sexta-feira, 16 de agosto de 2013

HOMENAGEM A CHARLES BUKOWSKI- ANIVERSÁRIO 93 ANOS

Homenagem – Charles Bukowski – Aniversário de 93 anos
Charles Bukowski
Henry Charles Bukowski Jr (nascido Heinrich Karl Bukowski; Andernach, 16 de agosto de 1920 – Los Angeles, 9 de março de 1994) foi um poeta, contista e romancista estadunidense nascido na Alemanha. Sua obra de caráter (inicialmente) obsceno e estilo totalmente coloquial, com descrições de trabalhos braçais, porres e relacionamentos baratos, fascinaram gerações que buscavam uma obra com a qual pudessem se identificar.
Biografia
Nascido na Alemanha, filho de um soldado americano, mudou-se ainda criança para os Estados Unidos com seus pais. Foram primeiro para Baltimore em 1923, mas depois disso se mudaram para o subúrbio de Los Angeles. Foi uma criança atormentada por um pai extremamente autoritário e frustrado, que descontava os seus problemas o espancando pelos motivos mais fúteis. Quando atingiu a adolescência, somou-se a este problema o fato de ter o rosto e toda a parte superior do corpo literalmente tomada por inflamações que o obrigaram a submeter-se a tratamentos médicos no hospital público de sua cidade. Na escola, a situação também não é das melhores, tendo poucos amigos e sendo sempre o penúltimo a ser escolhido para o time de beisebol.
A falta de carinho familiar e a humilhação de ter um rosto deformado obrigam-no a fugir. Abandonou a escola para só voltar um ano depois. Neste meio tempo descobriu duas coisas que o ajudaram a tornar a sua vida suportável: o álcool e os livros. Teve problemas com alcoolismo e trabalhou em empregos temporários em várias cidades americanas, como carteiro, frentista e motorista de caminhão apesar de ter estudado jornalismo sem nunca se formar. Bukowski começou a escrever poesias aos 15 anos mas seu primeiro livro somente foi publicado 20 anos depois em 1955. Em 1962 estreou na prosa caracterizada pela descrição de sua vida pessoal. Escreveu, entre outros livros, “Mulheres”, “Hollywood” e “Cartas na Rua”.
Iniciou assim uma vida errante, bebendo em excesso e escrevendo alucinadamente. Os produtos destas noites e mais noites de trabalho eram enviados para as mais diversas publicações literárias independentes dos Estados Unidos, mas quase sempre recusados. A editora da revista Harlequin, Barbara Frye, no entanto, estava convencida de que Bukowski era um gênio. Começaram a se corresponder e, em determinado momento, Frye declarou que nenhum homem nunca se casaria com ela. Bukowski respondeu simplesmente: “Eu me casarei”. Casaram-se logo depois de se conhecerem pessoalmente. Mas tão rápido quanto se conheceram, separaram-se.
Até este momento, Charles Bukowski era apenas um poeta iniciante – apesar de ter quase quarenta anos. Mas foi a partir de sua separação que começou a surgir a imagem de Bukowski que o tornaria famoso, seu alterego Henry Chinaski. Jim Christy, autor do livro The Buk Book, disse em uma vez que “ele havia sido um vagabundo, um imprestável, um proletário, um bêbado; bem, que fosse. Claro, outros trabalharam o mesmo território, mas o que diferenciava Bukowski do resto deles – os Knut Hamsun, Jack London, Maxim Gorky e Jim Tully – era que Bukowski era engraçado.” Trabalhando esta imagem, Bukowski conseguiu criar um mito ao seu redor.
Teve Ernest Hemingway e Fiódor Dostoiévski como principais influências. Com o escritor russo, aprendeu: “Quem não quer matar seu pai”? O complexo de Édipo rodeia Chinaski por toda a obra: “Ele” é o cara sacana, “Ele” é o responsável por seu sofrimento, “Ele” merece morrer. Esse ódio por seu pai (na realidade um alcoólatra violento) permeia toda a obra do velho “Buk”. Essa capacidade de transformar o dia-a-dia em poesia, de pegar as bebedeiras triviais, as angústias adolescentes e transformá-las em arte é a mágica de Bukowski.
Repulsa, nojo, ódio, amor, paixão e melancolia. Esses são alguns dos sentimentos que mais inspiraram Charles Bukowski, que passou a vida nos becos dos Estados Unidos, na composição de toda sua obra. Cada poesia, cada romance e cada conto do escritor traz um pouco da vida do “Velho Safado”, como ficou conhecido no mundo inteiro. E Howard Sounes é prova disso. O jornalista inglês assina “Charles Bukowski – Vida e loucuras de um Velho Safado” (Ed. Conrad); biografia considerada uma das mais completas e sérias do gênero.
