Morre aos 95 anos Nelson Mandela, o homem que se tornou símbolo da luta contra o apartheid na África do Sul; relembre os principais momentos de sua trajetória
Mandela era integrante do Congresso Nacional Africano, e posteriormente da Liga Jovem, e encorajou a confrontação das leis impostas pelo apartheid contra os negros na África do Sul, na chamada Campanha do Desafio. Imagem de 1952 mostra Nelson Mandela participando de um julgamento sobre a campanha no Supremo Tribunal do país. Mandela também abriu um escritório de advocacia com o colega Oliver Tambo em Johanesburgo, o primeiro estabelecimento de posse de negros a praticar a atividade legalmente
Em 1956, a polícia prendeu 156 pessoas em toda a África do Sul e quase todos os integrantes do Congresso Nacional da África, incluindo Nelson Mandela, alegando traição ao governo. O julgamento começou em 1958 e, após três anos, o juiz decidiu que não existiam provas de que os integrantes tinham usado violência contra o governo. Todas as acusações foram retiradas
Em junho de 1964, Mandela foi preso acusado de sabotagem contra o governo; na época, ele alegou que estava apenas lutando contra 'a tirania, exploração e opressão dos brancos sobre os negros'. Uma multidão lotou o prédio da Corte protestando e exigindo que Mandela e outros presos fossem soltos. Mandela ficou encarcerado por 27 anos
Mandela passou 18 anos preso na Ilha Robben e foi forçado a realizar trabalhos pesados sob duras condições -- ele era liberado apenas para escrever uma carta e receber uma visita a cada seis meses. Em 1982, ele foi transferido para a prisão de Pollsmoor e, finalmente, para a prisão de Victor Verster, em 1988. Hoje a cadeia de Robben Island foi transformada em uma atração turística e os visitantes podem ver a cela em que Mandela passou a maior parte de seu confinamento. A fotografia é um desenho feito por Mandela ilustrando a Table Mountain, cenário que ele via pela janela do lugar
Em 1985, o movimento anti-apartheid ganhou impulso e o governo da África do Sul tentou amenizar a situação oferecendo a liberdade condicional a Mandela. Ele poderia sair da prisão somente se abandonasse a causa. O líder recusou a oferta. Imagem mostra Zindzi, filha de Mandela, no dia em que o pai recusou a proposta
Durante os anos 80, o movimento pela libertação de Nelson Mandela ganhou força. Músicas sobre a situação foram escritas por vários cantores, marchas foram organizadas e eventos de caridade em todo o mundo passaram a mostrar imagens da opressão realizada pela África do Sul. O arcebispo Desmond Tutu, fotografado durante um protesto realizado na Universidade da Califórnia, foi um dos ativistas que participaram da campanha pela libertação de Mandela
Após anos de pressão internacional para o fim do apartheid na África do Sul, o presidente da época, FW de Klerk, liberou os prisioneiros da Liga Jovem e de outros movimentos para serem soltos no dia 2 de fevereiro de 1990. Nove dias depois, Nelson Mandela saiu da prisão. Caminhando lentamente ao lado de sua esposa na época, Winnie, eles ergueram os punhos como gesto de vitória
Após ter inicialmente recusado o cargo, Mandela foi eleito o presidente da Liga Jovem em julho de 1991. O momento central ocorreu quando Mandela ergueu a voz diante das negociações turbulentas com o Partido Nacional para que fosse formada uma nova democracia multirracial na África do Sul. Zulus e adeptos da Liga Jovem entraram em choque por todo o país e havia receio de que a África do Sul começasse uma guerra civil. No entanto, Mandela ajudou a solucionar os conflitos e ganhou grande apoio internacional
Em 1993, o Comitê Norueguês do Prêmio Nobel decidiu prestigiar Mandela e o presidente FW de Klerk com o Prêmio Nobel da Paz pelo trabalho para acabar com o apartheid e pela criação de uma nova democracia na África do Sul. Aquela foi a terceira vez em que o prêmio foi dado a alguém que havia lutado contra o apartheid. Ao aceitar o prêmio, Mandela disse: 'Estamos aqui hoje para representar nada menos do que milhões de pessoas que lutaram arduamente contra um sistema social cuja essência era a guerra, a violência, o racismo, a opressão, a repressão e o empobrecimento de toda uma nação'
