, remontaram pelo Atlântico até atingir asilhas Britânicas, à procura do cobre e do estanho da Cornualha e do ouro da Irlanda. Assim, no segundo milênio a.C., a Europa entra na Idade do Bronze. O bronze europeu caracteriza-se, a princípio, por uma grande variedade de culturas que compartilham um substrato comum que inclui a construção túmulos funerários; cabe salientar, na Europa central, a linhagem da cultura de Unetice—cultura dos Túmulos—Cultura dos Campos de Urnas, que, apesar das evidentes diferenças, parecem compartir certa continuidade cultural e racial. À parte convém mencionar a cultura ibérica de El Argar e todas aquelas que se desenvolvem na cornija atlântica, cuja idiossincrasia sobreviveu até épocas históricas.
Enquanto à Ásia, ignora-se se a metalurgia do bronze foi inventada ali independentemente ou foi uma importação da Mesopotâmia. No Paquistão, a Idade do Bronze nasceu com a civilização do Vale do Indo (de meados de III milênio até meados do segundo milênio a.C.), que carecia por completo de fontes de abastecimento mineral. De fato, suspeita-se —pela escassez de objetos de bronze e cobre achados em jazidas como Harappa ou Mohenjo-daro, e pelo atraso nas datas a respeito de outros povos do oeste, os quais, apesar do seu alto grau de desenvolvimento, dependiam dos seus contatos com os elamitas do oeste e, através deles, com os mesopotâmicos. Assim parecem demonstrá-lo alguns objetos procedentes do Indo encontrados na região de Diyala, no vale do Tigre, e várias tabuinhas escritas de Larsa (datadas no 1950 a.C.6 ).
O processo pior conhecido é o da China: é sabido que desde fins do quarto milênio a.C. fundiam cobre arsenical, embora as peças sejam extremamente raras (de fato, não se considera uma Idade do Cobre na China, mas se evoluiria diretamente do Neolítico para o Bronze). Embora a metalurgia chegasse com vários milênios de atraso ao extremo Orientesuspeita-se que pôde ser inventada independentemente da do Próximo Oriente, pela originalidade das técnicas, às vezes muito diferentes às dos povos do oeste. A primeira cultura da Idade do Bronze é a que se denomina Erlitou, do II milênio a.C., relacionada à mítica dinastia Xia (ainda que é muito discutível): as antigas lendas chinesas relatam que o primeiro rei desta legendária dinastia, Yu o Grande (III milênio a.C.), foi um grande fundidor de caldeiras trípodes cerimoniais de bronze, e agradavam tanto aos deuses que lhe outorgaram a vitória sobre os seus inimigos. De qualquer forma, embora Erlitou seja uma cultura sem escrita, implica a transição à História deste país e, entre as suas criações, já aparecem os protótipos de vasilhas cerimoniais de bronze usadas durante toda a antiguidade pelos chineses (sobretudo os caldeiras circulares de três patas ou quadrados de quatro patas).7
A Erlitou sucede-lhe a época Shang (1600 a.C. - 1046 a.C.), durante a qual os chineses puseram-se à altura de qualquer outra região na metalurgia do bronze.8 As escavações de uma das capitais do reino, a cidade de Anyang, descobriram duas grandes oficinas de fundição com fornos capazes de atingir temperaturas muito superiores às necessárias, mas também com sistemas para controlar a intensidade de calor. Assim elaboraram vasilhas rituais, machados, punhais, capacetes, armas e armaduras de grande mestria. Muitas destas peças estavam destinadas às túmulos reais dos seus cercanias, pois estas depararam numerosos objetos cerimoniais de bronze de depurado feitio. As caldeiras li-ting e as vasilhas de bebida com formas zoomorfas são as obras metalúrgicas mais originais da antiguidade chinesa, atingindo o seu apogeu no final da época Shang, desde 1300 a.C. Os seus sucessores os Zhou continuaram a tradição dos copos rituais que, durante muito tempo, acreditava-se que eram fabricados por meio da cera perdida. Contudo, recentes pesquisas demonstraram que os chineses desconheciam essa técnica, e que para as suas obras mestras usavam complicados moldes de argila formados por várias partes tão bem ensambladas que não deixavam marcas nas junturas (alguns de mais de dez peças). Não há duas obras iguais porque os moldes eram quebrados para extrair os bronzes.9
Contudo, segundo parece, os objetos de bronze chineses estavam reservados às elites, pois encontraram-se poucas ferramentas e muitíssimas armas e objetos de culto. Esta situação perdurou até a generalização do ferro.
