quarta-feira, 14 de junho de 2017

O COLETIVO E A VERDADE TIRANIA DOS VITIMISTAS

O QUE ANULA TUDO QUE ESTÁ ESCRITO É O ÓDIO.  (MF)


A VERDADE TEM SUAS PREMISSAS NA DIALÉTICA - POR MANOEL BEZERRA ROCHA




O recente episódio ocorrido na Faculdade de Direito da Universidade Federal de Goiás reacende o debate acerca da intolerância manifestada por grupos que se autodenominam “minorias” e “vítimas” do preconceito e discriminação. Essa modalidade atual de tirania, que se vale do vitimismo como instrumento de vilipêndio e intolerância, impediu uma professora de proferir uma palestra porque suas ideias são contrárias aos dogmas sectários e fanaticamente patológico apregoados por grupos de pessoas que se dizem ‘feministas”. A professora viu o ambiente acadêmico ser invadido, de onde fora expulsa sob intensa violência moral e iminente ameaça de agressão física, o que só não ocorreu porque contou com a proteção dos seguranças da universidade.

São agressores, fanáticos, intolerantes, que difundem discursos de ódio que se dizem vítimas de preconceito mas que não suportam qualquer argumento que possa contrariar aquilo que repetem como um mantra, quase sempre sem sequer refletir sobre o que falam. Tornam-se não apenas cerceadores de qualquer manifestação contrária às suas, mas em convertem-se em patrulheiras das ações, expressões, pensamentos, sempre prontas ao massacre moral, social, pessoal de quem ousar não reverberar suas demências. Nesse terreno pantanoso, como que programados e temerosos do confronto, surgem os séquitos ou, para usar uma expressão mais em voga, os “politicamente corretos”, exemplares modernos da valha idiotice coletiva, que, sem capacidade de pensar nem argumentar, muito menos de questionar aquilo que lhes impõem verticalmente, tornam-se em coprófagos dessas “verdades” encapsuladas, estabelecidas por essa nova modalidade de tirania, hipócrita tirania, identificada pelo neologismo mefistofélico denominado “coletivo”.

O problema da verdade já foi mais construtivo para privilegiadas civilizações no passado que puderam dedicar-se à dialética a partir dos elementos de uma verdade lógica, intuitiva ou dedutiva – tudo isso com imensuráveis contribuições para o aprimoramento e evolução do pensamento humano. Para o positivista Augusto Comte (1718 – 1857) somente são considerados verdadeiros os conhecimentos baseados em fatos que podem ser observados.

A possibilidade da verificabilidade das provas é uma exigência básica do conhecimento científico. O único critério para saber se um conhecimento é verdadeiro ou falso é a possibilidade de sua verificabilidade. Para Heráclito (± 540 a.C. – 475 a.C.), a verdade era o Devir. A dialética está sempre em movimento e as forças contrárias como o Bem e o Mal, positividade e negatividade, promovem o surgimento da verdade no mundo. Empédocles (490 a.C. – 430 a. C.), afirmava que dois elementos como princípios universais e opostos estariam submetidos à verdade, Amor e Ódio, um pela atração e união, o outro pela repulsão e separação, as mesmas forças contrárias.

Nos dias atuais, parece estarmos diante de um novo conceito de “verdade”, aquela que não admite interpretação divergente, a que abomina a dialética, a que rejeita qualquer possibilidade de confrontação de ideias: a verdade impositiva. Essa “verdade”, é uma característica peculiar da atual geração de zumbis do pensamento, uma espécie de contrafilosofia da geração de adoradores do superficialismo. A cultura do “politicamente correto” que engessa a capacidade de raciocínio, de tirocínio, e estimula o medo da sinceridade diante de uma legião de pessoas programadas. Constrói-se uma sociedade formada por pessoas fadadas à repetição de frases feitas e avessas ao raciocínio, ao uso, ainda que mediano, da capacidade intelectual.

