sexta-feira, 10 de maio de 2019

NOTA POLÍTICA CARTAS PARA LULA


CARTAS PARA LULA Camila Góes
  • Doutoranda em Ciência Política na UNICAMP e autora de "Existe um pensamento político subalterno?" (Alameda, 2018)


Caro presidente Lula,
Desde de sua prisão, a qual acompanhei em São Bernardo, cogito a ideia de lhe escrever uma carta. De fato, acho que ela foi sendo escrita dentro de mim quando, de abril de 2018 a abril de 2019, tornei possíveis as condições de conhecer o Brasil como ele é. Durante este ano, deslizei muitas vezes à sensação de fraqueza, derrota e desesperança ao ver sua imagem ou ter notícias de sua prisão em Curitiba.
Ao ir à Polícia Federal em novembro do ano passado, quando Chico Buarque foi visitá-lo, senti uma tristeza e indignação profundas que, dada a imaturidade, confundi com fraqueza. Naquele mesmo dia, no entanto, seguiu o show de Chico, em que senti, ao contrário, muita força e liberdade.
A confusão era produto de um ponto de vista restrito, ainda preso às forças do individualismo que regem parte de nossa sociedade e que encontravam dentro de mim aliados poderosos.
Ao vê-lo rejeitar com muita contundência todas as tentativas de tratar sua injustiça pessoal como um drama individual, compreendi de modo mais profundo o que significa seu comprometimento com o povo brasileiro e, sobretudo, com os pobres e trabalhadores.
É muito difícil escapar às ratoeiras da direção neoliberal que encontram forças dentro de nós. Em setembro de 2018, no entanto, motivada por um caro problema de pesquisa, fui ao coração do Nordeste.
No Cariri cearense – nas cidades de Juazeiro do Norte, Crato e no sertão do Araripe – ouvi atentamente o que os pobres tinham a dizer sobre sua história, o que pensavam sobre a política e como entendiam e agiam no mundo.
Mobilizada a formular hipóteses que pudessem ajudar a entender o voto naquela região e os dilemas das eleições de 2018, nossa equipe foi atropelada por uma realidade objetiva e subjetiva impressionantemente rica, complexa e nova.
Antes, já há alguns meses e mesmo anos, acompanhávamos as pesquisas com os pobres da periferia da cidade de São Paulo na tentativa de compreender melhor o que foi denominado como “o fenômeno do lulismo” pelo professor André Singer.
No paralelo entre ambas as regiões, identificamos no coração nordestino a existência de um amplo “sistema de pensamento do campo popular”, sobre o qual o lulismo agiu, produzindo um verdadeiro espírito de cisão e diferenciação nos pobres em relação aos ricos.
Ali, o sistema de pensamento oferece a possibilidade aos sujeitos de conhecerem a si mesmos, saberem a qual grupo social pertencem e quais ideias, valores e ações correspondem ao seu próprio ser no mundo. A linguagem usada para formular essa personalidade própria é a religiosa. Contra os patrões e sua indigência moral, os pobres possuem a fé como proteção, sabendo se diferenciar da confusão com o outro de classe através do conhecimento de sua história.
Na sequência, as eleições confirmaram o que vimos no Ceará – a enorme resiliência que resulta da junção de um ponto de vista a uma atividade política próprias aos pobres, que conhecem sua própria personalidade histórica e expressam pela fé em sua liderança, bem como na de Padre Cícero, a fé no próprio grupo social.
A intervenção lulista teria, assim, gerado uma consciência, conectada a graus muito profundos da existência dos sujeitos – os quais ainda não entendemos como foi possível existir – e que, por isso, se mostra incrivelmente resistente, não se desmanchando frente aos ataques realizados pela mídia, pela igreja evangélica e pelos patrões ricos que, ininterruptamente, buscam desmoralizá-los, através da desmoralização de seus representantes, sejam políticos ou religiosos.
Buscando dar nomes a esta incrível força política e social que se encontra no Nordeste, começamos a nos debruçar sobre este “ponto cego” dos analistas de esquerda e dos cientistas políticos. É chocante que, mesmo após o clarão oferecido pelo lulismo, quando o Brasil “encontra consigo mesmo”, e após o terremoto brutal que sofremos desde 2015, as mentes pensantes não se atentem à particularidade da região e o que ela ilumina sobre o país.
O ataque desmoralizante busca negar sua existência. Com os símbolos nacionais, expressos na camisa da seleção e no hino, pretendem defender a existência de um Brasil falso, torpe, amesquinhado e baixo, como os que agora se encontram no governo.
O “ponto cego” se mostrou um fascinante e duro mundo a desvendar, desde o histórico impressionante das atividades religiosas contínuas no tempo, os dados sobre as secas e a fome, o histórico contínuo de migrações ao Sudeste, os padrões de comportamento político e eleitoral, a expansão do voto e a democratização, os ataques nacionais à personalidade nordestina, a própria personalidade e “civilização” nordestina, a cultura e a religião popular, etc.
O lulismo, enquanto experimento popular, teria promovido a primeira incrível e contraditória unificação dos pobres no país. Nos anos 1970, o “homem trabalho” nordestino encontrava as condições de expansão e generalização de seu pensamento em São Paulo, na organização dos trabalhadores e na Igreja Católica, mas a possibilidade política se mantinha ainda distante dos que permaneciam na região nordestina, dada a recente incorporação pelo voto e a ausência de uma liderança nacional que os representasse.
Como representação dos pobres, trinta anos depois, o lulismo ativou a fé nordestina e os possibilitou a consciência, enquanto nas periferias das grandes cidades do Sudeste parece ter atiçado a possibilidade de ascensão social, o que confirmada pela realidade, conquistou o voto pragmático e cético daqueles que já haviam perdido ao longo dos anos 1990 os laços de vinculação a um grupo social próprio.
Ouvindo sua entrevista à Folha de S. Paulo e ao El País, um nexo chamou muito a atenção. Comparando-se à situação de Alan Garcia, que se suicidou no Peru, lembrando o episódio do suicídio do reitor da UFPR e do próprio Getúlio Vargas, o senhor disse que não se distinguia de nenhum ser humano, entendendo na pele a dor e o sofrimento gerados pela perseguição e pelas muitas injustiças, o que teria inclusive levado à morte de sua esposa. Haveria, no entanto, uma particularidade.
O senhor teria aprendido com sua mãe, Dona Lindu, pernambucana e analfabeta, o valor do caráter e da dignidade, seu patrimônio. O senhor acrescentava ainda que essa transmissão não seria possível de ser realizada nem em uma universidade, nem em um shopping. Espaços que, sabemos, historicamente foram ocupados pela classe média e elite do país.
Esses valores, no entanto, foram possíveis de ser transmitidos ao senhor através de sua mãe. Por mantê-los vivos dentro de si, dando maior espaço ao amor do que ao ódio, o senhor explicava que resistiria e permaneceria altivo até o fim, sendo um “homem de muita crença”.
O senhor parece ser o exemplo vivo e a expressão histórica mais clara do que é capaz o sistema de pensamento e crenças do campo popular brasileiro, transmitido pela Dona Lindu, e que encontrou oportunidade em determinado momento de organizar a política partidária no país.
Entendi, então, de uma vez por todas, que é a fé no grupo do qual proveio o que o possibilitou conquistar a centralidade política na discussão sobre os rumos do país e que o mantém em pé, firme e forte.
Daqui pra frente, não haverá mais espaço para a confusão com a ideologia da fraqueza, mas muito trabalho a ser feito. Ao entender que o “homem trabalho” no Brasil era o nordestino, e que o ser popular é o ser nordestino, se seguiu uma agenda de pesquisa enorme e um extraordinário quebra cabeças a montar.
Seria o novo sindicalismo dos anos 1970 obra do “homem trabalho” brasileiro, o sujeito nordestino que com seu sistema de pensamento ativo encontrou nas ferramentas disponibilizadas pelo mundo do trabalho e pela Igreja católica nas CEBs, as condições necessárias para a direção política que culminou, por exemplo, no Partido dos Trabalhadores? Teria sido o Nordeste a cumprir o nobre papel de fornecer as ideias, os sentimentos e os homens modernos, ainda que descolado e distante do centro político das greves e mobilizações?
Como explicar a resiliência desta personalidade histórica no Nordeste, mesmo após os anos 1990, com o desmanche do mundo do trabalho e interrupção da generalização do pensamento popular no restante do país? Teria sido possível, em vista da enorme fragmentação dos trabalhadores, ressentidos pelo pouco acesso ao consumo, desprovidos de coletividade e fé, moídos interna e corporalmente, reacender ou engendrar uma consciência de classe com o lulismo? Esta seria uma limitação histórica?
Sem as ferramentas do mundo do trabalho, que perdem força, como transferir para as novas gerações de trabalhadores no resto do país, como fez Dona Lindu, o sistema de pensamento do campo popular, moído pela força avassaladora da mercadoria?
Está claro que o que vi no Nordeste será muito difícil de destruir, talvez impossível, e que só em conexão com este complexo e amplo sistema de pensamento é possível resistir, ter fé e continuar a pensar.
Seu exemplo de resistência incide sobre mim, assim, não mais apenas como admiração pessoal em sua figura e empatia com a liderança política inteligente, mas como forma de acentuar a profunda conexão com os pobres e trabalhadores brasileiros e com o país em suas possibilidades, provindas de uma só região.
O drama em ver que a história caminha em sentido contrário e as enormes dificuldades serão enfrentadas, com muito trabalho e fé no grupo, com muitos momentos de tristeza e indignação profundas, mas jamais com fraqueza.
Que a sua mente poderosa, resultado positivo do avanço do capitalismo que gera sua própria falha, possa seguir a iluminar as contradições brasileiras por muito tempo e a orientar as almas boas de nossa gente, cujas realizações extraordinárias continuarão a nos lembrar que tem de ser possível ir além.
Com amor,
Camila Góes]

CARTAS PARA LULA Cris Lemos

Cristina Lemos, 54, cantora, professora universitária, artista, mãe do Yan e do Yuri, avó da Alice…


