quarta-feira, 30 de abril de 2014

RACISMO NÃO EXISTE. AS ARMAS É QUE GOSTAM DE MATAR JOVENS NEGROS

 Por: Leonardo Sakamoto

sakamoto
Há amigos que nunca foram parados em uma blitz policial. Normalmente, são brancos, caucasianos, bem vestidos, jeito de bom moço ou moça, com todos os dentes ou próteses bem feitas, dirigindo veículos que estão nos comerciais bonitos de TV. Aqueles com o relevo e a fauna características de nosso país, como montanhas nevadas e cervos.
Um deles, por exemplo, me explicou que pilota uma moto há tempos sem habilitação. “A polícia não para de jeito nenhum.” Enquadra-se perfeitamente na categoria acima descrita.  Recentemente, um róseo conhecido foi parado em uma batida. Ficou transtornado. “Como se atrevem? Acham que sou um qualquer?”
Por outro lado, há aqueles que cansaram de cair na malha fina da polícia. Quase sempre, negros ou pardos.
De tanto ser parado, um outro colega já encara como hábito. Perguntei se isso não o revoltava. Explicou, com um certo cansaço, que, desde moleque, era sempre a mesma coisa. Então, se acostumou. Já chegou a cair em duas batidas na mesma noite. Procuravam um meliante.
Sei que é assunto já tratado neste espaço, mas peço permissão para trazer a discussão de outro post. Pois uma pesquisa do Grupo de Estudos sobre Violência e Administração de Conflitos da Universidade Federal de São Carlos, lançada nesta quarta (2), apontou que a mortalidade de negros devido à violência policial é três vezes maior que a de brancos no Estado de São Paulo – apesar dos negros serem minoria.
Coisa que os jovens negros e pobres da periferia das grandes cidades paulistas já sabem há muito tempo.

Quando falamos em cotas raciais para acesso à educação superior ou a postos no serviço público, muita gente fica possessa. Dizem que cotas deveriam valer apenas para pobres, não para negros. Pois, às vezes, filhos de pais de pele cor parda nascem brancos ou negros. Ou, por vezes, uma pele negra esconde um perfil genético com grande participação de ancestralidade europeia.
Na minha opinião, a questão genética não deveria influenciar. O preconceito não se traduz quando alguém tem conhecimento da ancestralidade do outro (“Ei, sem preconceito! Meu tataravô era branco e alemão”), mas ao observar a cor ou diferenças étnicas. Porque mesmo que essas diferenças visuais digam pouco sobre a origem da pessoa, séculos de racismo deram um significado bem claro para determinada cor de pele. E isso não pode ser alterado sem enfrentamento.
Na prática, muitos não esperam para perguntar o perfil genético do rapaz negro que vem no sentido contrário na rua escura. Simplesmente, atravessam para o outro lado ou correm. Balas perdidas com o DNA da polícia não são guiadas pelo perfil genético e pouco se importam que um rapaz de pele negra tenha 70% de ancestralidade europeia. Talvez, posteriormente, o legista ache interessante.
E a herança desse preconceito não precisa ter sido sentida por gerações e mais gerações. Se uma criança nascer com a pele mais escura que sua família vai sofrer preconceito na sociedade mesmo que seus pais não tenham sofrido. Se for pobre, pior ainda. Tomando como referência a média salarial, os valores pagos para uma mesma função na sociedade coloca, em ordem decrescente: homem branco rico de um lado e mulher negra pobre do outro.
Ao me relacionar com os outros, não faço isso só. Imprimo séculos de biografias, séculos de acomodação cultural, de preconceitos e medos, reforçadas pela imagem do que sou hoje. Não só a genealogia pesa sobre os ombros, mas também a história e as condições sociais do país. De certa forma, no “agora” está presente toda a história humana.
A Justiça que se pretende fazer ao analisar e tentar reconstruir o Estado por um novo viés não é apenas a de saldar a dívida de uma escravidão mal abolida com os descendentes dos negros escravizados que não foram inseridos como deveriam no pós Lei Áurea. Mas sim a tentativa de mudar o pensamento e a ação de uma sociedade, ainda calcada na relação Casa Grande e Senzala, que trata as pessoas de forma desigual por conta da cor de pele.
Afinal, para muita gente, saber que alguém é negro já é o bastante.

