ERA ZURIQUE... 
  
  
  
                                
Minha visão estava totalmente focada na moça linda que parecia desfilar numa passarela vindo em minha direção. Ela passa e atrais dela, um homem vestido com camisa lilás esfaqueia na garganta com uma faca de caça um homem  de terno azul celeste. A garota linda sumiu, as pessoas sumiram, tudo sumiu, menos o homem com uma faca enorme enfiada no pescoço. 
                    Isso aí aconteceu faz tempo. Mas não entendi o acontecido até hoje. O homem de camisa lilás, nunca soube dele e a vitima esfaqueada é um mistério conforme a policia pois nem as digitais seriam úteis por ter os dedos raspados com ácidos. Apenas um cartão que estava no bolso das calças poderia dizer algo que indicasse o caminho que deslindasse o crime, cometido tão às claras na frente de todos, Eu vi. 
                    
                   Estou acordando cedo hoje porque os  trens daqui são super pontuais e os negócios não perdoam a impontualidade. Zurique é fria. 
          
  
  
MODE UM SONHO... 
  
  
Entrei na sala ofegante, meio assustado, com fome, cabeça doendo e olhar faiscando luzinhas. Que mal estar desgraçado... As paredes eram brancas, mas só existiam paredes na sala, nada mais, nem mesas ou cadeiras, quadros, gente.,, Com o anúncio recortado do jornal na mão,  sabia ser ali o lugar certo. No primeiro momento pensei ter visto pessoas sentadas, outras  andando, mesas até a recepcionista pensei ter visto. 
Era um emprego de missivista de obra. Vejam só... O sujeito vai mandando uma distancia daquelas. Um canteiro de obra gigantesco e aquela multidão de analfabetos querendo dizer de di para os parentes e amantes distantes. Digo isso porque já trabalhei na obra de uma hidrelétrica e fiz essa função. Salário fixo com todos os direitos. Solteirão, eu ali, só ganhando. Tudo tabelado e na linha, fora disso, tem de pagar por fora. Imagina, no ponto certo, a maior caligrafia, um cego pode ler,,, mas um dia, deu uma bronca por causa de um mal entendido com uma carta de amor e por ¨mode¨ ciúme, enfim... fui demitido. Mas minha carteia é limpa, até carta de referencia carrego, 
Mas ali, naquela sala branca, sem janela, sem porta, sem tapete... sem porta. Como assim! Por onde entrei, por onde é que vou sair? Danou-se! Piorou quando desapareceram todas, ficando só uma parede branca. Para onde me virasse a bicha tava lá, limpezinha. Era como se fosse ia, uma caixa de vidro opaco. Eu lá dentro com aquela parede, que agonia, sem entender. 
Só pode ser um sonho. Porque eu já sonhei um que pedia para acordar e acordei. 
  
  
Delano (sem data) 
  
  
  
  
Ô BRAÇADA! 
Delano 
  
  
Quem diria! Um dia o miserável levou a maior cacetada na cabeça e ficou assim alesado, como que nem... Coitado! Achou de brigar com  a mãe da mulher, a chamada sogra, deu-se mal, alienou-se. 
Um dia acordou e abrindo os olhos, ficou um tempo sem entender coisa alguma e somente os sons de palavras rebatidas no teto branco p fizeram existir. Sentir... sentir o que, se ele nem isso sabia o que. Parecia,  assim, como se nascendo de novo, a reencarnação. 
A sogra não tinha feito outra coisa na vida que não lavar  roupa na beira do rio batendo na pedra. O braço da mulher parecia cartilagem de tubarão, que eu já toquei e sei que é muito duro. Que braçada! Foi direto na venta. O branco da luz que apareceu diante, foi demais! O resto, já visse... 
  
  
  
PARA MACIRA, TUDO QUE            SINTO                            
Delano 
  
  
  
As palavras, que não digo e que procuro, 
Surgem cruas e concretas 
Como se fossem pedras. 
Não polidas, em finas águas transparentes, 
Mas sujas, como o cenário que me cerca. 
Não saem de minha boca vedada 
Pela verdade pervertida 
Mas das entranhas contaminadas e sem vida. 
  
