Não somos racistas, não é, Ali Kamel?
A primeira coisa que me vem à cabeça é o “Não somos racistas”, livro de Ali Kamel. Espero que ele não me processe por lembrar.
Depois, a história que o texto do jornal paulista conta, a de Maria de Fátima Gösh, vítima de racismo na festa de aniversário do marido, o empresário alemão Matthias Gösch, num clube do interior paulista, enta aí da foto, que proclama sua negritude até na bonita camiseta com a foto da ativista norte-americana Angela Davis.
Que bom que Maria de Fátima tem a coragem e também os meios de defender a sua dignidade, que tanto não têm!
Daí, por uma destas artes do destino e por estes “bilhetinhos automáticos” do Facebook, uma amiga avisa-me que, há um ano exato, publiquei um testemunho pessoal sobre isso.
Somos racistas e menos somos quanto mais humanos nos tornamos.
Tornar-se humano é conhecer suas falhas e aceitar virtudes alheias, num jogo de pêndulos que um dia há de encontrar seu equilíbrio.
De um ano para cá, andamos para trás, porque passamos – há mais tempo, até – a cultuar o inverso disso e assistimos no Brasil à mais vergonhosa semeadura de um ódio que desabrocha, como aquelas flores fétidas, no que o jornal retrata.
Então, por mim, por você, pela Fátima e pelo Robson, repito, com a licença do leitor, o texto de um ano atrás.
O Robson e o pé de chinelo
20/11/2015
Chamava-se Robson e eu não tenho a menor ideia do que se sucedeu a ele.
Era o único negro (único!) da minha turma do primário, na Escola Pública Isabel Mendes, entre o Lins de Vasconcelos e o Méier.
Tímido, algo envergonhado, com certeza porque passava boa parte do ano usando um pé de sapato e o outro de chinelo (que então não era moda) , porque “estava machucado”. Um dia, soube que era para economizar o par de sapatos que ganhava da “Caixa Escolar”- uma contribuição mínima (coisa de R$ 5) que se pedia a todos os alunos para pagar uniforme, material e calçado dos que nada tinham e que o “politicamente correto” pôs fim – e entendi sua timidez.
Porque para mim, e acho que para os outros meninos, o que havia era inveja de não estar metido naquele Vulcabrás quente e desconfortável, nem que fosse só um dos pés alforriado da obrigação. A vaidade viria mais tarde, a classe média ainda não vestia as crianças como “príncipes e princesas”, a não ser no dia de ir ao retratista, fazer aqueles quadrinhos com seis, oito imagens numa só folha.
O Robson vivia por dentro, mais que por fora, a discriminação. Porque certamente seus pais sofriam duas, as por serem negros e a por serem pobres. E acho que era essa a maior, embora a outra existisse quase como naquelas advertência de “não pode ser vendido separadamente” que imprimem em algumas coisas.
Quanto mais entre os pobres, por mais iguais, menor a discriminação. Só rapazinho fui perceber que havia ainda algo não dito e até “engolido” nas relações familiares: na companheira de meu tio-avô, Maria Vitalina, filha de uma escrava, que plantava couve e carregava trouxas de roupa no vilarejo de Conservatória; a Biu (Severina), segunda mulher de meu tio. Ou no Sebastião, a quem só se chamava de Compadre, e em sua mulher, sempre muito elegante, a Comadre (acho que nunca soube seu nome de batismo). Todos negros, todos da família, com um “quase” que vinha do ranço europeu, dos filhos e netos e bisnetos de portugueses, embora já estivéssemos quase todos algo encardidos de nossa história e das ruas de terra.
Todos eram pobres e, gostassem ou não, estávamos juntos e misturados, em parte, naquela pasta da pobreza, que não era a riqueza da elite nem era a miséria da favela, esta sim, quase toda negra, pois ainda eram poucos os nordestinos, os novos pretos da elite paulista e sulista.
