terça-feira, 3 de março de 2015

OS BEIJOS MAIS INCRÍVEIS DA HISTÓRIA DA ARTE




'Os Amantes de Ain Sahkri' é o registro mais antigo do amor erótico

Da pré-História à África contemporânea, o beijo e seu poder de demonstrar o amor foram objeto de inúmeras obras de arte.

Aqui estão as mais icônicas – todas elas podem ser encontradas em alguns dos principais museus do mundo.
'Os Amantes de Ain Sahkri' ('circa' 10.000 a.C.)

Encontrada em uma caverna perto de Belém (atual Cisjordânia), esta escultura foi feita por volta do momento em que o Homem passou a fazer uma agricultura de subsistência. É também a imagem mais antiga que se tem do amor de conotação sexual. Apesar de o casal não ter rostos e de ser impossível determinar seu sexo, ele está claramente trocando um beijo: dois amantes, talhados de uma mesma pedra e unidos por milênios. A obra foi adquirida pelo Museu Britânico em 1958.

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Vaso de cerâmica com figuras vermelhas de Ática ('circa' 480 a.C.)


Os vasos clássicos da região de Ática, na Grécia, frequentemente retratavam beijos, mas raramente entre homens e mulheres. A demonstração pública de amor heterossexual era condenável, mas o afeto entre homens mais velhos e mais jovens era visto como algo puro e sagrado. O beijo que se vê neste recipiente, que pertence à coleção do Louvre, não é um beijo entre dois amantes na mesma condição: o homem barbado, mais velho, se aproxima do rapaz de rosto limpo, agarra seus cabelos e o puxa para mais perto.

'Hércules e Ônfale' (1735)


Imagens de beijos são surpreendentemente raras em pinturas do Renascimento – é mais comum vermos quadros em que Judas abraça Jesus do que dois amantes de lábios unidos. Mas no início do século 18, com a ascensão do movimento Rococó, o amor erótico passou a se tornar um tema mais frequente entre pintores ambiciosos. Aqui, François Boucher, um dos mais renomados artistas franceses do Antigo Regime, retrata o herói grego na cama com Ônfale, a rainha de Lídia, a quem ele serviu como escravo durante um ano, em outra obra pertencente ao Louvre.
'Eros e Psiquê' (1787-1793)


O artista veneziano Antonio Canova foi, de longe, o grande escultor do período neoclássico na Europa, e suas esculturas em mármore exibem um talento incomparável de dar vida a figuras de pedra. Também exibida no Louvre, sua obra-prima sobre o amor mitológico, na qual o deus Eros acorda Psiquê de um estado inconsciente, mostra a elegância e a sofisticação típicas de Canova – uma concorrência consciente dos iluministas com a arte da Grécia e da Roma antigas.

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'Uta Makura' (1788)


O erotismo foi um tema fundamental na gravura japonesa do Período Edo, e o artista Utamaro Kitagawa concentrou sua obra especificamente em cenas de amor e sexo. Esta é uma das imagens mais recatadas de seu impressionante Uta Makura (“Poema do Travesseiro”, em tradução livre), um conjunto de 12 gravuras com uma intensidade sexual praticamente nunca atingida por outro artista, e que hoje pertence ao Museu Britânico. Pintores ocidentais de gerações posteriores, como Manet e Toulouse-Lautrec, se inspiraram em imagens japonesas como esta para seus quadros que mostravam amantes e prostitutas.

'O Beijo' (1882-89)


Esta é uma das representações do amor romântico mais icônicas da arte ocidental: esculpidos pelo francês Auguste Rodin a partir de um único bloco de mármore, um homem e uma mulher se entrelaçam em um abraço. O casal é formado pela nobre Francesca da Rimini e pelo irmão mais novo de seu marido. Os dois foram surpreendidos e mortos pelo homem traído, em uma história que foi imortalizada em Inferno, de Dante. A obra está exposta no Museu Rodin, em Paris.
'Pigmalião e Galateia' ('circa' 1890)


Apesar de hoje ser mais conhecido por seus quadros que mostram haréns e encantadores de serpentes, o francês Jean-Léon Gérôme fez inúmeras pinturas e esculturas em torno de Pigmalião, o escultor que se apaixona perdidamente por sua própria obra. O mito de Pigmalião, tornado famoso pelo poeta romano Ovídio e depois popularizado por George Bernard Shaw, perdura como uma agradável fantasia sobre o amor eterno. Mas também é uma alegoria sobre a criação artística e sobre a fronteira perigosa entre o real e o ideal. Este quadro pertence à coleção do Museu Metropolitano de Nova York.

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'O Beijo' (1908-09)


Relegado a um papel coadjuvante na história da arte durante décadas, o austríaco Gustav Klimt recentemente passou a ter sua reputação reanimada – tirando o fato de ter este quadro como um dos principais atrativos para as hordas de turistas que visitam o Palácio Belvedere, em Viena, onde está exposto. Como todas as obras do chamado “período dourado” de Klimt, esta aqui emprega um intenso ornamento nas roupas douradas do casal, tão cuidadosamente entrelaçadas que os dois corpos parecem ser um só.

'Os Amantes' (1928)


Os lenços que cobrem os rostos dos amantes nesta icônica pintura são recorrentes na obra do belga René Magritte, e podem ter origem em uma experiência pessoal: o artista era adolescente quando sua mãe morreu afogada, com uma camisola cobrindo seu rosto. Nunca se soube se este quadro simboliza o amor verdadeiro, o amor frustrado ou o desconhecimento do amor. Até o fim de sua carreira, Magritte insistiu que suas composições surrealistas não tinham significado algum.

'LiTer II' (2012)


Um dos principais nomes da fotografia atual na África do Sul, Zanele Muholi se dedica a captar imagens das vidas de lésbicas africanas, como uma forma de ativismo contra a violência homofóbica e como uma homenagem a uma comunidade frequentemente excluída da representação pública. Em 2012, o apartamento da artista na Cidade do Cabo foi invadido por ladrões e suas fotos foram destruídas. Mas esta imagem ficou imune e é um testemunho da resistência do amor diante de qualquer tentativa de suprimi-lo. Pertence à Stevenson Gallery, da Cidade do Cabo.

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