Lula, querido!
Quem fala aqui é Cristina Lemos, 54, sou cantora, professora universitária, artista, mãe do Yan e do Yuri, avó da Alice…
Quando eu tinha uns 9 anos, idade da minha netinha, eu fui a um piquete do pessoal da Cofap e da Pirelli com meu pai, Luiz Lemos, que era metalúrgico… Pela época, acho que o sindicato estava se organizando, não sei bem, mas meu pai fez muita questão de me levar para ouvir a pessoa que ele queria que se tornasse o presidente do Brasil. Ele me falou que você era o maior líder que ele havia conhecido! Meu tio Dídimo Paiva, jornalista mineiro, também acreditava na sua força. Desde os anos 70, em plena ditadura, ele dizia que você era o caminho para o futuro do país! (Ficamos contentes com sua nota carinhosa, por ocasião do falecimento dele, há pouco mais de um mês, muito obrigada). Por essa época, aqui no meu coração, eu estava em luto com você por seu netinho… sinto muito por sua perda!
Eu cresci sabendo da sua existência e também da sua força, cresci ouvindo você!
Naquele dia, no pátio enorme em que se concentraram os trabalhadores, havia uma kombi e você falava em cima dela com os operários e eles te ouviam, uma multidão imensa em que ecoavam os silêncios da sua fala… suas pausas eram certeiras e profundas, os trabalhadores refletiam nessas pequenas pausas, eu não entendia muito bem, mas sabia que era bom e que tudo estava caminhando pra mudar.
Eu estava perto da kombi! E fui parar em cima dela, no seu colo, acho que vc nem se lembra (ou foram tantas as crianças que te queriam abraçar que isso se perdeu na memória… mas na minha é viva, meu coração ainda acelera e bate descompassado quando lembro, exatamente como no dia da emoção que senti). Desde lá, eu te amo como uma filha ama o pai… com a admiração aquecida pelo sentimento mais puro que é o amor de uma criança que ama porque sabe que é bom e sente que é do bem!
Eu te amo! Sim! E sempre que passo pela masmorra onde você se encontra aprisionado, eu passo do ladinho, ali na rua, e grito do carro a plenos pulmões: “Lula, eu te amo!”
Te dei muitos bons dias, boas tardes, boas noites com a galera!!! Já cantei na vigília, já chorei com meus irmãos acampados ali no Natal e no Ano Novo, e na Páscoa, em todas as datas importantes… Sou paulista de Santo André, moro aqui em Curitiba desde 1981. Fui a todas as suas falas (ou quase todas) durante a minha vida! Teve um 1º de Maio na Santos Andrade, em que ganhei meu primeiro autógrafo seu! Nesse, eu estava muito, muito do seu lado, já com 18, na faculdade, sabendo que você era a nossa esperança! Estive consciente do seu lado na luta pela Constituinte e  pelas Diretas. Sou, claro, sua eleitora desde que pude votar!
Tive um breve momento de decepção ao ver que pessoas do Partido dos Trabalhadores entraram na trama corrupta da política nacional, viciada e afeita à mentira, ao dolo. Lamento profundamente!
Meu presidente querido, quanta injustiça feita com seu nome, com o partido, com o processo democrático. Quanta mentira veiculada nas mídias, quanta maldade aflorada no coração das pessoas.
Se, quando eu era menina pouco entendia, já na faculdade era simpatizante petista, já esquerdista de fato e, apesar de ter alguns privilégios na vida, já era uma pessoa consciente e sabia em qual lado da luta eu devia ficar, por quem deveria lutar.
Não te elegi de primeira e sofri demais. Era de mais tempo que precisávamos!
Depois, chegou a hora de dar rumo ao país e eu fui junto, na multidão que te apoiou e elegeu. Seu governo foi o que vivi de melhor na minha vida! A Dilma foi sabotada, vítima dos homens de preto daquela casa de horrores… estavam querendo destruir tudo o que você havia feito, acabaram com ela… estão acabando com os nossos direitos, estão matando os pobres fazendo-os voltar à miséria, coisa que você praticamente erradicou.
A professora universitária que me tornei viu, pela primeira vez, alunos negros e muito pobres estudando na PUC, onde dei aula por 20 anos. Como artista (sou cantora, tenho um trio vocal aqui em Curitiba, chamado Tao do Trio), viajei o Brasil, dando aulas e cantando com meu grupo, usei o fomento das leis de incentivo, cresci junto com as oportunidades que surgiram com você!
Eu te amo, e sinto tua falta! Não me contento com as saudações da vigília! Quero ver, e não é da janela ou da sacada… quero dar meu terceiro abraço, o mais longo e forte que eu puder! Espero que você me ouça em plenos pulmões dizendo que te amo, ali da rua!
Acompanho você! Sigo seus passos. Acredito no que fala!
Ouvi sua entrevista toda à Folha… Esperava outra, da BBC, né? Preveem que semana que vem!
Não consigo olhar pro país como ele está! Nas mãos de tanta gente estúpida, ignorante e sem noção política! Sinto nojo do entreguismo bolsonariano, do machismo chauvinista dele, do militarismo sujo e afeito ao Trump.
Tenho cinco tipos de ânsia quando escuto os ministros do eleito falando absurdos.
Sinto tristeza profunda afetando o coração dos brasileiros que entenderam a burrada que fizeram nas eleições passadas, com o impeachment da Dilma, esse golpe ainda em curso que aquele sujo do Aécio começou. Menino mau e mimado. Igual ao Beto Richa nosso desgovernador, que devia estar preso, mas nunca fica. Maldito sejam eles e toda a corja imunda que surfou nessa onda fascista que estamos vivendo.
Eu tirei da minha vida, mesmo, quem elegeu esse pseudopresidente que está sentado na sua cadeira. Ele é um fantoche. Um mal intencionado que serve de cortina de fumaça pro verdadeiro objetivo desses neoliberais que só querem mais poder e mais empobrecimento dos já pobres, exploração dos mais fracos, e manutenção das riquezas nas mãos de quem explora, além do desrespeito à diversidade, do machismo… Tristeza profunda!
Lula, te quero livre! Te quero falando aberta e publicamente! Te quero saudável, amando e vivendo!!! Te quero feliz!
Quando ouvir assim, sem motivo, um “Lula, eu te amo”, ali fora, sou eu, Cris Lemos, a cantora e artista curitibana, professora de canto nessa cidade, a chorona que sofre muito com a sua ausência… seja feliz, meu amigo, meu presidente, meu querido!!! Obrigada por existir e me ensinar o que é o correto!
Quero te conhecer! Meus amigos são seus amigos! E eu que te conheço de tão pequenininha, ainda não pude me apresentar a você como gente grande!
Amor demais! Fico na espera do dia em que você vai sair a pé dessa masmorra. Estarei ali na multidão! Com sorte, serei uma das muitas pessoas a te abraçar!
Fique bem! Separei uns CDs meus pra te dar, um dia vou te entregar em mãos!
Lula, eu te amo!
Cris Lemos

Mauricio Luandê

  • Poeta, compositor e professor da rede pública de ensino. Morador do Capão Redondo, periferia de São Paulo. ENVIADA EM 5 de maio de 2019



Desde pequeno
Menino preto
Usa cachimbo pra sobreviver
Selva de pedra sempre com medo
Com olhos bem abertos pra poder viver
Não sei como escrever esta carta. Na verdade nunca fui ninguém, represento o povo brasileiro, sou mais um nessa multidão. O povo brasileiro que não pensa, sempre manipulado pela mídia, pelas empresas e por toda má sorte de instituições que lucram com nossa fome e miséria educacional. Durante nossa História, sempre fomos marcados por um descaso profundo perante as elites, cujas bases dominantes descendem de posseiros escravocratas. Podemos dizer que desde 1500 nossa nação sempre foi usurpada. Primeiro pelos Portugueses, depois ingleses etc. Além da escravidão que deixou marcas profundas de subdesenvolvimento gerando pobreza, miséria, analfabetismo funcional e uma máquina especulativa que eleva os gringos a fortunas milionárias e seus descendentes e rebaixam e escravizam os filhos mestiços, negros, índios, brancos pobres deste país continental.
Não conheci meus pais biológicos, mas por sorte de Deus ou do destino fui adotado ainda pequeno por uma família humilde com muitos problemas relacionados à falta de condições financeiras. Lula, saiba que me sinto encarcerado contigo. Tenho plena certeza que és um preso político que foi colocado aí por ter lutado para colocar o Brasil em um projeto fantástico de desenvolvimento social. É muito fácil, é só comparar os números:
Entramos entre as 10 economias mais dinâmicas do mundo; subimos para a 7ª posição, ultrapassando a França. Em 2008, fomos ultrapassados pela Rússia. E em 2011 voltamos para a 7ª posição com a queda da Grã-Bretanha. No relatório da ONU de 2015 sobre o índice, o Bolsa Família é retratado como uma espécie de modelo de programa social bem-sucedido. “Desde que o programa foi lançado, 5 milhões de brasileiros deixaram a extrema pobreza. E por volta de 2009 o programa havia reduzido a taxa de pobreza em 8 pontos percentuais.”
Também é destacado o aumento da escolaridade no país e avanços no combate à miséria, o que vai ao encontro da avaliação de especialistas consultados pela BBC Brasil, que veem nas políticas sociais o maior legado positivo dos 13 anos do PT no poder no Brasil. Contudo, o maior ponto falho, devido à falta de apoio parlamentar, centra-se nas “Reformas Estruturais”. O governo termina sem que, nos oito anos de mandato, tenha sido feita qualquer reforma estrutural, como educacional, agrária, política e tributária. Se os mais pobres mereceram recursos anuais de R$ 30 bilhões, os mais ricos, através do mercado financeiro, foram agraciados, no mesmo período, com mais de R$ 300 bilhões, o que evitou a redução da desigualdade social.
Atualmente sou professor, ou melhor, sofredor. Pois, como você sabe, todos os profissionais que podem educar e principalmente conscientizar as camadas inferiorizadas e alienadas sofremos toda má sorte de retaliação, baixos salários, perda do direito de cátedra, violência e agressões. Ganho um salário de 2.500 reais que, com os descontos, sobra 1.800 reais. Por aqui nos falta muita coisa. Assistência médica, alimentação de qualidade, lazer, segurança etc.
Recapitulando nossa história política, é fácil compreender os assassinatos de presidentes como Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek, entre outros. Morreram para queimar arquivos ou porque sabiam demais. O caso é que não poderiam matar Luiz Inácio Lula da Silva. Tal fato transformá-lo-ia em herói nacional. Então o prenderam. Ontem mesmo, comentando com amigos, chegamos a essa conclusão. Mesmo com todas as polêmicas, consideramos Lula um herói nacional.
Termino essas linhas sem saber ao certo se serão lidas… Esperando a volta por cima. Não perca a fé, presidente. Pois você representa milhões de brasileiros descamisados, sem pai, sem mãe e sem privilégios, que lutam e sempre resistiram.
Podem nos prender…
Podem até nos matar…
Mas nunca apagarão nosso legado.
A busca por igualdade e melhores condições de vida ao povo brasileiro.
Do menino preto, mais um na multidão.

