Biografia
- Publicado em Quinta, 01 Janeiro 2009
Fonte: Outubro.blogspot -
"OLIVEIRA SILVEIRA por OLIVEIRA FERREIRA DA SILVEIRA"
Poeta negro brasileiro, nascido em 1941 na área rural de Rosário do Sul,Estado do Rio Grande do Sul. Filho de Felisberto Martins Silveira, branco brasileiro de pais uruguaios, e de Anair Ferreira da Silveira, negra brasileira de cor preta, de pai e mãe negros gaúchos.
Graduado em Letras – Português e Francês com as respectivas Literaturas – pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul,UFRGS. Docente de português e literatura no ensino médio. Atividades jornalísticas. Ativista do Movimento Negro.
Um dos criadores do Grupo Palmares, de Porto Alegre. Estudou a data e sugeriu a evocação do 20 de Novembro,lançada e implantada no Brasil pelo Grupo Palmares a contar de 1971,tornando-se Dia Nacional da Consciência Negra em 1978, denominação proposta pelo Movimento Negro Unificado contra a Discriminação Racial, MNUCDR.
Como escritor, publicou até 2005 dez títulos individuais de poesia – Pêlo escuro, Roteiro dos tantãs, Poema sobre Palmares, entre outros – e participou de antologias e coletâneas no país e no exterior: Cadernos negros, do grupo Quilombhoje, e A razão da chama, de Oswaldo de Camargo, em São Paulo-SP; Quilombo de Palavras, organização de Jônatas Conceição e Lindinalva Barbosa, em Salvador, na Bahia; Schwarze poesie/Poesia negra e Schwarze prosa/Prosa negra, organizadas por Moema Parente Augel e editadas na Alemanha por Édition diá em 1988 e 1993, com tradução de Johannes Augel; ou revista Callaloo volume 18, número 4, 1995, e volume 20, número 1 (estudo de Steven F. White), 1997, Virgínia, Estados Unidos.
Graduado em Letras – Português e Francês com as respectivas Literaturas – pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul,UFRGS. Docente de português e literatura no ensino médio. Atividades jornalísticas. Ativista do Movimento Negro.
Um dos criadores do Grupo Palmares, de Porto Alegre. Estudou a data e sugeriu a evocação do 20 de Novembro,lançada e implantada no Brasil pelo Grupo Palmares a contar de 1971,tornando-se Dia Nacional da Consciência Negra em 1978, denominação proposta pelo Movimento Negro Unificado contra a Discriminação Racial, MNUCDR.
Como escritor, publicou até 2005 dez títulos individuais de poesia – Pêlo escuro, Roteiro dos tantãs, Poema sobre Palmares, entre outros – e participou de antologias e coletâneas no país e no exterior: Cadernos negros, do grupo Quilombhoje, e A razão da chama, de Oswaldo de Camargo, em São Paulo-SP; Quilombo de Palavras, organização de Jônatas Conceição e Lindinalva Barbosa, em Salvador, na Bahia; Schwarze poesie/Poesia negra e Schwarze prosa/Prosa negra, organizadas por Moema Parente Augel e editadas na Alemanha por Édition diá em 1988 e 1993, com tradução de Johannes Augel; ou revista Callaloo volume 18, número 4, 1995, e volume 20, número 1 (estudo de Steven F. White), 1997, Virgínia, Estados Unidos.
Na imprensa, publicou artigos, reportagens, e alguns contos e crônicas. Participou com artigos ou ensaios em obras coletivas,caso do ensaio Vinte de novembro:história e conteúdo, no livro Educação e Ações Afirmativas, organizado por Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva e Válter Roberto Silvério – Brasília: Ministério da Educação/Inep, 2002.
