quarta-feira, 18 de maio de 2016

RELIGIÃO, HINO, FAMÍLIA, BANDEIRA, DINHEIRO, NÃO SÃO MONOPÓLIO DA DIREITA

VAMOS REFLETIR?

Encontrei um artigo do professor Osame Kinouchi, que é Professor Associado (Livre-docente) do Departamento de Física da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto Universidade de São Paulo, publicado no blog Cafezinho, que admiro e reputo como um dos excelentes conjunto de jornalistas, com ítens que ousei recortar a copiar numa nota, porque li e achei muito interessante até porque, apesar de estar com muita raiva por todos os acontecimentos que culminaram na admissibilidade do impeachment da Presidenta Dilma e ainda crer na possibilidade de que nada disso siga adiante (sou uma inveterada otimista) e mesmo sabendo que nada disso pode acontecer e que nós tenhamos que enfrentar dias terríveis pela frente, o que já percebemos pelas notícias que são amplamente divulgadas, porque felizmente temos a internet, que apesar de saber que temos que investigar antes de aceitar todas as informações a rede ainda nos oferece todas as possibilidades de nada mais ser escondido.
Li o artigo do professor Osame Kinouchi e fui pesquisar quem era, para ter certeza de que minha interpretação tinha uma linha de pensamento dentro de minhas vicências e, claro, também coloco aqui nesta nota, algumas atividades do Professor Kinouchi, que é bacharel em Física pelo Instituto de Física e Química de São Carlos - atual IFSC- USP (1987), mestre em Física pelo Instituto de Física e Química de São Carlos - USP (1992) e doutor em Física pelo Instituto de Física da USP (1996). Fez seu pós-doutorado no IF-USP (1997) e IFSC-USP (1998), foi Jovem Pesquisador FAPESP na FFCLRP-USP (1999-2002) e fez livre-docência pela USP (2008). Atualmente é professor associado da Universidade de São Paulo no Departamento de Física da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto. Tem experiência na área de Física Estatística e Sistemas Dinâmicos, atuando principalmente nos temas ligados a neurociência computacional, meios excitáveis, redes neurais, automata celulares e criticalidade auto-organizada. Teve um de seus trabalhos (publicado no Physical review Letters) comentado por H. Eugene Stanley na seção News and Views da Nature. Também publicou um trabalho na Nature Physics mostrando que a faixa dinâmica em redes de elementos excitáveis similares a neurônios é otimizada no ponto crítico de uma transição de fase. Coordenador do Laboratório de Física Estatística e Biologia Computacional no Departamento de Física da FFCLRP-USP. Coordenador do Laboratório de Divulgação Científica e Cientometria do DF-FFCLRP-USP, é responsável pelo Anel de Blogs Científicos e pelo blog SEMCIÊNCIA.
Bom, identificado o homem, lido o artigo, mesmo sem licença do Cafezinho e sem licença do professor Osame, colei alguns itens para facilitar a leitura e coloco também o link http://www.ocafezinho.com/2016/05/1..., para quem desejar ler o artigo na íntegra.
Resumindo: Gostei de tudo que foi escrito, evidente que tenho minhas convicções a respeito de algumas coisas, mas estamos num momento em que devemos pensar que todas as conquistas obtidas até agora, não podem ser destruídas (não sei se a palavra seria esta), mas pelos acontecimentos iniciais e pela ira que todos os gabinetados interinos estão tomados, tudo indica que já está havendo um verdadeiro desmanche de todas as conquistas sociais sem que tenhamos a menor possibilidade de pararmos a não ser que saiamos às ruas como estamos tentando, mesmo sob a possibilidade de sermos considerados terroristas por defendermos um ideário que tem apenas 13 anos, somente acontecido mais de 500 anos após a descoberta e colonização deste pobre país, promovido inicialmente por um operário atrevido chamado Luiz Inácio (Lula) da Silva, o Lula veio depois, que não teve medo de enfrentar a elite global, representada pela inimiga número 1 do Brasil, a Rede Globo. O Lula era o sapo dos operários, um líder do movimento sindical que tinha “ojeriza” à política partidária e que convencido por alguns amigos, abriu uma exceção para a candidatura do sociólogo do Morumbi. Pediu em troca sua adesão às bandeiras econômicas dos sindicatos, prontamente atendidas. Tal qual FH, era sua primeira vez nas corridas eleitorais e que num comício, virou-se para Ulysses Guimarães e disse: “Agora querem que eu peça votos também pro Montoro. Eu não vou pedir. Se não me deixarem fazer o que eu quero, eu desço e levo o palanque todo comigo, e vamos fazer o comício em outro lugar.”
Segundo o Senador Cristovam Buarque, hoje decepcionando a todos que sempre o admiraram, porque votou a favor da admissibilidado do impeachment da Presidenta Dilma, quando em 1998, acompanhando Lula ao Palácio da Alvorada, Fernando Henrique quase que profetizou dizendo: “Lula, venha conhecer a casa onde você um dia vai morar”. E ele foi mesmo. Um torneiro mecânico, Presidente do Brasil, que nunca foi aceito pela mídia golpista da Rede Globo, nem pela elite batedora de panelas porque esta elite nunca aceitou que houvessem mudanças nas estruturas soiais do país.
Mas falei demais e, como já disse recortei alguns ítens do artigo do Professor Osame, que achei interessante, porque estamos em momento de reflexão e de pensar como teremos de agir com ou sem o afastamento da Presidenta Dilma, eleita por 54.000.000 de votos brasileiros e esperançosos e injustamente afastada depois de uma luta incansável de mais de um ano sem poder governar .