Mauricio Luandê
Capão Redondo, São Paulo.

Anastasia Guidi Itokazu

Professora de Filosofia na UFABC

Querido Presidente Lula Livre,
Pela primeira vez em mais de um ano, tivemos o prazer de ouvir sua voz. Que bom te ver tão forte e tranquilo, apesar da injustiça descomunal que vem sofrendo. É com muita emoção que ouvimos, compartilhamos e comentamos cada novo trecho que a Folha e o El País soltam a conta gotas. Que saudade! Quanta sensatez. Quanta dignidade. Sentimos muito orgulho por lutar ao seu lado, que é o lado bonito da História. Como disse Pepe Mujica, nosso prêmio é o caminho – ou, nas palavras do poeta romano Catulo, escritas em um contexto muito diferente,
Os sóis podem morrer e renascer:
quando se apaga nosso fogo breve
dormimos uma noite infinita.
Vivamos, pois. E amemos!
Obrigada, Presidente, por me aproximar das mais lindas pessoas do mundo, aquelas que hoje lutam pela sua liberdade. Obrigada pelas universidades e pelas cotas que tanto têm contribuído para a excelência da pesquisa brasileira. Por nos mostrar que o Brasil pode ser imenso e que nenhum destino colonial nos limita e define. E que a democracia não precisa ser um mero verniz, mas pode se aprofundar. Obrigada, sobretudo, por provar que um metalúrgico de origem humilde pode ser o maior estadista do globo.
Em breve o senhor estará livre novamente, Presidente, porque essa farsa é vulgar demais e não tem como se sustentar. Queria estar aí na Vigília para tomar uma cachacinha do MST com a companheirada, mas o mais provável é que eu vá fazer fila lá no Sindicato dos Metalúrgicos para te abraçar. É do tamanho dessa fila que os seus algozes têm medo.
Mas nem o mar nem a História param jamais, não é mesmo?
Um grande abraço e até logo, Presidente.
Com muito carinho,
Anastasia Guidi Itokazu

Noam Chomsky e Valeria Wasserman

Noam Chomsky é filósofo e linguista. Sua esposa, a brasileira Valeria Wasserman Chomsky, é tradutora.

Foto: Lia Bianchini / Brasil de Fato

Querido Lula,
Raramente passa um dia sem que pensemos em você, na brutal repressão que você está enfrentando, e na forma como tudo isso foi orquestrado para levar o Brasil a tempos sombrios. Ficamos felizes em ver seu desempenho inspirador na entrevista da Folha-El País, e perceber — como esperávamos — que seu astral está ótimo e que seu compromisso de salvar o Brasil de seu amargo destino corrente segue inabalável.
Não vai demorar, estamos confiantes, para você recuperar sua liberdade e ser capaz de reassumir a missão urgente de trazer o Brasil de volta aos honrosos ​​anos de sua presidência, quando o Brasil era altamente respeitado em todo o mundo. E ir além, de modo a realizar a promessa, ainda não cumprida, de transformar o Brasil numa referência mundial na luta por justiça, liberdade e paz, como acontecia em seu governo.
Noam e Valéria Chomsky
Tucson, Arizona
 Texto original (em inglês):
 Dear Lula,
Hardly a day goes by in which we are not thinking about you, the brutal repression you are enduring, and the way it was engineering to drive Brazil into dark times.  We were delighted to see your inspiring presentation in the FolhaEl Pais interview, and to see – as we expected – that your spirits are high and that your commitment to save Brazil from its current bitter fate is unwavering.
It wIll not be long, we are confident, before you will be free and able to pursue the urgent task to restore Brazil to the honorable years of your presidency, when Brazil was respected highly all over the world, and to move beyond to realize the promise, yet unfilled, for Brazil to be a world leader in the struggle for justice, freedom, and peace as was happening during your years in office.
Noam and Valéria Chomsky 
Tucson Arizona

Tati Mendes

Produtora e gestora cultural

Sempre querido Presidente Lula,
Nunca sonhei com uma situação tão inusitada quanto esta. A de ter tão próximo do coração uma pessoa que sempre nos pareceu inatingível, como um Presidente da República, e depois, escrever para ele, como se fazia antigamente, nos tempos românticos em que enviar cartas ainda era sinal de apreço. Mas até isso o senhor conseguiu resgatar em nós, um sentido, uma necessidade urgente de lhe escrever e dizer que ainda estamos aqui, do seu lado, confiantes na sua honestidade e na sua inocência.
Não vou falar das injustiças, porque estas devem ser hoje a parte mais amarga do seu viver. Também não vou falar da lógica que tem isso tudo que hoje vivemos, porque essa não existe. Tudo virou do avesso, parece distópico e estranho, como nos filmes mais estranhos que alguma vez eu já tenha assistido.
Quero antes lhe relatar a grande, a imensa alegria que tenho em levar seu nome mundo afora por onde quer que eu faça meu trabalho, com um orgulho enorme.
Não sou famosa, nem cultuada, nem uma pessoa pública, sou apenas uma produtora de cinema e de teatro. Mas desde que comecei nessa carreira “artística” (se é que se pode chamar assim), em 1989, e muito antes de haver leis de incentivo ou qualquer apoio, acompanho a sua trajetória e, por esse mundão, onde fazemos nosso trabalho, acompanhamos de perto a sua luta. De Norte a Sul, passando pelo Centro-Oeste onde vivo, Chapada dos Guimarães pra ser mais exato, levando nosso espetáculo, chamado “Cafundó: onde o vento faz a curva”, para as pessoas mais simples e necessitadas de um abraço, um carinho e de alguma coisa que afirme que elas também valem a pena.
Temos passado por muitas comunidades quilombolas, aldeias indígenas e acampamentos de camponeses sem terra e em todas, sem exceção, seu nome é lembrado e relembrado, como mais um trabalhador honesto, um cabra da peste que ousou enfrentar a burguesia de cabeça erguida, carregando consigo o orgulho de toda uma legião de pobres, de trabalhadores que sempre lutaram por igualdade, por uma oportunidade.
Queria dizer que todos que encontramos por esses caminhos sonham com a sua volta, sim, porque sabemos que ninguém entende mais de pobres, trabalhadores e injustiçados do que quem já foi um. Ninguém percebe mais a fome do quem já passou por ela de fato. E ninguém sabe mais da força de reconstrução que tem um país do que quem já resgatou da miséria quase 40 milhões de pessoas.
Não rezo, porque deixei de acreditar em deus depois de tanta injustiça, mas torço e trabalho junto a todos que encontro, para que o senhor permaneça firme e com saúde. Pelos seus, pelos nossos, por todo esse país e esse mundo imenso que o tem, assim como eu, como um grande homem, um GRANDE AMIGO!!!
Agradeço por essa chance de poder lhe escrever e peço sua permissão para escrever outras cartas, se não for incômodo para si lê-las.
Grande e fraterno abraço,
Tati Mendes

Mario Lago Filho


PARTE I

Rio de Janeiro, 25 de abril de 2019
 Caro Presidente Lula, dia 27 de abril (daqui a dois dias), eu completo 63 primaverinhas e decidi que meu melhor presente de aniversário será uma trilogia de cartas pra você, tão valoroso guerreiro brasileiro.
Hoje mando a primeira das três missivas (adoro essa palavra).
Nesse meu tempo de vida, até que vi e vivi muita coisa. Vi e vivi, por exemplo, o medo mundial diário diante da insana corrida armamentista da Guerra Fria (medo real de que nosso planeta acabasse reduzido a milhões de pequenos meteoritos).
Vi e vivi o Leviatã EUA estender despudoradamente seus tentáculos sobre a América Latina e o medo diário aqui, no nosso Brasil Varonil, do que pudesse acontecer a qualquer um que tivesse a ousadia de querer liberdade (quantas vidas massacradas nesse processo).
Vi, e logo me apaixonei por ela, a Estação Primeira de Mangueira desfilar seus carnavais por diversas avenidas para, depois de algumas decepcionantes cumplicidades com a ditadura militar, explodir esse ano num grito campeão pela democracia e a liberdade.
Vi, e também logo me apaixonei por ele, meu Fluminense espalhar bom futebol pelos campos desse mundo, para, depois de uma decepcionante aliança com o famigerado Eurico Miranda, que resultou em quedas e viradas de mesa, protagonizar a maior e mais emocionante recuperação de um time no Campeonato Brasileiro (2009) e acabar se tornando o clube carioca mais vitorioso deste início de terceiro milênio, século XXI.
Vi e vivi a retomada das ruas na luta pela derrubada do regime golpista de 64, para, após a decepcionante derrota das Diretas Já, desaguar na eleição do melhor presidente com que este país já ousou sonhar, implementando programas sociais elogiados e replicados em todo o mundo e cometendo a façanha de tirar 30 milhões de irmãos da linha de pobreza.
Enfim, depois dessas, e tantas outras “algumas coisas”, achei que finalmente a estrada estava asfaltada e o nosso Brasil Varonil seguia em direção ao seu destino de País do Futuro. Afinal, até o temido Leviatã parecia decidido a exercer seu imperialismo de forma mais, vá lá, “humana”.
Qual o quê. As forças da reação não podiam admitir tamanha igualdade, reuniram a quadrilha e inventaram um “golpe democrático” para tirar da presidência Dilma Rousseff, uma mulher honesta e legitimamente eleita pelo povo, substituída pelo que de pior existe por aí.
Mas, como diria minha avozinha, “não há bem que sempre dure, nem mal que nunca se acabe”, e eu não estou aqui para ficar chorando mágoas diante de alguém com tamanha grandeza de alma e firmeza de caráter.
Só queria me dar esse presente e lhe dizer que estamos aqui fora, espalhados pelo mundo, reunindo forças e repetindo num só grito: #LulaLivreJá!
Ah, antes que eu me esqueça: não para de crescer também a torcida por #LulaNobelDaPaz.
Um forte abraço, Presidente!
Amanhã eu volto!
A luta continua!
Mario Lago Filho
 PARTE II
 Rio de janeiro, 26 de abril de 2019
 Caro Presidente Lula, como já disse em carta anterior, dia 27 de abril (amanhã) comemoro 63 anos de vida e resolvi que meu melhor presente é escrever pra você.
Testemunhando a grandeza da sua luta, me lembrei do meu pai, Mário Lago, que, assim como você, era um profissional de esperança, como definiram brilhantemente Paul Pontes e Oduvaldo Vianna Filho.
Então lembrei de um poema que o velho Lago escreveu em 1962, depois que o Papa João XXIII discursou contra a insanidade da corrida armamentista em que EUA e URSS se meteram.
Acho que o poema cabe muito bem nesses tempos difíceis que nos deram para viver.
Espero que ele ajude você a se manter com essa firmeza de caráter que está fazendo muita falta aqui fora.
 Canção do não tempo de lua
(Mário Lago)
 Amada não me censure, se sou de pouco falar,
Nem se esse pouco que falo não faz você suspirar.
É tempo de vida feia, de se morrer ou matar;
De sonho cortado ao meio, de voz sem poder gritar;
De pão que pra nós não chega, de noite sem se acabar.
Por isso não me censure, se sou de pouco falar…
Criança é bonito? É!
Mulher é bonito? É!
A lua é bonito? É!
A rosa é bonito? É!
Mas a criança chega a homem se a bomba quiser.
A mulher só tem seu homem se a bomba quiser.
Homem sonha e faz seu sonho se a bomba quiser.
Não é tempo de ver lua, nem tirar rosa do pé!
Amada minha não chore se nunca falo de amor,
Nem se meu beijo é salgado, que é beijo chorado em dor.
É tempo de vida triste, de olhar o céu com pavor;
De mão pro último gesto, de olhar pra última flor;
De verde que era esperança trazer desgraça na cor.
Por isso amada não chore se nunca falo de amor
Criança é bonito? É!
Mulher é bonito? É!
A lua é bonito? É!
A rosa é bonito? É!
Mas a criança chega a homem se a bomba quiser.
A mulher só tem seu homem se a bomba quiser.
Homem sonha e faz seu sonho se a bomba quiser.
Não é tempo de ver lua, nem tirar rosa do pé!
Amada não vá embora se eu trouxe desilusão,
Se aumento sua tristeza, tão triste a minha canção.
É tempo de fazer tempo, de pegar tempo na mão,
De gente vindo no tempo em passeata ou procissão,
No mesmo passo de um sonho pra fome dizendo: NÃO!
Amada não vá embora, mudou a minha canção!
Criança é bonito? É!
Mulher é bonito? É!
A lua é bonito? É!
A rosa é bonito? É!
Pois criança vai ser homem porque a gente quer!
A mulher vai ter seu homem porque a gente quer!
Homem vai fazer seu sonho porque a gente quer!
Vai ser tempo de ver lua e tirar rosa do pé!
 Um forte abraço Presidente.
Amanhã eu volto.
A luta continua.
Mario Lago Filho
 #LulaLivre
#LulaNobelDaPaz
  