DIZ QUE SOMIOS MACACOS MAS RECLAMA DE HAITIANOS NO BRASIL?


Fico descrente diante de comentários de colegas jornalistas, espumando preconceito e desinformação, criticando o “peso” dos imigrantes haitianos para a estrutura de atendimento de saúde, educação e assistência social e reclamando do estorvo econômico que é chegada desse pessoal.
Como se eles mesmos não fossem o resultado de pessoas que deixaram sua terra natal por desalento e esperança (quando a migração foi voluntária) ou trazida em porões de navios, quando não.
Os haitianos não vêm simplesmente buscando oportunidades – que não são encontradas no país abalado pelo terremoto de 2010, que matou 300 mil pessoas, pondo abaixo sua já frágil economia e frágeis instituições – mas também atendendo ao chamado brasileiro por mão de obra, assim como ocorre com os bolivianos. Sim, esse fluxo migratório atende a demanda por força de trabalho do Brasil, em que determinadas funções já não são preenchidas apenas por brasileiros, como empregadas domésticas, costureiras e operários da construção civil e de frigoríficos.
Sob a perspectiva mal informada de grande parte população, contudo, eles vêm “roubar” empregos. Isso quando o preconceito não descamba para o roubo de relógios, jóias, carros e casas.
A verdade é que muita gente, do Acre, a São Paulo, passando por Brasília, não sabe de onde vem o incômodo que sente ao ver centenas de haitianos chegando e andando pelas ruas brasileiras.
Tenho certeza que, se tivéssemos loiros escandinavos pedindo estada ao contrário de negros, a história seria diferente. Ou seja, para muita gente é racismo mesmo, com todas as letras. Com a sempre presente discriminação por classe social – negros ricos são menos queridos do que tolerados em uma sociedade preconceituosa como a nossa.
Algumas das pessoas que pensam dessa forma devem estar postando selfies com bananas, dizendo que somos todos macacos – um lema ridículo que faz uma crítica vazia, funcionando muito mais como modinha do que como instrumento de conscientização sobre as causas e as consequências do preconceito. Aliás, foi ótimo para mostrar o que já sabíamos: no dia a dia, #somostodosridículos.
Por fim, o fato da maioria de nossos antepassados ter sido explorada até o osso quando aqui chegou é mais um motivo para tratarmos com respeito os que, agora, chegam para ajudar nosso crescimento econômico e em busca de seu sustento.
haitianos são paulo trabalho
Haitianos buscam emitir carteira de trabalho em São Paulo (Foto: Alan Morici / Terra)
O governo (e, aqui, podemos listar todas as esferas envolvidas direta ou indiretamente) demorou para criar estruturas de acolhimento, atendimento e intermediação oficial de mão de obra de modo a evitar a superexploração de imigrantes que já começa a acontecer. Se o fluxo migratório boliviano ocorre, principalmente, para a capital e o interior do Estado de São Paulo, os haitianos espalham-se pelo país, com especial interesse nos Estados do Sul.
Enquanto isso, a sua vulnerabilidade se traduz em números: 21 foram libertados do trabalho escravo em uma ação de fiscalização do poder público em Cuiabá (MT), em uma obra do “Minha Casa, Minha Vida”. Outros 100 acabaram resgatados da escravidão em uma obra da mineradora Anglo American, em Conceição do Mato Dentro (MG) – ambos os casos no ano passado.
Coordenamos, há anos, uma “força de paz” no Haiti com o objetivo de ajudar a garantir a ordem e a reconstruir o país. O Brasil sempre disse que o Haiti deveria vê-lo como um grande irmão do Sul. Nada mais justo portanto que, no momento de necessidade, passarem um tempo na casa desse irmão. Ou, se quiserem, estabelecerem-se por aqui.
Ou não te incomoda agirmos como os idiotas agiam há 200, 100, 50 anos atrás?

