Colunista Breno Altman confessa seus erros de análise sobre o sumo pontífice; "Há ano e meio escrevi artigo dos mais furados de minha vida jornalística", diz ele, relembrando texto em que apontava Francisco como a "contrarrevolução moderna"; "Desde então, o papa Francisco desmentiu praticamente todas estas arrogantes previsões. Além de enfrentar a corte vaticana e seus interesses, se lançou em cruzada para levar o catolicismo de volta ao convívio com os movimentos populares, abraçando sua causa", afirma; Altman destaca ainda o papel do papa no reatamento das relações diplomáticas entre Cuba e Estados Unidos
24 DE DEZEMBRO DE 2014 ÀS 10:13
247 - "Há ano e meio escrevi, para o Opera Mundi, artigo dos mais furados de minha vida jornalística. O título diz tudo, basta clicar para ter acesso ao texto: Papa Francisco é a contrarrevolução moderna", diz o colunista Breno Altman. "O equívoco, porém, foi tão estapafúrdio que seria vergonhoso não admiti-lo de público."
Altman cita parágrafos de sua análise equivocada. “A direita encontra, nesta renovação, bom motivo para entusiasmo. Um papa fortalecido e celebrado é instrumento notável para qualquer estratégia de redução da influência de esquerda nas camadas de menor renda, especialmente na América Latina.”
Depois, enumera os motivos que o levaram a rever sua posição. "Desde então, o papa Francisco desmentiu praticamente todas estas arrogantes previsões. Além de enfrentar a corte vaticana e seus interesses, se lançou em cruzada para levar o catolicismo de volta ao convívio com os movimentos populares, abraçando sua causa. Luta para reformar o discurso da Igreja sobre direitos civis, incluindo temas outrora proibidos, como o acolhimento da diversidade sexual e a defesa da saúde feminina frente aos dogmas religiosos. Estendeu sua mão para a esquerda latino-americana, apoiando experiências progressistas e desautorizando o vínculo de organizações católicas às conspirações conservadoras."
Ele ainda destaca o papel de Francisco na histórica reaproximação entre Cuba e Estados Unidos. "Como se não bastasse, o papa Francisco foi decisivo nas tratativas que levaram os Estados Unidos a reatar relações diplomáticas com Cuba, mais de cinquenta anos depois da ruptura", afirma.
"O primeiro a tentar abrir meus olhos sobre os enganos que cometia e divulgava foi João Pedro Stédile, o bravo líder do MST e da Via Campesina, atualmente um dos principais interlocutores leigos de Francisco. Demorei a lhe dar ouvidos. Aos poucos, contudo, fui me dando conta que havia sido contaminado por preconceitos e desvarios. Vivendo e aprendendo. Hoje reconheço que o papa lidera revolução no catolicismo, que deve ser observada e partilhada pelas forças progressistas do planeta."
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