Mais de 600 pessoas participaram da premiação, que é conferido em datas significativas a pessoas que se destacaram em defesa das lutas camponesas
27/01/2015
Por Luiz Felipe Albuquerque
Da Página do MST
Cerca de 600 pessoas participaram do prêmio Luta pela Terra, realizado neste sábado (24) na Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), em Guararema (SP). O prêmio é conferido pelo MST em datas significativas a pessoas que se destacaram em defesa das lutas camponesas, da Reforma Agrária e de uma sociedade socialista.
Sua última edição aconteceu em 2009, no período de celebração de 25 anos do MST. Agora, os Sem Terra realizam novamente o prêmio ao celebrar o 30° aniversário do Movimento, completado em 2014.
Nesta 7° edição, 22 nomes foram homenageados, reconhecendo o trabalho de diversos lutadores e lutadoras do povo brasileiro. Mauro Rubem, Marcelo Santa Cruz, Virgínia Fontes, Marluce Mello, Luiz Carlos Pinheiro Machado, Cristina Bezerra, Pereira da Viola, Irmã Anne, Olívio Dutra, Dom Pedro Casaldáliga, Leonardo Boff, Saulo Araujo, Paul Nicholson, Irmã Alberta Girardi, José Paulo Neto, Frei Henri dês Roziers, Adelaide Gonçalves Pereira, Dom Erwin Krautler, Gaudêncio Frigotto, Marcelo Barros, Sebastião Salgado e a homenagem póstuma a Dom Tomás Balduíno foram as pessoas reconhecidas.
Erivan Hilário, da coordenação política pedagógica da ENFF, destacou que ao longo destes 30 anos de MST, nunca nos faltou solidariedade e apoio à luta. “Os momentos mais difíceis somente foram superados porque não estivemos sós. Enfrentamos as incertezas e indefinições na política, respaldados pelos debates coletivos e pelas contribuições de todos que lutam para concretizar os mesmos ideais de uma sociedade socialista”.
Para João Paulo Rodrigues, da coordenação nacional do MST, o Movimento está animado neste novo ciclo de lutas e enfrentamentos que se abre. “Esses sinais nos coloca a responsabilidade de irmos às ruas para defender as conquistas, mas acima de tudo, para construirmos um projeto popular e socialista para o país”.
Além disso, destacou a parceria com dezenas de universidades públicas com mais de 62 cursos de graduação, especialização e mestrado, “com mais de 3.600 militantes Sem Terra ocupando as universidades brasileiras para estudar e fazer o enfrentamento na luta”.
Ao lembrar de algumas perdas no ano de 2014, como Dona Ilda e Cidona, militantes históricas do MST, assim como Leandro Konder, Plínio de Arruda Sampaio e Dom Tomás Balduíno, Rodrigues afirmou que o MST saiu dessa conjuntura fortalecido, ao conseguir assentar, “com muito sacrifício”, mais de 20 mil famílias, e ter chegado “para as fileiras de nossos acampamentos mais de 45 mil novas famílias em 2014”.
Ao falar sobre a Reforma Agrária Popular, Rodrigues atentou para seu principal componente: a luta. “A luta é que vai nos permitir formar novos quadros, enfrentar o estado burguês e fazer alianças com outros setores. Esse é o compromisso do nosso Movimento com os amigos e companheiros que estão aqui”.
E finalizou ao lembrar que o MST se propôs o desafio “de transformar o ano de 2015 no ano da formação política no Movimento. Uma combinação de três elementos: a organização política, o estudo e a participação na luta, porque essa é nossa principal universidade: a ocupação de terra”.
Premiados
Ao receber o prêmio, a professora da Universidade Federal Fluminense, Virgínia Fontes, celebrou os 30 anos de MST e os 10 anos de ENFF, “uma das casas da classe trabalhadora da América Latina e do mundo”, e disse que “a maior miséria não é a fome, mas o fato de nos roubarem nosso horizonte e impedir a emancipação humana”.
Olívio Dutra disse se sentir honrado com a premiação, e que são “momentos como esse que nos energiza para os desafios que temos pela frente”.
Para o teólogo Leonardo Boff, esse é “um prêmio imerecível, já que há muitos lutadores que merecem ser lembrados e homenageados”. Em seu discurso, destacou que “quando se une luta com pensamento, o movimento é invencível. Vamos lutar até o fim da vida para estar ao lado de vocês e defender nossa mãe terra”.
O professor Luiz Carlos Pinheiro Machado lembrou que “todos esses anos de luta serviu para alcançar a soberania e a independência do país para se chegar ao socialismo”, e reafirmou a necessidade da construção da unidade entre as forças da classe trabalhadora.
Já Cristina Bezerra, da Universidade Federal de Juiz de Fora, destacou “o quanto a universidade ganhou com a entrada do MST nesse espaço”, e que o Movimento, assim como a ENFF, “são nossos nortes, e a eles que devemos e com eles que temos que nos comprometer”.
Anne Caroline, da Congregação de Notredame, dedicou o prêmio “a todos os que estão ao lado do MST”, e lembrou que este ano também se completam 5 anos do assassinado da Irmã Dorothy, e que devemos enfrentar a injustiça com amor, e não com armas.