Uma tragédia do passado que questiona o nosso presente
Por meio de suas lutas, de sua aspiração por dignidade e liberdade, os escravos contribuíram para a universalização dos direitos humanos.
Devemos ensinar os nomes dos heróis dessa história, porque eles são os heróis de toda a humanidade. Ao homenagear anualmente, em 23 de agosto, as mulheres e os homens que lutaram contra essa opressão, a UNESCO busca encorajar a reflexão e o debate sobre uma tragédia que deixou sua marca no mundo assim como ele é hoje.
Sob o Projeto A Rota do Escravo, a UNESCO visa a revelar a extensão e as consequências dessa tragédia humana e a retratar a riqueza das tradições culturais que povos africanos forjaram em meio a adversidades – na arte, na música, na dança e na cultura, em seu sentido mais amplo. Este ano, na véspera do vigésimo aniversário do Projeto A Rota do Escravo, designei, como um Artista da Paz da UNESCO, Marcus Miller, que terá a missão de promover o Projeto A Rota do Escravo da UNESCO e transmitir mensagem de respeito desse projeto por meio da música. Esse empenho contribuirá para os esforços para a Década dos Povos Afrodescendentes (2013-2022), proclamada pelas Nações Unidas em 2012.
O tráfico de escravos não é apenas algo do passado: é nossa história e tem moldado a face de muitas sociedades modernas, criando laços indissolúveis entre povos e continentes, e transformando, de forma irreversível, o destino, a economia e a cultura das nações. Estudar essa história equivale a homenagear os combatentes pela liberdade e reconhecer suas contribuições singulares para a afirmação dos direitos humanos universais. Eles estabeleceram um exemplo para continuarmos a luta pela liberdade, contra o preconceito racial herdado do passado e contra novas formas de escravidão que subsistem até hoje e afetam em torno de 21 milhões de pessoas.
Hoje, convido todos os governos, as organizações da sociedade civil e os parceiros privados a redobrar seus esforços para transmitir essa história. Que isso seja uma fonte de respeito e um chamamento universal em prol da liberdade para as futuras gerações.
Neste Dia de Comemoração, a UNESCO convida todos os povos a relembrar, refletir sobre as consequências do passado em nosso presente, sobre as novas exigências de viver-se em conjunto em nossas sociedades mutilculturais e sobre a luta contra as formas contemporâneas de escravidão, das quais milhões de seres humanos ainda são vítimas.
Irina Bokova
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