segunda-feira, 28 de abril de 2014

25 IMAGENS DO ROMANCE À MODA ANTIGA: DO CORTEJO AO CASAMENTO

EXTRAÍDO DO BLOG CULT & PÓPI


Na virada do século 20, um conjunto de vinte e cinco fotografias estereográficas pintadas à mão, e com o charme da época, contaram a estória do período entre o noivado e o casamento.


Não há datas nos cartões, mas tudo indica que as estereografias abaixo sejam do final do século 19 ou do início do século 20. Infelizmente, está faltando uma das estereografias do conjunto, a de número 11, fazendo com que o número de imagens seja de 24. Talvez o cartão No. 11 esteja perdido em alguma estante da Biblioteca Pública de Boston, instituição que disponibilizou esse simbólico retrato do romantismo de uma era.

Observando essas imagens do primórdio da tecnologia 3D, é possível perceber a sutil ironia colocada na produção deste objeto de entretenimento que nos narra o rito do cortejo, do noivado e do casamento daquela época. As coisas mudaram muito desde então, mas é ainda possível encontrar resquícios daqueles valores da classe média europeia presentes nos rituais de núpcias dos dias de hoje.

Crédito para todas as imagens: Boston Public Library Collection/Flickr Commons (Descrição: impressão fotomecânica em cartão estereográfico: meio-tom, colorido; 9 x 18 cm.)

Do Cortejo ao Casamento

No. 1. O Tímido Pretendente Faz a Sua Primeira Visita.


No. 2. Segunda Visita. Melhor do Que a Visita No. 1.


No. 3. Terceira Visita. A Mãe Quer Saber Se Ele Retornará.


No. 4. Esperando Por Ele.


No. 5. Uma Hora da Manhã.


No. 6. Uma e Meia da Manhã.


No. 7. Uma e Quarenta e Cinco da Manhã.


No. 8. A Proposta.


No. 9. Mostrando o Anel de Noivado.


No. 10. “Minha Esposa A-Manhã.


No. 11. (O cartão que está faltando.)




No. 12. Decorando Para o Casamento.


No. 13. As Damas Prontas Para a Cerimônia.


No. 14. A Noiva Pronta Para a Cerimônia.


No. 15. A Marcha Nupcial.


No. 16. O Casamento.


No. 17. Colocando o Anel.


No. 18. A Benção.


No. 19. O Beijo do Noivo.


No. 20. O Beijo da Mãe.


No. 21. Os Parabéns do Pai.


No. 22. O Café da Manhã Nupcial.


No. 23. Emfim Sós.


No. 24. Casados e Assentados.


No. 25. “Eu Sabia Que Seria Um Menino”.



Para saber mais sobre fotografia estereográfica visite: Creating with LightJB BlogErnesto Leibovich


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Fonte: The Public Domain ReviewFlickr The Commons/From: Boston Public Library

RUDOLPH VALENTINO - COMO ERA A VOZ DO SÍMBOLO SEXUAL DO CINEMA MUDO?

EXTRAÍDO DO BLOG CULT  & PÓPI

Rudolph Valentino. Imagem: Reprodução/Internet

Rudolph Valentino, o símbolo sexual masculino do cinema mudo morreu em 1926 sem nunca ter atuado em um filme falado. Ironicamente, um ano após a sua morte, surge o cinema falado com todo o seu apogeu e glória. Isto levou muitos a imaginar como teria sido a voz de Valentino.

