sábado, 20 de julho de 2013

Acervo e conquistas afros (DIARIO DE PERNAMBUCO - VIVER)

Recife, sexta-feira, 13 de janeiro de 2012 Relançada neste ano, a Agenda AfroBrasileira traz a historiografia negra no mundo e agrega obras de artistas africanos Apesar de vigorar há cerca de 10 anos, a Lei Federal 10.639/03 - que determina que os estabelecimentos de ensino fundamental e médio incluam em sua grade o ensino de história e cultura afrobrasileiras - não está sendo explorada em toda sua potencialidade. Pouco se teve notícia, até o momento, de livros ou novos produtos que valorizassem a cultura negra no Brasil e a contribuição deste povo nas áreas social, política e econômica. Entretanto, iniciativas como a do Núcleo de Estudos Afrobrasileiros (Neafro) da Pontificia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) reativam o debate sobre a necessidade de propor conteúdos culturais e pedagógicos sobre o papel do negro na sociedade. Para tanto, o grupo relança a Agenda AfroBrasileira, com distribuição em todo país. Ela reúne os principais acontecimentos do calendário africano, afrobrasileiro e afrodiaspórico e traz obras de artistas contemporâneos. “A iniciativa foi movida pela ideia que tínhamos de que a consciência histórica, intimamente ligada à memória, teria um papel de extrema importância na libertação e na elaboração mental do povo negro. A valorização das fontes passou a fazer parte da nossa militância acadêmica na luta contra a colonização racista dos campos da memória”, explica Acácio Almeida, idealizador do projeto. “Desde 1994, data da primeira agenda, tornou-se referência tanto no meio acadêmico quanto para a militância, uma vez que sistematiza a pesquisa, a organização e a divulgação de fatos. Na edição 2012, renová-la foi colocá-la no contexto atual de conquistas, como a criação da Fundação Palmares”, complementa a pesquisadora Ana Helena Passos. Assim, referencia momentos cruciais para a compreensão histórica como o fatídico 11 de junho, quando Nelson Mandela foi condenado à prisão perpétua (em 1964). A agenda traz ainda 12 peças de artistas consagrados - como a obra Not abaut orange, de Ghada Amer (que ilustra a capa) e fotografias como a de Seydou Keita, do acervo da Fundação Sindika Dokolo. As imagens fazem parte do projeto Transit_BR, com curadoria de Daniel Rangel (Salvador /BA) e Fernando Alvim (Angola). Trata-se de uma das mais importantes coleções de arte africana contemporânea do mundo, que deve rodar o país em exposições itinerantes com diferentes recortes do acervo, associadas com palestras e publicações nas principais cidades brasileiras. A abertura será em março, em Salvador, e passará por outras capitais como Brasília, Curitiba, Recife e São Paulo.

“O projeto Transit_BR consiste na circulação, entre Angola e Brasil, de uma das mais importantes coleções de arte africana contemporânea do mundo, pertencente à Fundação Sindika Dokolo de Angola.”A ideia central é de realizar exposições itinerantes com diferentes recortes do acervo, associadas com palestras, publicações e outros eventos culturais e artísticos relacionados com a mostra, nas principais cidades brasileiras, com o intuito de promover a difusão e o acesso da sociedade brasileira e não só, ao pensamento filosófico e à estética da arte africana contemporânea.

“Apesar disso, é importante afirmar que no Brasil ainda existe uma enorme lacuna sobre a África, particularmente sobre a produção artística africana atual. (…) O Transit é mais uma contribuição no intuito de modificar o quadro de desinformação a respeito das artes visuais africanas na contemporaneidade. O recorte Transit_agenda afro-brasileira foi pensado com o objetivo de fazer um panorama dos principais artistas africanos da coleção Sindika Dokolo, entre jovens e consagrados, de diferentes países e técnicas, permitindo uma introdução a uma nova leitura estética e conceitual a respeito da produção africana atual.

A África é o maior produtor de cinema do mundo



Se você acha que o maior número de filmes produzidos no planeta vêm de Hollywood está desinformado faz tempo. Eles só produzem uns 600 filmes por ano. Se respondeu na lata, Bollywood, a indústria do cinema indiano (achando que tá por dentro), também errou. Lá são produzidos cerca de 900. Então quem é o maior [...]


