A família tem estimulado as facetas egoístas de seus membros: apoia o caminho de realização pessoal e enaltece o amor-próprio; alimenta certa obrigatoriedade de convívio, muitas vezes não confessada, em especial entre pais e filhos. Tolhe assim, em muitos casos, a liberdade tão necessária de as pessoas tomarem os rumos a que estavam destinadas.
Em termos ideais, a instituição familiar deveria desempenhar o papel de primeiro instrutor do ser que nela encarnasse, preparando-o para encontrar a própria regência interna e para reconhecer a parte que lhe cabe no progresso do mundo. Todavia, de maneira geral ela é inapta para cumprir tal papel, e o ser encarnante encontra mais obstáculos que facilidades para perceber realidades universais no campo afetivo e no espiritual. Atualmente, quando as instituições criadas para ajudar os seres inexperientes desmoronam (como a família, as religiões, o estado e outras), é preciso ter verdadeira necessidade de chegar à vida espiritual para empreender tal busca por si mesmo e com o mínimo de apoios.
A família, como instituição, está carregando pesado carma, difícil de resolver se os que a integram permanecem no nível dos laços de afinidade ou de rejeição. Uma parte dos atuais problemas de relacionamento em família deve-se, também, ao fato de como grupo social ter perdido o sentido para muitos.
No entanto, grandes e radicais transformações são esperadas. A situação que no presente se vê, ao que parece sem esperança, será modificada com o surgimento de nova forma de convívio, que refletirá a interação entre almas e não se baseará em afinidades ou rejeições puramente humanas. Também outras significativas mudanças se efetivarão na constituição mesma do ser humano num próximo ciclo do mundo.
Extraído do livro “Além do Carma” – Trigueirinho
Editora Pensamento
Págs. 46 a 47
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