terça-feira, 22 de outubro de 2013

DELANO:, O ARTISTA, CRONISTA, POETA, AMIGO

DELANO, O ARTISTA, O CRONISTA, O POETA

 
 
 
ERA ZURIQUE...
 
 
 
                               
Minha visão estava totalmente focada na moça linda que parecia desfilar numa passarela vindo em minha direção. Ela passa e atrais dela, um homem vestido com camisa lilás esfaqueia na garganta com uma faca de caça um homem  de terno azul celeste. A garota linda sumiu, as pessoas sumiram, tudo sumiu, menos o homem com uma faca enorme enfiada no pescoço.
                    Isso aí aconteceu faz tempo. Mas não entendi o acontecido até hoje. O homem de camisa lilás, nunca soube dele e a vitima esfaqueada é um mistério conforme a policia pois nem as digitais seriam úteis por ter os dedos raspados com ácidos. Apenas um cartão que estava no bolso das calças poderia dizer algo que indicasse o caminho que deslindasse o crime, cometido tão às claras na frente de todos, Eu vi.
                   
                   Estou acordando cedo hoje porque os  trens daqui são super pontuais e os negócios não perdoam a impontualidade. Zurique é fria.
         
 
 
MODE UM SONHO...
 
 
Entrei na sala ofegante, meio assustado, com fome, cabeça doendo e olhar faiscando luzinhas. Que mal estar desgraçado... As paredes eram brancas, mas só existiam paredes na sala, nada mais, nem mesas ou cadeiras, quadros, gente.,, Com o anúncio recortado do jornal na mão,  sabia ser ali o lugar certo. No primeiro momento pensei ter visto pessoas sentadas, outras  andando, mesas até a recepcionista pensei ter visto.
Era um emprego de missivista de obra. Vejam só... O sujeito vai mandando uma distancia daquelas. Um canteiro de obra gigantesco e aquela multidão de analfabetos querendo dizer de di para os parentes e amantes distantes. Digo isso porque já trabalhei na obra de uma hidrelétrica e fiz essa função. Salário fixo com todos os direitos. Solteirão, eu ali, só ganhando. Tudo tabelado e na linha, fora disso, tem de pagar por fora. Imagina, no ponto certo, a maior caligrafia, um cego pode ler,,, mas um dia, deu uma bronca por causa de um mal entendido com uma carta de amor e por ¨mode¨ ciúme, enfim... fui demitido. Mas minha carteia é limpa, até carta de referencia carrego,
Mas ali, naquela sala branca, sem janela, sem porta, sem tapete... sem porta. Como assim! Por onde entrei, por onde é que vou sair? Danou-se! Piorou quando desapareceram todas, ficando só uma parede branca. Para onde me virasse a bicha tava lá, limpezinha. Era como se fosse ia, uma caixa de vidro opaco. Eu lá dentro com aquela parede, que agonia, sem entender.
Só pode ser um sonho. Porque eu já sonhei um que pedia para acordar e acordei.
 
 
Delano (sem data)
 
 
 
 
Ô BRAÇADA!
Delano
 
 
Quem diria! Um dia o miserável levou a maior cacetada na cabeça e ficou assim alesado, como que nem... Coitado! Achou de brigar com  a mãe da mulher, a chamada sogra, deu-se mal, alienou-se.
Um dia acordou e abrindo os olhos, ficou um tempo sem entender coisa alguma e somente os sons de palavras rebatidas no teto branco p fizeram existir. Sentir... sentir o que, se ele nem isso sabia o que. Parecia,  assim, como se nascendo de novo, a reencarnação.
A sogra não tinha feito outra coisa na vida que não lavar  roupa na beira do rio batendo na pedra. O braço da mulher parecia cartilagem de tubarão, que eu já toquei e sei que é muito duro. Que braçada! Foi direto na venta. O branco da luz que apareceu diante, foi demais! O resto, já visse...
 