Entre algumas distinções recebidas: menção honrosa da União Brasileira de Escritores, do Rio de Janeiro, pelo livro Banzo Saudade Negra em 1969; medalha cidade de Porto Alegre, concedida pelo Executivo Municipal em 1988; medalha Mérito Cruz e Sousa, da Comissão Estadual para Celebração do Centenário de Morte de Cruz e Sousa – Florianópolis-SC, 1998; Troféu Zumbi, obra de Américo Souza, concedido pela Associação Satélite-Prontidão, da comunidade negra de Porto Alegre, 1999; Comenda Resistência Civil Escrava Anastácia, da Rua do Perdão, evento cultural negro, Porto Alegre, 1999; e Tesouro Vivo Afro-brasileiro, homenagem do II Congresso Brasileiro de Pesquisadores Negros, realizado entre 25 e 29 de agosto de 2002 na Universidade Federal de São Carlos, UFSCAR, em São Carlos-SP – ato em 27 de agosto.
Atuação em outros grupos a contar de meados da década 1970: Razão Negra, Tição, Semba Arte Negra, Associação Negra de Cultura. Integrante da Comissão Gaúcha de Folclore. Conselheiro da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República – SEPPIR/PR, integrando, nesse órgão com status de ministério, o Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial – CNPIR, órgão consultivo, período 2004-2006.
Alguns exercícios em texto teatral paradidático (cenas, montagens simples) e música popularesca. Poemas musicados por Haroldo Masi, Wado Barcellos, Aírton Pimentel, Luiz Wagner, Marco de Farias, Paulinho Romeu, Flávio Oliveira, Vera Lopes-Nina Fóla, Lessandro e, na Suécia, pela compositora Tebogo Monnakgotla."
ORIGENS DO VINTE DE NOVEMBRO
ORIGENS
DO VINTE DE NOVEMBRO
"Assim, numa
breve definição, a Consciência Negra é,
em essência, a percepção
em essência, a percepção
pelo homem negro da
necessidade
de juntar forças com seus irmãos
em torno da causa de sua atuação –
a negritude de sua pele – e de agir
como um grupo, a fim de se
de juntar forças com seus irmãos
em torno da causa de sua atuação –
a negritude de sua pele – e de agir
como um grupo, a fim de se
libertarem das
correntes que os
prendem em uma servidão perpétua."
Bantu Steve Biko
prendem em uma servidão perpétua."
Bantu Steve Biko
por Oliveira silveira, professor e integrante do Conselho Nacional de Promoção a Igualdade Racial (2004-2007)
Foram
necessários 35 anos! E evidente há um relativismo nessa afirmação e...
exclamação. são 35 anos do que se pode chamar de período contemporâneo da
resistencia e das lutas negras no Brasil, quando já denominadas Movimento Negro
- período contado a partir de 1971. Esse foi um ano demarcador através da
primeira celebração nacional do Vinte de Novembro.
Novos
tempos se iniciam desdobrando-se em três fases: 1971-78 - a virada histórica;
1978-88 -organização, ações políticas,, protestos, posicionamento
estratégico...; e de 1988 rm diante - as conquistas mais concretas e palpáveis:
presença na Constituição, espaços públicos desde Fundação Cultural Palmares à
Seppir, reparações via ações afirmativas (cotas, reserva de vagas, programas e
áreas como saúde e educação, bolsas de estudos como as do instituto Rio
Branco),territorialidade negra, etc.
Foram
necessários 35 anos de ação continuada para chegar a algum retorno
significativo - muito significativo, aliás - ou para encaminhar outros, dando
sequência ao trabalho resistente de gerações e gerações negras ao longo de
cinco séculos. mas desde 35 anos com o Vinte de Novembro, fiquemos apenas com
as origens.
Daquele
treze a este vinte
A
evocação do dia vinte de novembro como data negra foi lançada nacionalmente em
1971 pelo grupo Palmares, de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. O grupinho de
negros se reunia costumeiramente em alguns fins de tarde na Rua da Praia
(oficialmente dos Andradas) quase esquina com Marechal Floriano, em frente a
casa Masson. Eram vários esses pontos de encontros, havendo às vezes algum
deslocamento por alguma razão. Pontos negros.
