sábado, 17 de setembro de 2016

A QUEDA



Ass. Lid. PCdoB na Câmara
Cunha "ascendeu pela corrupção, pela chantagem, pelo constrangimento, pela compra de apoios".Cunha "ascendeu pela corrupção, pela chantagem, pelo constrangimento, pela compra de apoios".


















As quedas de Dilma Rousseff e de Eduardo Cunha mostram a diferença entre partidos de convicção (sem entrar no mérito da ideologia que professam) daqueles que agem por interesses menores, visando somente ao “lucro” (com aspas e sem aspas) imediato de suas ações.

O Partido dos Trabalhadores (PT), Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e Partido Socialismo e Liberdade (Psol) - este apesar das críticas aos governos petistas - mantiveram-se contra o impeachment, mesmo quando havia uma avalanche contra a ex-presidente Dilma Rousseff; quando manifestar-se contra o afastamento atraía xingamentos e agressões em lugares públicos.

Caíram defendendo uma ideia: a salvaguarda da democracia contra um golpe parlamentar ou a defesa das políticas dos governos petistas. Não recuaram; não se acovardaram; não capitularam a uma suposta “voz das ruas”, que sempre deve ser ouvida com cuidado, pois nem sempre está certa - e basta consultar a história para verificar essa verdade.

E o que aconteceu com Eduardo Cunha, que exerceu uma espécie de reinado na presidência da Câmara dos Deputados e chegou a ser chamado de “o homem mais poderoso da República”?

Cunha não construiu o seu poder à força de ideias, de programa ou de qualquer conceito de política, por mais troncha que seja a definição. Ascendeu pela corrupção, pela chantagem, pelo constrangimento, pela compra de apoios. Ele formou um exército de mercenários, pronto a atender ao seu comando mercantil.

Quando a fonte secou, Cunha viu-se só. Do topo - onde ficava a sua cadeira presidencial - e de onde distribuía raios e pautas-bomba -, viu-se isolado na planície do plenário. O PMDB atirou-a à arena dos leões, PSDB e DEM deram-lhe as costas e os partidos de aluguel esgueiraram-se para suas tocas. Seu exército de aluguel desertara.

Mas a história ainda não terminou. O sistema que permite a existência de “Cunhas” continua ativo. E, se nada for feito, outros surgirão para ocupar o espaço, pois, em política ou na máfia, não existe vácuo de poder.


*Plínio Bortolotti é jornalista do O POVO

Nenhum comentário: