CIDADANIA PARTICIPATIVA
Posted on 14/10/2016
Não custa reafirmar que as pessoas são dignas de respeito ao fazerem opções religiosas, teológicas e políticas que bem entenderem e de defendê-las com o mesmo respeito.
Porém quando religiosos tomam posição política pública, principalmente no que tange às coisas do Estado, assumem pensar com as mesmas ideias de quem defendem, comprometendo seus cargos e tradições.
Esse é o caso dos Cardeais dom Orani Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro, e dom Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo.
Ao visitarem o golpista e traidor MiShel Temer e rezarem com ele pela aprovação do pacote de maldades e de destruição da classe trabalhadora e marginalização dos pobres, assumem apoio ao que de pior acontece no Brasil com a ascensão do golpe.
No conflito com métodos dos mais sujos venceu a classe dominante. Temer não é somente pessoalmente traidor e mau caráter, é o representante da classe que sempre gerou injustiças, que jogou escravos, indígenas e trabalhadores nas condições mais desumanas com que se pode tratar as pessoas, indefesas e desprotegidas.
O golpe assumido pelos investigados, fichas sujas e ladrões que chegaram sem votos ao governo deu-se para favorecer os mais atrozes anseios imperialistas, denunciados pelo teólogo Leonardo Boff, da mesma igreja dos aludidos cardeais, no belíssimo artigo intitulado “A desordem mundial: o espectro da total dominação”(leia aqui).
O golpe que se aprofunda com as orações de dom Orani e dom Odilo, aprovado em primeiro turno pelos insanos e canalhas que marretaram a democracia na sua primeira etapa quando aprovaram a admissibilidade do impeachment, se reveste de cores legais na ruptura da Constituição Federal justo no seu pilar mais justo e humano.
Várias explicações indicam que o governo traidor de Temer não é legítimo, mas fruto da ruptura e da perseguição aos trabalhadores, aos pobres e à democracia, elementos integrantes da classe dominada, pisada pelo golpe, cujas marretas foram abençoadas pelos cardeais.
Ao visitarem o golpista Temer e ao rezarem pela aprovação da PEC 241, imensamente diabólica aos interesses populares, mas fortemente defendida pelos ricos que patrocinaram a lambança contra a democracia, Odilo e Orani rebateram os cravos de Jesus enquanto gritaram para que fosse novamente crucificado e sangrado na forma das vidas dos injustiçados brasileiros, vítimas do mais covarde golpe que nosso País sofreu.
Minha decepção e tristeza com o testemunho louco dos cardeais são antecipadas pela carta do padre italiano, que escreveu ao presidente da CNBB para demonstrar seu protesto com os desvios dos pastores, que abandonam as ovelhas para pacificarem os lobos devoradores. Abaixo posto a carta do padre Maurizio Cremaschi, que atuou durante décadas na Paróquia de Nossa Senhora do Rosário, em Tauá na Diocese de Crateús, no Ceará.
Não critico os cardeais por serem católicos romanos nem por serem arcebispos, mas por traírem a proposta de Jesus, que sempre preferiu os pobres aos fariseus e ricaços, e porque optaram preferencialmente pelos poderosos e saqueadores.
Enquanto crianças, adolescentes, familiares e professores ocupam escolas em todo o País em reação ao golpe e os movimentos sociais se organizam para barrar com uma greve geral a destruição do Estado social é inadmissível que bispos traiam os pobres e injustiçados.
Com a atitude de jogar água benta sobre os opressores, ratificando as injustiças contidas na PEC 241, filha do golpe da casa grande, dom Odilo e dom Orani contradizem a denúncia profética de Dom Roberto Francisco Ferrería Paz e ajudam a enfraquecer a unidade do povo brasileiro, como escrevi aqui. Os golpistas agradecem.
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