orre a poetisa Deborah BrennandO corpo da ex-esposa de Francisco Brennand está sendo velado na capela da Oficina Brennand, na Várzea. O sepultamento será no cemitério Parque das Flores
Viver/Diario - Diario de Pernambuco
Publicação: 27/04/2015 10:20 Atualização: 27/04/2015 10:36
Deborah na Oficina Brennand. Crédito: Teresa Maia/DP/D.A Press |
A poetisa Deborah Brennand faleceu na noite deste domingo, às 22h. Autora de livros Noites de Sol ou as viagens do sonho, O cadeado negro, Pomar de sombras, a pernambucana de Nazaré da Mata tinha 86 anos de idade. Assessores da família não informaram a causa da morte. O corpo da ex-esposa de Francisco Brennand está sendo velado na capela da Oficina Brennand, na Várzea. O sepultamento será no cemitério Parque das Flores, às 16h desta segunda-feira. Antes, uma missa de corpo presente será relizada na mesma capela onde está sendo realizado o velório.
Ocupante da cadeira 37 na Academia Pernambucana de Letras (APL), Deborah publicou o primeiro livro em 1965, O punhal tingido ou o livro das horas de D. Rosa de Aragão. Com Francisco Brennand, amigo até os últimos dias de vida, teve duas filhas, Maria da Conceição e Maria Helena.
A APL emitiu nota de pesar. "Deborah Brennand iniciou a vida literária publicando em antologias, incentivada pelo marido, o artista plástico Francisco Brennand, pelo romancista Ariano Suassuna e pelo poeta César Leal. A crítica especializada considera-a uma das maiores poetas nordestinas de sua geração."
A academia adiou a cerimônia de nomeação de dois novos membros, marcada para a noite desta segunda-feira, para 11 de maio. "É mais uma grande perda para a academia. Deborah representa uma poesia livre, espontânea, era uma pessoa iluminada", declarou Fátima Quintas, escritora e presidente da APL, no velório.
Em 2006, foram lançados dois filmes inspirados na obra de Deborah, ambos dirigidos pela cineasta Deby Brennand Mendes, neta da escritora: Letras verdes, um documentário sobre a vida e a obra, e Tantas e tantas cartas, uma ficção baseada no livro homônimo
Sem Preconceito
Senta no primeiro degrau
o mais baixo, todo esmagado,
onde a pedra se une à terra
sem preconceitos.
Ambas têm veios negros.
E sê atenta aos sinais
a alma é muda. Mas,
o coração entende
e traduz bem
o que ela diz calada.
Escuta e sê atenta
lodo e escorpiões
juntos nas frestas
fingem amorosa inocência.
Sem preconceito, são inocentes?
Anjo da Noite
Dá-me a ilha de Samos como brinde de noivado
BENGIERD
E sendo o ser todo ser
eu, vetusta ou jovem lusa,
dei o meu olhar de claridade
à vastidão única das brumas
e só no coração uma saudade
era de havidos campos,
campos quase não vistos,
ó enamorado de minha formosura.
Sombria ou ruiva foi a cabeleira
o pouso da coroa em garras.
Abutre no alvor da minha fronte
cravando unhas de diamantes
assim em disse que as mulheres
não deviam usar trajes escarlates.
Talvez dez dias e oito noites passassem
nas distantes florestas de Lorvão.
E o meu reino era cinzento em culpas,
o meu legado agouro e mal.
Ó enamorado da minha póstuma formosura,
por que de mim tão pouco sabes
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