PARTE III

 Rio de janeiro, 27 de abril de 2019
 Caro Presidente Lula, hoje, quando completo 63 anos de vida, me lembrei de um caso que pode ajudar um pouco a manter o seu espírito altivo nesse momento tão difícil.
Só é triste ver que, passado quase meio século, tudo continua tão atual.
No início da década de 1970, auge do terror militar no Brasil, a cantora Amália Rodrigues perguntou ao amigo Mário Lago: “Como é, tem feito versos?”.
Para ela, Mário Lago escreveu a seguinte dedicatória:
 À cantora Amália Rodrigues que me perguntou se tenho feito versos:
Dos meus salvados incêndios
Um grande abraço escolhi
Se alguém o descobre, prende-o
Amália, leva-o pra ti
 A esse bilhete seguiam-se as estrofes do poema “Que versos posso fazer”.
 Poesia é instante de lua
Ardência de amanhecer
A morte saiu à rua
Que versos posso fazer?
 Mil dos que amei vi tombados
De outros nem pude saber
Lares em pranto… fechados
Que versos posso fazer?
 Janela aberta é suspeita
Pois pode o vento trazer
A voz de quem nos aceita
Que versos posso fazer?
 O sol foi posto entre grades
O ar já querem prender
Perigo tais liberdades
Que versos posso fazer?
 Ao mar puseram mordaça
Pra que não venha dizer
O quanto já viu de desgraça
Que versos posso fazer?
 O eco do grito demora
Com medo de responder
É século de hora em hora
Que versos posso fazer?
 Robôs em susto… de joelhos
Proibidos de estar ou ser
Barreiras… sinais vermelhos
Que versos posso fazer?
 Andamos estrada escura
Gado pra além se abater
Cabeça baixa é a postura
Que versos posso fazer?
 O gesto é jeito de açoite
A voz é vez de morrer
De tudo fizeram noite
Que versos posso fazer?
 Mas, apesar dos pesares
Um novo dia vai nascer
Então direi, se indagares
Que versos posso fazer.
 Um forte abraço, Presidente.
A luta continua.
Até o nascer do novo dia.
 Mario Lago Filho
 #LulaLivre
#LulaNobelDaPaz

SUELY MENDES DE OLIVEIRA
  • Assistente social
Boa noite, querido presidente.
Acabei neste instante de assistir à sua entrevista. Estou muito emocionada em te ver. Ver sua força, civilidade, dignidade.
Estou chorando  de saudades. Como gostaria de te abraçar e pedir perdão.  Estou nas ruas. Mas não consigo levar nossa gente comigo.
Ver seu rosto, ouvir sua voz, seu sorriso  que ainda vem numa situação tão indigna ao senhor, tudo isso me dá força para lutar por nosso Brasil. Porque lutar pela sua liberdade é lutar pelo Brasil.
Hoje eu só peço a Deus que te dê saúde física e mental. Peço a Deus que te acolha em seus braços. Cuida do nosso presidente, senhor meu Deus.
A sua liberdade é nossa também. Estamos no cativeiro da ignorância, da arrogância, da injustiça.
Que Deus te abençoe imensamente.
Um dia vou ver você chegar num sorriso.
Tenho fé. Te amamos.
Suely Mendes de Oliveira
SANDRA WILCHEZ
Psicóloga e atriz
Querido Presidente Lula,
Você, que tem lido bastante, será que você conhece Achille Mbembe? É um filósofo e pensador camaronês, estudioso da escravidão, da descolonização e da negritude.
Sabemos querido presidente, que você foi diversas vezes ao continente africano e numa delas desculpou-se oficialmente pela escravidão ocorrida em nosso país.
Mbembe fala da Necropolítica – a política do extermínio – que foi cada vez mais se instalando, mostrando suas garras, seus urros aqui na Terra Brasilis, nesse período conturbado do Golpe.
Nas periferias, a política do extermínio é praticada desde há muito tempo e se intensificou no período da ditadura iniciada em 1964. Presidente, falando nisso, a Polícia Militar precisa ser extinta.
Há aspectos da nossa história sobre os quais temos que nos debruçar, e muito.
A guerra contra as drogas é cortina de fumaça. A guerra contra a corrupção é cortina de fumaça. Isso tudo leva a um pensamento superficial e simplista. Não há mais como passar o pano nesses temas, Presidente Lula. Precisamos enfrentá-los.
Pela descriminalização das drogas! Pelo fim da Lava Jato! Nossa sociedade merece avançar. Merece viver.
Como chegamos nesse lugar de quase-morte? Eu sei que você aí de dentro acompanha tudo.
Estamos assim, Presidente: Tantos líderes sociais, a querida Marielle Franco, militantes… Mortos! Alguns agora exilados. E você tendo sua presença apagada, sua voz silenciada.
O alvo principal, meu caro Presidente: o maior líder popular. Você é o principal alvo desde sempre. A cereja do bolo. Aquele nordestino que ousou vencer a fome e vencer a lógica oligárquica atravessando a rampa do Planalto.
Arbitrariedades “travestidas de democracia”. Política de desaparecimento e de morte.
O Brasil se tornou alvo. Como um país subdesenvolvido tropical e abençoado por Deus ousa criar relações de independência e propor outros rearranjos mundiais?
Assassinaram Marielle. Marielle vive!
Seqüestraram você. Apostaram no seu aniquilamento. E no nosso esquecimento. Estive no Sindicato quando você foi preso. Vi você acenando pela janelinha.
Estive agora em Curitiba, no dia 7 de abril. Não te vi pela janelinha, mas você escutou tudo e escreveu uma linda carta pra militância.
Estamos num emaranhado. Quase morte. Não há energia nas ruas. Vejo pessoas tristes.
Agora liberaram a sua voz. Você vai poder dar uma entrevista. Até que enfim! A gente fica torcendo pra que esse pesadelo tenha terminado. E que a ressurreição do Brasil aconteça.
Você, querido Lula, é um homem de fé. Muito mais do que eu.
Um grande beijo de agradecimento por tudo que você representa na história do Brasil.
Sandra Vilchez