A tecnologia de sincronização de som e imagem já havia sido testada desde 1900, mas até 1926 ela foi usada somente em poucos filmes de curta duração e usavam somente músicas e efeitos sonoros. No ano da morte de Rudolph Valentino, a Warner Brothers junto a companhia Western Electric introduziram uma nova tecnologia de som em disco, onde o som era gravado em um disco de cera e depois sincronizado com o projetor de filmes. No mesmo ano a Warner lançou o filme “Dom Juan” (estrelado por John Barrymore e Mary Astor) com música e efeitos pré-gravados. O filme foi um sucesso, mas os estúdios se fecharam à nova tecnologia pela equivocada ideia de acharem que o filme falado não seria capaz de substituir o cinema mudo.

Em 1927, contudo, um ano após a morte de Valentino, o filme “The Jazz Singer” (O Cantor de Jazz) foi lançado como o primeiro filme originalmente falado, incluindo os diálogos, mudando para sempre a maneira de se fazer cinema. Mas os filmes falados tiveram um efeito devastador em inúmeras carreiras cinematográficas, pois os estúdios temiam que o público não aceitasse as vozes de algumas estrelas já conhecidas. Então, como teria sido a carreira de Rudolph Valentino após a introdução do filme falado?

Rudolph Valentino. Imagem: Reprodução/Internet
Ninguém pode ter certeza do que poderia ter acontecido a Valentino com o advento do cinema falado, como diz um artigo de Gilbert King para a Smithsoniam Mag, “Ninguém sabe se a voz de Valentino teria matado sua carreira nos filmes falados, e este foi assunto de inúmeros debates. Alguns disseram que seu sotaque era muito forte, outros que o conheciam muito bem diziam que sua voz forte, um rouco barítono, o teria ajudado a alcançar uma fama bem maior”.

No entanto a voz do astro do cinema mudo não foi perdida, como reporta Meg Boeni para o site Mental_Floss:

“Valentino gravou duas canções nos estúdios New York Brunswick Studios em maio de 1923. ‘Kashmiri’ e ‘El Relicario’ foram gravadas usando o processo acústico, como a voz do ator amplificada através de uma corneta de latão parecida àquelas usadas nos megafones. Esta tecnologia pré-microfone resulta em uma qualidade estridente tornando difícil determinar como a voz natural falada de Valentino realmente seria, mas o seu suave sotaque italiano e sua interpretação cheia de emoção fazem com que as duas gravações valham a pena serem ouvidas”.


El Relicario (1923)
  

Kashmiri Song (1923)


Quem foi Rudolph Valentino

Filho de mãe francesa e pai italiano, Rudolph Valentino nasceu (1895) e cresceu na Itália e foi batizado de Rodolfo Alfonzo Raffaello Pierre Filibert Guglielmi di Valentina d'Antonguolla. Ele imigrou para os Estados Unidos e chegou em Nova York em 1913 sozinho aos 18 anos de idade. Nesta cidade ele chegou a morar nas ruas e a dormir no Central Park onde trabalhou como jardineiro. Ele conseguiu emprego como Taxi Dancer (Dançarino Taxi), alguém que “dançava” com várias mulheres ricas durante a noite pelo preço de 10 centavos por dança. Alguns autores sugerem que nesta época também presou “favores sexuais” para homens e para mulheres e se envolveu em alguns pequenos crimes, dos quais ele foi exonerado.


Por ser bonito e bom dançarino, ele logo começou a se apresentar para alta sociedade. Após se envolver com uma dama da elite novaiorquina, esta pede o divórcio do marido, o quê leva Rudolph a testemunhar em defesa da dama. Isto leva o marido traído a conseguir uma prisão para Rudolph por alguns dias como vingança. A dama da elite mata o ex-marido durante uma batalha pela custódia do filho, e Rudolph se pira de Nova York. Várias estórias existem sobre como ele chegou até Hollywood. Uma delas diz que chegando em Los Angeles ele consegue papéis em filmes B, e também trabalhou como taxi dancer para mulheres ricas e como auxiliar de garçon em restaurantes. Existe o boato de que ele chegava para os testes cinematográficos em carrões emprestados pelas mulheres com quem ele “dançava”.