As primeiras eleições livres da África do Sul ocorreram durante o período de 26 a 29 de abril de 1994. Pela Liga Jovem, Mandela recebeu 60% dos votos. O candidato do Partido Nacional ficou em segundo lugar, com 20%
Perto de 20 milhões de sul-africanos participaram da votação, gerando cenários fora do comum, nos quais as pessoas ficavam em fila por horas em uma atmosfera de comemoração à democracia. A demanda foi tanta que o período de votação teve que ser estendido por dois dias. A Liga Jovem de Mandela ganhou as eleições com larga margem de vantagem
Mandela dança ao saber da vitória no centro de Johanesburgo, no dia 2 de maio de 1994. Ele se tornou o primeiro presidente negro da história da África do Sul
Mandela é fotografado ao lado da rainha Elizabeth II na entrada do Palácio de Buckingham, para um banquete em sua homenagem. Mandela deixou o dia a dia da África do Sul nas mãos do deputado Thabo Mbeki. Com isso, Mandela pôde se concentrar na construção da imagem do país para a comunidade internacional. O líder fez com que várias corporações multinacionais investissem no país
Mandela logo construiu sua reputação internacional como um presidente intransigente e sensato, como afirmou Bill Clinton durante a visita do então presidente norte-americano à África do Sul em 1999. Clinton foi levado para conhecer a Robben Island e, conforme mostra a fotografia, ele entrou na cela em que Mandela passou 18 anos. No entanto, depois Clinton criticou a África do Sul por manter relações amigáveis com a Líbia. Em resposta, Mandela aconselhou Clinton a pular dentro de uma piscina, dizendo que a África do Sul seria amiga de quem quisesse
Logo após ganhar a liberdade, Mandela casou com Winnie. No entanto, eles se divorciaram em 1995. Após o divórcio, Mandela disse que o tempo que passou com Winnie foi o segundo momento em que se sentiu o homem mais solitário do mundo, depois da prisão. Um ano após o divórcio, Mandela conheceu Graça Machel, a viúva do ex-presidente de Moçambique. Após a segunda separação e dizendo que nunca mais se casaria de novo, Mandela mudou de ideia e comemorou os 80 anos de vida casando-se pela terceira vez
Em dezembro de 1997, Mandela entregou a liderança da Liga Jovem ao deputado Thabo Mbeki (fotografado ao lado de Mandela em 2006). Mandela queria que o ativista Cyril Ramaphosa fosse seu sucessor mas, pela primeira vez, Mandela perdeu a batalha. Apesar de abandonar a liderança do partido, Mandela continuou como presidente da África do Sul até as eleições sucessivas de 1999, quando o sucessor Mbeki venceu com 66% dos votos
Após ter saído da política, Mandela continuou viajando pelo mundo e conhecendo líderes internacionais e aumentando seu trabalho de caridade por meio da Fundação Mandela. Uma das maiores conquistas da fundação foi a luta contra o vírus da Aids, o HIV. O segundo filho de Mandela, Makgatho, morreu de complicações da doença em 2005, aos 54 anos. Cerca de 46664 (número de prisioneiro de Mandela) shows arrecadaram dinheiro para tratamentos contra a Aids durante o ano de 2000
Em 2004, Mandela anunciou oficialmente sua retirada da vida pública ou, conforme disseram alguns jornalistas, a retirada da retirada. Apenas algumas semanas antes do anúncio, Mandela viu a África do Sul ganhar o direito de sediar a Copa do Mundo de 2010, tornando-se a primeira nação africana a sediar o torneio. Quando ele se retirou, disse: 'Estou confiante de que ninguém aqui irá me acusar de egoísmo se eu pedir um tempo para passar com a minha família e meus amigos -- e também comigo mesmo. Meu lema agora é: Não me chame, eu te chamarei'
Mandela realmente ficou distante da vida pública, mas ainda assim fez algumas aparições nos últimos anos. A maioria ocorreu durante atos de caridade e durante a posse do presidente sul africano Jacob Zuma, em 2009. O posto de Mandela como ícone político não foi desfeito em 50 anos
Celebridades, top models, políticos, atletas... todos queriam ser vistos ao lado de Nelson Mandela, que tornou-se um ícone do século passado. Veja, a seguir, quem já prestigiou o líder anti-apartheid sul-africano. Nesta foto, a modelo Naomi Campbell posa com Mandela
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