Na
roda, tendência à unanimidade.O Treze de maio não satisfazia,não havia por que
comemorá-lo. A abolição só havia abolido no papel, a lei não determinara
medidas concretas, práticas, palpáveis a favor do negro. E sem o Treze era
preciso buscar outras datas, era preciso retomar a história do Brasil. Nas
conversas , a república, o Reino, o Estado, o Quilombo dos Palmares (Angola
Janga) foi o que logo despontou na vista d'olhos sobre os fatos históricos.
As
fontes que levaram ao 20 de novembro de 1695 foram o fascículo Zumbi da série
Grandes Personagens da nossa história, editora Abril Cultural, 1969, o livro O
Quilombo dos Palmares, de Edson Carneiro (São Paulo: Editora Brasiliense, 1947
e, corroborando, a obra As guerras nos Palmares, do português Ernesto Ennes,
ditado na coleção Brasiliana (São Paulo: companhia Editora Nacional, 1938).
Foram
quatro participantes da primeira reunião, iniciadores da agremiação ainda sem
nome: Antonio Carlos Cortes, Ilmo da Silva, Oliveira Silveira e Vilmar Nunes.
Um quinto de nome Luiz Paulo, assistiu mas não quis fazer parte do trabalho. A
idéia era um grupo cultural com espaços para estudos e artes, notadamente
literatura e teatro. Afinal estavam bem presentes e atuantes os exemplos do
Teatro Experimental do Negro, o TEN, e da militância de Abdias do Nascimento,
exemplo do poéta Solano Trindade e do Teatro Popular Brasileiro. Era preciso
conhecer mais a história, debater as questões raciais, sociais. Vinham do
exteriorinstigações como socialismo versus capitalismo, negritude,
independências africanas e movimentos negros estadunidenses. A reunião foi por
volta de 20/07/1971 (e adotou-se esta como data inicial do grupo).
Já
na próxima ou em alguma das reuniões seguintes, ingressou Nara Helena Medeiros
Soares (falecida) e dois ou três meses adiante Anita Leocádia Prestes Abdad,
ambas consideradas também fundadoras.
O
local da primeira reunião foi a casa situada no número 303 da rua Tomás Flores,
bairro Bom Fim. Era uma casa de professores: José Maria Vianna Rodrigues (falecido
no ano anterior), Maria aracy dos Santos Rodrigues, Julieta Maria Rodrigues,
Oliveira Silveira, a menina Naiara Rodrigues Silveira, futura docente, e a
senhora Jovelina Godoy Santana, sem esse título mas guardiã de lições de vida
(longa). Ali haviam sido corroborados os estudos do Vinte de Novembro, e de
Palmares, com a leitura do livro de Ernesto Ennes, num esquecido e mal folhado
exemplar cedido ainda em vida pelo professor josé Maria. Lembrado e retomado em
momento oportuno, o volume passou a ser devidamente conhecido como valioso.
A
segunda reunião e algumas das seguintes, foram em casa de Antônio Carlos Cortes
e seus familiars, no prédio da Loteria estadual sito à Rua da Praia quase
esquina com a José Manoel. Foi onde e quando o trabalho nascente recebeu o nome
de Grupo Palmares.
A
denominação Grupo Palmares nasceu do conjunto de participantes da segunda
reunião devido as considerações de que Palmares parecia ser a passagem mais
marcante da história do negro no Brasilao representar quase um século de luta e
liberdade conquistada e sendo também um contraponto à "liberdade"
doada no dia 13 de maio de 1888, etc. Outras propostas de nome praticamente não
tiveram espaço.
Ao
expor brevemente essas considerações já compartilhadas desde as reuniões informais
do ponto da Rua da Praia, o componente que vinha estudando Palmares e tentando
uma vista d'olhos sobre a história (Oliveira Silveira) - estudos impulsionados
por aqueles encontros e diálogos - sugeriu a adoção e evocação do dia 20 de
novembro, morte heróica de Zumbi e final de Palmares, justificando:
*não
se sabia dia e mês em que começaram as fugas para os Palmares (lá por 1595);
*não
havia data do nascimento de Zumbi ou outras do tipo marco inicial;
*Tiaradentes
também era homenageado na data de morte, 21 de abril;
*A
homenagem a Palmares em 20 de novembro foi incluida no grupo na programação
elaborada para aquele ano e foi pocedida por duas outras - a Luiz Gama em
setembro e a José do Patrocínio em outubro.
