segunda-feira, 4 de novembro de 2013

UMA HISTÓRIA SINGULAR: UM MENINO RICO E UM MENINO POBRE

Uma história singular:O menino rico e o menino pobre

Situações que persistem num Brasil ainda desigual





Davison Coutinho*


Apenas 10 anos de diferença e um mundo de contrastes separam a história e o destino de um menino pobre e um menino rico. O segundo teve de tudo do bom e do melhor, estudou nas melhores escolas, se formou na Alemanha e aprendeu diversos idiomas às custas do pai que ganhou muito dinheiro fazendo obras megalomaníacas pagas pelo trabalhador brasileiro. O menino rico aprendeu com a cabeça megalomaníaca do pai que o incentivou a ficar bilionário as custas do estado. Fez obras com dinheiro público, inclusive com financiamento do BNDES, e era admirado pelo pai que o considerava um verdadeiro gênio.
Por outro lado, um menino, preto, pobre e criado na favela, de uma família de muitos irmãos e de muita pobreza contava com a sorte para sobreviver num lugar perigoso e dominado pelo crime e pela miséria.
O menino rico era apoiado pelo governo e pelos políticos, explorou petróleo, teve concessão do estado para ganhar dinheiro, fez fortuna, ficou famoso e chegou a afirmar que seria o homem mais rico do mundo.
Já o menino pobre, não pode estudar, teve que trabalhar desde cedo para sobreviver, foi criado por sua irmã, a quem considerava mãe, cresceu e formou sua família. Sete filhos e sua esposa, moravam em um cubículo sem banheiro, sem ventilação, um local insalubre e sem condições de moradia, onde dividiam o pouco que conseguiam para sobreviver.
Hoje, vemos que o menino rico que queria ser o homem mais rico do mundo, conseguiu tudo com dinheiro do povo brasileiro, investimentos eram feitos e todos acreditam que ele era bom para o pais. No entanto, todo esse dinheiro era nosso, era do povo trabalhador.
Já o menino pobre, voltava de mais um dia de trabalho quando foi abordado por policiais militares, foi torturado covardemente até a morte e sumiram com seu corpo. Deixou uma grande família que necessitava desse pai, mas acabaram numa situação ainda mais difícil e não puderem nem ao menos se despedir pela última vez enterrando seu corpo.
Agora, o menino rico e gênio, quer que o estado pague por sua recuperação após ir à bancarrota e ainda por cima dar o maior calote nos credores, só com o dinheiro que tomou do BNDES poderiam ser construídas milhares de casas para famílias como a do menino pobre, que morava na favela da Rocinha.
Enquanto nas favelas, vários filhos de Amarildos procuram seus pais para oferecer ao menos um enterro digno, filhos de bacana se mantém no luxo, estudando no exterior e estão no poder às custas do povo brasileiro que sustenta esses sanguessugas que apodrecem nossa sociedade e são apoiados pela elite.


*Davison Coutinho, 23 anos, morador da Rocinha desde o nascimento. Formando emdesenho industrial pela PUC-Rio, membro da comissão de moradores da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu, professor, escritor, designer e liderança comunitária na Comunidade, funcionário da PUC-Rio.

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