“É sempre boa a oportunidade para enfrentar o racismo à luz do dia”, desculpa-se
Redação JOTA
Na primeira oportunidade que teve, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, pediu desculpas por ter usado a expressão “negro de primeira linha” na homenagem feita ontem no STF na cerimônia de aposição da foto do ministro Joaquim Barbosa na galeria de ex-presidentes do tribunal:
“Eu narrava a sua trajetória vitoriosa e pretendi fazer referência de que ele se tornou um acadêmico negro de primeira linha. Primeira linha se referia, como intuitivo, a acadêmico. E a referência a negro era para celebrar uma pessoa que havia rompido o cerco da subalternidade chegando ao topo da vida acadêmica, alguém que contribuiu com integridade e talento para as instituições nacionais como símbolo da diversidade que enriquece a sociedade brasileira”, iniciou Barroso.
“Contudo, me manifestei de modo infeliz e utilizei a expressão ‘negro de primeira linha’. Não há brancos ou negros de primeira linha, porque as pessoas são todas iguais em dignidade e direito, sendo merecedoras do mesmo respeito e consideração”, admitiu.
“Eu, portanto, gostaria de pedir desculpas às pessoas a quem possa ter ofendido ou magoado com esta frase infeliz. Gostaria de pedir desculpa sobretudo se involuntária e inconscientemente tiver reforçado um estereótipo racista que passei a vida tentando combater e derrotar”, disse com a voz embargada.
E concluiu: “Mais de uma pessoa me disse que se eu justificasse a minha fala e pedisse desculpas, eu daria mais visibilidade ao fato. É provável, mas é sempre boa a oportunidade para enfrentar o racismo à luz do dia, mesmo o que se esconde no nosso inconsciente. E, na frase feliz de Martin Luther King, é sempre a hora certa de fazer a coisa certa”.
Redação JOTA - Brasília
Nenhum comentário:
Postar um comentário