Vejo em teu sorriso o que me falta 
Em vida, a bela cor da paisagem 
Cuja luz não do sol, mas de teus olhos 
Me aquece de esperança. 
Não me iludo mais com os heróis 
Salvadores de almas alheias 
A minha pelo menos está perdida 
Pelas ruas com seus muros partidos 
Impregnados de mentiras e colagens 
De falsos artistas e bandidos. 
  
As palavras, que se encontram tão distantes 
Desnecessárias como rochas 
Lunares e frias mesmo escritas 
Não são mais pedras comovidas 
Pela dor que eu não sinto nas feridas. 
Em teu sorriso vejo o brilho de um espelho 
Refletindo o amor que sinto 
Pleno de desejo 
Indo, vindo como ondas 
Em meu corpo de areia 
  
  
  
CANTA DEUS! 
Delano 
  
Gostaria de fazer algo 
Que transformasse o mundo 
Mas o temor de destrui-lo 
Não me causa espanto. 
Tantos já tentaram afogando em prantos 
Um Deus desesperado e preso 
No templo dos homens que o negam 
Que uma simples canção 
Já seria o bastante. 
  
Um dia, quem sabe, 
Eu transforme o mundo 
Ao invadir o templo 
E libertar Deus prá que ele cante 
Ficando em seu lugar prisioneiro 
  
As palavras banais, 
Entalhadas nos ossos do meu corpo 
As notas singelas gravadas em minha pele 
Seriam a harmonia deste mundo novo. 
Sem ter quem o transformasse 
  
                                                                       
SOFRER SOMENTE Delano 
 
  Uma tristeza tão grande me domina A alma que se ausenta, inerte e fria Seguindo um rumo incerto e negro D’um destino invisível e sem caminho. Não retornarei jamais por não ter ido, Com meus pés, feridos e ausentes. No caminhar sobre pedras e lama Formada pelas lagrimas do sofrimento E dor constante de tua ausência
  Não vejo montanhas nem abismos Cujo horizonte inviso, sem norte. Caminhos inexistentes Sem vida e morte sem o cheiro Do teu corpo que nunca tive Teu amor extremamente belo Meu amor grande e sofrido Por não ter sido vivido nunca.
  Surgirás um dia em minha frente Com a intensa luz que brilha de teus olhos Ofuscando-me os olhos cegos Fazendo-me verter lagrimas ausentes Sorrir, boca sem dentes Sofrer somente. 
Sem medo de destrui-lo 
Uma simples palavra 
Já seria tanto. 
Olinda, 21 de janeiro de 1990   
  
  
  
O ARTISTA SÓ 
  
  
  
  
Uma revista jogada ao acaso 
Sobre um tapete, 
Um jornal velho se desfolhando ao vento 
Um cinzeiro transbordando 
Uma noite insone, 
Uma garrafa de vinho vazia 
Uma tela em branco 
Cheia de imagens invisíveis, 
Palavras inexistentes, 
A dor e os prazeres da vida. 
  
O retrato de minha cadela 
Pintado a óleo, 
E que nunca chegou ao segundo cio 
Confirma a minha solidão 
E o amor hipócrita dos homens. 
O pessimismo, 
O sorriso da criança morta 
A vida inerte e sempre igual. 
  
E o artista como um cego 
Vê apenas o que esta no esquecimento. 
, 
QUE ASSIM SEJAS 
Delano 
  
Que sejas assim como sempre fostes 
Tomando o rumo desconhecido, 
Procurando-me, o destino 
Incerto e vago, pois não existe a luz, 
Nem o caminho, nem o amor. 
Somente a inexistência da memória. 
  