O ferro
O ferro é o quarto elemento mais abundante na crosta terrestre,10 porém, o seu uso prático começou 7000 anos mais tarde que o do cobre e 2500 anos depois do bronze. Este atraso não é devido ao desconhecimento deste metal, pois os antigos conheciam o ferro e consideravam-no mais valioso que qualquer outra joia, mas tratava-se de "ferro meteórico", ou seja, procedente de meteoritos.
Embora durante milênios não houvesse tecnologia para trabalhar minerais ferrosos, no terceiro milênio a.C. parece que alguns o conseguiram: nas ruínas arqueológicas de Alaça Hüyük, na Anatólia, apareceram várias peças de ferro artificial, entre elas um alfinete, uma espécie de lâmina e uma adaga com a empunhadura de ouro. No segundo milênio salienta um machado de combate descoberto em Ugarit e, novamente, uma adaga com a lâmina de ferro e uma empunhadura de ouro, que fazia parte do enxoval funerário do túmulo de Tutancâmon. As matérias primas destes primeiros ferreiros deveram ser minerais como o hematita, limonite ou magnetita, quase todos óxidos de ferro que já eram usados para outros fins na Pré-História, por exemplo para ajudar a eliminar impurezas da fundição do cobre ou como colorantes. De fato suspeita-se que nos fornos de fundição de cobre e bronze puderam gerar-se pequenos resíduos de ferro quase puro, a partir dos quais começaria o conhecimento da verdadeira siderurgia. Há antigos achados de ferro fundido pelo homem da Síria ao Azerbaidjão. Contudo, nenhum revela como foram obtidos nem as técnicas usadas. Não se conservam ruínas de oficinas, nem ferrarias, pelo qual é ignorado de onde procedem estes objetos.
Por textos escritos em tabuinhas cuneiformes é sabido que os Hititas foram os primeiros a controlar e, até mesmo, monopolizar os produtos de ferro fabricados em meados do segundo milênio. Enviavam os seus objetos aos egípcios, sírios, assírios, fenícios… No entanto, a sua produção nunca foi abundante. De fato, muitos dos envios eram presentes com finalidade diplomática, pois o ferro era dez vezes mais valioso do que o ouro e quarenta vezes mais que a prata.11 Quando o Império Hitita foi destruído pelos povos do mar, por volta de 1200 a.C., os ferreiros dispersaram-se pelo Oriente Médio, difundindo a sua tecnologia: assim começa a Idade do Ferro no Próximo Oriente.
Fabricar ferro seguia um procedimento muito diferente ao do cobre e do bronze (o metal não se liquefacta), primeiro porque era preciso conseguir fornos com grande capacidade calórica: o mineral triturado devia estar totalmente rodeado de carvão de lenha (que era consumida em enormes quantidades) e numerosos foles que, através de focais, insuflavam oxigênio continuamente. O mineral devia ser pré-quentado num forno e, por meio de golpes, parte das impurezas eram eliminadas; depois era levado ao estado incandescente, num segundo forno, até obter uma massa denominada ferro esponjoso, altamente impuro, pelo qual voltava a ser batido em quente para o refinar. Após um longo e repetitivo processo de martelagem e aquecimento, evitando que o ferro se esfriasse, obtinha-se uma barra forjada, bem pura, resistente e maleável. Para as armas e certas ferramentas, o ferro era temperado esfriando-o bruscamente na água, o que provocava mudanças da estrutura molecular e uma melhor absorção do carbono. Os testemunhos mais antigos do processo de temperado do ferro candente foram encontrados no Chipre, e datam de 1100 a.C.12 Evidentemente, as instalações e ferramentas dos ferreiros eram muito diferentes às dos bronzistas. O bronze continuou sendo um metal essencial para as antigas culturas, servindo em campos diferentes nos quais não se podia ou não se sabia aplicar a tecnologia do ferro.
