quarta-feira, 9 de abril de 2014

A TRAJETÓRIA DE SARAH VAUGHAN (DIVINA!)




Por Mara L. Baraúna

Sarah Lois Vaughan nasceu num gueto negro de Newark, Nova Jersey, a 27 de março de 1924.

Asbury “Jake” Vaughan, pai de Sarah, era carpinteiro de profissão, bem como pianista e guitarrista amador. Sua mãe, Ada Vaughan, era lavadeira e cantora no coro da igreja.

Aos sete anos, começou a tocar piano.

Aos 15, já fazia improvisações no velho órgão do Templo Batista Mount Zion , de cujo coro era a voz mais densa e afinada.

Menina ainda, costumava fugir de casa para ouvir as orquestras que eventualmente passavam pela cidade: Duke Ellington, Fletcher Henderson, Count Basie, Earl Hines.

Adorava jazz. Mais precisamente, os músicos de jazz que inventavam com seus instrumentos, quebrando regras da música bem-comportada que se ouvia na igreja. Estão nessa admiração aos entortadores de melodias e harmonias as sementes do seu estilo.

Sarah Vaughan trouxe para o jazz uma combinação de atrativos característicos e sem precedentes: um timbre e um vibrato ricos, muito bem controlados; um ouvido excepcional para a estrutura harmônica das canções, o que lhe permite mudar ou modular a melodia como um instrumentista faz com seu instrumento; uma ingenuidade modesta, às vezes sutil, alternada com um senso de grande sofisticação.


A trajetória de Sarah Vaughan

Dona de uma técnica vocal extremamente sofisticada, Sarah Vaughan seria a responsável por transportar para o canto as inovações técnicas desenvolvidas pelos músicos do bebop em seus instrumentos. Deste modo, se tornaria a voz favorita de músicos como Dizzy Gillespie e a mais representativa vocalista de jazz da década de 1940.

Foi muito criticada pelos puristas do jazz quando começou a emprestar sua voz a baladas românticas mais comerciais. Mas não ligou a mínima. Era mulher de grande personalidade.

Outras de suas características: o temperamento retraído, a intolerância para com os defeitos alheios e as crises de mau humor. Se estes aspectos a traziam para o lado comum do ser humano, a música a fez única, sobretudo, pelo estilo. Ou pela soma de qualidades.

Podia não ter a emoção de uma Billie Holiday, ou o timbre de uma Ella Fitzgerald, ou o intimismo de uma Lee Wiley, ou a elegância de uma Mabel Mercer. Mas tinha um pouco de cada e resistia a todas as comparações.

A trajetória de Sarah Vaughan


Nunca quis ser chamada como uma cantora de jazz. “Sou uma cantora, simplesmente”. Mas mesmo contra a vontade, acabou se consagrando como uma das mais completas cantoras de jazz de todos os tempos.

Sarah e o Brasil

Entre 31 de outubro e 7 de novembro de 1977, Sarah Vaughan gravou no estúdio da RCA, no Rio de Janeiro, o que seria o primeiro dos três álbuns dedicados à música brasileira. O Som Brasileiro de Sarah Vaughan, lançado em 1978 e editado no exterior com o título de I Love Brasil.

No ano seguinte voltou ao Brasil para gravar seu segundo disco, Exclusivamente Brasil (1980), para a Philips, com participação especial do violão de Hélio Delmiro.

O terceiro, Brazilian Romance, foi lançado em 25 de outubro de 1990.

Fez apresentações no Brasil dias 11 e 12 de agosto de 1989, no Hotel Intercontinental, no Rio de Janeiro.

Em 1982 gravou músicas de Gershwin com a Orquestra Philarmonica de Los Angeles . Entre as músicas escolhidas estava a fabulosa The man I love. Sarah ganhou o Grammy nesse ano.

Duas músicas marcaram o caminho de Sarah: Misty e Tenderly. Todos os seus shows eram encerrados com Misty.





Sarah diversificou seus temas e seu ritmo e gravou um CD com músicas somente dos Beatles, Sarah sings the Beatles.

Sarah Vaughan morreu aos 66 anos, de idade, vítima de câncer no pulmão. Após conquistar um lugar único na história da música popular americana cantando divinamente, sua morte desfalcou essa música de uma de suas intérpretes mais ricas a quem o mundo passou a chamar de Divina. E quando alguém indagou o motivo, Frank Sinatra não hesitou: “Porque ela não é desse mundo”.

Foi tema de um documentário: “Sarah Vaughan – The Divine One” , do diretor Gary Giddins.
Livros sobre a cantora:
Sassy: The Life Of Sarah Vaughan, de Leslie Gourse
Sarah Vaughan: singer, de Marianne Ruuth
Vídeos:
















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