quinta-feira, 10 de abril de 2014

LEONARDO BOFF

do site Muito Além das Palavtas e Sentido

LUZES DO MUNDO - LEONARDO BOFF


Imagine se você fosse membro da igreja católica, um padre mais especificamente, pertencente à Ordem dos Franciscanos e decidisse questionar a estrutura de organização da Igreja Católica.


Você teria coragem para fazer isso? O brasileiro Leonardo Boff teve, e fez.





Leonardo Boff nasceu em Concórdia, Santa Catarina, aos 14 de dezembro de 1938. É neto de imigrantes italianos da região do Veneto, vindos para o Rio Grande do Sul no final do século XIX. Fez seus estudos primários e secundários em Concórdia-SC, Rio Negro-PR e Agudos-SP. Cursou Filosofia em Curitiba-PR e Teologia em Petrópolis-RJ. Doutorou-se em Teologia e Filosofia na Universidade de Munique-Alemanha, em 1970. Ingressou na Ordem dos Frades Menores, franciscanos, em 1959.


Durante 22 anos, foi professor de Teologia Sistemática e Ecumênica em Petrópolis, no Instituto Teológico Franciscano. Professor de Teologia e Espiritualidade em vários centros de estudo e universidades no Brasil e no exterior, além de professor-visitante nas universidades de Lisboa (Portugal), Salamanca (Espanha), Harvard (EUA), Basel (Suíça) e Heidelberg (Alemanha).


Esteve presente nos inícios da reflexão que procura articular o discurso indignado frente à miséria e à marginalização com o discurso promissor da fé cristã gênese da conhecida Teologia da Libertação. Foi sempre um ardoroso defensor da causa dos Direitos Humanos, tendo ajudado a formular uma nova perspectiva dos Direitos Humanos a partir da América Latina, com "Direitos à Vida e aos meios de mantê-la com dignidade".







De 1970 a 1985, participou do conselho editorial da Editora Vozes. Neste período, fez parte da coordenação da publicação da coleção "Teologia e Libertação" e da edição das obras completas de C. G. Jung. Foi redator da Revista Eclesiástica Brasileira (1970-1984), da Revista de Cultura Vozes (1984-1992) e da Revista Internacional Concilium (1970-1995).


Conta-se entre um dos iniciadores da teologia da libertação. É assessor de movimentos populares. Conhecido como professor e conferencista no país e no estrangeiro nas áreas de teologia, filosofia, ética, espiritualidade e ecologia.


A partir dos anos 80 começou a aprofundar a questão ecológica como prolongamento da teologia da libertação, pois não somente se deve ouvir o grito do oprimido, mas também o grito da Terra porque ambos devem ser libertados. Em razão deste compromisso participou da redação da Carta da Terra junto com M. Gorbachev, S. Rockfeller e outros.


Em 1984, em razão de suas teses ligadas à Teologia da Libertação, apresentadas no livro "Igreja: Carisma e Poder", foi submetido a um processo pela Sagrada Congregação para a Defesa da Fé, ex Santo Ofício, no Vaticano. Em 1985, foi condenado a um ano de "silêncio obsequioso" e deposto de todas as suas funções editoriais e de magistério no campo religioso. Dada a pressão mundial sobre o Vaticano, a pena foi suspensa em 1986, podendo retomar algumas de suas atividades.


Em 1992, sendo de novo ameaçado com uma segunda punição pelas autoridades de Roma, renunciou às suas atividades de padre e se auto-promoveu ao estado leigo. "Mudou de trincheira para continuar a mesma luta": continua como teólogo da libertação, escritor, professor e conferencista nos mais diferentes auditórios do Brasil e do estrangeiros, assessor de movimentos sociais de cunho popular libertador, como o Movimento dos Sem Terra e as comunidades eclesiais de base (CEB's), entre outros.


Em 1993 prestou concurso e foi aprovado como professor de Ética, Filosofia da Religião e Ecologia na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).


Junto com Mark Hathaway escreveu nos USA The Tao of Liberation. Exploring the Ecogoy of Transformation com prefácio de Fritjof Capra, ganhando a medalha de ouro da instituição Nautilus pela criatividade intelectual e o primeiro lugar dos livros religiosos do ano.

Recebeu os títulos de doutor honoris-causa em política pela Universidade de Turin em 1991, dr. honoris-causa em teologia pela Universidade de Lund (Suécia) em 1992 e dr. honoris-causa em teologia, ecumenismo, direitos humanos, ecologia e entendimento entre os povos pelas Faculdades de São Leopoldo em 2008 e dr. honoris pela Cátedra del Água da Universidade de Rosário na Argentina em 2010.


Foi assessor da Presidência da Assembleia da ONU na administração de Miguel d’Escoto Brockmann (2008-2009) e participa atualmente do grupo de reforma da ONU, especialmente quanto à Declaração Universal dos direitos da Terra e da Humanidade.