O ferro é mais abundante que o cobre e que o estanho; uma vez dominada a técnica, mais barato que o bronze. Quando os hititas desapareceram e os seus artesãos se dispersaram, a produção deste metal aumentou consideravelmente em todo o Próximo Oriente e os centros siderúrgicos estenderam-se até o Egeu, o Egito e até mesmo a península Itálica por oeste; para a Síria e a Mesopotâmia por sul, para a Armênia e o Cáucaso por norte, e para as grandes civilizações asiáticas a leste .
- Europa: a Idade do Ferro europeia começa pouco antes de 800 a.C. e é protagonizada por povos, na sua maioria belicosos, que habitavam povoados fortemente protegidos por muralhas e outros sistemas defensivos. O ferro foi profusamente empregue para ferramentas agrícolas e artesanais, aumentando a produtividade e o nível cultural do continente. Os artesãos da idade do Ferro europeia conheciam o ferro carburado: as placas de metal eram trabalhadas ao incandescente, mas sem liquefazer, esquentando-as entre carvão de lenha para que absorvesse o carbono depreendido na combustão. Também desenvolveram o laminado, alternando lâminas superpostas de ferro com mais carbono, e que eram mais duras, com outras que tinham menos, e eram mais maleáveis, até formar um feixe que era forjado a cerca de 200°C, quando o metal adquiria uma cor amarela clara. O aquecimento e martelagem contínua ia eliminando as impurezas e melhorando a qualidade do metal até acabar por criar uma lâmina compacta e muito resistente, ao estar composto de lâminas virtualmente soldadas, microscópicas e de qualidades físicas complementares. Os europeus também souberam enfeitar ricamente as suas joias metálicas e as suas armas, aprendendo a encaixar empunhaduras de madeira, osso, marfim, e ainda incrustando vernizes ou finos fios de prata formando complicadas filigranas.
- Índia: a Idade do Ferro começa na Índia na etapa neovédica (ou "vedismo tardio"), a princípios do primeiro milênio antes da nossa era, fase na que se completa a expansão ária pelo subcontinente. Apesar das convulsões, resulta ser paradoxal que a metalurgia do ferro se manifestasse como um catalisador da agricultura, que adquire toda a sua relevância a partir de 800 a.C. graças à aparição da grade de arado e do machado de ferro, que permitiu ganhar à selva novos campos de cultura e a expansão do arroz e da cana de açúcar (citada no Atarvaveda). A plenitude da idade do Ferro coincide com os mahajanapadas (dezesseis reinos nos quais se consolida o sistema de castas, 700 a.C.—300 a.C.), período no que é possível que inventassem a soldadura autógena por forja e uma apreciadíssima variante do aço chamada wootz da Índia. O wootz é um aço muito rico em carbono e quase sem impurezas nem oxidantes. Os indianos comerciavam com lingotes deste material desde o século V a.C., pois possuía qualidades portentosas, pelo qual foi muito solicitado em todo o Índico.13 Adicionalmente, existe em Deli um testemunho da habilidade metalúrgica dos indianos: o "Pilar de Ferro", o único resto de um templo erigido durante a dinastia Gupta, coluna feita de um ferro praticamente puro, 98% (quase poderia dizer-se que é "ferro doze"), que resistiu a deterioração do tempo graças a uma fina camada de óxido que a protegem.
- China :14 A transição entre a idade do Bronze e a Idade do ferro é muito longa na China, em parte devido à perícia dos bronzistas chineses, e em parte devido à situação social do país. Os chineses conheciam o ferro desde a dinastia Zhou. Em 1949 foram descobertas várias espadas zhou de princípios do primeiro milênio a.C. nas quais foram usadas lâminas de ferro meteórico. Pouco depois começou a ser empregue também ferro mineral. Contudo, os metalúrgicos chineses usavam o ferro para o misturar com o bronze pelo sistema do laminado e da soldadura autógena por forja para fabricar espadas (frequentemente chamadas "bimetálicas" por essa combinação de bronze e ferro). Adicionalmente, os ferreiros chineses descobriram que uma pátina de óxido de cromo protegia o metal da corrosão.
- As armas mais apreciadas eram as espadas, que eram forjadas e laminadas com ligas mais duras no gume e maleáveis na veia central. As espadas de lâmina reta e duplo fio eram chamadas Jian (próprias da nobreza guerreira, pois eram muito caras e difíceis de manejar), e as de lâmina curva e gume simples eram denominadas dao (mais baratas e versáteis, popularizaram-se entre os guerreiros menos dinheirosos). A efetividade da liga outorgou às "espadas Jian" um enorme prestígio, enquanto os "sabres dao" eram muito populares, pelo qual tardaram a ser desbancados pelas armas de ferro.
