Belíssimo
texto de Cleide Canton, atribuído a Rui Barbosa.
Declamado por Rolando Boldrin
Sinto
Vergonha de Mim!
por Cleide Canton
“Por ter
sido educadora de parte desse povo,
por ter
batalhado sempre pela justiça,
por
compactuar com a honestidade,
por
primar pela verdade
e por ver
este povo já chamado varonil
enveredar
pelo caminho da desonra.
Sinto
vergonha de mim
por ter
feito parte de uma era
Que lutou
pela democracia,
pela
liberdade de ser
e ter que
entregar aos meus filhos,
simples e
abominavelmente,
a derrota
das virtudes pelos vícios,
a
ausência da sensatez
no
julgamento da verdade,
a
negligência com a família,
célula-mater
da sociedade,
a
demasiada preocupação
com o
“eu” feliz a qualquer custo,
buscando
a tal “felicidade”
em
caminhos eivados de desrespeito
para com
o seu próximo.
Tenho
vergonha de mim
pela
passividade em ouvir,
sem
despejar meu verbo,
a tantas
desculpas ditadas
pelo
orgulho e vaidade,
a tanta
falta de humildade
para
reconhecer um erro cometido,
a tantos
“floreios” para justificar
atos
criminosos,
a tanta
relutância
em
esquecer a antiga posição
de sempre
“contestar”,
voltar
atrás
e mudar o
futuro.
‘Tenho
vergonha de mim
pois faço
parte de um povo
que não
reconheço,
enveredando
por caminhos
que não
quero percorrer…
Tenho
vergonha da minha impotência,
da minha
falta de garra,
das
minhas desilusões
e do meu
cansaço.
Não tenho
para onde ir
pois amo
este meu chão,
vibro ao
ouvir meu Hino
e jamais
usei a minha Bandeira
para
enxugar o meu suor
ou
enrolar meu corpo
na
pecaminosa manifestação de nacionalidade.
Ao lado
da vergonha de mim,
tenho
tanta pena de ti, povo brasileiro!
“De tanto
ver triunfar as nulidades,
de tanto
ver prosperar a desonra,
de tanto
ver crescer a injustiça,
de tanto
ver agigantarem-se os poderes
nas mãos
dos maus,
o homem
chega a desanimar da virtude,
a rir-se
da honra,
a ter
vergonha de ser honesto”.
O
Libertário.org
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