Quando vens ante mim, e choras 
Por te fazer infeliz e solitaria, 
  
Nas tardes iluminadas por velas 
Dançarinas, tremulas,.... 
Sem ódio e sem romper as pedras, 
E eu me desfaço em risos 
  
Saio descompassado me partindo em trevas 
E cego pela excessiva luz, 
Me perco pelos caminhos do caos 
  
Sejas assim, como fostes ate agora 
Um vôo irrevelado sobre o voo 
  
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A TELA VIRGEM 
Delano                                        o Poesia para José Cláudio – 09/05/68 
  
  
  
  
A tela 
Preparada 
Pura 
Que vive dos sonhos 
Pronta para iniciação 
Dos mistérios do espaço 
Fazendo tudo pequeno 
  
A que mata 
Quando não sobrtevive 
Quando não 
Ocupa paredes cheias de rmorsos 
  
Pobre tela 
Quantos problemas! 
  
  
(poesia escrita no lado posterior de uma tela em branco, para José Cláudio). 
  
                                        
TENHO MEDO DA MORTE 
Delano 
  
  
Tenho medo da morte como se fosse o medo da ultima verdade. Sempre vivi no meio da mentira pois foi com ela que aprendi a distinguir Deus. Sem a mentira jamais saberia diferenciar o bom do mau Hoje aos 102 anos, ainda tão longe de tudo, me sinto infantil Não tendo em nada aprendido das coisas terrenas, como poderei enfrentar as desconhecidas faces da morte. Em vôo plano, a morte cobre a louca de flores secas e lama fétida. A sombra sufocada pela luz do dia ia pelos caminhos sob os sons dos sinos batendo, batendo, correndo, saltando e cantando. Era um funeral de insanas almas acompanhando a morta e da própria morte na sua dimensão representada. Parecendo uma fuligem fina e escura. São historias não contadas. Ninguém viu. Assim foi. Aquela triste lembrança se torna em energia pura, linda, grotesca forma. Digo, porque nasci nesse dia. Passando... lá vai o enterro só de loucos. A morte representada e de um bom humor incrível. Parece um santo... de manto 
  
  
FACES DA MORTE TEMIDA 
Delano 
  
Tenho medo da morte 
como se fosse o medo da ultima verdade. 
Sempre vivi no meio da mentira 
pois foi com ela que aprendi a distinguir Deus. 
Sem a mentira jamais saberia diferenciar 
o bom do mau 
Hoje aos 102 anos, ainda tão longe de tudo, 
me sinto infantil 
Não tendo em nada aprendido das coisas terrenas, 
como poderei enfrentar 
as desconhecidas faces da morte. 
Em vôo plano, 
a morte cobre a louca de flores secas e lama fétida. 
A sombra sufocada pela luz do dia 
ia pelos caminhos 
sob os sons dos sinos 
batendo, batendo, correndo, saltando e cantando. 
Era um funeral de insanas almas 
acompanhando a morta 
e da própria morte na sua dimensão representada. Parecendo uma fuligem fina e escura. 
São historias não contadas. 
Ninguém viu. 
Assim foi. 
Aquela triste lembrança 
se torna em energia pura, 
linda, grotesca forma. 
Digo, porque nasci nesse dia. 
Passando... lá vai o enterro só de loucos. 
A morte representada e de um bom humor incrível. 
Parece um santo... de manto 
  
  
  
  
  
       
O TEMPO 
  
Delano 
  
Marcando a hora 
passa 
o tempo 
a vida acaba 
sem sentir 
a dor do nada 
até o fim 
  
Da linha 
traçada, continuada 
cortada assim, 
como a existência finda, 
e eu não a vi tão próxima 
da morte 
vagas lembranças 
trago na alma doce 
recordação 
de meu pai e de ti 
de quem bebo a fria imagem 
do amor. 
  
Quero-te 
Amar solitariamente 
Alcançar o mundo 
Eternamente 
Viver 
Ou morrer somente. 
  
  
  
  
  
  
VIDA 
Delano 
  
  
Que distancia é essa em minha frente? 
Tão opaca paisagem além da noite 
Caminhos iguais e sinuosos pensamentos 
Como se fosse uma rede de dúvidas... 
Essa rede envolve brutalmente 
O ser que se envolve em dúvidas 
Procurando a referência da vida 
  
               
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