1 - A Religião não pode ser monopólio da Direita

Isto porque não existe apenas a direita religiosa, temos no Brasil também uma Esquerda religiosa (embora seja minoritária), representada por exemplo por Frei Betto e Leonardo Boff, pela pentecostal Benedita da Silva e mesmo por Marina Silva, que se apenas se mantiver no centro já é de grande ajuda por tirar votos evangélicos da extrema-direita religiosa de Bolsonaro. Não podemos deixar que aconteça no Brasil o que aconteceu nos EUA, onde o Partido Republicano é o partido de Deus, da família, do patriotismo e o Partido Democrata é o partido dos laicos, feministas, LGBT, anarquistas e ateus, uma eterna minoria no Congresso mesmo que ganhe de vez em quando a presidência

2 -A Família não pode ser monopólio da Direita

A Esquerda deve demonstrar que os programas sociais, a defesa da mulher e dos adolescentes, e até mesmo o casamento homossexual apoiam todos a ideia de família estável e organizada. Deixemos o conceito de família como instituição machista opressora para um feminismo datado dos idos de 1950. A família moderna, inclusive a heterossexual, é hoje muito mais que isso OU menos que isso).

3 - A Bandeira e o Hino nacionais não podem ser monopólio da Direita

Infelizmente, (grifo meu...não acho que seja impecilho) por motivos históricos, a esquerda se associou à cor vermelha, que tem valor simbólico muito negativo: sugere sangue, violência e mesmo o Demônio. Nota vermelha, ficar vermelho no cheque especial etc: inúmeras conotações negativas para a palavra "vermelho" (tente pensar em alguma expressão positiva, existe mas é muito difícil).
Que tal a esquerda mudar suas cores? Afinal, por que perder o poder e as eleições por causa de uma cor de bandeira? Sugiro as cores branca (símbolo da Paz, já usado pelo PT) e a cor verde (símbolo do ambientalismo progressista e cor presente na bandeira do MST). OK, podemos deixar a cor amarela (símbolo do ouro e da casa de Habsburgo) para a direita. Mas talvez pudéssemos usar o azul do céu da bandeira e da Virgem Maria eventualmente, para confundir as coisas... O que as esquerdas não podem deixar se implantar é a ideia de que a Direita é patriota e a Esquerda não o é e nem tem apreço pela bandeira brasileira. O mesmo pode-se se falar do Hino Nacional, que deveria ser cantado com a mão no peito em cada manifestação de esquerda. A Bandeira e o Hino não é monopólio da direita!
O mesmo pode-se se falar do Hino Nacional, que deveria ser cantado com a mão no peito em cada manifestação de esquerda. A Bandeira e o Hino não é monopólio da direita!
Fora essas escolhas simbólicas equivocadas, que só tem prejudicado o avanço das esquerdas, que tal tirar o nome “Comunista” de alguns partidos de esquerda? Afinal, o PT e o PSOL não são comunistas e o PC do B o é só no nome. Na prática, nas propostas concretas defendidas por esses partidos no Congresso, eles são todos socialistas-democráticos, que propõe um socialismo (de mercado?)

