Eu já fiz uma semana especial de mulheres fortes no cinema, mas agora é a vez de citar um assunto que incomoda muita gente e que liberta muito mais: o feminismo.
Esses filmes não são exatamente feministas, mas podem te ajudar a compreender melhor o feminismo e suas vertentes. Para um filme ser considerado feminista, é preciso do empoderamento da mulher na trama e não necessariamente dele abordar apenas a militância de uma. A libertação através do feminismo é um processo árduo e muitas vezes doloroso para as mulheres.
(Se algum filme já foi incluindo em alguma das listas que postarei no final da matéria, peço perdão pelo vacilo, mas segue em frente que tem indicação nova nessa aqui).
Ao invés de fazer uma lista enorme, preferi ser seletiva, fazer algumas menções honrosas, caso você goste do filme tal, poderá gostar do outro que indiquei abaixo. Eu poderia ter me baseado em listas que vi na internet, mas elas distorcem completamente o que o feminismo significa, muitas vezes rola até o olhar do patriarcado sobre as feministas nessas listas com 20, 30, 50 filmes.
Aqui o que importa é a qualidade e não a quantidade. Sempre que for assistir um filme considerado feminista, procure saber mais sobre o mesmo, pois infelizmente as listas podem te apresentar o oposto do que o título fornece.
Esses filmes tem vertentes diferentes no feminismo, o que torna a lista mais interessante ainda. A mulher negra (que de longe é a mais oprimida pelo machismo e pelo racismo) a violência doméstica, o estupro, a libertação sexual, a prostituição, o aborto, o que é considerado certo e errado na sociedade. E principalmente, a defesa da mulher.
5 filmes que falam mais do que 50, e menções similares. Confira:
1. A Cor Púrpura (1985) Steven Spielberg
Em 1906, em uma pequena cidade da Georgia, sul dos Estados Unidos, uma adolescente é violentada pelo próprio pai e torna-se mãe de duas crianças. Cada vez mais calada e solitária, ela passa a compartilhar sua tristeza em carta. Uma sobrevivente de abuso sexual e moral, Celie (Whoopi Goldberg, em sua estreia no cinema)escreve cartas a Deus e à sua irmã Nettie (Akosua Busia), narrando tudo o que ela tem de suportar. Através de todas as suas dificuldades, Celieencontra sua voz e encontra a força para levantar-se para o marido opressivo.
Whoopi Goldberg foi indicada ao Oscar de melhor atriz por este filme em 1985. Baseado no livro de Alice Walker, A Cor Púrpura recebeu 11 indicações e é considerado um clássico do cinema.
Ao recriar 40 anos de crises emocionais na vida de vários personagens, o diretor Steven Spielberg fez o filme mais desafiante de sua carreira, capaz de despertar fúria, risos e lágrimas. Cada personagem feminina transgride suacolocação na vida, especialmente durante uma época em que as mulheres negras eram consideradascidadãs de segunda classe. Através de tudo isso, você se identifica com essas mulheres e sangra ao lado delas.
Menção honrosa: “Histórias cruzadas”, um filme que também fala do empoderamento feminino e da mulher negra e sua luta em uma sociedade machista e racista.
2. Jeanne Dielman (1976) Chantal Akerman
Considerado como a obra-prima de Akerman, traz a atriz Delphine Seyrig no papel de Jeanne Dielman, uma jovem viúva que vive com seu filho Sylvain seguindo uma ordem imutável: à tarde, enquanto seu filho está na escola, ela cuida do apartamento e recebe clientes. Akerman examina a rotina de Jeanne Dielman, uma mãe quecozinha, limpa, e se prostitui, a fim de ganhar a vida para ela e seu filho. Ao longo de três dias, a rotina robótica de Jeanne se deterioralentamente. É um filme que se baseia em limitações cinematográficas: ela limita sua perspectiva pela sua falta de edição e falta de movimento da câmera. O filme usa seus três horas e meia de tempo de execução para a construção cuidadosa ehabituar os espectadores a rotina de Jeanne, apenas para quebrá-lo no segundo e no terceiro dia. Akerman constrói umatragédia fora do comum e cria um retrato de uma mulher que não pode ser fetichizada, menos ainda objetivada.
Adendo: este filme não é de forma alguma uma comparação do feminismo com a prostituição, e sim um retrato da mulher que se prostitui e que sofre com o peso do patriarcado.
3. As Pequenas Margaridas (1966) Vera Chytilová
Utilizando-se de avançados efeitos especiais para a época, Vera Chytilová dirigiu esta obra surrealista que conta a história de duas garotas chamadas Marie, que decidem se adequar ao mundo como ele está: sendo livres. Portanto, ambas partem para uma série de encontros forjados e travessuras, desconstruindo o mundo ao seu redor. Empregandouma multidão de experimentações formalistas, incluindo e destruindo qualquer trajetória narrativa coerente, Chytilováconstrói uma obra de arte feminista perigosa, que se revelou demasiada subversiva para o governo checo (o filme foiproibido por sua representação desperdício de alimentos).
4. As Horas (2002) Stephen Daldry
Um dia na vida de uma mulher. Um dia na vida de Clarissa Vaughan, Laura Brown e Virginia Woolf, que se vê as voltas com a tarefa de criar, ela mesma, um dia na vida de sua Mrs. Dalloway. Um dia na vida de cada uma de nós. Um filme sobre libertação feminina, desconstrução de papéis que a mulher é forçada a exercer numa sociedade patriarcal. O mais interessante desse filme, além de todo o feminismo que nele exala, é ver quatro pessoas interagindo em uma trama, sendo uma delas você!
Menção honrosa: “A Mãe e a Puta”, um filme que te envolve em diálogos existencialistas, feministas e políticos.
5. A Sorridente Madame Beudet (1922) Germaine Dulac
Um dos primeiros filmes considerados feministas, A Sorridente Madame Beudet é a história de uma mulher “amorosamente inteligente” presa em um casamento abusivo. Muitos estudiosos consideram o marco feminista,principalmente por causa de sua exploração do desejo feminino. É uma experiência de forma cinematográfica que está repleta de conteúdo, examinando devaneios de Madame Beudet através de uma série de sobreposições e sequências em câmera lenta. Ele permite que o espectador a explorar uma perspectiva feminina, que é um tanto emocional etransgressora.
Menção honrosa: “Mulheres perfeitas”, um filme que parece inicialmente bobo, que surpreende em quebras de estereótipos e mostra a luta de uma mulher fugindo dos padrões que a sociedade determinou para ela.
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