Eu só percebia mesmo algo de estranho com a cor da pele com um casal de amigos do meu pai, a Dulce e o Nélson. Ela, professora universitária; ele, creio que engenheiro (morreu cedo) da Petrobras. Como assim, negros bem-sucedidos profissionalmente, ainda mais morando na Zona Sul?
Não, aí não, porque o negro era o Pai Tomás – Sérgio Cardoso, com o rosto pintado de negro, repetindo ao senhor o “Sim, Mister Legris” (por ironia, cinza, em francês) – e a Mamãe Dolores, que afinal serve para criar como mãe postiça uma criança havida de um “mau passo”.
Nélson e Dulce eram “exóticos”.
Assim, devagar, fui entendendo que a discriminação racial, pra valer, é aquela que não se conforma com a ascensão social dos negros, a que os trata até com piedosa condescendência, desde que fiquem “no seu lugar” e sejam bons, pacatos, que conservem para sempre a timidez assustada do garoto Robson.
Descobri também os meus próprios preconceitos: um dia, em Uruguaiana, na fronteira gaúcha, um bando de guris sujinhos e maltrapilhos deu de correr atrás do jipe que levava Leonel Brizola. Eram todos muito pobres e eram todos bem lourinhos.
E que aquela exceção confirmava a regra mental de que os pobres eram pretos, donde brota a ideia de que merecem era um pouco de caridade e muita polícia, para que se conservem tímidos, assustados, bem pretos e e bem pobres.
Não é dizer que não há discriminação racial, mas social e nem falar que os negros são discriminados porque são pobres, ou são a maioria na pobreza. Não, o racismo existe é não há um dia em que a gente não o perceba e não o deva combater, porque é uma das maiores abjeções que o comportamento humano pode ter.
O gráfico da Folha: como deixar de comemorar uma vitória histórica da inclusão, sem dizer que o “doutor” FHC afundou a qualidade do ensino e que o “analfabeto” Lula segurou a queda do indicador.
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SP registra 1 crime de ódio por hora
Foram 7.587 casos até o mês passado, e 42,4% eram de intolerância racial; vítimas ainda não denunciam preconceito por temer retaliações
Para Maria das Neves, é preciso ter 'orgulho de ser negro e negra'
SÃO PAULO - Catorze minutos é o tempo que Maria de Fátima consegue falar sem reter as palavras na garganta. Aos 41 anos, ela inicia um choro silencioso ao lembrar que foi vítima de racismo na festa de aniversário do marido, o empresário alemão Matthias Gösch. O churrasco, realizado em um clube de campo de Rio Claro, no interior, deveria deixar boas recordações. Mas, não. Das lembranças que mantém, a mais forte é a frase que ouviu de um dos participantes, para quem ser negra era motivo de crime. “Pessoas como você a gente coloca bem na linha de tiro.”
Um balanço inédito da Secretaria da Segurança Pública (SSP), obtido pelo Estado, aponta que as delegacias de São Paulo registraram, em média, um crime de intolerância a cada 69 minutos no último ano. Os dados foram reunidos desde novembro de 2015, quando passou a ser obrigatório notificar se a ocorrência envolvia algum tipo de discriminação.
Foram ao menos 7.587 crimes de ódio até o mês passado. Do total, 3.216, ou 42,4%, eram de intolerância racial. Em seguida: homofobia (15,5%), intolerância de origem (12,7%) e religiosa (6,3%). Em todos os grupos, os delitos mais cometidos são injúria e ameaça. “As principais vítimas são negros. Depois, o grupo LGBT e os nordestinos”, diz a delegada Daniela Branco, titular da Delegacia de Polícia de Repressão aos Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) de São Paulo.
Nascida no Ceará, Maria de Fátima Gösch é empresária e mora na capital paulista.“Eu nunca pensei que fosse passar por isso”, diz. Segundo conta, frequentava o clube porque o marido praticava tiro esportivo. A festa aconteceu em fevereiro. Em meio às comemorações, notou que um sócio a olhava diferente. Perguntou, então, se estava tudo bem. “Ele começou a me agredir do nada, disse que não gostava de negro.”