Pai Rodney de Oxóssi


Presidente Lula,
Venho trazer-te um abraço de minha mãe e minhas tias. Gente simples, suas eleitoras, que sofreram e ainda sofrem com as injustiças dessa vida. São mulheres negras, que conheceram as privações, as dores, as perdas. Mulheres marcadas pelas estatísticas mais perversas. Que criaram seus filhos sem pais, que os perderam antes que completassem 20 anos. Mulheres que carregaram sacolas pesadas nas filas das detenções, que foram condenadas a viver sozinhas. Mulheres guerreiras, que lutaram muito pelo simples direito de existir. Sou filho de todas elas, sou um sobrevivente.
São muitas, Senhor Presidente. São Carolinas, Marias, são de Jesus e de todos os Orixás, são negras e são pobres. Elas nem foram à escola, Presidente, são autodidatas e fizeram do tempo sua universidade. Moram longe, bem longe, lá onde a lei do silêncio e a lei do cão imperam, lá onde esse tal de Estado Democrático de Direito nunca deu as caras. Lá, onde guarda-chuvas se transformam em fuzis e onde a mão pesada da polícia dispara cento e onze vezes contra corpos que ousam atravessar a fronteira. Lá, de onde eu vim.
Elas choram cantando. Um samba triste que fala de esperança e sonhos. Elas te conhecem, Presidente, te defendem, te amam. Elas passaram a vida esperando aquele dia, aquele dia primeiro, quando subiram a rampa junto de ti, de braços dados, orgulhosas. Saíram de todos os cantos, das periferias, favelas, cortiços. Elas sabiam, Senhor Presidente, porque do “Quarto de Despejo” uma dessas Carolinas anunciou: “O Brasil precisa ser dirigido por uma pessoa que já passou fome. A fome também é professora. Quem passa fome aprende a pensar no próximo, e nas crianças.” Elas sabiam.
Presidente Lula, nessa escola em que estudaste, essas mulheres foram professoras. Elas te conhecem profundamente e eu sei que o senhor também as conhece, afinal, nasceste de uma delas. Dessas, que deixaram de comer pra dar aos filhos, que não esmoreceram diante de adversidades seculares, que suportaram a escravidão, o açoite. É dessas mulheres que descendemos. São elas, Presidente, que te mandam este abraço, minhas mães, minhas tias.
Pra elas, tu és como um filho, porque elas mesmas já levaram o “jumbo” tantas vezes, já foram humilhadas, já viram seus direitos negados. Elas sabem exatamente o que estás passando. Elas se solidarizam. Eu também.
Sabes, Presidente, sou um homem negro consciente de meu lugar neste país racista. Entre ricos e pobres, continuo sendo negro. Entre esquerda e direita, continuo sendo negro e na minha mão um simples pacote de pipocas pode ser confundido com drogas e justificar minha morte. Ter acesso a bens de consumo não me faz deixar de ser negro. Ter um diploma de doutor, um bom salário, uma boa casa, um bom carro, nada disso me isenta dos riscos e das consequências do racismo.
Foi um erro, Senhor Presidente, foi um grande erro alimentar a ideia de uma nova classe média. Criar na cabeça do brasileiro a ilusão de que ter acesso a bens de consumo promoveria sua ascensão social fez com que muitos passassem a se comportar como tal e reproduzissem o discurso do opressor, rejeitando as políticas sociais e de promoção de igualdade que deram melhores condições de vida ao povo e que colocaram o país entre as maiores economias do planeta.
Pois bem, Presidente, ou se serve à elite ou se serve ao povo. Fizeste tua escolha e pagaste o mais alto preço. Mas resistência é luta, Presidente. Sou um homem negro, e como tantos homens negros, poderia estar no teu lugar. Condenado sem provas, sem direito a ampla defesa, sem direito a nada. Pra nós, isso é rotina. Pra nós, a morte é rotina. Se estivesse no teu lugar, Presidente Lula, gostaria de receber esse abraço de mãe, de tia. Esse abraço negro, caloroso, carinhoso, guerreiro.
Nesse abraço, Presidente, vai toda a força de nossa ancestralidade. Vai a herança de Zumbi e Dandara, de Pai Pérsio de Xangô e Mãe Menininha do Gantois. Vai a bênção de Ogum e de Oxóssi, de Oxum e Iemanjá. Que todos os Orixás emanem Axé neste abraço que é meu e delas. Foram elas que me ensinaram que resignação também é luta e por isso sobrevivi. Hoje sou bacharel, mestre e doutor, Senhor Presidente, mas muitos gostariam que eu ainda fosse apenas o filho da empregada.
Numa estrutura que segue reproduzindo a lógica da casa grande e da senzala, um negro não pode almejar projeção nem sucesso. Um nordestino não pode ousar ser um estadista. Uma mulher não pode exercer o poder. Foi bom ter esperança, Senhor Presidente, foi bom sonhar. A História há de resgatar tua dignidade e tua honra. Confio, ainda, que, pela vontade soberana do povo, a justiça será feita.
Receba este abraço, meu querido Presidente Lula, de tantos e tantas como eu, de minha mãe e minhas tias, de homens e mulheres negras que reconhecem a grandeza do teu gesto abnegado pelo bem do povo brasileiro. Tua prisão política, Presidente, é um grito que ressoa pelo mundo; não será à toa, não será em vão.
Rodney William Eugênio

Ana Cherpinski

Aposentada


Querido e estimado Lula!
Há tempos ansiava escrever a você e hoje descobri este canal de comunicação.
Como sabe, as coisas aqui pra nós não estão nada boas e a tendência é piorar com este governo maluco, opressor e tirano que está destruindo o país, principalmente os pobres e trabalhadores, que, antes, na era PT, tínhamos proteção, amparo e respeito. Almejo sua urgente soltura para retomar a paz e a soberania de nosso povo!
Ademais, escrevo para agradecer os 14 anos de glórias e bonanças que eu e minha família obtivemos com seu governo.
Tenho 56 anos. Nasci no oeste do Paraná. Venho de uma família humilde de 12 irmãos e, como muitos, fiz apenas o primário, até os 11 anos, porque precisava trabalhar na roça para ajudar meus pais.
Naquela época, lá onde morávamos, não existia escolas públicas e a única foi feita através de mutirão dos colonos, que também pagavam um professor através de “vaquinha”.
Apesar de tudo, a miséria não me impediu de sonhar, e, aos 17 anos, vim pra SP atrás de uma vida melhor.
Era o ano de 1980. A minha primeira ida ao centro de SP foi à Praça da Sé, para assistir a um comício seu… rs. Me lembro como se fosse hoje. Eu em cima de uma árvore, te assistindo e te admirando. Alguns anos depois você venceu e, consequentemente, eu também!
Em resumo, minha filha mais velha estudou na UFABC, faculdade que você construiu, lembra? Com seu ótimo desempenho nas notas, também foi agraciada com a bolsa Ciências sem Fronteiras, criada pela Dilma, e fez quase 40% do curso na Inglaterra. Hoje, ela tem 27 anos e já ocupa um alto cargo executivo na maior multinacional americana do mundo, aqui em SP, onde começou a trabalhar assim que se formou, em 2015!
Portanto, companheiro, quero agradecer imensamente tudo que fez em seu governo, a mim, minha família e à toda nação.
Luto diariamente pela sua liberdade, sempre estarei do seu lado, te apoiando e te exaltando pelos quatro cantos do mundo, por onde eu for.
Com toda minha admiração e carinho!
Ana Cherpinski
ERIC NEPOMUCENO
  • Escritor, tradutor e jornalista.
Lula, meu bom amigo:
Estou há tempos para escrever. Um ano, para ser preciso. Mas só agora consigo. Você vai perguntar como é que alguém que vive do que escreve há exatos 54 anos demora mais de um para escrever uma carta. Respondo: às vezes, a mão seca.
Cada vez que comecei a escrever para você o que acabava saindo era pura indignação. E eu não queria nem quero mandar para você uma carta irada, por mais justa que seja – e é – essa minha indignação.
Hoje, vamos ver se consigo. Indignado sempre, pelo que fazem com você e com o país. Porém, serenado.
Não preciso contar o que acontece aqui – me refiro a aqui fora – porque você continua absolutamente informado de tudo. Mas conto que nunca, Lula, em nenhum momento, achei que fosse chegar a esta altura da minha vida vendo o que fizeram e fazem com este pobre país.
Eu vivi de perto, Lula, golpes tremendos. Vi o Uruguai ruir em junho de 1973, vi o Chile desmoronar em setembro de 1973, lembro de Salvador Allende, vi o terror se instalar na Argentina em março de 1976. Tive amigos mortos, tive e tenho amigos que sobreviveram a torturas selvagens, a exílios dolorosos, a distâncias e tempos irrecuperáveis. Eu mesmo passei longos anos sem poder vir ao Brasil. Vi meu filho aprender a ficar em pé e a andar e a falar e a escrever longe do país dele.
Vivi e vi um monte de coisas mundo afora, Lula. E achei que isso tudo era passado, era memória.
E agora vejo e vivo o resultado de um golpe diferente. Um golpe sofisticado, perfeito: primeiro tiram uma presidenta eleita, depois prendem você, impedem que dispute uma eleição assegurada, e pronto. Não há tanques nas ruas, não há trabalhadores e estudantes sendo torturados e fuzilados (exceto, claro, quando são pobres e em sua maioria negros), os grandes meios de comunicação funcionam sem policiais censores nas redações (nem precisa: os patrões e os chefes nomeados a dedo bastam), e tudo parece normal.
Parece, Lula. Mas você, melhor que qualquer um, e eu sabemos que de normal não há nada neste país destroçado, à deriva, rumo a um naufrágio tenebroso. Será este nosso país um país sem memória? Espero que não, meu bom amigo. Espero que não, e que desperte rápido desse pesadelo.
Além da dor e da indignação por tudo que acontece, Lula, ando cheio de perguntas. Por exemplo: como é que puderam votar nessa aberração que todo santo dia deposita o traseiro na poltrona presidencial?
Como é que essa aberração nomeou esse ministério todo – do qual, aliás, não escapa ninguém – que assombra o país e o mundo? Como é que este país suporta o pior presidente e o governo mais bizarro (tirando, claro, os anos da ditadura, e ainda assim só por causa da violência e da repressão) de 130 anos de República? Como é que vão demolindo tudo, dia sim e o outro também, e ninguém move uma palha para impedir?
Olha só, Lula, olha só: achei que estava sereno e que escreveria sem indignação. E não consegui.
Melhor parar por aqui, mas não sem antes reforçar minha amizade e meu carinho por você, pela sua gente.
Pensei em sair do Brasil por um tempo, Lula. A razão? Conto: em 1977 conheci, no exilio em Madri, um grande escritor argentino chamado Hector Tizón. Ficamos amigos fraternos.
Certo dia de extrema melancolia, perguntei a ele por que havia saído da Argentina. Não estava em nenhuma organização de esquerda, não tinha vínculos com nenhum movimento, não tinha sido ameaçado. E ele me respondeu: ‘Saí por asco’. Asco pelo que faziam no país dele, Lula. E por essa razão – asco, nojo – pensei em sair do Brasil por um tempo.
Mas não vou. De novo, não. Vou ficar e resistir com a única arma que tenho, a palavra.
E assim espero que a justiça seja feita e você volte para casa, e a gente possa enfim se encontrar de novo e pôr a conversa em dia.
Há muito o que conversar, Lula, muito. E ando precisando.
Deixo aqui, como sempre, meu melhor abraço.
Eric Nepomuceno