Funcionário dos Correios até os 49 anos, Bukowski sonhou a vida inteira em ser reconhecido pelo seu trabalho como escritor. Dono de um talento nato, o poeta usava a simplicidade e a singularidade dos fatos mais rotineiros e transformava o cotidiano em obra de arte. Inconformado e, sempre, com uma garrafa na mão, ele sentava em sua antiga máquina de escrever e, com uma sutileza surpreendente, deixava fluir seus pensamentos sem censura alguma. Bukowski vivia em um mundo atormentado e distorcido, totalmente fora dos padrões impostos pela sociedade de sua época. O escritor nunca fez questão de esconder que seus trabalhos eram, quase sempre, autobiográficos. E sua falta de discrição era tão grande, que durante toda vida teve de lidar com a quebra de laços de amizade. Ele citava, sem qualquer preocupação, nomes e, quando muito inspirado, fazia duras críticas às pessoas que o cercavam. Algumas vezes os personagens “nada fictícios” ficavam sabendo das peripécias do poeta bêbado após a publicação dos textos.
Sua obra surtiu tanto efeito que alguns de seus contos e romances acabaram sendo adaptados para o cinema por alguns diretores. Inclusive, o próprio Bukowski recebeu diversos convites para escrever argumentos, apesar de assumir que nunca gostou muito de filmes.
Bukowski tem sido erroneamente identificado com a Geração Beat, por certos temas e estilo correlatos, mas sua vida e obra nunca mostraram essa inclinação. A cidade de Los Angeles, suas ruas e atmosfera, foram sua principal influência, tratando de histórias com temas simples, misturando por exemplo corridas de cavalo, prostitutas e música clássica. Ele escreveu mais de 50 livros, sem contar milhares de publicações baratas.
Uma de suas principais atividades durante anos foi a leitura de suas poesias em universidades e eventos culturais. Sua leitura debochada às vezes provocava escândalos e brigas com a plateia, algumas delas registradas em áudio. Já nos anos 1980, Bukowski desfrutou de certa fama, convivendo com artistas e tornando-se uma celebridade. Ele morreu de leucemia aos 73 anos, em 9 de Março de 1994, e em seu túmulo se lê “Don’t Try”, “Não Tente” em português.
Com o tempo, apareceram alguns herdeiros seus na literatura, principalmente na questão do estilo violento e despudorado de sua linguagem, e que acabou inclusive tendo desdobramentos no cinema. Mas poucos são aqueles que como ele, vivenciaram e permaneceram com naturalidade na sarjeta, fazendo dela, sua fonte de inspiração. De todo aquele inferno imundo e fedido, Bukowski fez o seu paraíso.
Está presente em álbuns, músicas, letras, entre outros de muitas bandas, entre as quais: Anthrax, Apollo 440, Modest Mouse, Leftover Crack, Bad Radio (uma das bandas de começo de carreira de Eddie Vedder, vocalista da banda Pearl Jam), Red Hot Chili Peppers, entre muitas outras.
Livros publicados no Brasil
Romances
Cartas na Rua. São Paulo: L&PM Editores, 2011 (edição original 1971)
Factotum. São Paulo: L&PM Editores, 2007 (ed. original 1975)
Mulheres. São Paulo: L&PM Editores, 2011 (ed. original 1978)
Misto quente. São Paulo: L&PM Editores, 2005 (ed. original 1982)
Hollywood. Porto Alegre: L&PM Editores, 1990. (ed. original 1989)
Pulp. Porto Alegre: L&PM Editores, 1995. (ed. original 1995)
Contos, poesia, não-ficção
Ao Sul de Lugar Nenhum – Histórias da Vida Subterrânea. Porto Alegre: L&PM Editores, 2008.
O Amor é um Cão dos Diabos. Porto Alegre: L&PM Editores, 2007.
Vida desalmada. Florianópolis: Spectro, 2006.
Essa loucura roubada que não desejo a ninguém a não ser a mim mesmo amém. Curitiba: 7 Letras, 2005.
Tempo de voo para lugar algum. Florianópolis: Spectro, 2004.
Hino da Tormenta. Florianópolis: Spectro, 2003.
Os 25 Melhores Poemas de Charles Bukowski. Rio de Janeiro: Bertrand, 2003.
O capitão saiu para o almoço e os marinheiros tomaram conta do navio. Porto Alegre: L&PM Editores, 1999.
A mulher mais linda da cidade. Porto Alegre: L&PM Editores, 1997. (coletânea)
Numa Fria. Porto Alegre: L&PM Editores, 1993.
N.York, 95 cents ao dia. Porto Alegre: L&PM Editores, 1991 (quadrinhos).
Delírios Cotidianos. Porto Alegre: L&PM Editores, 1991 (quadrinhos).
Fabulário Geral do Delírio Cotidiano. Porto Alegre: L&PM Editores, 1986.
Notas de um velho safado. Porto Alegre: L&PM Editores, 1985.
Crônica de um amor louco. Porto Alegre: L&PM Editores, 1984
Bukowski – Textos Autobiográficos. Porto Alegre: L&PM Editores, 2009
Pedaços de um caderno manchado de vinho. Porto Alegre: L&PM Editores, 2010
Revista em quadrinhos
Delírios Cotidianos. Porto Alegre: L&PM Editores, 2008

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