Emenda poderia ser usada contra a presidente Dilma pela oposição nas campanhas eleitorais de 2014
Para não ver aprovada a emenda, a corrente majoritária Construindo um Novo Brasil (CNB) foi obrigada a apresentar um texto alternativo que terminou sendo acatado, no qual oferece apoio às "iniciativas da militância e movimentos sociais em favor da reparação das injustiças e ilegalidades cometidas contra os companheiros condenados", mas desobrigando a legenda a fazer obrigatoriamente uma campanha pedindo a revisão criminal pela anulação da "injusta sentença", como queria a corrente derrotada.
O presidente do PT, Rui Falcão, já havia se colocado contrário à proposta da corrente Trabalho. "Eu avisei ao meu pessoal que se um dia eu for para a cadeia não aprovem nenhuma resolução de apoio porque fica pior", criticou Valter Pomar, dirigente histórico do partido, ao assessor especial da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, que acompanhou o debate, mas não se manifestou.
Desastre. Antes da votação, a CNB, que reúne o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-ministro José Dirceu, preso condenado pelo Supremo Tribunal Federal, fez uma reunião na qual os dirigentes fizeram um apelo para que a emenda mais contundente não fosse apoiada. "Nós consideramos que não é o centro de nossa tática transformar isso numa mobilização nacional. Para nós o centro da tática é a reeleição da presidente Dilma e dos companheiros nos Estados. Seria horroroso colocar isso em votação, um desastre", afirmou Paulo Frateschi, ex-dirigente do partido.
Irmão do ex-deputado José Genoíno, também preso no mensalão, o deputado José Guimarães (PT-CE) afirmou que sua preocupação não é com a presidente ou com o ex-presidente Lula. "O pessoal fala assim: 'Vai incomodar a Dilma, o Lula.' Dane-se. O PT não tem como fugir disso. Não adianta querer controlar senão a turma passa por cima." Apesar disso, ele considera desnecessário aprovar a obrigatoriedade de uma mobilização nacional pró anulação do julgamento.
Emenda light. O Estado acompanhou a reunião. Apesar da orientação do comando da CNB, militantes da corrente avisaram que se a emenda fosse apresentada votariam a favor. "Vamos ficar mal com todo mundo se levar para votar e votarmos contra. Embora quem votar favorável irá parecer que está votando contra o governo", disse a militante Maria do Carmo, na reunião. Diante da posição dos militantes, a CNB se viu obrigada a apresentar uma emenda mais light, que proporia apoio a todas as manifestações favoráveis aos mensaleiros. Pega de surpresa, a corrente Trabalho afirmou no plenário que Ricardo Berzoini e Guimaraes haviam apoiado sua proposta de obrigar o partido a defender a anulação do julgamento e que a mudança de ideia havia sido incluída no texto em debate após o encerramento do prazo.
Para desmobilizar a militância que queria discutir no congresso a política de alianças eleitorais, o comando do PT se comprometeu a discutir o assunto em evento específico sobre o tema. Alguns petistas defendiam a discussão ontem do rompimento com o PMDB em Estados como Maranhão e Rio de Janeiro. "Nossa militância é madura o suficiente e faz aliança em todo o Brasil. Não há razão para ter desconforto com alianças", defendeu Berzoini.
Ao final do discurso, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, tentou contemporizar a insistência da militância em fazer campanha pela anulação do mensalão. "Mostramos que somos um partido solidário com nossos companheiros", assinalou o petista.
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