Rudolph carregava a aura e a aparência do belo homem sedutor e exótico, um tipo que era usado para papéis de ladões e vilões dos filmes. Mas após ser visto em um pequeno papel, ele foi escalado para o filme “Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse”, no qual o desconhecido Valentino fez o papel do personagem Julio, um “amante latino”. O filme foi um grande sucesso e lançou Rudolph Valentino ao estrelato, e seu nome nunca mais se separou desta imagem do sedutor amante latino. Bem, até que em 1921 quando Rudolph estrelou o filme “O Sheik” que se transformou em um fenômeno cultural, e para Valentino, esse se transformou o papel mais associado a seu nome.


Rudolph Valentino se meteu em mil escândalos e confusões matrimoniais em Hollywood e chegou a ser acusado de bigamia. Desentendimentos com as produtoras o levaram ao tribunal, e um processo acabou por lhe impedir de trabalhar em filmes. Durante o tempo fora das telas ele escreveu o livro de poesias Day Dreams, deu entrevistas e acabou promovendo um produto de beleza, Minervala Beauty Clay, através de uma turnê de dança, que se tornou um grande sucesso na Europa. Quando ele retorna aos Estados Unidos, ele volta aos estúdios cinematográficos.

Em 1924, Rudolph Valentino retornou de uma viagem à Europa exibindo o bigode que deixou crescer para um projeto de filme que nunca se materializou, “The Hooded Falcon”. Uma multidão de mulheres esperavam no pier por seu ídolo e pensaram que Valentino estivesse usando um disfarce para se esquivar delas. As fãs gritaram em protesto pedindo para que ele tirasse o bigode, e ele respondeu, “Não posso, ele cresceu naturalmente”. Nitrate Diva

Após mais escândalos e tumultos matrimoniais, brigas com jornalistas que questionaram sua sexualidade e o efeito de sua imagem de sheik na “homosexualização” dos jovens, romances múltiplos, filmes de sucesso, a morte de sua mãe, e amores interrompidos, Rudolph sofre de sérios problemas de úlceras. E após uma operação em um hospital em Nova York, seus pulmões encheram-se de líquido e uma infecção o matou no dia 23 de agosto de 1926. Valentino tinha 31 anos de idade, e muito embora muitas celebridades já haviam morrido antes dele, a reação do público foi intensa.

Após sua morte, a imagem de Valentino ficou ligada ao filme “O Sheik”, título que também se tornou um de seus apelidos, dentre os outros dois: o Grande Amante, e o Amante Latino. E é claro que uma grande histeria seguiu sua morte. Naquele mesmo ano o filme “O Filho do Sheik” foi lançado ao grande público, e os tabloides da época começaram a lançar rumores sobre sua morte dizendo que esta foi causada por um marido ciumento. E por décadas, uma mulher vestida de negro e com o rosto coberto por um véu teria sido vista todos os anos colocando 12 rosas vermelhas e uma branca no túmulo de Valentino, até que foi descoberto ter sido um golpe publicitário. Mas isto não impediu que outras mulheres seguissem tal ritual das rosas no túmulo do astro.

Rudolph Valentino. Imagem: Reprodução/Internet

Rudolph Valentino também é conhecido pelo seu talento e pelo amor que se dedicava à arte cinematográfica e lutou para ter controle artístico e criativo de seus filmes, como também elogiava aqueles também demostrassem tal paixão. Na verdade, Valentino valorizava tanto o cinema que ele mesmo iniciou a tradição de premiações em Hollywood alguns anos antes da premiação do Oscar ser criada. A primeira e única The Rudolph Valentino Medal (A Medalha Rudolph Valentino) foi dada ao ator John Barrymore—avô da atriz Drew Barrumore—pelo filme “Beau Brummell” de 1924, pelo próprio Valentino. Ou seja, Rudolph Valentino é um dos grandes mitos e lendas da história do cinema.