Leonardo Boff é adepto da teologia da libertação, que prega a religião como meio para a resolução de problemas e desigualdades sociais.

Em 8 de Dezembro de 2001 foi agraciado com o premio Nobel alternativo em Estocolmo (Right Livelihood Award).

Atualmente vive no Jardim Araras, região campestre ecológica do município de Petrópolis-RJ e compartilha vida e sonhos com a educadora/lutadora pelos Direitos a partir de um novo paradigma ecológico, Marcia Maria Monteiro de Miranda. Tornou-se assim ‘pai por afinidade’ de uma filha e cinco filhos compartilhando as alegrias e dores da maternidade/paternidade responsável. Vive, acompanha e re-cria o desabrochar da vida nos "netos" Marina , Eduardo, Maira, Luca e Yuri.


É autor de mais de 60 livros nas áreas de Teologia, Ecologia, Espiritualidade, Filosofia, Antropologia e Mística. A maioria de sua obra está traduzida nos principais idiomas modernos.

off também foi agraciado com vários Prêmios no Brasil e no exterior, em função de sua luta pelos direitos humanos, em favor dos menos favorecidos, dos fracos, dos oprimidos e marginalizados.


HISTÓRIA DA TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO





A Teologia da Libertação é sem dúvida alguma a maior expressão de sensibilidade que surgiu nos últimos trinta anos na história da teologia. Ela rompe com conceitos tradicionais da Igreja institucional introduzindo na história da Igreja ideias de igualdade social e direitos humanos, reivindicando para si como herança os lemas: liberdade, igualdade e fraternidade advindos da Revolução Francesa.

A Teologia da Libertação nasceu na Igreja Católica como resposta à contradição existente na América Latina entre a pobreza extrema e à fé cristã de maioria de sua população. Para essa teologia, esta situação de pobreza fere o espírito do Evangelho, ofendendo a Deus.

"A Teologia da Libertação encontrou seu nascedouro na Fé confrontada com a injustiça feita aos Pobres" - Leonardo Boff

A Teologia da libertação procura não se apegar ao “achismo” , misticismos e mitologias religiosos, mas através de uma cosmovisão no sentido natural das coisas, o que sentimos, vivemos nossas angústias, nossos desejos e nossas ansiedades.





A Teologia da Libertação é uma reflexão teológica que tem como proposta o comprometimento político da fé com a realidade histórica sob a perspectiva da luta por libertação das classes subalternas. Desenvolveu-se em um momento histórico-político da realidade latino-americana no qual o tema da revolução era o elemento mobilizador da cultura política.





A Teologia da Libertação foi um elemento integrante de uma cultura de contraposição à sociedade capitalista. Ao tentar unir a problemática terrena da transição da sociedade capitalista para uma nova sociedade com a temática teológica da libertação, a contraposição de Boff ganhou um caráter progressista, mas na contramão da modernidade.










A Teologia da Libertação percebe que amar a Deus não significa somente contempla-Lo. O Amor de Deus é demonstrado através do serviço aos pobres. “O serviço solidário ao oprimido significa então um ato de amor ao Cristo sofredor, uma liturgia que agrada a Deus”(BOFF).



A forma mais adequada encontrada pela Teologia da Libertação de ajudar os oprimidos é entende-lós como sujeitos ou agentes de sua própria libertação. Aqui o assistencialismo é substituído pelo entendimento que o pobre tem força, consciência e capacidade de transformar as relações sócias, descobrindo as causas que geraram a situação opressora em que se encontram. A articulação de movimentos que reivindicam melhores condições salariais ou de moradia, são exemplos de como os pobres atuam promovendo sua própria libertação.











Este pensamento teológico consiste na razão, aplicando os conceitos da fé cristã, com fins de libertação de uma sociedade que vivia reprimida, principalmente na área econômica.


A diferença entre os teólogos profissionais e os outros agentes da Teologia da Libertação está na Linguagem. A Linguagem dos teólogos profissionais é mais rebuscada, possuem maior rigor técnico, ao passo que a teologia popular te uma linguagem mais espontânea.


"Os cristãos e os teólogos da libertação fazem a opção pelo grito do negro, empobrecido e desprezado, arrancado à força das terras da África há quase quinhentos anos e presentes nas comunidades afro-americanas da América Latina e do Caribe".(BOFF)


Essa Teologia propõe a libertação política das pessoas e setores socialmente oprimidas. Libertação social para melhores condições de vida, uma mudança radical nas estruturas, resultante da criação contínua de uma nova maneira de ser e de uma revolução permanente.


Libertação pedagógica para uma consciência crítica através do que o pedagogo brasileiro Paulo Freire chamou de “conscientização”, sendo o cerne dessa conscientização o despertar da consciência das massas miseráveis que vivem a cultura do silêncio, para se inteirarem da dominação social, política e econômica que lhes é imposta.

