quinta-feira, 9 de março de 2017

NO BRASIL, THEMIS É PROSTITUTA

Não podia deixar de publicar este comentário do Francisco Costa, profefessor, poeta, artista plástico, que estou com saudades de ler e comentar,  que recomendo, leiam sempre!.




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Mais uma condenação de José Dirceu, agora com mais de 11 anos, o que somando-se à anterior, perfaz quase trinta e um anos de cadeia.

Considerando-se que dentro de uma semana Dirceu fará 71 anos de idade, está condenado à prisão perpétua.

Tenho idéia formada sobre José Dirceu, mas aqui é o que menos importa e, para que tenhamos noção do arbítrio, das tacadas judiciárias típicas de regimes ditatoriais, fascistas, vamos considerá-lo culpado.
Dirceu foi acusado de se apropriar de pouco mais de dois milhões de reais, quatro vezes menos que o que recebeu Michel Temer, segundo uma única delação, em dezenas, contra ele; dez vezes menos que o senador José Serra, até poucos dias o Ministro das Relações Exteriores; centenas de vezes menos que o que recebeu Eduardo Cunha, preso de mentirinha, sem a cabeça raspada porque afirmou que se lhe raspassem a cabeça entregaria 150 deputados, sem uniforme do sistema penitenciário porque afirmou que se o uniformizassem passaria para a história como o homem que derrubou dois presidentes, com todas as investigações paradas e nenhum indiciamento porque afirmou que existem muitos ladrões nos três poderes e que entregaria todos, não ficaria preso sozinho, e os três poderes apenas esperam que a opinião pública se esqueça dele, o que não vai demorar, para soltá-lo.
Sob o beneplácito do STF, o legislativo estuda anistia a todos os ladrões, sob o argumento de que fica difícil determinar que dinheiro serviu às caixas-2 dos partidos e que dinheiro fez enriquecimentos ilícitos pessoais.

Em discurso, o presidente do partido artífice do golpe, diante do presidente da república e líderes dos outros poderes, afirmou temer confundirem a sua caixa-2 com propinas dadas a ele, com um dos principais líderes de um partido que se diz de oposição beijando-lhe a mão.

Entre testemunhas de acusação, testemunhas de defesa e depoentes da delação premiada, mais de sessenta inocentaram Lula, mas serão ouvidos mais sessenta, cem, quinhentos, até que apareça o primeiro e o acuse de alguma coisa, qualquer coisa, ainda que uma bananada furtada em confeitaria, quando era criança, criando-se um novo José Dirceu.

Tudo isto condimentado com reformas que atendem a duas finalidades: concentrar capital e renda, ainda mais, nas mãos da classe dominante e enfraquecer o Estado brasileiro, de maneira a facilitar o seu esfacelamento, o seu fatiamento territorial, originando países menores e economicamente mais fracos, exatamente o que foi feito na ex Iugoslávia e está sendo feito na Rússia Ocidental, com a independência da Ucrânia, o que só não foi feito ainda na Síria por causa da intervenção sino-russa-iraniana.

Enquanto isso, parte dos brasileiros segue atenta ao Big Brother Brasil, ao Lar Doce Lar, à novela do momento, aos Fla-Flus e Corinthians e Palmeiras, acreditando no respeito ao calendário eleitoral ou que o golpe irá se auto destruir, reconduzindo Dilma ao Planalto.

Ontem, Dia Internacional de Mulher, o que vimos nas redes sociais foram as mesmas acusações e queixas de todos os dias, muito pouco de auto-afirmação e exigências, feitas pelas que se pretendem feministas.

Segundo o IBGE, o que é corroborado por outras entidades nacionais e internacionais, somando-se os analfabetos absolutos, incapazes de ler e escrever, e os analfabetos funcionais, os que não lêem ou, lendo, não entendem o que lêem, incapazes de avaliar uma conjuntura, de saberem o que se passa a seu redor, chega-se ao impressionante número de 78% da população, o que justifica a passividade geral, a indiferença generalizada e a luta de Quixotes contemporâneos atacando moinhos de vento, sob os aplausos de desmiolados Sanchos.

É desesperador.



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Não entendeu o título da matéria? Themis é a deusa da justiça, aquela puta de olhos vendados e uma balança na mão, com o prato do lado dos pobres e seus representantes pesando mais, cheio de culpas, e o prato da classe dominante, dos ricos, sem culpa nenhuma, leve, porque remunerada, com os michês devidamente pagos com o fruto do que é roubado do povo.


Francisco Costa
Rio, 09/03/2017.

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