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Fonte: ImdbSMITHSONIANMAG.COMWikipediaThe Talking Motion Pictures, The Talkies American Studies—University of Virginia; Mental_FlossThe Internet ArchivesRudolph Valentino SocietyNo Strings Attached

OS TRAJES GROTESCOS E AS PROFISSÕES DO SÉCULO 17, DE LÁRMESIAN

Posted:2014-04-27 00:04:49 UTC-03:00 EXTRAÍDO DO BLOG CULT & PÓPI


O Alfaiate, Habit de tailleur
Tem a roupa adornada com fitas, carregando uma caixa de costura na cabeça. Água-forte, gravura. (Image: © Trustees of the British Museum).

A série de impressões da qual estas gravuras fazem parte, já recebeu vários títulos: “Les costumes grotesques et les métiers” (Os trajes grotescos e as profissões), “Costumes grotesques” (Trajes grotescos), e “Habits des métiers et professions” (Trajes das atividades e profissões). Composta de 97 gravuras, publicadas em 1695, a série obteve grande popularidade e teve várias edições e cópias feitas na época. O trabalho vem da famosa família Larmessin (ou L’Armessin) que foi uma famosa dinastia francesa de ativos gravadores, impressores, e vendedores de livros dos séculos 17 e 18.

O Ourives, Habit d'orfèvre
Corpo composto por uma mesa ricamente ornamentada que sustenta objetos de decoração feitos em metal. Água-forte, gravura. (Image: © Trustees of the British Museum).

O Marceneiro, Habit de meniusier
Tem o corpo composto por ferramentas e painéis de madeira, e carrega tábuas. Água-forte, gravura. (Image: © Trustees of the British Museum).

Mas qual membro da da famosa família é o autor desta série? Roger Armand Weigert, em um artigo que discutiu a família a fundo, atribuiu a autoria das gravuras excepcionais a Nicolas de Larmessin II (1638-1694, aprox.), que foi responsável por desenhar inúmeros livros de gravuras, calendários, almanaques, e várias impressões decorativas. No entanto, a série Costume Grotesques tem sido ocasionalmente atribuída a Nicolas Larmessin III (1640-1725, aprox.), como o faz o British Museum que têm parte da série em seu acêrvo. Isso cria a possibilidade dos irmãos terem trabalhado juntos nesta extensiva série de impressões.

O TanoeiroHabit de chaudronnier
Tem o corpo composto por caldeirões, panelas e coadores. Água-forte, gravura.
(Image: © Trustees of the British Museum).

Cada placa é composta de um personagem estilizado que representa um trabalhador, ou um vendedor ambulante, ou mercadores, no estilo do artista plástico do século 16, Acimboldo. As figuras são representadas com as vestimentas particulares de determinadas ocupações profissionais, seja pelas roupas, chapéus, etc. construídos com objetos e ferramentas correspondentes à cada ocupação.

O Vendedor de Bolsas, Habit d'malletier coffretier
Corpo composto de várias bolsas e malas. Água-forte, gravura. (Image: © Trustees of the British Museum).

O Músico, Habit de musician
Corpo composto por instrumentos musicais e outros acessórios musicais. Água-forte, gravura. (Image: © Trustees of the British Museum).

O Pescador, Habit de pescheur
Roupa composta de peixes e de uma rede de pesca utilizada como uma capa. Água-forte, gravura. (Image: © Trustees of the British Museum).

O Vendedor de Perfumes, Habit de parfumeur
A roupa do vendedor de perfumes é composta por leques e frascos de perfume. Água-forte, gravura. (Image: © Trustees of the British Museum).

O Jardineiro, Habit de jardinier
O traje do jardineiro é composto de frutos e legumes, e ele carrega várias ferramentas de jardinagem. Água-forte, gravura. (Image: © Trustees of the British Museum).