A Teologia da Libertação tem como base o próprio evangelho, ela é fruto do confronto existente entre a fé e a realidade de milhões de pessoas que vivem em uma situação de miséria profunda. Ela é uma teologia popular, realizada a partir do povo e de sua realidade e suas necessidades.

Ela entende também que estar ao lado dos pobres é solidarizar-se com ele, é então lutar sua própria luta. Este é o seu significado e sua essência, estar com Deus é estar com os pobres. A fé deve ser uma fé salvadora e libertadora, capaz de produzir mudança para aqueles que precisam.



SLIDE - Leonardo Boff na Bienal do Livro em Brasília 2012

Leonardo Boff na Bienal do Livro em Brasília 2012


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Resenha de uma obra de Leonardo Boff,

A Águia e a Galinha



Por Cátia Manoela Gasparetto




A presente obra divide-se em sete capítulos, onde [L. Boff] conta a história de uma águia criada como uma galinha. Essa história é compreendida como uma metáfora da condição humana. Cada um poderá lê-la e interpretá-la conforme o chão que os seus pés pisam. Essa obra sugere caminhos, mostra uma direção e projeta um sonho promissor.


Ao ler a obra você vai se confrontar com duas dimensões fundamentais da existência humana: a dimensão do enraizamento, do cotidiano, do limitado, que é simbolizada pela galinha, e a dimensão da abertura, do desejo, do ilimitado, simbolizada pela águia. A partir disso o autor nos questiona em como equilibrar essas duas dimensões. E como impedir que a cultura da homogeneização afogue a águia dentro de nós e nos impeça de voar.

Para dar uma resposta convincente a esses desafios, o autor visita a moderna cosmologia, a nova antropologia, a psicologia profunda, a ecologia, a espiritualidade e a mística. O resultado é uma reflexão instigante que provoca entusiasmo na busca da identidade humana através da inclusão das contradições e da superação dos eventuais obstáculos nos níveis pessoal, social e planetário.


A história da águia e a galinha evoca dimensões profundas do espírito, indispensáveis para o processo de realização humana: o sentimento da auto-estima, a capacidade de dar a volta por cima nas dificuldades quase insuperáveis, a criatividade diante de situações de opressão coletiva que ameaçam o horizonte da esperança.


Mas não podemos nos limitar a ser somente galinha ou somente águia. Como galinhas, somos seres concretos e históricos, mas jamais devemos esquecer nossa abertura infinita, nossa paixão indomável, nosso projeto infinito, nossa dimensão águia. Se não buscarmos o impossível (a águia) jamais conseguiremos o possível (a galinha).


Cada ser humano tem uma estrutura básica que se manifesta mais como a águia em alguns, mais como a galinha em outros. Cada um precisa escutar essa natureza interior, captar a águia que se anuncia ou a galinha que emerge. Após escutá-las, importa usar a razão para ver claro e o coração para decidir com inteireza. Somente assim se conquistará a promessa de um equilíbrio dinâmico.


A história da águia e da galinha em nós evoca o processo de personalização pelo qual todo ser humano passa. Não recebemos a existência pronta. Devemos construí-la progressivamente. Há uma larga tradição transcultural que representa a caminhada do ser humano, homem e mulher, como uma viagem e uma aventura na direção da própria identidade.


Recusamo-nos a ser somente galinhas. Queiramos ser também águias que ganham altura e que projetam visões para além do galinheiro. Acolhemos prazerosamente nossas raízes (galinha), mas não à custa da copa (águia) que mediante suas folhas entra em contato com o sol, a chuva, o ar e o inteiro universo. Queremos resgatar nosso ser de águias. As águias não desprezam a terra, pois nela encontram seu alimento. Mas não são feitas para andar na terra, senão para voar nos céus, medindo-se com os picos das montanhas e com os ventos mais fortes.


Hoje, no processo de mundialização homogeneizadora, importa darmos asas à águia que se esconde em cada um de nós. Só então encontraremos o equilíbrio. A águia compreenderá a galinha e a galinha se associará ao vôo da águia.


A obra traz-nos uma compreensão de que cada ser humano tem suas próprias dimensões e devemos respeitar cada uma delas. Há momentos em nossa vida que devemos articular as relações e realizar a síntese a partir da realidade da águia e, em outros, a partir da realidade da galinha.


Na nossa atual humanidade e em nosso planeta, assistimos aos mandos e desmandos dos mais fortes, dos detentores do saber, do ter e do poder, que querem controlar, para nos reduzir a simples galinhas e nos subordinar aos seus interesses, mas é preciso que não aceitemos essa submissão, que rejeitemos os conformismos, os comodismos, porque essa dominação sempre será causadora de muitos sofrimentos à maioria da humanidade, diante da pobreza e da exclusão social. Por isso, é necessário que despertemos a águia que existe dentro de nós, para juntos construirmos um mundo melhor, onde todos possam participar e decidir, sem omissões, libertando-se da opressão.



LIVRO - A ÁGUIA E A GALINHA - PDF




AQUI






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