Leonardo Sakamoto
Duas versões de um mesmo acontecimento são confrontadas.
A primeira, está fundamentada em fontes com diferentes pontos de vista, dados de instituições confiáveis, informações investigadas e checadas em longa apuração. Passa no crivo da lógica, mas é chata pra diabo.
A segunda baseia-se em uma teoria mirabolante, conspiratória e deliciosa, que coloca uma outra pessoa, político, empresa ou governo em maus lençóis. Não faz sentido algum, mas ajuda a reafirmar a sua visão de mundo.
Em qual você prefere acreditar?
A maioria responde “a primeira'', quando observada pelo coletivo, e “a segunda'' no silêncio do anonimato – o lugar quentinho em que nos refugiamos da razão, aquela castradora maldita.
E quando alguém traz dados para mostrar que a “segunda'' não se confirma, é prontamente convidado a se retirar ou a calar-se. Isso acontece o tempo todo.
Discuti esse tema, nesta semana, com meus alunos de jornalismo para tentar entender o porquê de uma acusação falsa ir muito mais longe do que a retratação da imprensa pelo erro cometido. Como foi com o caso Escola Base, por exemplo, em que administradores e professores de uma escola infantil foram acusados injustamente de abusarem sexualmente de crianças e massacrados pela mídia, que, em sua maioria, não checou as informações que repassava.
E o que tem acontecido, nos últimos dias, por boatos de WhatsApp, tuítes e postagens que alertam para golpes de direita ou de esquerda prestes a acontecer.
Sugestão: se você quer prezar sua sanidade mental, refugie-se no alto do seu cinismo. Agora e sempre.
Não forme opinião apenas pelo que dizem sites de internet, veículos de imprensa e, principalmente, políticos.
Desconfie de seus amigos, chefes, colegas, vizinhos, governos.
Ponha em xeque os ensinamentos de sua família, do seu professor, de seu guru espiritual ou daqueles que dizem falar em nome do seu deus.
Duvide deste blogueiro cabeçudo (mas que te ama).
Esteja aberto a pontos de vista diferentes dos seus, sem necessariamente comprar as ideias neles presentes.
Absorva o máximo de informação possível, de fontes com visões diferentes das coisas.
Depois, com calma, converse, verifique, reflita, analise.
Pense. Não deixe que pensem por você.
Garanto que o mundo ficará muito menos colorido e sem graça. Mas a vida não é conto de fadas. Infelizmente, a vida é isso aí que está diante dos seus olhos mesmo, crua, seca e dura. Acostume-se e pare de fugir, criando bandidos e mocinhos, heróis e vilões, onde eles não existem.
O pior é que, ainda por cima, sou obrigado a ouvir que maconha é que afasta as pessoas da realidade.
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