- Apesar de os chineses tardarem em adaptar-se à mecânica da fabricação do ferro, quando a aceitaram conseguiram avanços impensáveis. Por exemplo, foi constatado que no século V a.C., não apenas começaram a ser habituais as armas de ferro (como a espada jian descoberta em Ch'ang Xa), mas um dos muitos estados que se inscreve no período das Primaveras e Outonos, chamado Wu (à beira do Yangzi) descobriu a fundição do ferro: os artesãos de Wu construíram fornos que superavam os 1350 °C (ou seja, autênticos alto-fornos), nos quais o ferro era fundido até liquefazer. Porém, o produto obtido, chamadogusa, tinha tal quantidade de carbono (perto de 5% , por vezes, até mais), que resultava quebradiço demais para ser útil, pelo qual depois era necessário descarburizá-lo; para isso era submetido a altas temperaturas em fornos abertos que liberavam os gases em forma de óxidos de carbono: assim era obtido um ferro fundido maleável e funcional. A partir do século III a.C. a técnica foi difundida para norte de modo que na etapa seguinte, a dos Reinos Combatentes, os objetos de ferro foram comuns, e não somente se conhecem minas datadas nessa fase, senão em Hebei apareceram numerosos túmulos de guerreiros com armas de ferro, umas forjado e outras fundido, junto a peças ornamentais de bronze (o bronze seguiu sendo preferido pela elite, especialmente para objetos cerimoniais como caldeiras ou sinos rituais).
- As armas e ferramentas de ferro popularizaram-se no Primeiro Império Han (202 a.C. – 9 d.C.), de fato, o soberano apropriou-se do monopólio do ferro fundido, construindo numerosos fornos na província de Henan. Os chineses também aprenderam a misturar ferro fundido com ferro forjado para obter aço autêntico. De fato, existia a lenda de queLiu Bang, o primeiro imperador da dinastia Han, possuía uma espada de aço, de qualidades assombrosas, fabricada por este sistema.15
- Japão:16 Com a chegada de invasores coreanos e chineses, a cultura neolítica do Japão, chamada Jomon, desapareceu dando lugar à chamada cultura Yayoi. Isto ocorreu em torno de 300 a.C., e veio acompanhado de numerosos progressos trazidos do continente, entre eles os metais: o ferro chegou ao Japão ao mesmo tempo em que o bronze. De fato, no Japão a fase Yayoi é também chamada "Idade do Bronze-Ferro". A criação mais original da metalurgia jaioi são os sinos rituais de bronze (chamadas "Dôkaku"), profusamente decorados com motivos abstratos e até mesmo figurativos.
África[editar | editar código-fonte]
Na África17 não há evidencias de existência nem do Calcolítico nem da Idade do Bronze em senso estrito, embora por influência do Egito e outras culturas do Mediterrâneo oriental, a costa norte pudesse conhecer o bronze no segundo milênio a.C., até mesmo se suspeita que a cultura hispânica de El Argar pôde ter influenciado na chegada da metalurgia do bronze à cordilheira do Atlas. Contudo, para sul, a aculturação desvanece. Até mesmo a poderosa influência da cultura egípcia foi limitada.
Os faraós egípcios periodicamente dominaram a região de Canaã e do Sinai, embora diversas potências rivais contendessem pela sua posse: primeiro os hititas, depois os povos do Mar e finalmente os assírios. Adicionalmente, os governantes egípcios dominaram temporalmente os territórios a sul da primeira catarata do Nilo. Este domínio tem especial relevância o começar o primeiro milênio, pois induziu o nascimento de um estado independente, o país de Cuche. Este reino, governado por gentes de origem autóctone, foi deslocando-se para sul, à medida que a pressão das potências mediterrâneas aumentava, assim, passou de ter a capital em Kerma (3ª catarata do Nilo), a Napata (4ª catarata), desde a qual, durante um tempo pôde dominar o Egito (dinastia XXV, séculos VIII e VII a.C.), brevemente, pois os assírios conquistaram o delta; por último a capital foi transladada a Meroé (entre a 5ª e a 6º catarata). Ao contrário do Egito faraônico (que sempre careceu de matérias primas ou combustível suficiente), Meroé desfrutou de uma importante indústria metalúrgica do ferro, desde antes do século VI a.C., pois possuía produtivas jazidas metalíferas a norte e abundante madeira a sul, de fato conservam-se montanhas de escórias daquela época. Meroé sofreu um contínuo isolamento que obrigou a uma economia quase autárquica, até a cidade ser destruída pelos nuba em 350 d.C.