Primeiro
vinte
A
homenagem a Palmares ocorreu no dia 20 de novembro de 1971, um sábado à noite,
no Clube Náutico Marcílio Dias, sociedade negra sita à avenida Praia de Belas
nº 2300, bairro Menino Deus, em Porto Alegre. O Marcílio, fundado em 4/7/1949,
foi um importante espaço físico, social e cultural perdido nos anos 80. público
reduzido, conforme o esperado, mas considerado satisfatório.
"Zumbi,
a homenagem dos negros do teatro" foi título da Folha da Tarde para a nota
publicada no dia 17. E nessa época de ditadura, em que os militares eram
chamados de gorilas, o teatro era muito visado. O grupo foi chamado à sede da
Polícia Federal para, através de um de seus integrantes, apresentar a
programação do ato e obter liberação da censura no dia 18.
A
homenagem a Palmares em 20 de novembro de 1971 foi o primeiro ato evocativo
dessa data que, sete anos mais tarde, passaria a ser referida como dia nacional
da consciência negra.
Virada
histórica e construção
A
partir de meados de 1972 a formação do grupo contava com Antonia Mariza
Carolino, Helena Vitória dos Santos Machado e Marli Carolino, além de Anita e
Oliveira. Um dos principais locais de reunião passou a ser o bar da Faculdade
de Filosofia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a UFRGS, que na
época era URGS. Anita Leocádia Prestes Abad, que em 1973 já não estava mais no
grupo. Helena Vitória dos Santos Machado e, a partir de 1976, Marisa Souza da
Silva foram integrantes cuja participação contribuiu decisivamente para o
ajuste do trabalho ao contexto das lutas sociais.
Uma
cronologia pode demonstrar o esforço continuado, marcando o Vinte de
Novembro,ano a ano até a sua total implantação no país.
1971
- Primeiro ato evocativo do Vinte de Novembro, a homenagem a Palmares em 20/11
no clube Náutico Marcílio Dias.
1972
– Sete páginas dedicadas a Palmares na revista ZH o jornal Zero Hora em 19/11.
Histórico de Palmares, depoimento do grupo, redigido por Helena Vitória dos
Santos Machado, poema de Solano Trindade com ilustração de Trindade Leal, um
conto, capa e ilustração da artista plástica negra Magliani (Maria Lídia), além
da ilustração de Batsow, imagens aproveitadas do fascículo Zumbi da Editora
Abril e fotos. Material organizado e redigido pelo componente Oliveira e
Editado por Juarez Fonseca, do Zero Hora.
1973
– de 6 a 20/11, exposição “três pintores negros” (Magliani J. Altair Paulo
Chimendes), palestra de Décio Freitas e o espetáculo “Do carnaval ao quilombo”
( música e texto.
Local:
Teatro de Câmara. Em treze de maio fora publicada no jornal do Brasil uma entrevista
concedida pelo grupo Palmares. Segundo informações, uma síntese de matéria
apareceu no jornal francês Lê Monde. Nesse e noutros anos, televisão e rádio
ajudaram na difusão da proposta.
1974
– Divulgação de manifesto através do jornal do Brasil, em matéria assinada por
Alexandre Garcia (repórter também na entrevista de 13/5/73). No texto, breve
histórico de Palmares “e outros movimentos negros”e indicação de bibliografia.
Maria Beatriz Nascimento (2002, p.48), atenta registrou.
1975
- Encontro do grupo Palmares e grupo Afro-Sul, de música e dança, no Clube de
Cultura, associação judaica. A seguir em 10 e 16 de dezembro, foram realizadas
em parceria com o clube duas palestras e Décio Freitas.