O casal entrou com uma representação no clube e fez boletim de ocorrência. Apenas um convidado concordou em testemunhar a favor de Maria – e teria sofrido ameaças. Outras pessoas disseram, em depoimento, que ela tem “costume de contato corpo a corpo com homens” e “procurava manter-se rodeada”. “Foi um linchamento moral”, diz a vítima. “São pessoas assim que deixam, não só o Brasil, mas o mundo atrasado.” Procurado, o clube não respondeu.
Racismo Institucional. A advogada Eliane Dias, coordenadora da SOS Racismo, da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), diz que muitas vítimas não denunciam o preconceito por temer retaliações. “Às vezes, o racista é o chefe e a vítima não quer perder o emprego. O dado real é muito maior”, diz. “Se a gente for pensar a fundo, a violência quando o negro tem um emprego negado, é perseguido na faculdade ou recebe um xingamento é a mesma. O racismo institucional é agressivo.”
A estudante de Direito Maria das Neves, de 29 anos, nunca registrou uma ocorrência, mas diz ter sofrido preconceito várias vezes. “Imagina você sendo advogada com esse cabelo”, ouviu a jovem, que usava tranças nagô até pouco tempo. As ofensas nem sempre vêm de estranhos. Neste ano, ela conversava com amigos, quando um deles comentou que ela “poderia ser qualquer coisa”, já que também sabia cantar e atuar. “Inclusive, macaca de auditório”, comentou uma amiga. “Antes de tudo, precisamos que as pessoas tenham orgulho de ser negras.”
Para a pesquisadora Natália Neris, do Grupo de Estudos e Pesquisas das Políticas Públicas para a Inclusão Social da Universidade de São Paulo (USP), os dados ajudam a identificar crimes e autores. “Eles contradizem a ideia de que no Brasil não há racismo.”
Uma de suas pesquisas analisa decisões de segunda instância em tribunais brasileiros, entre eles o de São Paulo. Segundo afirma, muitas vezes um crime de racismo, mais grave, se torna uma “simples injúria”. “Para a Justiça, ‘negro safado’ é a mesma coisa de ‘gordo safado’. O contexto é esvaziado.”
TRÊS PERGUNTAS PARA...
Hédio Silva Júnior, ex-secretário da Justiça do Estado
1. Qual leitura que o senhor faz dos dados de crimes de intolerância? Após a criação da Decradi, em 2005, a média era de 50 crimes raciais por ano. Houve um salto exponencial nas notificações. Isso significa que tanto a sociedade quanto os agentes do sistema penal estão mais atentos ao tema.
2. Como usar os dados a favor de políticas de segurança e de cidadania? Ao combater a impunidade, você trabalha o efeito. Ao trabalhar a tolerância como política educacional, você atua na causa. Quanto mais a sociedade aborda o tema, mais a vítima é estimulada. Quanto mais se reprime o crime, mais a vítima fica satisfeita. Há uma implicação entre o aumento de consciência e a capacidade de resposta do Estado.
3. Os crimes raciais são maioria dos registros. Por quê? No Brasil, há uma esquizofrenia, inclusive nas instituições, de achar que ‘racismo só não existe onde eu estou’. O silêncio colabora com o racismo.
Mas a de entender que, por mais que se o combata, deve-se combater com mais vigor aquilo que o mantém no cativeiro da pobreza, para o qual – sirvo-me do Cartola, genial – “é necessária nova abolição”.
É aí que dói à ignorância racista: que o povo negro tenha acesso à educação, que tenha a capacidade de compreender o que se passa no mundo e diante dele erga a sua cabeça, como ser humano que olha a todos nos olhos e não com os olhos baixos do Robson.