Querido Presidente Lula,
Meu nome é Paula e eu sou uma sonhadora.
Desde que voinha subiu num pau-de-arara e deixou o sertão para se aventurar na cidade; desde que meu pai desceu de um ônibus em Brasília para trabalhar na construção da capital; desde então – e eu nem tinha nascido ainda – a minha essência é feita de sonho.
Um dia, eu descobri, que o meu grande sonho era fazer cinema; contar histórias. Contar histórias é uma forma de mudar o mundo. Ou pelo menos de inspirar as pessoas a mudar o mundo.
Mas na vida, a gente aprende que algumas portas provavelmente estarão fechadas. Realizar sonhos não é fácil. Há duas décadas atrás, fazer filmes era algo impossível para mim. O cinema – o pouquinho de cinema que esse país produzia – era um privilégio de homens brancos, da elite, do eixo Rio – São Paulo.
Aí eu volto para o sonho de voinha. Naquela época, eu era ainda menina e o Brasil era aquele lugar horrível onde outros meninos morriam de fome na seca. Voinha, já na capital, morava pertinho do mar; mas a dor da seca doía nela todos os dias. Ainda bem, que onde tem sonho também tem esperança. Porque dentro do sonho de voinha, tinha você, presidente Lula, tinha também o seu sonho: o sonho de tirar milhões de pessoas da extrema pobreza; o sonho de que nenhum menino, nunca mais morresse de fome no interior do Nordeste.
E quando, em 2002, você ganhou as primeiras eleições, você não estava realizando apenas o seu sonho; mas o sonho de voinha; e os sonhos de milhões de brasileiros; e emaranhado em tudo isso, o meu sonho também. Naquele dia histórico, voinha me escreveu uma carta, como eu te escrevo agora. Ela disse: “Lula é presidente. Agora, a gente pode sonhar, minha filha”.
Graças as políticas de descentralização implantadas no seu Governo, eu faço cinema. Eu sou parte de um coletivo de realizadores aqui na Bahia – pois acreditamos que é no coletivo que a gente se fortalece e enfrenta as adversidades do mundo – e juntos, nós fizemos curtas, longas, e o nosso filme mais importante, “Jonas e o Circo sem Lona”, que viajou pelo mundo no ano passado, e é um filme que fala sobre nunca perder a capacidade de acreditar nos nossos sonhos.
Esses últimos acontecimentos, tudo isso que nós vivemos desde que o golpe entrou em curso, passando pela sua injusta prisão, tudo isso, balançou muito a esperança da gente. A dor das injustiças contra você, machuca muito os meus sonhos; me sinto despedaçada.
Mas o que queria te falar, presidente, é que você não deixe de sonhar. Por favor, não deixe. Porque aqui fora estão ecoando as suas palavras, a sua luta. E hoje, esse meu sonho machucado, sangrando, também se transforma em outro tipo de sonho; num sonho muito maior. Onde cabe o sertão de voinha e o mundo que sonhamos juntas. Saiba, que se um dia no seu sonho de ser presidente, coube o meu sonho de fazer cinema; a partir de agora, no meu sonho de fazer cinema, caberá, todos os dias, a luta pela sua liberdade; pela liberdade dos seus ideais.
Estamos lutando aqui fora. Estamos juntos.
Muito obrigada por tudo!
Com muito carinho,
Paula Lula da Silva.

Caríssimo Presidente Lula,
Hoje é nosso dia! O dia do metalúrgico!
O que de mais precioso que temos hoje neste Brasil é seu exemplo!
A sua resistência e tenacidade de aço nobre de alta liga!
Que Deus o proteja para que volte logo a ser presidente deste país!
Abraço
Reinhard Lackinger
PASTOR ARIOVALDO RAMOS
Pastor evangélico, líder da Comunidade Cristã Renovada e um dos fundadores da Frente de Evangélicos Pelo Estado de Direito.