Cartago, também se associa à expansão do ferro pelo norte da África; e, embora tivesse relações comerciais que se adentravam para o coração do continente, o seu interesse nunca foi o domínio territorial, mas a aquisição de certas matérias primas e escravos. Também não os romanos, após a conquista visaram adentrar-se no deserto, pelo qual o resto da África caracterizar-se-ia por um desenvolvimento cultural singular devido ao isolamento.
O ferro apareceu na África subsaariana pela primeira vez na civilização de Nok, entre 500 a.C. e 200 d.C., e, dali difundiu-se para sul com a expansão bantu. Então não somente se desenvolveu a metalurgia funcional do ferro, mas também a do bronze. A metalurgia implicou um importante avanço produtivo que favoreceu a vida agrícola e o aumento populacional. Embora em toda a metade meridional da África convivessem agricultores, ganadeiros e caçadores-coletores. O aumento populacional é o causador principal da expansão bantu para sul, devagar, até no primeiro século da nossa já todo o continente conhecer os metais. O bronze não somente não se abandonou senão, frequentemente, foi empregue com fins artísticos (como ocorre por exemplo com os bronzes do Benim).
América
Na América desenvolveu-se a metalurgia do ouro, da prata, do cobre e do bronze; porém, em nenhum caso, esta tecnologia incidiu decisivamente nas economias pré-colombianas. As pepitas de cobre nativo eram conhecidas em várias regiões da América, por exemplo na região dos Grandes Lagos, onde abundavam as jazidas de cobre nativo, desde o quinto milênio a.C. os indígenas acostumavam a batê-las até lhes dar forma de ponta de flecha, embora nunca chegassem a descobrir a fusão. Por outro lado, mais a sul e muito mais tarde chegou a desenvolver-se uma autêntica indústria metalúrgica em três grandes zonas pré-colombianas, principalmente, os Andes, a Baixa Mesoamérica e a chamada Área Intermédia, entre o Equador e a Colômbia.
Nos Andes, o ponto de partida são as lâminas de ouro nativo associadas a martelos e bigornas de pedra polida descobertos no departamento de Apurímac, concretamente em Huayhuaca, datados em 1800 a.C. Contudo, a primeira grande cultura metalúrgica do continente foi a Chavín de Huantar, que, desde, pelo menos e 800 a.C. elaborava objetos de ouro em forma de placas marteladas e repuxadas. Até mesmo chegou a unir várias placas para formar estatuetas de prancha de ouro.
Por volta do século IV a.C., a civilização Moche incorporou a prata e o cobre já refinado a partir da malaquita e outros carbonatos cupríferos; a metalurgia enriqueceu-se notavelmente com novas técnicas, como o repuxado em quente. a incrustação de gemas e, em especial o banho de prata e de ouro: o banho de prata consistia em submergir um objeto de cobre numa solução de prata pulverizada e sais corrosivos, o cobre reagia ionizando-se e absorvendo parte da prata, posteriormente esquentava-se o objeto para melhorar a aderência e era polido. O banho de ouro consistia em esquentar um objeto de cobre com pó de ouro até aoxidação, esta implicava a absorção do pó de ouro, mas depois era preciso retirar a camada externa, oxidada, por meio de ácido, para que o ouro saísse à superfície, depois era polido também. Um exemplo das capacidades metalúrgicas mochicas são as mais de 400 joias achadas no túmulo do Senhor de Sipán.
Não se conhece com certeza quando e onde apareceu o bronze autêntico (liga de cobre e estanho), mas parece que se iniciou nos Andes centrais, no vale do Lurín por volta de 850 e que o seu uso se difundiu com uma extraordinária rapidez, de modo que antes de 1000 já se desenvolvera a sua tecnologia em toda a cordilheira, do atual Chile até a Colômbia. Dali, por via marítima ligou com a costa ocidental do México, onde abundam as minas metalíferas.
