Tem cicatrizes de uma ditadura, que a História não esquece, e que permanecem imortalizadas na essência da iconografia.
"A igreja teimava em permanecer em pé, amparada no seu status de patrimônio histórico conquistado em junho de 1971, quando a demolição era mais do que uma ameaça. Nada que uma canetada em plena ditadura militar não resolvesse. No dia 13 de abril de 1972, o Diário de Pernambuco estampou como manchete a decisão do presidente Emílio Garrastazu Médici de retirar a Igreja dos Martírios do livro do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Era a sentença de morte para o prédio com fachada em estilo rococó e de onde saía a primeira procissão da Semana Santa, abrindo a quaresma."
- Diário de Pernambuco, Edição de 13 de abril de 1972.
- Diário de Pernambuco, Edição de 13 de abril de 1972.
Era os Martírios a casa do povo negro, sua História fundia-se com a resistência das tradições deste povo, seus traços e características ainda que num estilo Barroco Rococó traziam profundas nuances da essência africanizada na construção em detalhes que lembravam elementos afro. Era os martírios morada perpétua de mártires da escravidão, "casa de preto", morada de um Bom Jesus dos Negros. Mais tudo isso se foi com a arbitrariedade da falta de Democracia imposta por sangrenta e bárbara ditadura que impuseram a nossa História "O Martírio de uma Igreja", mais bem mais que isso, o Martírio das tradições de um povo, de um segmento de nossa sociedade, de um pedaço da História que se foi, sendo cicatriz em carne viva, que mesmo hoje ainda sangra, e é como um rasgo na carne em pleno centro do Recife eternizado hoje por uma avenida "moderna" que liga o nada a lugar algum. E assim os sinos dos Martírios não foram mais ouvidos, nem a procissão do Bom Jesus dali sairia, esta morreu como tantas vítimas da Ditadura Civil-Militar, no entanto ainda que morto nunca descansaram em paz.
Dai a necessidade de se preservar e se defender sempre a Democracia ante aos que a ela desejam através de Golpes, submete-la a tirania.#DemocraciaSim
fonte de imagem: Arquivo/DP/D.A Press
texto: H. C. Santos para o Olinda de antigamente.
texto: H. C. Santos para o Olinda de antigamente.
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