quinta-feira, 30 de abril de 2015

O governo do Paraná deu um tiro no meu pai -

Carolina, que vergonha ver uma situação dessas em que o govêrno acusa professores de terem atacado aos policiais e foram revidades. Meu coração está cheio de raiva só de pensar que muitos daqueles que foram às ruas e pedem a volta da ditadura e que são seguidores do disitinto governdor, devem estar exultantes.

Sinto pelo ferimento em seu pai, mas receba um carinho e um apoio sem tamanho, que mesmo distante vai chegar até você, seu pai e a todos os professores. (maristela farias)



Nesta quarta-feira, enquanto acompanhava pela internet a votação do projeto que altera a ParanaPrevidência, liguei preocupada para o meu pai, que está em Curitiba, lutando, mais uma vez, pelos direitos que deveriam ser a ele assegurados por lei. Quando me atendeu, ele estava dentro de uma ambulância, porque foi ferido na perna por uma bala de borracha. Minutos depois, vi essa imagem no site da Gazeta do Povo. Esse professor deitado no asfalto, sendo atendido pelo Corpo de Bombeiros, é o meu pai.

Meu pai trabalhou a vida toda como professor de educação física, e assim criou a mim e aos meus irmãos. Meu pai nunca roubou, nunca matou, nunca agrediu ninguém. Meu pai vive tentando pegar aulas extras, para que seu salário não tenha um valor ridículo. Meu pai é uma pessoa que sempre detestou brigas. Meu pai não é baderneiro, é um homem honesto e trabalhador, como foi a vida toda. Meu pai teria, portanto, o direito constitucional de ir e vir, mesmo em frente à Alep, mesmo dentro dela, já que aquele é um local público, e não propriedade dos deputados que ali estão, de passagem, porque foram democraticamente eleitos pelo povo, do qual meu pai faz parte.

A Justiça, contudo, está ao lado do poder, e proibiu a entrada de cidadãos paranaenses em uma casa que pertence a eles, que pertence a todos nós. Por isso, porque o Sr. Carlos Alberto Richa quer aprovar a todo custo um projeto que atropela os direitos de seu funcionalismo público, meu pai tomou um tiro de bala de borracha.

No dia 30 de agosto de 1988, quando o então governador Álvaro Dias soltou a cavalaria em cima dos professores, meu pai só não estava em Curitiba porque faltavam três meses para eu nascer e minha mãe pediu, pelo amor de Deus, que ele ficasse em casa. Hoje, quase 27 anos depois, eu vi uma foto do meu pai deitado no asfalto, sendo atendido pelo Corpo de Bombeiros, porque estava defendendo o que é seu, por direito.
Enquanto ele era atendido do lado de fora, do lado de dentro o presidente da Alep, deputado Ademar Traiano (PSDB), dava prosseguimento à sessão para aprovar o uso do dinheiro do meu pai - e de todos os professores e servidores estaduais - para pagar a conta do governo do estado.
 — com Dilson Bortolanza.

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