O Artesão de artigos de plumas e penas, Habit de plumassier 
Homem com traje adornado com penas, segurando um par de asas com sua mão esquerda e um espanador de pó feito de penas na mão esquerda. Água-forte, gravura. 
(Image: © Trustees of the British Museum).

O Serralheiro, Habit de serrurier
Corpo composto por uma fornalha e por ferramentas, sentado escarranchadamente em uma bigorna. Água-forte, gravura. (Image: © Trustees of the British Museum).

O Artesão de cintos e cinturões, Habit de ceinturier
A vestimenta é composta de cintos, o homem carrega várias ferramentas em sua cabeça e segura uma machadinha com sua mão direita. Água-forte, gravura. (Image: © Trustees of the British Museum).

O site Figure Ground Game analisa estas ilustrações barrocas dentro de uma tradição antiga de representação satírica da relação entre “vestuário” e “arquitetura”.

“Há um associação antiga entre vestuário e residência (habitat, habitação), uma ideia que conecta o ideal do ‘ornamental’ refletindo uma condição de decoro, compostura; o status do indivíduo mostrado tanto como em seus trajes pessoais quanto na moradia a qual ele habita. A tradição figurativa representada por Giovanni Battista Bracelli em sua Bizarie di Varie Figure, de 1624, é um possível antecedente deste e de outros artistas europeus que são parte de um gênero que atravessa vários séculos; um gênero que talvez tenha sido manifestado por último nas figuras do Homem de Lata de O Mágico de Oz, ou mais recentemente nos bonecos, animações e filmes dos Transformers”.

O Vinicultor, Habit de vigneronO vinicultor tem o corpo compost de vinho e toneis de Madeira. Água-forte, gravura. (Image: © Trustees of the British Museum).

O Comerciante de Queijos, Habit de laijettier
Homem com o corpo composto por estantes de mostruário, formas, coadores e bandejas. Água-forte, gravura. (Image: © Trustees of the British Museum).

O Taberneiro, Habit de cabaretierTraje compost de garrafas de vinho, jarras e videira, andando para a esquerda. Água-forte, gravura. (Image: © Trustees of the British Museum).

O Padeiro, Habit de paticier
Traje de padeiro composto de forno e vários utensílios. Água-forte, gravura. (Image: © Trustees of the British Museum).

Dentro desta visão do corpo se tornando moradia, vestuário e profissão, poderíamos quase afirmar que uma pessoa é aquilo que ela faz, ou que ela é aquilo que ela veste ou a moradia que reside, mas este seria o mesmo que julgar o livro por sua capa, o quê sabemos não funcionar eficazmente como método de decifração do conteúdo humano. Contudo, para nós hoje em dia, estas gravuras também funcionam como uma máquina do tempo pela qual nos deparamos com alguns do objetos e utensílios, que compõem alguns dos trajes e vestimentas, que nos são totalmente desconhecidos. Tais objetos e utensílios oferecem características que seriam facilmente reconhecidas no século 17 por representarem um lugar comum ao público daquela época.

O Ceramista e Vidreiro, Habit de verrier fayencierTraje compost de vários pratos, copos e pequenas garrafas. Água-forte, gravura. (Image: © Trustees of the British Museum).

O Comerciante de Quinquilharias de Ferro, Habit de quincaillier
Traje compost de vários instrumentos, sinos, cadeados, e armadura. Água-forte, gravura. (Image: © Trustees of the British Museum).

O Cesteiro, Habit de vannier
Traje composto de cestas, e a cabeça encimada por águia encanastrada. Água-forte, gravura. (Image: © Trustees of the British Museum).

Esta viajem no tempo tão longínqua em que podemos ver algumas profissões, ocupações e áreas específicas de trabalho que já desapareceram, também nos faz pensar nas ocupações profissionais que vimos e que veremos desaparecer do mundo contemporâneo.

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Fonte: Figure Groud GameTendências do ImaginárioThe British Museumio9Archive Today; Lueder H. Niemeyer