Para complementar este artigo, a nova versão da Agenda que promove a história e a memória da África, da diáspora africana e da população negra no Brasil, que você pode comprar em ecife
Recife/PE
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24 de Nov. de 1861


Nasce Cruz e Souza
Filho de negros alforriados, o poeta João da Cruz e Sousa nasceu em Desterro, hoje cidade de Florianópolis, capital de Santa Catarina. Foi educado como filho de criação por Dona Clarinda Fagundes Xavier de Sousa e teve acesso à estudos de línguas como também de matemática e Ciências Naturais o que não impediu que fosse vítima de atos discriminatórios em diversos momentos de sua vida, por ser negro. Num desses atos, foi recusado como promotor público da cidade de Laguna. Foi diretor do jornal abolicionista Tribuna Popular e sua obra marca o início do simbolismo no Brasil. Morreu no dia 19 de março de 1898, aos 36 anos de idade, vítima da tuberculose e da pobreza.



20 de Nov. de 1695

Morre Zumbi
Zumbi nasceu na cidade de União dos Palmares, Alagoas, em 1655. Após luta e resistência como líder do Quilombo dos Palmares, Zumbi foi morto pelo capitão Furtado de Mendonça e sua cabeça levada para o governador de Pernambuco, Caetano de Melo e Castro. Sua morte ganhou um novo significado na década de 60, pela militância social negra, e tornou-se símbolo da resistência, sendo o 20 de novembro adotado como Dia da Consciência Negra. Desde então, algumas cidades brasileira passaram a comemorar a data com feriado local, mas só em 10 de novembro de 2011, o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra passou a fazer parte do calendário oficial do Brasil. Este feito é resultado das lutas da sociedade civil, especificamente dos movimentos sociais negros.

Imagem: óleo de Antônio Parreiras (1860-1937), intitulado “Zumbi” (detalhe do quadro), que faz parte do acervo do Museu AfroBrasil, em São Paulo

16 de Nov. de 1978

Morre Candeia
O sambista Antonio Candeia Filho, conhecido como Candeia, tem sua obra marcada por um rico repertório que trata de liberdade, saudades, orgulho negro, vida e morte. Fundador do Grêmio Recreativo de Arte Negra Quilombo, Candeia iniciou sua carreira cantando e compondo para a Portela e tem seu nome consagrado no panteão da escola de samba. Veja um trecho do documentário “Partido Alto”, de 1982, dirigido por Leon Hirszman, em homenagem a esse compositor, sambista e defensor da cultura afrobrasileira.

Imagem: foto de Candeia, do Portal Brasil, site do Governo Federal


13 de Nov. de 1981

Morre Mestre Pastinha
Um dos maiores mestres de capoeira do Brasil nasceu em Salvador, Bahia, no dia 5 de abril de 1889. Batizado com o nome de Vicente Joaquim Ferreira Pastinha, foi adepto da Capoeira de Angola e seu maior divulgador, promovendo-a como uma arte e não uma luta, inclusive no exterior. Na música “Triste Bahia”, de Caetano Veloso, a letra faz uma homenagem ao Mestre Pastinha que “foi à África / Pra mostrar capoeira do Brasil”. Em 1968, publicou o livro “Capoeira Angola” (baixe aqui), com prefácio de Jorge Amado e capa ilustrada por Carybé. Veja aqui o trailer do filme sobre a sua história, dirigido por Antonio Carlos Muricy, e aqui as cenas de um documentário de 1950, dirigido pelo folclorista Alceu Maynard, com Mestre Pastinha e seus alunos no CECA (Centro Esportivo de Capoeira Angola), fundado por ele, em 1941, em Salvador.



11 de Nov. de 1975

Independência de Angola
Depois de 14 anos de luta armada contra o domínio português, Angola foi proclamada uma república independente por António Agostinho Neto, presidente do MPLA — um dos movimentos que lutou pela sua independência. Empossado, Agostinho Neto assume o governo enfrentando a guerra civil, que envolveu os integrantes dos demais movimentos de libertação do país, como UNITA e FNLA. Com alguns períodos de paz, a guerra durou até 2002.

Imagem: foto da estátua Agostinho Neto em Luanda, Angola, de autoria de Paulo César Santos sob licença Creative Commons

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