 
 
PARA MACIRA, TUDO QUE            SINTO                           
Delano



As palavras, que não digo e que procuro,
Surgem cruas e concretas
Como se fossem pedras.
Não polidas, em finas águas transparentes,
Mas sujas, como o cenário que me cerca.
Não saem de minha boca vedada
Pela verdade pervertida
Mas das entranhas contaminadas e sem vida.

Vejo em teu sorriso o que me falta
Em vida, a bela cor da paisagem
Cuja luz não do sol, mas de teus olhos
Me aquece de esperança.
Não me iludo mais com os heróis
Salvadores de almas alheias
A minha pelo menos está perdida
Pelas ruas com seus muros partidos
Impregnados de mentiras e colagens
De falsos artistas e bandidos.

As palavras, que se encontram tão distantes
Desnecessárias como rochas
Lunares e frias mesmo escritas
Não são mais pedras comovidas
Pela dor que eu não sinto nas feridas.
Em teu sorriso vejo o brilho de um espelho
Refletindo o amor que sinto
Pleno de desejo
Indo, vindo como ondas
Em meu corpo de areia



CANTA DEUS!
Delano

Gostaria de fazer algo
Que transformasse o mundo
Mas o temor de destrui-lo
Não me causa espanto.
Tantos já tentaram afogando em prantos
Um Deus desesperado e preso
No templo dos homens que o negam
Que uma simples canção
Já seria o bastante.

Um dia, quem sabe,
Eu transforme o mundo
Ao invadir o templo
E libertar Deus prá que ele cante
Ficando em seu lugar prisioneiro

As palavras banais,
Entalhadas nos ossos do meu corpo
As notas singelas gravadas em minha pele
Seriam a harmonia deste mundo novo.
Sem ter quem o transformasse

                                                                      
SOFRER SOMENTE
Delano 


Uma tristeza tão grande me domina
A alma que se ausenta, inerte e fria
Seguindo um rumo incerto e negro
D’um destino invisível e sem caminho.
Não retornarei jamais por não ter ido,
Com meus pés, feridos e ausentes.
No caminhar sobre pedras e lama
Formada pelas lagrimas do sofrimento
E dor constante de tua ausência

Não vejo montanhas nem abismos
Cujo horizonte inviso, sem norte.
Caminhos inexistentes
Sem vida e morte sem o cheiro
Do teu corpo que nunca tive
Teu amor extremamente belo
Meu amor grande e sofrido
Por não ter sido vivido nunca.

Surgirás um dia em minha frente
Com a intensa luz que brilha de teus olhos
Ofuscando-me os olhos cegos
Fazendo-me verter lagrimas ausentes
Sorrir, boca sem dentes
Sofrer somente.
Sem medo de destrui-lo
Uma simples palavra
Já seria tanto.
Postado por DELANO às Sábado, Setembro 15, 2007,
Olinda, 21 de janeiro de 1990  
 
 
 
O ARTISTA SÓ




Uma revista jogada ao acaso
Sobre um tapete,
Um jornal velho se desfolhando ao vento
Um cinzeiro transbordando
Uma noite insone,
Uma garrafa de vinho vazia
Uma tela em branco
Cheia de imagens invisíveis,
Palavras inexistentes,
A dor e os prazeres da vida.

O retrato de minha cadela
Pintado a óleo,
E que nunca chegou ao segundo cio
Confirma a minha solidão
E o amor hipócrita dos homens.
O pessimismo,
O sorriso da criança morta
A vida inerte e sempre igual.

E o artista como um cego
Vê apenas o que esta no esquecimento.
,
QUE ASSIM SEJAS
Delano

Que sejas assim como sempre fostes
Tomando o rumo desconhecido,
Procurando-me, o destino
Incerto e vago, pois não existe a luz,
Nem o caminho, nem o amor.
Somente a inexistência da memória.

