Querida Professora Renata da Cunha Jamardo Beiro, Goiânia, GO
Prazer dedicar esta “carta” denúncia a uma corajosa mulher. És animada pelo dom da poesia, por isso és sensível e emocionada com a vida e com seus desdobramentos nas curvas das crises e solavancos, muitas vezes cruéis e danosos, que somente abatem aos fracos e covardes!
Neste 2016, com a direita internacional em colaboração com os traidores nacionais preparando o bote em nossas riquezas desde 2002, sofremos o mais profundo golpe de Estado contra a soberania nacional e contra a democracia, com desdobramentos graves nas eleições de 02 e de 30 de outubro.
Faço palestras, algumas pagas porque sou um profissional, outras gratuitas a igrejas, faculdades, universidades, escolas e movimentos sociais e em todas denuncio o golpe e seus diabólicos bastidores.
Alguns de meus leitores, embalados pelo analfabetismo funcional e político, me criticam violentamente me acusando de não ser religioso por só tratar, segundo eles, dessas coisas políticas, sociais, econômicas e culturais. Essas “coisas do homem e da carne”. Com os menos ensandecidos e fascistas tento dialogar explicando que minha honestidade de consciência, que tive a honra de fundamentar no bom seminário que fiz em Porto Alegre, onde convivi com mentes brilhantes e com profetas envolvidos na libertação popular, me empurra para os caminhos trilhados por pessoas reais – terráqueas – e não só celestiais. Lá aprendi com o teólogo alemão Karl Barth que os cristãos devem ler a Bíblia com uma das mãos e os jornais com a outra. Evoluí desse princípio para a compreensão de que se deve contar com as ciências política e econômica para analisar a realidade e com a militância para transformar a sociedade. Desde cedo aprendi com Karl Marx, nas suas testes à Feuerbach, que não basta interpretar o mundo, como o fizeram os filósofos escravocratas, feudais e burgueses – eu acrescentaria os teólogos e esses “santinhos” que vivem berrando para que Deus nos socorra sem nada fazerem para mudar o mundo – mas há que transformá-lo.
Desde cedo no meu ministério e nas salas de aula trato de pessoas concretas e sociais, não como almas descarnadas e abstratas. As pessoas reais vivem nas cidades, num País e dependem de uma Pátria. Sem isso morrem por mais fé e fanatismo que tenham.
Portanto, não sãos os fascistas, os ignorantes e os direitistas que me guiam, mas meu povo a quem me dedico, principalmente nessa conjuntura de crise que se agrava.
Sou educador e palestrante que olho nos olhos das pessoas nos auditórios para acolher também seus movimentos corporais. Não raro percebo audiências boas que se incomodam quando me refiro ao impeachment da Presidenta Dilma Rousseff como golpe dado pelas manobras silenciosas do imperialismo em conluio com os corruptos mais sujos e covardes do parlamento, do judiciário e da polícia federal.
Tenho muitos amigos e amigas que ainda acreditam que tudo isso não é golpe porque as instituições funcionam normalmente no Brasil. Outros, os honestos intelectualmente, já começam a se dar conta de que tenho razão e contatam para aprofundar a análise.
Aí é que está. As instituições funcionam com aparência de normalidade, mas, na verdade, são usadas para o golpeamento dos projetos anteriores de independência do Brasil, expressos na aliança com os povos fora do alinhamento estadunidense. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal estão nessa linha de utilização, o STF, a PGR, o Banco Central, o governo federal e instâncias inferiores, como a republiqueta de Curitiba com o “seo” Sérgio Moro e, agora, as eleições municipais são todos manobrados para aprofundar o golpe e nos destruir. Basta que nos informemos com isenção da intoxicação da mídia tradicional, com humildade, com patriotismo e honradez para conhecermos a realidade em que nos meteram.
Pois uma das fontes importantes, que interessa muito à independência do Brasil em relação à política externa dos Estados Unidos, diante de quem se ajoelha o desgoverno golpista e traidor de MiShel Temer, acaba de confirmar o que sempre denuncio aqui. Houve golpe sim!
Um dos mais importantes senadores, Konstantin Kosachev, com a autoridade de presidente do Comitê Internacional da Federação Russa, denunciou com todas as letras que o golpe no Brasil teve a intervenção dos Estados Unidos.
“Durante um encontro com jovens representantes de círculos político-sociais e mídia dos países da América Latina e Espanha, realizada dia 06 em Moscou, um dos representantes do Brasil expressou a opinião que a destituição de Dilma Rousseff do cargo de presidente poderia ter sido realizada com participação dos EUA, que estão interessados em receber recursos energéticos do Brasil.” A isso acrescentou Konstantin Kosachev: “Estou pronto a compartilhar suas avaliações de que a mudança de poder no Brasil não podia ser realizada sem uma intervenção externa”.
Uma das causas da intervenção imperialista, descarada e sem vergonha, contando com corruptos e traidores brasileiros, que sabiam e sabem da sujeira de que participaram e participam, é exatamente a política independente do Brasil na perspectiva multipolar representada pela aliança Brasil, Rússia, China e África do Sul (BRICS) e pelos polos latino americanos independentes, que sepultaram a ALCA, amparada pelos Estados Unidos, que encaminhava a criação do Banco BRICS em substituição ao FMI e ao Banco Mundial, controlados pelos Estados Unidos (lê mais aqui).
Para os Países aliados essa independência redundava em qualidade de vida e justiça social para seus povos.
As eleições de 02 de outubro refletem o golpe através do eleitorado manobrado pelos corruptos e sua campanha cínica contra a corrupção. O que saiu das urnas foi a vitória dos candidatos mais envolvidos em atos de corrupção. A tática é parte do golpe e sua campanha despolitizante pela mídia subalterna e mentirosa (o meu vídeo mostra isso aqui). A vitória arrasadora do “ninguém” elegeu aventureiros, privatistas e inimigos dos direitos humanos e sociais. O preço que nosso povo pagará, como sempre, será de altíssimo custo social e humano. Quem viver verá! Infelizmente tem que se dizer isso, até porque o índice de suicídios aumenta, graças ao desespero da decadência.
Nunca é demais pensar que não há outro caminho se não o da desacomodação para o ingresso na luta, que passa pela unidade para derrubarmos o golpe, expulsarmos os traidores e vendilhões e aprofundarmos estruturalmente as mudanças aqui no Brasil e no mundo.
Fora Temer! Abaixo o golpe!
Abraços críticos e fraternos na luta pela justiça e pela paz sociais.
Dom Orvandil, OSF: bispo cabano, farrapo e republicano, presidente da Ibrapaz, bispo da Diocese Brasil Central e professor universitário, trabalhando duro sem explorar ninguém.
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