Dileto companheiro, quero partilhar consigo uma reflexão sobre a Páscoa.
“No findar do sábado, ao entrar no primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o sepulcro. E eis que houve um grande terremoto, porque um anjo do Senhor desceu do céu, chegou-se, removeu a pedra e assentou-se sobre ela. O seu aspecto era como um relâmpago, e sua veste, alva como a neve. E os guardas tremeram espavoridos e ficaram como se estivessem mortos. Mas o anjo, dirigindo-se as mulheres, disse: Não temais; porque sei que buscais Jesus, que foi crucificado. Ele não esta aqui; ressuscitou, como tinha dito. Vinde ver onde ele jazia. Ide, pois, depressa e dizei aos seus discípulos que ele ressuscitou dos mortos e vai adiante de vós para a Galiléia; ali o vereis. É como vos digo! E, retirando-se elas apressadamente do sepulcro, tomadas de medo e grande alegria, correram a anunciá-lo aos discípulos. E eis que Jesus veio ao encontro delas e disse: Salve! E elas, aproximando-se, abraçaram-lhe os pés e o adoraram. Então, Jesus lhes disse: Não temais! Ide avisar a meus irmãos que se dirijam à Galiléia e lá me verão” (Mateus 28:1-10)
Páscoa, Aleluia, o Senhor ressuscitou! Essa é a data, como disse alguém, mais profunda da fé cristã, a ressurreição de Jesus. E ela é profunda não só porque ela é inusitada, mas porque ela inaugura uma nova fase na historia do universo. Até essa data, todo o universo viveu sob a sombra da morte, sob a sombra da cruz, sob a realidade da morte. Mas, no domingo, primeiro dia da semana, depois da crucificação, Jesus ressuscitou, Jesus venceu a morte! Jesus ressuscitou, como tinha dito!
A fala do anjo é perfeita: “Não temais, porque sei que buscais Jesus , que foi crucificado. Ele não está aqui. Ressuscitou, como tinha dito”. A ressurreição não é um acidente, a ressurreição é uma determinação e intervenção divinas, e é a inauguração de uma nova fase da história do Universo. A partir da ressurreição o Universo respira sob a luz da vitória sobre a morte, sob a luz da vida, como diria John Owen “a morte morreu porque Jesus ressuscitou”, Jesus venceu a morte, e isso inaugura uma nova fase na vida do Universo.
A historia da redenção está dividida em duas etapas, a primeira etapa, pode ser chamada de: o Universo, a vida, a existência sob a sombra da cruz, sob a realidade da morte. A segunda etapa é a existência sob a luz da ressurreição, que é exatamente aonde estamos vivendo, e a Igreja é a primeira manifestação dessa nova realidade. A Igreja é o resultado da mudança na historia da redenção. A morte de Cristo cumpre um ciclo na história da redenção, a sua ressurreição inaugura um novo ciclo na história da redenção, que terminará com a sua volta triunfal e visível, visível e triunfal.
Esse texto nos ensina algumas coisas interessantes: As nossas irmãs foram buscar Jesus onde ele Não estava! As nossas irmãs foram buscar Jesus onde ele não estava, porque elas não tinham crido na ressurreição. Essa talvez seja a primeira lição que temos de aprender para a vida, não se pode buscar seja lá o que for de Jesus num lugar onde Jesus não está. E Jesus não está mais na morte, Jesus não está no desespero, Jesus não está na agonia, Jesus não está na dor. Jesus ressuscitou, Ele não está aqui! Temos que buscar Jesus sempre sob esse prisma, o prisma da ressurreição, porque isso é fé. Fé é ver tudo sob o prisma da ressurreição. Então, essa é a primeira lição que se tira desse texto, não adianta buscar Jesus onde Ele não está. Ele não está mais em um túmulo, ele não está mais na morte.
Às vezes, experimentando a dor, a proximidade da morte, a angústia, a dificuldade, a enfermidade, pedimos a Jesus que venha para o lugar da nossa dor, mas Jesus está sempre nos pedindo para ir ao lugar da ressurreição, para sempre olharmos a vida sob uma nova perspectiva, para não permitirmos que os resquícios da morte empanem a glória da ressurreição.
E isso é a lição que aprendemos com as nossas irmãs. É como se o anjo dissesse: Eu sei que buscais Jesus, que foi crucificado, que morreu, que adoeceu, que teve um enfarto, que sentiu muita dor, que foi torturado e que baixou a sepultura… ele não está aqui. Ressuscitou como tinha dito. Então, às vezes, nós, porque ainda sentimos os resquícios da morte, pedimos ao Senhor que venha ao lugar da morte, pedimos ao Senhor que venha ao lugar da dor, pedimos ao Senhor que venha ao lugar da angústia, pedimos ao Senhor que venha ao lugar da tortura, mas o Senhor está sempre dizendo para irmos ao lugar da ressurreição.
O anjo disse “ Ide, pois, depressa e dizei aos seus discípulos, que Ele ressuscitou dos mortos, e vai adiante de vós”. Por exemplo, Paulo e Silas foram presos, foram torturados e marcados pela dor, foram colocados no calabouço. Quando foram colocados no calabouço, foram presos a um tronco e aí eles começaram a cantar e a orar. O que foi que Paulo e Silas fizeram? Ao invés de convidar Jesus para o lugar da morte, eles foram a Jesus no lugar da ressurreição.
Quando as Escrituras nos ensinam a, em tudo, dar graças, as Escrituras estão dizendo: ao invés de chamar Jesus para o lugar da sua morte, vá a Jesus no lugar da sua ressurreição! Acredite na ressurreição de Jesus, acredite que a ressurreição de Jesus vai afetar a sua vida, é só uma questão de tempo. Acredite que os resquícios da morte não significam que Jesus ficou aprisionado no túmulo, não vá buscar Jesus no túmulo, não vá buscar Jesus no sepulcro, Ele não está lá.
É interessante a frase de Jesus “Salve, e elas aproximando se abraçaram a seus pés e o adoraram. Então Jesus disse, não temais, ide avisar a meus irmãos que se dirijam a Galiléia, e lá me verão”. Entrar, nessa nova fase da história do universo, é fazer uma escolha, é trocar o túmulo pela radiante luz da ressurreição, é trocar a dor pela confiança , é trocar o murmúrio pelo louvor, é trocar o medo pela fé. Para que possamos encontrar Jesus no lugar da ressurreição, porque Ele foi adiante de nós! “Não temais! Ide avisar aos meus irmãos que se dirijam a Galileia e lá me verão”, então nós temos de aprender a ir no lugar onde podemos ver a Jesus.
É um passo adiante na história, é uma retomada da vida, é uma retomada do significado da ressurreição de Jesus.
A ressurreição de Jesus marca uma nova fase na história do Universo. Até a morte de Jesus, o universo e toda a existência estava sob a sombra da cruz, sob a realidade da morte. Mas após a ressurreição de Jesus, a nossa perspectiva mudou, porque a história do Universo agora está marcada pela presença da vida, Jesus ressuscitou! Agora a existência está sob a luz da ressurreição. É isso, inclusive, que promove a esperança. Por que homens e mulheres foram inspirados a resistir ao mal? Por causa da luz da ressurreição. Por que homens e mulheres foram inspirados a buscar a libertação do próximo? Por causa da luz da ressurreição. Todas as vezes que alguém se levanta contra a maldade, contra o mau uso do poder, contra o poder maligno, contra o poder das trevas, não importa onde ele se manifeste, se levanta por causa da realidade da ressurreição. O aparente poder das trevas pode se manifestar de várias maneiras: pode se manifestar politicamente, socialmente… Não importa por onde ele se manifeste, nosso adversário é sempre o mesmo, e foi derrotado pelo Cristo, como demonstra a sua ressurreição.
Com que força nos levantamos contra o poder das trevas? Com a certeza da ressurreição, com a certeza de que a morte foi vencida, com a certeza de que Jesus não está mais aqui, ele ressuscitou como havia dito. E nós precisamos ir onde nós o veremos, e nós o veremos na gratidão, na fé, no amor ao próximo , na dedicação ao bem, na luta pela vida, na luta pela liberdade; na consciência da vitória em Cristo Jesus, nas nossas orações de gratidão, nos nossos louvores, na nossa certeza da ressurreição.
Muitas vezes, gostaríamos que Jesus viesse no lugar da nossa morte, para nos consolar na nossa mortalidade, na nossa dor, no nosso sofrimento, na nossa angústia… Mas nós não precisamos do consolo que diz: Estou com você enquanto você inexoravelmente morre, estou com você enquanto você inexoravelmente chora, estou com você enquanto você inexoravelmente sofre, estou com você enquanto você inexoravelmente geme, estou com você enquanto você inexoravelmente murmura. Não!
Precisamos ouvir: Estou com você enquanto você reage ao sofrimento, estou com você enquanto você reage à morte, estou com você enquanto você reage ao mal, estou com você enquanto você reage à dor , estou com você enquanto você decide que a morte, a dor, a angústia não darão a última palavra na sua vida. Nós temos de ir onde nós o podemos ver, “e lá me verão”. O que nos conduz a esse lugar é o louvor, o que nos conduz a esse lugar é a gratidão, o que nos conduz a esse lugar é a fé, a certeza da ressurreição de Jesus e da nossa ressurreição.O que nos conduz a esse lugar é a certeza de que a vitória de Cristo é a vitória da humanidade, de que a morte foi tragada pela vitória, como foi o grito de Paulo “ onde está ó morte o seu aguilhão? Tragada foi a morte pela vitória!” .
É muito rica essa lição desse encontro das irmãs com o anjo e com Jesus. Jesus não estava mais lá, Jesus ressuscitou e nós ressuscitamos com Ele. A realidade da nossa vida não está na angústia, não está no sofrimento, não está na dor, não está na enfermidade. A nossa realidade está na nossa fé, na nossa capacidade de continuar a louvar a Jesus e de crer na sua ressurreição; está na nossa capacidade de continuar dizendo a Jesus, “Bendito o que vem em nome do Senhor!” A nossa fé em que Jesus Cristo está olhando para nós e nos saudando “salve, dirijam-se a Galileia e lá me verão!” Aqui, a Galileia não é mais a terra dos gentios, a Galileia é a terra do vitorioso Jesus de Nazaré.
Aqui, a Galiléia não é mais a terra maldita, a Galiléia é onde o profeta de Nazaré revelou-se Filho de Deus e de onde Ele saiu para vencer a morte, para colocar a ridículo todo o inferno e todas as obras da maldade, das trevas, assim como aos agentes do mal. A Galiléia não é mais o lugar de onde não pode vir nada que preste, a Galiléia é o lugar da onde saiu a Luz que ilumina o mundo e que triunfa sob as trevas.
A Páscoa é a inauguração de uma nova realidade no universo. A partir daquele dia, quando Jesus rompeu a morte, saiu do túmulo, sem precisar mexer em nada – o anjo chegou um pouco depois dele só para mover a pedra para dar o testemunho que o túmulo estava vazio, mas ele não estava mais lá. Ele ressuscitou, como havia dito. Jesus cumpre as suas promessas! Ele ressuscitou, como havia dito! E por isso nós sabemos que Ele está conosco até os confins da terra , porque Ele ressuscitou, como havia dito! Por isso nós sabemos que quem o invocar será salvo, porque Ele ressuscitou, como havia dito! Por isso nós sabemos que Ele nos deixa paz , porque Ele ressuscitou como havia dito! Por isso nós sabemos que nós vamos ressuscitar porque Ele ressuscitou como havia dito! O que precisamos, nessa nova fase do universo, é ir buscar Jesus onde é possível vê-lo. E agora só é possível vê-lo na ressurreição.
Ao invés de pedirmos a Jesus que venha até a nossa morte, nós precisamos começar a aprender a dizer a Jesus “Leve-nos para a tua ressurreição“, ao invés de dizermos ao Senhor para vir para a nossa tristeza, nós precisamos pedir a Jesus que nos leve para a sua alegria “Salve!” Ao invés de pedir a Jesus que venha a nossa doença, nós temos de aprender a dizer para Jesus “leve-nos para a tua ressurreição”.
E esse é o clamor da fé, que é feito pela oração da fé, que é feito pelo louvor, que é feito pela certeza da ressurreição. Nós temos de ir onde é possível ver Jesus, e Jesus só pode ser visto na ressurreição. Ele não está mais aqui. E se ele não está mais na morte, nós também não podemos ficar aqui. Se ele não está mais na tortura, nós não podemos ficar aqui. Se ele não está mais na angústia, nós não podemos ficar aqui. Foi isso que Paulo e Silas ensinaram de forma extraordinária, eles decidiram que não iam ficar ali. O carcereiro na verdade, fez de tudo para que eles ficassem na morte, fez de tudo para que eles ficassem na dor, fez de tudo para que eles ficassem ali sob a tortura, sob a enfermidade. Mas eles se recusaram a ficar onde Jesus não estava! Eles foram buscar Jesus no único lugar onde Jesus pode ser visto, na ressurreição. Essa é a nossa fé, é a fé na ressurreição, essa é a grande promessa das boas noticias que Jesus nos trouxe. “Eu os ressuscitarei no último dia”. Essa é a nossa fé, é lá que Jesus está, Jesus está na ressurreição!
E extraordinário como a ressurreição de Jesus re-significou tudo, inclusive a própria Galiléia, que era tida como uma terra maldita, sem esperança , sem perspectiva. Agora a Galiléia não é mais dos gentios, é de Jesus. Um profeta da Galiléia se revelou Filho de Deus, o Messias de Israel, o Salvador do mundo, Ele ressuscitou, e voltou para a Galiléia, para re-significar tudo.
Que nós aprendamos isso, irmãos, porque se nós aprendermos isso, nós veremos a vida sob outra perspectiva, e nós nos recusaremos a ficar onde Jesus não está. Isso é fé. É a gratidão pela certeza de que a ressurreição de Jesus vai atuar na minha vida, e já está atuando, e vamos perceber isso mais cedo ou mais tarde, porque, depois que Jesus ressuscitou, tudo passou a ser apenas uma questão de tempo. Jesus ressuscitou, ele venceu a morte! O Universo mudou de estágio, antes o Universo estava sob a sombra da cruz, sob a realidade da morte, agora o Universo está sob a luz da ressurreição, na realidade da vida.
Que o Senhor nos abençoe com essa consciência, que o Senhor nos faça olhar tudo com os olhos da ressurreição. Que o Senhor nos faça encarar a vida a partir da ressurreição que torna possível a gente se levantar onde todos se permitiriam ser abatidos, que torna possível resistir onde todos capitulariam, e que torna possível continuar de onde todos parariam… Porque Jesus ressuscitou! As forças das trevas não tem mais poder, vencida foi a morte, e isso é o que levou a humanidade para a frente, a consciência ou mesmo só a intuição de que o poder maligno estava destituído, Jesus ressuscitou, levou cativo o cativeiro e deu dons aos homens. É Páscoa, salve!
Aleluia, Bendito seja o nome do Senhor, Ele ressuscitou e nós estamos caminhando para a ressurreição também! Os que não são movidos pela ressurreição, correm o risco de ser tragados por um sistema egoísta, individualista e absolutamente mortal, e aí resta a apenas a angústia, que é o lugar onde Jesus não está. Pela fé na ressurreição enfrentamos o mal, em todas as suas manifestações, e mudamos a face da sociedade! A ressurreição do Cristo é o triunfo da redenção na história, e a possibilidade de, desde já, provocar mudanças na história em favor da justiça.
Querido presidente, nós o vemos como um agente dessa ressurreição em nossa história. Que o Cristo continue a cumulá-lo de força e fé.
São Paulo, 20 de abril de 2019.
Ariovaldo Ramos
 Mariana Jacques
Atriz, diretora e professora de teatro.


Querido Papai Smurf,
Outro dia vendo o filme dos Smurfs com minha filha, Papai Smurf vai preso e diz para os Smurfs que, aconteça o q acontecer, eles deveriam ir pra casa, e não voltar para buscá-lo… Então eles não obedecem Papai Smurf e todos se unem para o resgate… E tiram Papai Smurf da prisão… “Nunca deixaremos Papai Smurf pra trás.”
O Gargamel e o Cruel o prenderam para tirar sua energia mágica… Me vi explicando pra minha filha o pq do Lula livre… Ela entendeu da maneira dela e perguntou pq Papai Smurf é tão importante para o Brasil. Disse a ela que Papai Smurf se preocupa com todos os Smurfs… Se eles estão comendo… se estudam… se têm uma casinha…
Minha filha tem 4 anos… Eu tenho 37… E era minha mãe que me levava nas manifestações… Fui no Fora Collor nos ombros dela, com uma máscara preta no rosto… Lembro dos comícios, cantando “Lula lá, brilha uma estrela”… E meu pensamento, muito nova, era: essa estrela tem que brilhar!!! Achava muito bonito todo mundo junto…
Já mais jovem: Votei… Votei… E quando vc ganhou senti uma coisa tão boa no peito, queria tanto ter entrado nas águas do planalto para comemorar… Lembro que comprei uma revista pra minha mãe em 2003 que tinha vc na capa e agradeci a ela por me mostrar esse caminho…
Lula, admiro demais sua história. Ser presidente não deve ser tão fácil assim, afinal existem pessoas e pessoas… E foram algumas delas que conspiraram para vc estar onde está, mas não deveria estar…
Não vejo a hora da sua saída, mais triunfante que a entrada… Pq me diz, na história do mundo, quem foi para uma prisão sendo aclamado? Que fotos!! Que momento…  Chorei!
Lula, vc é gigante. Que orgulho de viver na era que foi presidente, as pessoas foram tão felizes que esqueceram a história… Mas eu acredito que oq plantamos colhemos, e seu jardim é vasto, enorme… Nenhum Smurf esquece Papai Smurf pra trás…
E a história real, essa passa de boca em boca, coração pra coração…
Felizes aqueles do lado do amor.
Abraços da smurfete,
Mariana Jacques
BH/MG
DOM ANGÉLICO SANDALO BERNARDINO
amigo e companheiro dos bons tempos da Pastoral Operária, e você, das pacíficas lutas no ABC pela libertação da classe trabalhadora.

