Por Maristela Farias
Tenho certeza absoluta que nasci no lugar errado. Quando ouvi a notícia da morte do BB King, tive certeza daquela verdade. Passou um filme diante de mim e me senti envolvida por todas as vozes que permeiam minha memória musical e, um a um, vi um desfile de negros e negras passando ali bem perto sem que eu os escutasse. Estavam se aproximando e apenas as imagens, os sorrisos, os instrumentos musicais, os microfones e os olhos cheios de uma alegria infinda.
Duvidei que aquilo estivesse acontecendo comigo, mas estavam lá todos eles que sempre me acompanharam desde a adolescencia: Herbie Hancock, Chat Baker, Sonny Rollins, Thelonious Monk, Dizzy Gillespy Aretha Franklin, Dianne Reeves, Nina Simone, Billy Holiday, Ella Fitzgerald, Louis Armstrong, John Coltrane, The Blues Brothers, B.B.King, Robert Johnson, Benny Goodmann, o branco Eric Clepton no meio da negrada, mas tão negro quanto eles, Roberta Flack, Ray Charles, Marvin Gaye, Steve Wonder, James Brown, Tina Turner, Steve Wonder, Charlie Parker Jr. Duke Ellington, Janis Joplin, que cantava rock, mas parecia um blues, Elvis Presley brancão, de voz negrona, amado por muitos, Thelonious Monk, Sara Vaughn, nesse meio ia o Frank Sinatra, claro, cantando "Strangers in the night e "My Way", Sei que muitos mais me envolveram nos seus cantares, mas não consigo lembrar. Perdi os discos que eram muitos, mas a vida ficou com toda a musicalidade que eu escutava no meu quarto e depois, muito tempo depois, eu conseguia mandar para alguns, através de nossa rádio comunitária. E tinha gente que gostava como eu, apesar de nem entender, mas sentimento é coisa que ningue´ensina, a gente recebe e pronto.
Estas vozes maravilhosas, vieram, ou melhor trouxeram a tradiçao da África, passada de pai para filho. Nos Estados Unidos da América o Blues sempre esteve profundamente ligado à cultura afro-americana, especialmente aquela oriunda do sul dos Estados Unidos (Alabama, Mississipi, Louisiana e Geórgia), dos escravos das plantações de algodão que usavam o canto, nas chamadas "worksongs", para embalar suas intermináveis e sofridas jornadas de trabalho, as quais são uma das origens dos "blues". São evidentes tanto em seu ritmo, sensual e vigoroso, quanto na simplicidade de suas poesias que basicamente tratavam de aspectos populares típicos como religião, amor, sexo, traição e trabalho. Com os escravos levados para a América do Norte no início do século XIX, a música africana se moldou no ambiente frio e doloroso da vida nas plantações de algodão. Porém o conceito de "blues" só se tornou conhecido após o término da Guerra Civil quando sua essência passou a ser como um meio de descrever o estado de espírito da população afro-americana. Era um modo mais pessoal e melancólico de expressar seus sofrimentos, angústias e tristezas. A cena, que acabou por tornar-se típica nas plantações do delta do Mississippi, era a legião de negros, trabalhando de forma desgastante, sobre o embalo dos cantos, os "blues".
Chega de escrever, isto é face... mas lembro de um filme que assisti onde um havia uma disputa de um destes maravilhosos, não tenho certeza, mas acho que era o Robert Johnson com o diabo e imagina quem ganhou...
Minha homenagem ao B.B. King....
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