segunda-feira, 27 de abril de 2015

Waris Dirie: Uma história real desta Africana da Somália

 Blog do Telmo Heinen















Waris Dirie Uma história real desta Africana da Somália
A heroína desta história real foi a primeira modelo africana a ter um contrato com exclusividade com a Revlon.
Em 1997, escreveu seu primeiro livro, sua autobiografia, Flor del desierto, publicado em Nova York
Em 2002, no segundo livro, Amanecer en el desierto, descreve sua viagem.
Em 2005,no terceiro livro, Niñas del desierto,conta o dia que rompeu o silêncio, seus fracassos e suas vitórias.
Em 2007, em seu quarto livro, Cartas a mi madre.
Waris Dirie disse que: “Este é meu livro mais intimista.Tem feridas que demoram a cicatrizar. O desejo de ver minha mãe de novo,..esquecê-la,… foi muito forte. Tive que compreender que o amor e o sofrimento estão muitas vezes conectados. Trabalhar neste livro foi doloroso, mas uma experiência realmente necessária para mim…
Nasci no deserto da Somália, não sei a idade que tenho. Só sei que cada dia é uma novidade. 33 anos? 36 anos?
Que diferença faz!, no deserto não tem papéis e não fazem falta. O deserto foi meu lugar durante toda minha infância, eu pastoreava o rebanho de camelos e cabras de meu pai.
O pior era andar descalça, o chão cheiode pedras,não podiamos comprar sapatos. Como me sangravam os pés!
Não tínhamos nada, nem casa, nem água, Éramos nômades…mas tínhamos o rebanho e a nós mesmos.
Estávamos bem! Unidos: minha mãe, Meus irmãos, meu pai me batia, mas…ele mandava. Era um homem forte, alto, decidido, guerreiro.
Mas devo dizer que anos depois, quando estava sozinha em Nova York, preferiria mil vezes um bofetão de meu pai a essa solidão.
Cheguei a Nova York por um milagre. Quanto tinha 13 anos fugi. Meu pai queria casar-me com um velho de 60 anos, pois ele lhe daria 5 camelos. Eu era diferente,rebelde. As meninas são educadas para trabalhar e serem oferecidas em casamento. Isso que os pais querem para suas filhas.
A mãe se preocupa para que sua filha seja limpa, virgem, por isso minha mãe, aos 5 anos, me levou para fazer ablação, por me amar. E eu, claro queria ser “pura e limpa”!
Na Somália se pratica a ablação mais severa: retiram o clitóris e os pequenos lábios da vagina.
A ferida é fechada deixando apenas uma abertura do tamanho da cabeça de um fósforo, para urinar e menstruar….
Minha irmã morreu com hemorragia e eu desde aquele dia…soube que nada mais poderia machucar-me. Somente temo a Deus!
Alá é o único que pode derrotar-me…
Quando comecei a falar sobre ablação nos Estados Unidos, me senti muita culpada, porque estava criticando a cultura de minha família amada.
Hoje dedico-me a conseguir meios para formar professores na Somália, educar as meninas, as mães…Tive êxito com minha mãe, vinte anos depois que fugi de minha casa e voltei à Somália.
Encontrei-me com minha mãe…e agora pensa como eu: Há esperança! Para fugir, cruzei o deserto.
Numa manhã acordei com um leão na minha frente, com sua enorme juba e lhe disse: Coma-me. Estou preparada…e ele se foi.
Esse dia soube que ALÁ reservara algo para mim… E fui encontrar-me com uma tia minha que estava casada com um diplomata da Somália enviado a Londres e pedi que me levassem como sua criada.
Nunca tinha visto brancos antes!
Me perguntava se queria mudar algo em meu Corpo? Se minhas pernas estavam tortas, mas não: e agradeço por elas, mesmo sendo herança de minha má nutrição infantil, mas me lembram quem sou.
A única formosura que valorizo é da alma. Devemos dar Graças por estar vivos…
Hoje não me falta nada…mas quando vejo água sendo desperdiçada me dá desespero. O que não fazem no deserto por uma gota de água!… Com o tempo, voltei a ver meu Pai. Roubaram seu rebanho e furaram-lhe os olhos com uma faca no deserto: Ficou cego…
Aquele homem tão poderoso e forte. Agora frágil e desamparado…Mas ainda de cabeça erguida!. Quando nos despedimos, confessou: “Você é como eu”.
Meu pai estava orgulhoso de mim . Chorei!
Waris Dirie se reencontrou com sua família, depois de 22 anos. A viagem de volta foi chocante. Atravessando o deserto, quis parar para socorrer a uma senhora que caminhava com os pés ensanguentados.
O chofer respondeu: “Não se preocupe, é apenas uma mulher”.
Como em um conto de fadas, Warie Dirie, se converteu em uma das modelos mais solicitadas da época. Um dia, enquanto esfregava pisos em uma loja, um fotográfo a descobriu. Logo, sua imagem era vista entre Paris, Londres, Itália e Nova York.
Waris Dirie deixou as passarelas, o cinema e a moda. Embaixadora das Nações Unidas, percorreu a África e conseguiu que 15 países fossem penalizados pela mutilação feminina.
Criou a Fundação Desert Dawn para lutar contra a violência.
No meu regresso a África, contei tudo aos jornalistas, em conferências, em programas de televisão, como defensora das seis mil meninas que são mutiladas por dia. Nada pode ser pior que urinar e menstruar por uma abertura do tamanho de uma ervilha.
“Não somos vítimas. Ajudamos a mulheres que querem melhorar de vida e que lutam por isso”.
“Não sei se existe algo chamado valor e não sei se tenho”, disse. Sou como a “Ave Fênix de Ébano’, renascida várias vezes de suas cinzas.
“Quem se colocar no meu lugar, perguntará se terei forças para chegar ao outro lado.
É algo que milhões de seres humanos fazem a cada dia, e é a esses que queremos ajudar”, propõe Dirie.
“Meu modo de ajudar é ser como sou; fazer o que faço cada dia. Convencendo as pessoas de que é possível mudar”
Dirie escreveu vários livros sobre sua vida e percorreu o mundo numa batalha sem descanso contra a ablação, mas assegura que, dia a dia, sua meta é levar a paz, o amor e o respeito que sempre tem buscado, um valor que “exijo do mundo, para mim e para todos”
Sherry Hormann, disse: “Fiz o filme (baseado na história original) porque sou mulher, mãe e um ser humano. Todos fomos crianças e as crianças deveriam estar a salvo de qualquer sofrimento” , comentou Hormann, que desde a primeira leitura do livro de Dirie colocou a “coragem da autora acima da tristeza”.
Hoje se dedica a seu filho ALEEKE de 13 anos e a sua gente.
Difícil encarar um olhar: O olhar onipotente de um leão.
Fonte: Blog do Telmo Heinen

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