sábado, 5 de abril de 2014

APRENDEMOS COM O PASSADO A NÃO COMETER OS MESMOS ERROS NO FUTURO

Mais de 700 processos sobre a ditadura militar estão na internet com a digitalização do arquivo 'Brasil: Nunca Mais'


 (Foto: Divulgação/Armazém Memória)FOTO: DIVULGAÇÃO/ARMAZÉM MEMÓRIA)



Bastou um dia na internet. Um dia para que os arquivos do 'Brasil: Nunca Mais' chegassem a mais pessoas do que nos últimos 30 anos em que o relatório ficou armazenado em papel. Online desde o ano passado, o enorme relatório de processos do Tribunal Superior Militar foi digitalizado em um processo que durou três anos e tinha como objetivo cumprir a intenção inicial de Dom Paulo Evaristo Arns e o pastor Jaime Wright: jogar luz sobre os abusos cometidos durante a ditadura.

“A capacidade que o digital tem de facilitar o acesso e a pesquisa é impressionante, inimaginável”, disse à GALILEU Marlon Alberto Weichert, procurador regional da República e coordenador do projeto. “Falta uma cultura de preservação no Brasil. Ela é fundamental porque aprendemos com o passado a não cometer os mesmos erros no futuro.”
(FOTO: DIVULGAÇÃO)

No total, o extenso relatório feito por Dom Paulo Evaristo Arns e o pastor Jaime Wright nos arquivos do Tribunal Superior Militar tem mais de 700 processos e 848 mil páginas. Arns e Wright vasculharam os arquivos entre 1979 e 1985 - os resultados da pesquisa viraram um livro e ficaram arquivados em papel, dificultando o acesso de pesquisadores e sujeitos à degradação provocada pelo tempo.

Quando foi feito o projeto inicial, os processos foram xerocados em Brasília e as cópias microfilmadas em São Paulo. De lá, as xerox ficaram armazenadas na Unicamp e os microfilmes foram para uma entidade em Chicago que funciona como uma espécie de consórcio de universidades para armazenar microfilmes relevantes. “Quando o Ministério Público foi consultar esse acervo da Unicamp, percebemos que ele estava se deteriorando, havia páginas faltando. E então resolvemos fazer a reconstituição do acervo já em formato digital”, explica Weichert.

A digitalização começou em julho de 2011 e durou pouco mais de dois anos. Todos os microfilmes, além do relatório que sintetiza os 710 processos, já foram digitalizados. A expectativa dos envolvidos é que, assim como os relatórios em papel já ajudaram a apontar responsabilidade dos torturadores, sua versão digital facilite o acesso à informação e à pesquisa.

O site tem todos os documentos, fotos, relatórios e guias que ajudam o visitante a se localizar no enorme material. O acervo é organizado por estado e por organização políticaVale a visita.

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