Quando vens ante mim, e choras
Por te fazer infeliz e solitaria,

Nas tardes iluminadas por velas
Dançarinas, tremulas,....
Sem ódio e sem romper as pedras,
E eu me desfaço em risos

Saio descompassado me partindo em trevas
E cego pela excessiva luz,
Me perco pelos caminhos do caos

Sejas assim, como fostes ate agora
Um vôo irrevelado sobre o voo
 
 
A TELA VIRGEM
Delano                                        o Poesia para José Cláudio – 09/05/68

 
 
 
A tela
Preparada
Pura
Que vive dos sonhos
Pronta para iniciação
Dos mistérios do espaço
Fazendo tudo pequeno

A que mata
Quando não sobrtevive
Quando não
Ocupa paredes cheias de rmorsos

Pobre tela
Quantos problemas!


(poesia escrita no lado posterior de uma tela em branco, para José Cláudio).

                                       
TENHO MEDO DA MORTE
Delano


Tenho medo da morte
como se fosse o medo da ultima verdade.
Sempre vivi no meio da mentira
pois foi com ela que aprendi a distinguir Deus.
Sem a mentira jamais saberia diferenciar
o bom do mau
Hoje aos 102 anos, ainda tão longe de tudo,
me sinto infantil
Não tendo em nada aprendido das coisas terrenas,
como poderei enfrentar
as desconhecidas faces da morte.
Em vôo plano,
a morte cobre a louca de flores secas e lama fétida.
A sombra sufocada pela luz do dia
ia pelos caminhos
sob os sons dos sinos
batendo, batendo, correndo, saltando e cantando.
Era um funeral de insanas almas
acompanhando a morta
e da própria morte na sua dimensão representada. Parecendo uma fuligem fina e escura.
São historias não contadas.
Ninguém viu.
Assim foi.
Aquela triste lembrança
se torna em energia pura,
linda, grotesca forma.
Digo, porque nasci nesse dia.
Passando... lá vai o enterro só de loucos.
A morte representada e de um bom humor incrível.
Parece um santo... de manto

Postado por DELANO às Sábado, Setembro 15, 2007 3 comentários
 
 
FACES DA MORTE TEMIDA
Delano

Tenho medo da morte
como se fosse o medo da ultima verdade.
Sempre vivi no meio da mentira
pois foi com ela que aprendi a distinguir Deus.
Sem a mentira jamais saberia diferenciar
o bom do mau
Hoje aos 102 anos, ainda tão longe de tudo,
me sinto infantil
Não tendo em nada aprendido das coisas terrenas,
como poderei enfrentar
as desconhecidas faces da morte.
Em vôo plano,
a morte cobre a louca de flores secas e lama fétida.
A sombra sufocada pela luz do dia
ia pelos caminhos
sob os sons dos sinos
batendo, batendo, correndo, saltando e cantando.
Era um funeral de insanas almas
acompanhando a morta
e da própria morte na sua dimensão representada. Parecendo uma fuligem fina e escura.
São historias não contadas.
Ninguém viu.
Assim foi.
Aquela triste lembrança
se torna em energia pura,
linda, grotesca forma.
Digo, porque nasci nesse dia.
Passando... lá vai o enterro só de loucos.
A morte representada e de um bom humor incrível.
Parece um santo... de manto


 
 
 
      
O TEMPO

Delano

Marcando a hora
passa
o tempo
a vida acaba
sem sentir
a dor do nada
até o fim

Da linha
traçada, continuada
cortada assim,
como a existência finda,
e eu não a vi tão próxima
da morte
vagas lembranças
trago na alma doce
recordação
de meu pai e de ti
de quem bebo a fria imagem
do amor.

Quero-te
Amar solitariamente
Alcançar o mundo
Eternamente
Viver
Ou morrer somente.

 
 
 
 

VIDA
Delano


Que distancia é essa em minha frente?
Tão opaca paisagem além da noite
Caminhos iguais e sinuosos pensamentos
Como se fosse uma rede de dúvidas...
Essa rede envolve brutalmente
O ser que se envolve em dúvidas
Procurando a referência da vida
 
              
 
 

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