A igualdade tem suas horas de luta, de afirmação, de desafio, tal como tem a liberdade. Ainda estamos nela: na era das cotas, das ações afirmativas, da necessidade de repelir. Mas como avançamos, e como nos falta avançar!
Porque ela é um longo processo de construção – que tem seus heróis, e deve-se cultuá-los – que se completa em serena placidez e comunhão, pelos processos onde a sua afirmação vá se tornar cada vez menos necessária.
Porque ela não é necessária onde há igualdade. Porque os negros jamais seriam escravizados se dispusessem do aço, da pólvora, dos navios que tinham os seus captores.
Como jamais serão escravizados quanto tiverem, como nunca tiveram, as armas – afinal, um fruto do conhecimento – em quantidades iguais ou mesmo apenas semelhantes aos brancos. E o aço, a pólvora, a caravela moderna têm o nome de educação.
Até lá, é não esmorecer, sem deixar de compreender que a intolerância, o ódio, a agressividade, a negação feroz do outro são as paliçadas onde se defende o indefensável, onde se quer deter o avanço da humanidade, da civilização, da fraternidade.
O ódio é a voz do passado, é coisa do senhor que ergue o relho. A mão que o detém no ar é que é sólida, impávida, serenamente heróica, porque tem mais força e determinação.
Como uma pedra, o racismo pode ser partido em pedaços menores, mas só desaparecerá num processo de erosão.
E como um dia – ainda bem – seremos todos mestiços, com cor da humanidade na pele e na cabeça, que o Dia da Consciência Negra seja a festa do que há de vir.
E meu neto e o neto do Robson possam ir à escola de chinelos, com os dois pés, e porque serão livres e felizes. Que possam tirá-los e chapinhar na lama como convém às crianças, depois de uma chuva que nos lave tantas dores que terão ficado para trás.
Foram ao menos 7.587 crimes de ódio até o mês passado. Do total, 3.216, ou 42,4%, eram de intolerância racial. Em seguida: homofobia (15,5%), intolerância de origem (12,7%) e religiosa (6,3%). Em todos os grupos, os delitos mais cometidos são injúria e ameaça. “As principais vítimas são negros. Depois, o grupo LGBT e os nordestinos”, diz a delegada Daniela Branco, titular da Delegacia de Polícia de Repressão aos Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) de São Paulo.
Nascida no Ceará, Maria de Fátima Gösch é empresária e mora na capital paulista.
O casal entrou com uma representação no clube e fez boletim de ocorrência. Apenas um convidado concordou em testemunhar a favor de Maria – e teria sofrido ameaças. Outras pessoas disseram, em depoimento, que ela tem “costume de contato corpo a corpo com homens” e “procurava manter-se rodeada”. “Foi um linchamento moral”, diz a vítima. “São pessoas assim que deixam, não só o Brasil, mas o mundo atrasado.” Procurado, o clube não respondeu.
Racismo Institucional. A advogada Eliane Dias, coordenadora da SOS Racismo, da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), diz que muitas vítimas não denunciam o preconceito por temer retaliações. “Às vezes, o racista é o chefe e a vítima não quer perder o emprego. O dado real é muito maior”, diz. “Se a gente for pensar a fundo, a violência quando o negro tem um emprego negado, é perseguido na faculdade ou recebe um xingamento é a mesma. O racismo institucional é agressivo.”
A estudante de Direito Maria das Neves, de 29 anos, nunca registrou uma ocorrência, mas diz ter sofrido preconceito várias vezes. “Imagina você sendo advogada com esse cabelo”, ouviu a jovem, que usava tranças nagô até pouco tempo. As ofensas nem sempre vêm de estranhos. Neste ano, ela conversava com amigos, quando um deles comentou que ela “poderia ser qualquer coisa”, já que também sabia cantar e atuar. “Inclusive, macaca de auditório”, comentou uma amiga. “Antes de tudo, precisamos que as pessoas tenham orgulho de ser negras.”