Querido irmão e amigo presidente Lula,
Com votos de saúde, amor e paz, estou unido constantemente aos que, aqui no Brasil e no mundo, clamam por “Lula livre!”.
Meu irmão, é festa da Páscoa! Jesus passou da prisão, da tortura, da morte na cruz para a ressurreição. Ele é o vencedor da morte! Ele veio a este mundo para que tenhamos vida e a tenhamos em plenitude. Ele é a nossa paz!
Desejo-lhe de todo coração e à sua amada família, feliz e santa Páscoa!
Preso político em enorme injustiça, não lhe podem tirar a liberdade de espírito.
Fraternas, solidárias saudações e abraço forte, ilustre e querido irmão-presidente Lula.
Dom Angélico Sândalo Bernardino, amigo e companheiro dos bons tempos da Pastoral Operária, e você, das pacíficas lutas no ABC pela libertação da classe trabalhadora.

Zé Celso Martinez Corrêa

  • Diretor e ator de teatro, fundador e lider do Grupo Teatro Oficina.


AMADO PRESIDENTE LULA
 PRÓLOGO 
No Teatro Oficina estamos de novo com a 1ª Peça Musical do Jovem Poeta Chico Buarque “RODA VIVA”, q durou, apesar do sucesso imenso, menos de um ano em 1968 pois as Atrizes, Atores, Músicos, Contra Regras sofreram duas verdadeiras Torturas Físicas:
– Primeiro pela Milícia do CCCComando de Caça aos Comunistas, numa chamada Operação Quadrado Morto.
– E depois pelo 3º Exercito de Porto Alegre, q após a Estreia da Peça no Teatro Leopoldina, invadiu o Hotel onde estava Hospedado o Elenco; invadiu os quartos arrancando da cama os artistas q dormiam com Cassetetes.
Estes tentavam escapar pelas Escadas, mas eram perseguidos na Porrada. Chegaram mesmo a Raptar a Atriz Elizabeth Gaspar, levando-a pro Mato. O 3º Exército proibiu“Roda Viva” em Todo Território Nacional. Despachou todo Elenco ferido, sangrando, num Ônibus de Volta pra São Paulo. Era o Prenúncio do AI5.

Como naquele tempo não havia Internet, Whats Zapp nem os Filho$ do Agro Negócio, os “$ertanejos UNIVER$ITÁRIOS ”, recriamos a peça pra 2018-19.
Desde o ano passado a peça está em cartaz com enorme sucesso, por estar mais q nunca ligada a atualidade TragyCômica do atual Des-governo.
Todas as Noites nos Espetáculos da RODA VIVA 2019 Lula Livre é Brindado por 99% do Público.
 ENTRANDO NO Q QUERO MESMO TE DIZER:
 Desde a primeira versão da Peça em 68 a peça abria com
O CORO DA MULTIDÃO Q CANTANDO CLAMAVA:
“ALELUIA
FALTA FEIJÃO NA MINHA CUIA
FALTA URNA PRO MEU VOTO
DEVOTO
ALEUIA”
 Certo, estávamos numa Ditadura, y agora em 2019, estes versos cantados de Chico ganharam um outro sentido: Extraordinário.
 EM 2018
-A Maioria do Povo, nas Pesquisas, como eu, nós do Oficina q somos 70 pessoas, íamos votar em você.
Mas você mais do q ninguém sabe disso. A Direita estava desesperada! Apavorada com as mudanças q sua Eleição traria depois do Golpeachment de Dilma.
O JUIZ DOI VIGIAR Y PUNIR: Moro criou UM IMENSO BODE EXPIATÓRIOem cima de sua Pessoa, com a Mídia, a burguesia fascista VERDE AMARELA por medo da MudançaUM BODE CHAMADO: LULA PT.
Sem Provas
Há mais de um ano, você decidiu depois de 2 dias no Sindicato dos Metalurgico entregar-se á Republica de Curitiba como Preso Político para Cantar o seu Bode Provando sua Absoluta Inocência.
Mas a DIREITA Conseguiu assim impedir sua Candidatura Vitoriosa à Presidência, y nós votamos no Maravilhoso Fernando Haddad, q seria seu Vice.
Nestes últimos dias, estou tendo com a “Roda Viva 2019” em Cartaz, uma sacação ÓBVIA ULULANTE, CADA VEZ Q OUÇO OS VERSOS DE CHICO:
“FALTA URNA PRO MEU VOTO
DEVOTO”:
Tua Prisão e Consequente retirada do Pleito de 2018, foi o Maior de todos osGOLPE$ q o Brazyl Sofreu.
Por isso me recuso a te chamar de EX-PRESIDENTE
 MAS DECIDÍ Q NA HORA Q NÓS TE BRINDARMOS EM CENA
TE CHAMAR DE PRESIDENTE LULA Y POSTAR TUA FOTO COMO PRESIDENTE.
 Em “OS SERTÕES” de EUCLIDES DA CUNHA fiz o Papel do ANTONIO CONSELHEIRO, POR 6 ANOS. EM 5 PEÇASFOI DURANTE SEU GOVERNO PATROCINADO POR TEU MARAVILHOS MINISTÉRIO DA CULTURA .
E SENTÍ, VIVENDO A PERSONAGEM, Q ANTONIO NÃO ERA NADA“MESSIÂNICO”. Era muito “AQUI AGORA”= TERRAQUEO.
Pois construiu uma Cidade com seu Povo: 25.000 Habitantes, a 2ª Maior da Bahia, depois de Salvador.
E SENTÍ A IMENSA DEVOÇÃO Q ESTE NORDESTINO TINHA PRA SEU POVO Y ESTE SEU POVO POR ELE.
 O VERSO DE CHICO:
Repito:FALTA URNA
PRO MEU VOTO
DEVOTO
Fomos Roubados de nosso VOTO DEVOTO.
 A DEVOÇÃO DE CONSELHEIRO É AMOR , TERRENO, MORTAL. MAS O Q TUDO CRIA!
O MESMO AMOR Q SENTIMOS EM VOCÊ POR NOSSO POVO.
NÓS, TEU POVO, TE AMAMOS MUITO, SOMOS TEUS DEVOTOS.
 É UMA QUALIDADE Q MUITAS NORDESTINAS Y NORDESTINOS SABEM VALORIZAR; Q MARIELLE; GANDHI; MARTIN LUTHER KING JR; MANDELA; TIVERAM Y Q VOCÊ TEM HOJE.
EU CONCORDO COM CHOMSKY: “LULA É HOJE O PRISIONEIRO POLÍTICO MAIS IMPORTANTE DO MUNDO”.
Estou te Enviando com esta Carta, um Vídeo gravado no dia 5 de Abril, no Teatro Oficina, um ano da decretação por Moro, de tua Prisão. Em q o MINISTRO TOFOLLI tirou da Pauta do STF, o Teu Julgamento Previsto
Y ainda declarou q o Golpe de 64 não foi Golpe, nem Revolução, mas sim um Movimento.
Está tudo muito Claro depois disso.
Continuamos mais q nunca devotados a ter você LULA PRESIDENTE.
EM NOME DE MUITO AMOR TRANS HUMANO, DEVOÇÃO, NUMA LUTA OPOSTA À BILIS DO ÓDIO. TEUS ADVOGADOS CONTINUAM TE DEFENDENDO, MAS SINTO Q NÓS, A PARTIR DO CARNAVAL DOS BLOCOS, DA HISTORIA RECONTADA DO BRASIL POR MANGUEIRA, ESTAMOS ENTRANDO NUMA AÇÃO COSMOPOLÍTICA, COM OS INDIOS, NEGROS Y POBRES, REMEDIADOS, APAIXONADOS PELA LIBERDADE Y PELA CULTURA DESCOLONIZADA ANTROPÓFAGA BRAZYLEIRA MUITO TERNOS, Y POR ISSO: MUITO FORTES.
 Zé Celso
 18 de Abril, 5ª Feira Santa
Como dizemos no Teatro pra entrar em Cena:
MERDA

Thatiana Penna de Lima

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Querido e eterno Presidente Lula:
É com muita emoção que escrevo esta carta.
Aqui fala alguém que não entrou na faculdade por cota, mas que tem um filho que hoje estuda em uma e tem entre seus colegas cotistas, negros, pobres e vindos da escola pública. Obrigada por fazê-lo romper a bolha de uma vida distante da realidade brasileira e a cada dia aprender a ser mais humano, solidário e empático. Obrigada por cada um que não teve a mesma oportunidade que ele, mas que foram tão merecedores quanto.
Eu também não recebi Bolsa Família, mas pude ver quem recebe tendo a dignidade de comprar uma roupa no bazar e não só usar as doações… ela agora pode escolher o que vai vestir. Vi também pessoas podendo comprar o remédio que estava em falta no posto, e não precisar interromper um tratamento. Vi dignidade onde se via esmolas. Obrigada, presidente!
Eu não comprei imóvel pelo Minha Casa Minha vida… mas uma amiga teve esta oportunidade. Talvez passasse por esta vida morando de favor ou trabalhando para pagar uma casa que teria que devolver caso perdesse o emprego. E, como ela, foram milhares. Eu te agradeço por ter trazido esta felicidade para eles.
Ah, também não passei fome , nunca! Do alto do meu privilégio, eu assisti as pessoas que enfrentavam a seca no nordeste comendo a parede de barro da própria casa. E morriam também. Até que um dia o Brasil saiu do mapa da vergonha, ou melhor, da fome. E por essa eu vou te agradecer até meus últimos dias.
Eu poderia escrever um livro de agradecimentos… mas ao mesmo tempo eu quero te pedir desculpas. Por não poder devolver o que recebi. O que tenho feito é pedir a Deus que o senhor volte. Para o povo que te merece e também para os que foram manipulados… esses não sabem o que fazem. Mas estão sofrendo também. Ninguém é feliz enquanto é dominado.
Receba minhas orações e melhores pensamentos, estamos juntos com o senhor.
Com carinho,
Thatiana 

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