Globo divulgou estimativa do Vaticano sem pestanejar, como verdade absoluta; o mesmo critério não foi utilizado para informar sobre o que acontecia em São Paulo
Por Alceu Luís Castilho (@alceucastilho)
A canonização de Madre Tereza de Calcutá reuniu 120 mil pessoas, neste domingo, na Praça São Pedro. É o que informou o Fantástico, ontem, na Globo. Reproduzindo – como um número inquestionável – a estimativa feita pelo próprio Vaticano. Observem a foto.
E agora observem a imagem da manifestação contra o governo Temer, também ontem, na Avenida Paulista:
Pergunta: quando vale a estimativa dos organizadores e quando não vale?
Qual o critério jornalístico? É visual? Ou de confiança em determinada instituição?
Se a correspondente italiana vier cobrir uma manifestação em São Paulo ela cravará a estimativa dos organizadores, sem questionar? (E sem pontuar que foi feita pelos organizadores?) Ou a estatística do Vaticano se perpetua como dogma?
Quantas dezenas (ou centenas) de milhares de pessoas percorreram a Paulista e Rebouças, ontem, até desembocarem em Pinheiros? (Onde alguns milhares viriam a ser massacrados pela PM…)
Mais que no “fora Collor”? Menos? Igual? Existe alguma regrinha interna para decidir como serão divulgadas as estimativas? Ou é o Ali Kamel quem decide? Ou o papa? Varia conforme o momento político? E os interesses da emissora?
A se julgar pelo cinismo da Globo, confirma-se aquela definição sobre estatística: “A arte de torturar os números até que eles confessem”.
E de tortura os defensores de ditadura entendem.
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