PUBLICADO EM O MUNDO REAL
O incidente de Jinan ou incidente do 3 de maio, ou ainda incidente de Tsinan foi um confronto armado entre o Exército Imperial Japonês e seus aliados, os líderes militares do norte da China contra o Exército do Sul de Guomindang, que aconteceu em 1928 na cidade chinesa de Jinan, a capital da província chinesa de Shandong, no marco da Expedição ao Norte de Guomindang.
Devido à época, existem poucos registros fotográficos do acontecimento.
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Durante a Expedição ao Norte, as tropas do Exército Nacional Revolucionário chinês atacaram vários consulados estrangeiros no meio de um profundo fervor anti-imperialista, no que veio a se tornar o Incidente de Nanking de março de 1927 (não confundir com o Massacre de Nankin em 1937). Jiang Jieshi tentou evitar a repetição de fatos similares. Em novembro de 1927 Jiang encontrou-se com Tanaka Giichi, quem havia se convertido em premiê do Japão depois da queda em abril daquele mesmo ano do Governo de Wakatsuki Reijirou ( Tanaka também ostentava a carteira de ministro de Assuntos Exteriores em seu Governo).
Tanaka havia ganhado as eleições no Japão, em parte devido as suas promessas para tomar medidas mais ativas e agressivas que as tomadas por seu precursor a respeito da proteção de vidas, propriedades e interesses econômicos japoneses na China. Jiang tinha apenas um tênue controle do poder na China, que repousava em grande parte na promessa do que terminaria com a dominação estrangeira e unificaria novamente o país, o que serviria para reforçar a sua legitimidade.
Tanto Tanaka como Jiang estavam desejosos de manter a suas tropas afastadas de Jinan, onde os riscos de um confronto entre ambos eram elevados, mas foram finalmente incapazes disso. Ao não ter a garantia de que o Exército Nacional Revolucionário Chinês evitaria Jinan, um grupo dos principais políticos japoneses pressionou a Tanaka para que reforçasse a presença do Exército Imperial Japonês em Shandong e nos territórios arrendados pelo Japão na China. Entre maio e setembro de 1927, aproximadamente 4.000 soldados japoneses foram deslocados para Qingdao (Tsingtao) e Jinan, no que se conhece no Japão como a Primeira Expedição a Shandong.
Tanto os senhores da guerra do norte da China, que sustentavam o Governo de Pequim, como o governo de Guomindang, com sede em Nankin, protestaram energicamente, afirmando que este fato constituía uma violação da soberania da China, e as forças japonesas foram retiradas quando Jiang temporariamente paralisou o avanço de suas tropas para o norte.
A Expedição ao Norte voltou à marcha em 27 de abril de 1928 quando, contrariamente às ordens recebidas de Tókio, o comandante japonês, general Fukuda Hikosuke, deslocou tropas desde Tianjin para Jinan e Qingdao, ao longo da estrada de ferro de Jiaoji. Esse episódio é conhecido pela historiografía japonesa como a Segunda Expedição de Shandong.
As tropas Chinesas dos senhores da guerra do norte retiraram-se da cidade no 30 de abril de 1928 e as tropas de Guomindang (Kuomintang), também atuando na contramão das ordens recebidas de Jiang Jieshi, deslocaram-se para a cidade. A situação permaneceu tensa e as tropas japonesas tomaram posições ante o consulado japonês e ante vários estabelecimentos e escolas de propriedade de japoneses, mas tudo parecia encaminhar para uma solução amistosa até que uma “faísca” menor foi produzida nas proximidades de uma moradia japonesa em 3 de maio de 1928, que terminou com a morte de 12 japoneses (sem que haja qualquer evidência clara a respeito de como sucederam os fatos). Ambos bandos, carecendo tanto de comunicações eficazes como de meios de controle adequados, iniciaram uma luta rapidamente estendida a outros pontos da cidade.
Os japoneses recusaram receber os negociadores enviados pelo governo de Guomindang e exigiam a total retirada do Exército de Guomindang a 20 quilômetros de distância da cidade de Jinan. A luta prosseguiu durante todo o dia. Aquela noite, os japoneses executaram o emissário de Guomindang, Kai Gongshi, bem como a outros 17 membros de sua delegação.
Os choques esporádicos persistiram até que Jiang e Fukuda pactuaram uma trégua em 5 de maio de 1928, continuando alguns disparos esporádicos até que as forças de Jiang se retiraram ao longo dos dois dias seguintes, deixando para trás, uma pequena força para manter a ordem na cidade. Jiang queria seguir avançando contra os senhores da guerra do norte e o Japão desejava evitá-lo.
Tendo recebido reforços e fornecimentos, o comando japonês apresentou uma série de demandas, dando como data limite para seu cumprimento dia 7 de maio de 1928, e no 11 de maio de 1928, os japoneses expulsaram às tropas Chinesas da zona.
O incidente de Jinan provocou o terceiro envio de tropas japonesas (a Terceira Expedição de Shandong) com um número maior de soldados que as anteriores expedições. Forças japonesas ocuparam Jinan durante mais de seis meses, ocuparam outras cidades em toda a província de Shandong e também em outras zonas do norte da China. As tentativas posteriores de Jiang e de Tanaka para estabelecer relações mais positivas geraram um acordo segundo o qual as tropas japonesas se retiraram a seus quartéis em Qingdao em 28 de março de 1929. O resultado das três Expedições de Shandong foi a perda de muitos milhares de vidas de civis e soldados chineses, o que por sua vez, gerou uma intensificação geral do sentimento anti-japonês no norte da China.
O governo do Guomindang decretou mais tarde que o dia 3 de maio fosse designado o Dia da Comemoração da Humilhação Nacional, ainda que oficialmente Jiang Jieshi culpasse o incidente de Jinan aos atos do comandante em comando do 3º Grupo de Exércitos de Guomindang, Heh Yaozu.
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