1976
– Lançamento do livreto “Mini-história do negro brasileiro”, na sociedade negra
Nós os Democratas. Da tentativa de reformulação surgiu posteriormente “História
do negro brasileiro:uma síntese”, um outro livreto editado pela prefeitura de
Porto alegre, através da SMEC, em 1986, assinado por Anita Abade outros. Nesse
ano em novembro, semanas do negro em Campinas-SP com o grupo Teatro Evolução e
em São Paulo com o Cecan e o Cebac. No Rio de Janeiro, conferir ações do IPCN,
por exemplo, entidade nova já atenta ao Vinte de Novembro.
Meses
antes em 1976, o grupo Palmares recebeu a visita de Orlando Fernandes, vice
presidente do IPCN, e Carlos Alberto Medeiros, vice-presidente de relações
públicas. O vinte ganhava adesões.
1977
– Ato de Associação Satélite-Prontidão, sociedade negra, com exposição da
minibiblioteca do Grupo Palmares e a presença do escritor negro paulista
Oswaldo de Camargo, convidado especial. O grupo Nosso Teatro, depois Grupo
Cultural Razão Negra, fez apresentação demonstrativa (não a caráter) de sua
montagem para a dramatização de “Esperando o embaixador“, conto de Oswaldo.
Além
de assinalar o Vinte de Novembro, o Grupo Palmares realizou outra atividades
como visita, estudo e divulgação da Congada de Osório-RS em 1973, aproximação
com sociedades negras (clubes) mural na sociedade 508 Nós os Democratas,
interação e intercâmbio com outros grupos ou entidades... Motivado pelo exemplo
de Porto Alegre foi criado em 4/8/1974 em Rosário do Sul – RS, o grupo
Unionista Palmares – data de registro para a fundação ocorrida em 21/7. A
partir de 20/11/2001º nome mudou para Grupo Palmares de Rosário do Sul.
A
primeira fase do Grupo Palmares de Porto Alegre, encerrou em 3 de agosto de
1978. Viriam outras duas, mais adiante. Mas o Vinte de Novembro já estava
implantado no país, já estava estabelecida a virada histórica e construído ao
longo de sete anos um novo referencial para o povo negro e sua luta. Para o
indivíduo negro, o homem ou mulher, sua auto-estima, sua identidade. Criança ou
adulto. Novo referencial para o Brasil,com atenções até no exterior, verificadas
mais tarde.
E
o Vinte de Novembro logo receberia a adesão importante do MNUCDR com a
denominação Dia Nacional da Consciência Negra. Receberia , na figura do rei e
herói o Festival Comunitário Negro Zumbi (Feconezu), para cidades do Estado de
São Paulo. E estava, através da imagem de Zumbi ou explicitamente, como data
negra, no Grupo Tição (1977-1980), de Porto Alegre, em sua revista nº 1, de
março de 1978; na seção afro-latina-América do jornal ou revista Versus em
outubro de 1978, São Paulo; na literatura negra, em “Cadernos Negros” nº 1, São
Paulo, o primeiro de uma grande série e com versos de Cuti, Eduardo de Oliveira
e Jamu Minka falando em Zumbi, em Ele Semong e José Carlos Limeira juntos em “O
arco-íris negro”, no Rio em 1978, ou em Abelardo Rodrigues de “Memória da
noite”, no mesmo ano em São Paulo. O Vinte de Novembro e seu espírito já
estavam muito bem incorporados à vida e à luta.
O
espírito do Vinte
O
historiador negro mineiro Marcos Antônio Cardoso (2002, p.47, 48, 66, 67) faz
justiça ao Grupo Palmares e sua iniciativa de marcar o Vinte de Novembro,
destacando a atuação do grupo no conjunto de ações do movimento negro ,objeto
de sua preciosa disertação.
O
grupo Palmares primou sempre por um detalhe: ser formado exclusivamente por
negros. Com isso, a iniciativa, as idéias e a prática do Vinte se constituem em
criação inequivocadamente negra, emergindo da própria comunidade negra e
seguindo caminhos próprios, com suas próprias forças e fragilidades . A
nominata consagra a importância do individual na composição de um grupo.
