domingo, 25 de agosto de 2013

O TAL DIREITO DE NÃO SER OFENDIDO


    Vivemos em uma sociedade. Essa associação, no entanto, não é algo formado por muitas peças iguais, mas sim por um conjunto de indivíduos que possuem diferentes características, pensamentos e desejos. Isso pode ser visto nos mais diferentes ambientes, com diferentes pessoas usando os mais distintos cortes de cabelo, roupas, entre outros adereços. Isso tudo são alguns pequenos sinais que simbolizam, voluntária ou involuntariamente, o que cada ser gosta, admira, deseja ou espera. São símbolos que mostram um pouco do que cada um é.

                               

    Na contemporaneidade, período no qual um brasileiro, de origem portuguesa e angolana, pode gostar de assistir futebol alemão em uma televisão japonesa, tomando vinho italiano, comendo pratos típicos da Turquia e escutando música britânica, essas diferenças tendem a se tornarem exponencialmente maiores - porque há uma gama maior de possibilidades de se diferenciar. Embora a globalização traga uma tendência à tolerância - afinal, com o convívio com os mais diferentes indivíduos, cria-se certa normalidade nessas peculiaridades de cada um -, diversas linhas de pensamento e tradições podem nos deixar chocados.

    Isso pode ser evidenciado em diversas situações de nossa vida cotidiana. Por exemplo, quando evitamos que um islâmico case-se com mais de uma mulher porque achamos isso incorreto, quando temos medo, ojeriza, de pessoas tatuadas ou com piercings e assim segue. Ambos os atos citados anteriormente, não nos prejudicam em nada, nem prejudicam a sociedade, no entanto, muitos possuem preconceito contra isso. E nesses diversos "confrontos culturais", geralmente, ambos os lados são "ofendidos", um por causa da ação "alternativa" e outro por causa do descontentamento, repreensão, que sofreu.

    Embora isso não seja algo positivo, o melhor para um bom convívio, é algo natural. Isso porque em qualquer momento histórico, quando pessoas com diferenças socioculturais, étnicas e/ou ideológicas entram em contato, o preconceito, o sentimento de ser ofendido aparece, independente de leis que tentem regular isso. Contudo, a globalização irá fazer com que, gradualmente, as pessoas acostumem-se as mais diferentes culturas, religiões, pensamentos e, dentro de um bom tempo, a sociedade plural fará com que as pessoas deixem de ser preconceituosas - me refiro aqui ao preconceito sem fundamento, e não ao que apresenta bases estatísticas -, entendendo as diversas facetas da humanidade.

   Por outro lado, restringir a liberdade de expressão com base no tal direito de não ser ofendido traria consequências catastróficas. Primeiramente, por ser algo muito subjetivo, como já abordado nesse texto, podendo diferentes pessoas sentirem-se ofendidas por diferentes comentários. Além disso, impedindo que a pessoa expresse aquilo que deseja, faz com que haja um ponto obscuro na discussão, algo que não pode ser questionado, e isso pode fazer com que os paradigmas sejam mantidos por muito mais tempo do que já são atualmente, afinal, como se pode mudar algo que não se pode questionar?

    Dito isso, faz-se necessário uma ressalva, falar mal de um determinado tipo de pessoa - ou de ações que esse grupo comete-, sejam homossexuais, tatuados, metaleiros, conservadores, católicos, ateus, nazistas, judeus, feministas, machistas, é (muito) diferente de agredir fisicamente qualquer um desses grupos. Uma coisa é fazer questionamentos se as pessoas tatuadas não seriam subversivas - o que pode gerar uma interessante discussão-, outra, completamente distinta, é matar todas as pessoas que fizeram essas marcas na pele. A primeira é um simples questionamento, já a segunda é um crime.

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