Afinal, quem é este tal de movimento negro? Me perguntou uma gestora pública de 1º escalão;
Tenho assuntado e refletido e compartilho esta minha reflexão “interna pública”.
Tenho assuntado e refletido e compartilho esta minha reflexão “interna pública”.
Por Marcos Romão no Mamapress
Olha antes, antes de discutir pessoas, prefiro discutir métodos e idéias, assim evito ficar chamando pessoas de traidoras, negros da casa. colaboracionistas e coisa e tal. Até Malcom X que a negrada vive reproduzindo frases com fotos no facebook, reconheceu na sua maturidade e maior conhecimento político da realidade, que embarcar nos radicalismos das ideologias européias, não era o caminho certo.
Quando Malcon X passou a refletir as próprias contradições internas do MN americano e buscar modos de interpretação negras da realidade, foi fuzilado.
De 89 para cá, houve uma maior entrada de negros nos partidos políticos no Brasil.
Esquecidos da experiência no governo Brizola, que com a chancela de Abdias Nascimento, o MN discutia de igual para igual com o governo, e em sua maioria os representantes negros no partido do governo ou outros partidos, seguiam uma linha comum em suas reivindicações. E o que era mais importante ainda, até 1989 as lideranças dos partidos faziam questão de conversar com liderança negras com experiência de vida, como um todo e não como de um partido. Membros do movimento negro, ou negros que estavam em algum armário do partido, passaram a ocupar postos álibis nos mais diversos governo, como eu diria, só para Mandela ver.
Esta relação de paridade foi quebrada. O Marasmo do MN na década de 90 principalmente a partir de 94, ajudou à dispersão total. O que ficou do MN, para se relacionar com os governos estaduais e federais?
A turma da academia ligada a partidos políticos, se debandou para o “campo técnico” incentivado por Fernandinho e estão até hoje se revezando do quinto escalão prá baixo. Evitam fazer marolas, para não serem incomodados.
Os ligados aos partidos de oposição entraram em sua maioria para o PT, ou em outras siglas com bandeiras pré-queda do Muro de Berlim, e se dividiram lá dentro entre a mais de uma dezena de correntes e subcorrentes, de jeito que agora que estou conversando com muita gente, obtenho a informação que rolou muita porrada física, destruição moral, e rasteiras “petecostais” entre si, repetindo os “malfeitos das esquerdas brancas”.
Saber disso hoje, me ajuda a compreender a frase do Lulinha em 2009 na Alemanha, ao dizer que o Movimento Negro era muito dividido. O que na época eu entendi como ofensa, hoje sei por ver por mim mesmo, que ele se referia ao setor do MN dentro do PT( muitos, diga-se de passagem, que “sobreviveram” como técnicos no período Fernandinho.)
Resultado de tudo isto( tem muita mais coisa que se falar) é que o MN ficou sem interlocutores junto aos governos, tanto estaduais quanto, municipais ou federal. Tanto conselhos, como PIRs ficaram atrelados às estruturas partidárias, quase como um presente de consolação às suas minúsculas ações e raios de poder, dentro dos partidos. Lamentavelmente foram guetizados, dentro dos próprios partidos que defendem com unhas e dentes, mesmo quando o navio afunda.
Sou a favor que tenhamos negros nos partidos e nos governos, mas sou sobretudo a favor que retomemos uma linha nacional de ação independente e acima das questões partidárias..
De 82 à 86, tivemos no RJ tres secretários negros, no Trabalho, Promoção Social, e posso dizer por experiência própria, pois estava tanto no governo, quanto no MN, que não foram as mil maravilhas. Mas havia uma relação de confiança razoável que permitiu mudanças nas relações com todos os negros do Estado, apesar da forte oposição de esquerda branca clássica, que considerava Brizola um traidor da tal de “classe operária” e entregou a sucessão ao famigerado Gato Angorá Moreira Franco, que já no primeiro dia de governo, liberou a polícia para destruir todas as lideranças comunitárias das periferias que tinham vivido um período de relativa paz.
Destes núcleos de repressão do PMDB, junto com cegueira em qustões de segurança da esquerda clássica, surgiram as famosas milícias, que até hoje infernizam a vida de todos, principalmente os negros e negras, nas comunidades e favelas do RJ.
Outro efeito colateral da política de direitos humanos comandadas por negros e participação direta do MN na sugestão de políticas públicas durante este período, foi que até hoje a direita, além de dominar a segurança em nosso estado, demoniza qualquer tentativa de diálogo com as favelas, que não seja feita através das armas, pois Brizola e seu assassinado Comandante de Polícia Negro Nazareth Cerqueira, teriam sido coniventes com a bandidagem, vis a vis , os negros e negras.
Hoje, 2015, eu olho todos os negros e negras, dentro e fora do governo ( estes últimos a maioria) esmagadora ) com compaixão e carinho.
Fizemos muita coisa boa que beneficia muita gente, mas fizemos muita merda ao perdermos a visão política do todo da nação.
Fizemos muita coisa boa que beneficia muita gente, mas fizemos muita merda ao perdermos a visão política do todo da nação.
A principal titica feita, foi encararmos as nossas diferenças s ideológicas ou de posicionamento político, como divisão entre nós negros, Isto não é verdade. Lutar contra o genocídio do jovem negro, contra o racismo e por maior participação política dos negros e negras na gestão da nação, creio que são bandeiras comuns a todos , em maior ou menor grau. Existem muitas outra questões mais. Fico no momento por aqui dando um toque:
Não se desesperem pois o movimento social com um todo está na mesma condição ou pior que nós. Todos enfrentam os mesmos problemas, que são atrelamento e falta de perspectivas claras de como apresentarem suas reivindicações, além de se ressentirem da falta de definição sobre o que é governo e o que é movimento social.
Para superar isto não considero a proposta do Lula como uma idéia que nos ajude, pois apenas aprofundo este miserê político que vivemos.
Deste tipo de discussão já estamos fora vão fazer 13 anos.
Cuidemos de nós.
Chega de escutar o canto das sereias. Afinal acabei ficando com os cabelos lisos, depois de tanto me passarem as mãos na cabeça me pedindo para esperar mudanças.
#marcosromaoreflexoes
#marcosromaoreflexoes
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