Grupo
Palmares – Porto Alegre,Rio Grande do Sul, Brasil
Fases:1971ª
1978; GT Palmares do MNU e autônoma novamente, ambas na ´cada de 80. A partir
de 1988 ou 1989 dilui-se em ramificações.
Iniciadores
– Antonio Carlos Cortes,Ilmo da silva, Oliveira Silveira, Vilmar Nunes, Anita
Leocádia Prestes Abad e Nara Helena Medeiros Soares.
Em
novas formações – Antônia Mariza Carolino, Gilberto Alves Ramos, Helena Vitória
dos Santos Machado, Margarida Maria Martimiano, Marisa Souza da Silva e Marli
Carolino.
Registre-se
ainda a passagem, pelo grupo, de Irene Santos, Leni Souza, Luiz Augusto, Luiz
Carlos Ribeiro, Maria Conceição Lopes Fontoura, Otalício Rodrigues dos Santos,
Rui Rodrigues Moraes e Vera Daisy Barcelos. Na segunda fase (GT Palmares MNU),
Cees Santos. Na terceira (Autônoma, pós MNU ), Hilton Machado. Estiveram
ligados de alguma formaao trabalho Luiz Mário Tavares da Rosa e Maria da Graça
Lopes Fontoura , além de um grupo de estudantes de ensino médio, entre os quais
Eliane Silva (Nany) e Aírton Duarte. O grupo Palmares contou, paralelamente,
com o apoio de um cpirculo de colaboradores e simpatizantes negros. Aliados, em
outro segmentos étnico-raciais, emprestaram também seu apoio, ocasionalmente.
O
Grupo Palmares sempre valorizou e destacou Zumbi como herói nacional que é, mas
preferiusempre centrar a evocação no coletivo: 20 de novembro - Palmares, o
momento maior (slogan em cartaz e convite em 1973). Ou então: a homenagem a
Palmares em 20 de novembro, dia da morte heróica de Zumbi. Afinal o Estado
Negro foi uma criação coletiva da negrada.
O
espírito do Vinte é negro, popular e se aninha junto à família negra: homem
negro, mulher negra, criança negra. Continuidade étnico-racial com identidade
cultural negra e poder político. Conjugadamente. Uma fórmula, três pricípios.
No espírito do Vinte. Ou raça, cultura, poder - em três palavras.
Surgindo
numa época em que eram internacionais as influências - da negritude
antilhano-africana, das independências na África, do socialismo europeu e dos
movimentos negros estadunidenses - o Vinte de Novembro, com todo seu potencial
aglutinador, era e continua sendo motivação bem nacional. Afro-brasileira.
Negra. Natural, portanto, que em seus 35 anos esteja contemplado numa agenda
nacional montada sob liderança da ministra Matilde Ribeiro e coordenada pela
Seppir, essa grande experiência, inédita e fecunda. Modelar, inspirando adoção
de organismos similares em outros países com peculiariade local e criatividade
própria de cada um deles. Mais: conduzindo internamente um processo importante,
necessário e, por vocação, irreversível.Sinal de que a luta valeu e vale a
pena. Sinal de que negros e negras, com adesão de aliados e aliadas construímos
e vivemos simtempos novos e promissores no Brasil.
Referências
bibliográficas
CARDOSO,
Marcos Antônio. O movimento negro em Belo Horizonte : 1978 - 1998. Belo
Horizonte: Mazza, Ed; 2002. 240 p.
SILVEIRA,
Oliveira. Vinte de Novembro: história e conteúdo, , in SILVA, Ptronilha Beatriz
Gonçalves e;
SILVERIO,
Valter Roberto (Orgs) . Educação e Ações Afirmativas: Brasília-DF: Mec/Inep,
2003. 270 p.
pelo homem negro da necessidade de juntar forças
com seus irmãos em torno da causa
de sua atuação – a negritude de sua pele – e de
agir como um grupo, a fim de se
libertarem das correntes que os prendem em uma
servidão perpétua." Bantu Steve Biko
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