Para a pesquisadora Natália Neris, do Grupo de Estudos e Pesquisas das Políticas Públicas para a Inclusão Social da Universidade de São Paulo (USP), os dados ajudam a identificar crimes e autores. “Eles contradizem a ideia de que no Brasil não há racismo.”
Uma de suas pesquisas analisa decisões de segunda instância em tribunais brasileiros, entre eles o de São Paulo. Segundo afirma, muitas vezes um crime de racismo, mais grave, se torna uma “simples injúria”. “Para a Justiça, ‘negro safado’ é a mesma coisa de ‘gordo safado’. O contexto é esvaziado.”
TRÊS PERGUNTAS PARA...
Hédio Silva Júnior, ex-secretário da Justiça do Estado
1. Qual leitura que o senhor faz dos dados de crimes de intolerância? Após a criação da Decradi, em 2005, a média era de 50 crimes raciais por ano. Houve um salto exponencial nas notificações. Isso significa que tanto a sociedade quanto os agentes do sistema penal estão mais atentos ao tema.
2. Como usar os dados a favor de políticas de segurança e de cidadania? Ao combater a impunidade, você trabalha o efeito. Ao trabalhar a tolerância como política educacional, você atua na causa. Quanto mais a sociedade aborda o tema, mais a vítima é estimulada. Quanto mais se reprime o crime, mais a vítima fica satisfeita. Há uma implicação entre o aumento de consciência e a capacidade de resposta do Estado.
3. Os crimes raciais são maioria dos registros. Por quê? No Brasil, há uma esquizofrenia, inclusive nas instituições, de achar que ‘racismo só não existe onde eu estou’. O silêncio colabora com o racismo.
Mas a de entender que, por mais que se o combata, deve-se combater com mais vigor aquilo que o mantém no cativeiro da pobreza, para o qual – sirvo-me do Cartola, genial – “é necessária nova abolição”.
É aí que dói à ignorância racista: que o povo negro tenha acesso à educação, que tenha a capacidade de compreender o que se passa no mundo e diante dele erga a sua cabeça, como ser humano que olha a todos nos olhos e não com os olhos baixos do Robson.
A igualdade tem suas horas de luta, de afirmação, de desafio, tal como tem a liberdade. Ainda estamos nela: na era das cotas, das ações afirmativas, da necessidade de repelir. Mas como avançamos, e como nos falta avançar!
Porque ela é um longo processo de construção – que tem seus heróis, e deve-se cultuá-los – que se completa em serena placidez e comunhão, pelos processos onde a sua afirmação vá se tornar cada vez menos necessária.
Porque ela não é necessária onde há igualdade. Porque os negros jamais seriam escravizados se dispusessem do aço, da pólvora, dos navios que tinham os seus captores.
Como jamais serão escravizados quanto tiverem, como nunca tiveram, as armas – afinal, um fruto do conhecimento – em quantidades iguais ou mesmo apenas semelhantes aos brancos. E o aço, a pólvora, a caravela moderna têm o nome de educação.
Até lá, é não esmorecer, sem deixar de compreender que a intolerância, o ódio, a agressividade, a negação feroz do outro são as paliçadas onde se defende o indefensável, onde se quer deter o avanço da humanidade, da civilização, da fraternidade.
O ódio é a voz do passado, é coisa do senhor que ergue o relho. A mão que o detém no ar é que é sólida, impávida, serenamente heróica, porque tem mais força e determinação.
Como uma pedra, o racismo pode ser partido em pedaços menores, mas só desaparecerá num processo de erosão.
E como um dia – ainda bem – seremos todos mestiços, com cor da humanidade na pele e na cabeça, que o Dia da Consciência Negra seja a festa do que há de vir.
E meu neto e o neto do Robson possam ir à escola de chinelos, com os dois pés, e porque serão livres e felizes. Que possam tirá-los e chapinhar na lama como convém às crianças, depois de uma chuva que nos lave tantas dores que terão ficado para trás.
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