A chamada Zona Intermédia também tem uma antiga tradição no trabalho dos metais, quase tão antiga quanto a dos Andes. De fato, ali ficam os maiores expertos em ligas metálicas da América pré-colombiana: os muiscas. Estes ameríndios misturavam prata, ouro e cobre em diversas proporções, mas a liga mais bem-sucedida foi chamada tumbaga (de cobre e ouro, que acrescenta a resistência das joias, sem perderem a aparência áurea: os muiscas, habitantes da atual Colômbia e Equador são também os inventores da cera perdida, no século I.
De entre todas as culturas pré-colombianas da Baixa Mesoamérica,18 destacam-se os mixtecos, que se suspeita que já existiam no período pré-clássico mesoamericano. Os mixtecos, além de conhecedores das técnicas supracitadas, foram inventores de outras como a soldadura, a filigrana, o damasquinado, etc…, enfim que a sua ourivesaria era equiparável à do Velho Mundo.19 Os mixtecos também eram expertos na fundição do cobre e conheciam o bronze. Numerosos códices ilustram as técnicas de fundição e redução destes metais.
Contudo, apesar de serem consumados metalúrgicos, os povos pré-colombianos unicamente elaboraram objetos de culto e suntuários de prata e, sobretudo, ouro. Até mesmo as maças de guerra, que se fabricavam tanto em pedra como em bronze eram, frequentemente, de prestígio. As facas também costumavam ser cerimoniais, a tecnologia destas joias apenas estava ao alcance das elites. A metalurgia não alcançou a importância econômica e social do Velho Mundo e embora fabricassem machados, enxadas, maças, lanças e outros objetos de bronze, eram raros e não melhoraram sensivelmente a produtividade da maioria da sociedade nem a efetividade bélica dos seus exércitos.
Os americanos conheceram outros metais, por exemplo a platina e o ferro.
- A platina foi usada em mistura com ouro: embora nunca conseguissem uma autêntica liga destes metais dado o alto ponto de fusão da platina. O composto (ouro branco) era obtido martelando o ouro com pós de platina (frequentemente em quente), até conseguir uma massa uniforme à qual se podia dar a forma e ornamentação desejada.
- O ferro somente era conhecido através de meteoritos e era usado em forma de esquírolas, como se fossem lascas, por parte dos indígenas da América do Norte. Embora o exemplo mais interessante seja a exploração do meteorito mexicano chamado "Descubridora" (em Charcas, San Luis Potosí), que ainda conserva um pedaço de punção pré-colombiano de cobre cravado. Outro uso comum do ferro pré-colombiano é como corante de cerâmica, uma vez pulverizado e acrescentado antes do cozimento.
A conquista espanhola da América explica-se em boa medida (embora não única, nem principalmente) pela diferença tecnológica que situa à maior parte dospovos pré-colombianos em estádios tecnológicos iniciais da idade dos metais: quase nenhum deles dominava a metalurgia do bronze e nenhum a do ferro. A efeitos materiais as suas ferramentas mantinham-se na Idade da Pedra, ainda que, do ponto de vista cultural (e não somente porque algumas culturas já tinham registros escritos), desenvolveram estruturas sociais e políticas tão complexas e evoluídas que se acredita que já entraram na História.
Referências
- ↑ La Caixa saca de un largo olvido al enigmático pueblo tracio (em espanhol).
- ↑ Heliodoro Núñez y Antonio Paniagua (2001). La Edad de los Metales : cronología y periodos.
- ↑ Expresiones plásticas y manifestaciones culturales de las épocas prehistóricas e indígenas (2008).
- ↑ O cobre ibérico era rico em arsênico, pelo qual foi muito apreciado em todo o Mediterrâneo antigo.
- ↑ a b Heliodoro Núñez y Antonio Paniagua (2001). La aparición de la metalurgia y la minería.
- ↑ Montenegro, Ángel y Solana, José María. (1986). "La formación política de la India y sus grandes movimientos religiosos" Angel Montenegro, coord. (Volumen V: China e Endia. Antiguos imperios orientales). ISBN 84-7461-659-X. Páginas 222-223.