Talvez não seja por acaso que pesquisas do Instituto Salk, de San Diego (EUA), afirmam que, comparação da atividade genética de humanos com a de chimpanzés sugere que o “Homo sapiens” está evoluindo de forma mais lenta que os macacos. Creio que em nenhuma outra época a questão da verdade tenha sido tão radicalmente contrária à opinião divergente. No passado, a ausência dessas amarras nos legou grandes filósofos, importantes pensadores. As “ideias originais” possibilitaram nossa evolução intelectual. Modernamente, infelizmente, o medo da verdade nos impele a condutas hipócritas.

Neste mesmo espaço democrático do DM, já escrevi um artigo expressando a minha opinião, baseada em sedimentações empíricas, em dados de pesquisas bibliográficas, mas, principalmente, de minhas experiências profissionais. Argumentei que o machismo no Brasil é uma invenção das feministas e que os dados estatísticos sobre a violência contra as mulheres e os homossexuais são questionáveis e comprovadamente insustentáveis. Em relação às feministas e aos homossexuais, os seus discursos dizem uma coisa, a realidade os desmente, mostrando-me outra absolutamente oposta, principalmente no que se refere à violência que eles insistem em dizer que sofrem e que a causa é o “machismo”. O artigo repercutiu nacionalmente e os xingamentos e ofensas dardejadas à pessoa e à honra deste missivista apenas confirmam e reforçam aquilo do qual estou sobejamente convicto: os discursos de gênero e de outros vitimistas coletivistas, uma casta de mimadinhas dos políticos demagogos no Brasil, são falsos e mal-intencionados. Nenhuma reivindicação verdadeiramente justa e legítima se posiciona tão radicalmente violenta e intransigente com quaisquer opiniões diferentes. Liberdade de expressão, de manifestação de ideias e pensamentos não são aceitos por elas. A truculência e a imposição são as armas daqueles que não têm argumentos. A mentira e a manipulação de informações, no intuito de adequar-se ao senso-comum ou ao discurso do politicamente correto, podem acarretar prejuízos à toda uma coletividade.

Recentemente, representantes do Ministério da Saúde, ao abordarem os novos números sobre a Aids no Brasil, utilizaram-se de subterfúgios para esquivarem-se, por receio e hipocrisia, da necessária verdade. Os números indicam que o segmento social onde o vírus HIV mais tem aumentado é entre os homossexuais. Porém, nas reportagens sobre a pesquisa, com receio de melindrarem os gays, para não serem epitetados de “homofóbicos”, optaram por advertir que o risco de contágio é maior entre “homens que fazem sexo com outros homens”. Ora, essa! Desde quando homem que é homem faz sexo com outro homem? Homem transa com mulher. Pessoas do sexo masculino que transam entre si são gays, homossexuais. Qual o problema em ser honesto e dizer que o risco é maior entre os homossexuais? Outro fato, também de ampla divulgação na imprensa, é o caso da piscina com um símbolo da suástica nazista que fora avistada, pela polícia, do alto de um helicóptero, por acaso. A vida do proprietário da piscina se transformou num pesadelo. Afinal, que mal acarreta à coletividade uma pessoa ter um símbolo, no interior de sua propriedade, que memoriza um fato ou uma época histórica? Isso restauraria o nazismo e o extermínio de judeus? Se o Holocausto é uma verdade histórica incontestável, por que tanto incômodo com a dúvida de alguns anônimos que relutam em acreditar na “história oficial”? Se o Holocausto é uma verdade baseada em fatos que podem ser observados, demonstrados, qual a razão de temer-se tanto o simples fato de alguém colecionar, como simbolismo histórico, um ou outro objeto ou insígnia de um sujeito ou de uma realidade política com incontestável relevância para os registros históricos, ainda que negativos, da humanidade?