4 - O Ambientalismo não pode ser monopólio da Direita

E que tal incorporar o discurso ambientalista moderno, a defesa da Biodiversidade e as novas propostas de energias alternativas que geram inovação tecnológica, empregos e competitividade econômica? Esse é o discurso do Partido Raiz, que está sendo criado por Luiza Erundina e outros, e da Rede (onde dois deputados em quatro honrosamente defenderam o “Não ao Impeachment”).
Um ambientalismo baseado em evidências científicas e a defesa da Biodiversidade é a bandeira de quase todos os cientistas brasileiros, intelectuais, artistas, formadores de opinião e mesmo de uma classe média mais generosa e com consciência social. O Ambientalismo não é monopólio da Direita.

5 - O Anarquismo jovem de rede não pode ser monopólio da Direita

E que tal incorporar também um pouco de Anarquismo inspirado nas redes sociais e na Internet, Anarquismo que fascina nossos jovens que saíram às ruas nas grandes passeatas de 2013. Um pouquinho de Anarquismo de rede não faz mal a ninguém, desde que usado em prol dos oprimidos.

6 - O Capital não pode ser monopólio da Direita

Finalmente, que tal angariar o apoio dos herdeiros do grande capital? Isso mesmo, dos jovens filhos de gente rica que, pela educação universitária e pela consciência existencial e social, não sabem o que fazer com seu dinheiro mas gostariam de ajudar um programa progressista e ambientalista. Essa gente existe, e seus recursos podem e devem ser usados pelas esquerdas em prol dos seres humanos e ecossistemas oprimidos.
E que tal mostrar aos liberais econômicos e políticos que seu apoio à extrema-direita secular ou religiosa é desastrosa para seus próprios interesses? Afinal, Hitler e os neo-Integralistas brasileiros nunca foram amigos do capital internacional e do verdadeiro liberalismo econômico. Que tal unir forças, taticamente, com os verdadeiros liberais, para barrar o domínio do Brasil pela bancada da direita religiosa, do ruralismo atrasado pseudo-capitalista e da bancada da bala de extrema-direita? O capital cosmopolita, eco-socialmente responsável, não é monopólio da direita.

7 - Propostas renovadas

Será que minhas propostas para a esquerda são muito ingênuas ou radicais? Ou será que são extremamente realistas, por desmontarem o discurso da direita, por resgatarem temas importantes do monopólio religioso fundamentalista, por evitarem a polarização política que cria o Tea Party brasileiro, por facilitarem a criação de uma nova maioria progressista na sociedade e no Congresso? Ou será que não aprendemos nada com as derrotas para Reagan, Tatcher, a Queda do Muro e da URSS? Seremos tão dogmaticamente cegos, marionetes inerciais de uma simbologia datada, equivocada e desastrosa?
Uma esquerda renovada, que não tem medo de Deus, da Bíblia, da família e da bandeira brasileira mas os incorpora como símbolos e temas em suas lutas sociais será a única esquerda capaz de derrotar a extrema-direita e o Tea Party brasileiros.
Maristela Farias DRT 1778 PE

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