- ↑ Montenegro, Ángel y Solana, José María. (1986). "La configuración de la sociedad argícola china" Ángel Montenegro, coord. (Volumen V: China e India. Antiguos imperios orientales). ISBN 84-7461-659-X. Página 165
- ↑ Cotterell Arthur. Historia de las Civilizaciones Antiguas. Volumen II : Europa, América, China, India. [S.l.: s.n.], 1984. Capítulo: La China de los Shang. , ISBN 84-7423-252-X
- ↑ Knauth, op. cit., 1975, pp. 114-117
- ↑ Jesús Peñas Cano (2001). Hierro : Abundancia.
- ↑ Hicks, Jim. Los Hititas. [S.l.: s.n.], 1974. ISBN pp. 93-94; uma tabuinha de barro com uma inscrição cuneiforme do século XIII a.C. dirigida por um soberano hitita ao seu homônimo assírio diz os seguinte:
Quanto ao ferro de boa qualidade a respeito do qual me escreveste, não fica disponível na minha casa de selos de Kizzuwatna. O momento atual não é propício para produzir o ferro do qual te escrevi; ocorrerá, mas ainda não terminaram com o seu trabalho; quando o terminem enviarei-o para ti; por enquanto envio-te a lâmina de um punhal, como obsequio para ti. Os hititas não tinham capacidade para produzir mais que uma pequena quantidade de objetos de ferro, a maioria dos quais eram usados como símbolos de prestígio, oferendas ou presentes, e não para ferramentas ou armas em quantidade suficiente. - ↑ O metal temperado é elástico e resistente à deformação, mas não se pode dobrar, portanto, submetido a tensão demais, quebra; pelo contrário, se o ferro se deixar esfriar devagar é mais flexível e menos frágil, podendo deformar-se e abolhar-se, sem quebrar. Os ferreiros decidiam, segundo a função do objeto a fabricar, se precisava ser temperado, ou era mais útil sem temperar.
- ↑ O wootz da Índia tornar-se-ia anos mais tarde na matéria prima das "espadas de Damasco", embora a sua qualidade não residisse apenas na sua composição, mas no modo de trabalhá-lo: ao contrário dos europeus, os asiáticos forjavam entre 650 e 800 °C; de fazê-lo a temperatura mais baixa o metal quebraria, mas entre essas cifras, quando o ferro está vermelho púrpura, o wootz torna-se extraordinariamentedúctil; uma vez forjada a espada, voltava a esquentar-se a tão altas temperaturas e era temperada submergindo-a subitamente em água gelada misturada com azeite, obtendo assim um aço ainda superior, resistente à deformação, flexível, ainda que mais quebradiço: II. Espadas de Damasco
- ↑ Ho Peng Yoke. Historia de las Civilizaciones Antiguas. Volumen II : Europa, América, China, India. [S.l.: s.n.], 1984. Capítulo: El desarrollo científico y tecnológico en la antigua China. , ISBN 84-7423-252-X
- ↑ Como é notório, os avanços na siderurgia chinesa adiantam-se em muitos séculos aos da europeia.
- ↑ Gutbrod, Karl. Historia de las antiguas culturas del Mundo. Arqueología. [S.l.: s.n.], 1987. Capítulo: X. Las antiguas culturas del este asiático: Japón. , ISBN 84-7628-038-6
- ↑ Gómez-Tabanera, José Manuel. Las culturas africanas. [S.l.: s.n.], 1988. Capítulo: África en los principios del metal. , ISBN 84-7679-101-1
- ↑ ¿Qué sabían de fundición los antiguos habitantes de Mesoamérica? (março 2004).
- ↑ Vitale, Luis. Historia de nuestra América. Los pueblos originarios. [S.l.: s.n.],1991. ISBN 9567172012 - Versão em PDF pp. 17-18.
O cronista e religioso espanhol Bernardino de Sahagún, reconheceu que "os mixtecas não foram apenas os melhores ourives da América, senão que nenhum outro povo os superou no mundo". Outro religioso espanhol, Toríbio de Benavente, explicava assombrado que os artesãos mixtecas que trabalhavam para os astecaseram capazes de "fundir um pássaro com cabeça, língua, patas e asas móveis e colocar qualquer bagatela nas asas, de modo que parecia dançar" (Knauth, Percy, op. cit., 1975, página 139)
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