O historiador israelense Shlomo Sand, em seu livro “A invenção do povo judeu”, afirma que os judeus contemporâneos descendem em sua maioria de povos convertidos, originários de diversos pontos do meio oeste e da Europa Oriental. Portanto, se a formação do atual estado judaico é um mito, uma fantasia, por que não se pode sequer duvidar do Holocausto? Por que não debater essa tão difundida infâmia contra a Humanidade dentro do plano das ideias, da dialética, ao invés da truculência, da perseguição, da intimidação, da força?

Na França a pressão dos judeus forçou o governo a criar uma lei absurda, vergonhosa, punindo com prisão quem ao menos duvidar que o Holocausto tenho ocorrido. Eu, sinceramente, tudo o que sei sobre o Holocausto é o que é propagandeado através do cinema e empresas cinematográficas pertencentes a judeus e de livros escritos ou financiados por entidades judaicas. É dizer: tudo o que sei sobre o extermínio de judeus é através da perspectiva dos judeus. No Brasil, o Supremo Tribunal Federal, capitaneado pelo ex-ministro Nelson Jobim, e sob intensa pressão da comunidade israelita, tendo à frente o rabino Henry Sobel – aquele preso em flagrante numa loja de luxo em Miami furtando gravatas – conseguiu a condenação de um historiador gaúcho, descendente de alemães, a uma pena de prisão e ter que incinerar todos os seus livros que, com fartos documentos, negava a existência do Holocausto. Atitudes como essas não diferem daqueles sanguinários e radicais islâmicos, que rotulam de “infiéis”, condenam à morte e cometem atentado contra qualquer um que não comungue de suas ideias fanáticas ou que não adore e creia no mesmo Deus (Alá) que eles.

A intolerância a quem pensa diferente é a base para o surgimento da tirania, da opressão, do autoritarismo. Portanto, creio que é justamente a falta de consistência que compele a uma reação agressiva, autoritária, avessa ao diálogo, à tolerância. Na sociedade moderna a dialética é sepultada. Subgrupos criam seus arquétipos e, a partir disso, as ideias do inconsciente coletivo surgem prontas, imutáveis, invariáveis. Parece que a base, a origem do pensamento social advém de um tronco único, um totem.

A concepção da verdade de Comte parece ter sido suplantada. O conceito de Heráclito não encontra lugar nesta sociedade contrária à dialética, que abomina qualquer possibilidade de existência de ideias divergentes. Para determinados temas como a questão dos judeus, do feminismo, do homossexualismo, dos negros, tudo é estabelecido pronto e acabado, é uma tese que não admite antítese. Daí deriva a fragilidade sobre essas “verdades”. Elas não resistem às opiniões divergentes. Quem ousar argumentar, partindo de ideias opostas ou que escape do senso-comum, é logo estigmatizado de preconceituoso, discriminador, disseminador de ódio, antissemitista, machista, homofóbico, racista. Entretanto, não percebem que se uma tese não admite uma antítese, não há síntese, aquilo que para Kant consiste na união do que é dado empiricamente com a experiência objetiva e, para Hegel, a aceitação de identidades opostas numa unidade superior. Concepções maniqueístas são opostas à verdade. Ideias que não admitem oposições não se confirmam; são frágeis, inconsistentes, incompletas. São forças estáticas que não se sustentam como verdades, pois, saturam-se e, como uma partícula atômica, colapsa-se em si mesma.

A verdade tem suas premissas na dialética. No dizer de Heráclito, repetindo: “a dialética está sempre em movimento e as forças contrárias promovem o surgimento da verdade no mundo. A dialética, a contraposição de ideias, não elimina um direito, não encobre uma verdade, uma realidade; ao contrário, reforça-a, reafirma-a, fortalece-a. De outra maneira, quem se opõe, fervorosamente, a qualquer argumento, não está convicto de suas posições e, na pior das hipóteses, trata-se de um tirano, comprometido apenas com a sustentação, a qualquer custo, de suas mentiras.



(Manoel L. Bezerra Rocha, advogado criminalista. mlbezerrarocha@gmail.com)

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