segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

OUTUBRO 2015 - CENTENÁRIOS DE SILVINA BULLRICH, ANTONIO HOUAISS, MARISA VILLARDEFRANCOS. GRANDE OTELO - TEMPLO CULTURAL DELPHOS

CENTENÁRIO DE NASCIMENTO DE SILVINA BULLRICH
Silvina Bullrich
(escritora argentina)

Silvina Bullrich nació en Buenos Aires, el 4 de octubre de 1915. Fue novelista, cuentista, ensayista, traductora y periodista.
Se crió en un ambiente culto y de frecuentes viajes a París, tuvo acceso a la biblioteca de su padre y gozó del estímulo de una familia de intelectuales.
Comenzó a escribir en su adolescencia y logró publicar algunos de sus poemas en la revista Atlántida.
Entabló una gran amistad con Manuel Mujica Láinez, quien tiempo después la puso en contacto con Borges, Bioy Casares y los grandes de la generación anterior.
Durante años encabezó la lista de best sellers (Los burgueses vendió 60.000 ejemplares). Sus libros fueron traducidos a varios idiomas.
Como traductora tradujo libros de Graham Greene, Simone de Beauvoir, Béatrix Beck y Louis Jouvet entre otros.
En 1961 obtuvo el primer Premio Municipal por Un momento muy largo y El hechicero; en 1972, el segundo Premio Nacional a la prosa imaginativa del trienio 1969-1971.
En 1945 trabajó junto a Jorge Luis Borges en una selección de textos que se llamó El compadrito.
Los críticos han dividido su narrativa en dos vertientes: la feminista y la sociopolítica.
Falleció en Suiza en 1990.
Silvina Bullrich

Obras de Silvina Bullrich
1944 - La tercera version.
1951 - Bodas de cristal.
1956 - Teléfono ocupado.
1958 - Mientras los demás viven.
1964 - Los burgueses.
1965 - Los salvadores de la pátria.
1965 - Historias inmorales.
1966 - Los monstruos sagrados.
1970 - La aventura interior.
1975 - Te acordarás de Taormina.
___
Outras referências e fontes de pesquisa
:: ROUCO, María González. Silvina Bullrich: escribir en la Argentina. Letras-Uruguay.esapciolatino. Disponível nolink. (acessado em 17.12.2014).



CENTENÁRIO DE NASCIMENTO DE ANTÔNIO HOUAISS
(tradutor, crítico literário, filólogo, lexicógrafo e ensaísta)

Antonio Houaiss
Antonio Houaiss, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 15 de outubro de 1915 e faleceu no dia 07 de março de 1999, na mesma cidade.
Foi o quinto dos sete filhos de Habib Assad Houaiss e Malvina Farjalla Houaiss. Toda a sua formação intelectual foi no Rio de Janeiro no ensino público. Perito-contador pela Escola de Comércio Amaro Cavalcanti (1933); curso secundário de madureza (1935); bacharel (1940) e licenciado (1942) em letras clássicas pela Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil. Casou-se, em 1942, com Ruth Marques de Salles (falecida a 4 de julho de 1988) e não teve filhos.
Lecionou português, latim e literatura no magistério secundário oficial do então Distrito Federal, de 1934 a 1946, quando pediu exoneração, ao optar pela carreira diplomática. Foi também membro examinador de português de vários concursos promovidos pelo DASP para preenchimento de cargos públicos (1941 a 1943); colaborador permanente do DASP na elaboração de provas de português para o serviço público (1942-1945), professor contratado pela Divisão Cultural do Ministério das Relações Exteriores para lecionar português no Instituto de Cultura Uruguaio-Brasileiro de Montevidéu (1943 a 1945).
Na carreira diplomática, por concurso de provas em 1945, foi vice-cônsul do Consulado Geral do Brasil em Genebra (1947 a 1949), servindo também como secretário da delegação permanente do Brasil em Genebra, junto à Organização das Nações Unidas, e integrando representações brasileiras a assembléias gerais das Nações Unidas, da Organização Internacional do Trabalho, da Organização Mundial da Saúde e da Organização Mundial de Refugiados. Foi terceiro secretário da Embaixada no Brasil em São Domingos, República Dominicana, de 1949 a 1951, e em Atenas, de 1951 a 1953; primeiro secretário e depois ministro de segunda classe da delegação permanente do Brasil junto à Organização das Nações Unidas em Nova York, de 1960 a 1964; membro da Comissão de Anistia de Presos Políticos de Ruanda-Urundi que em Usumbura examinou os processos de 1.220 presos políticos, anistiados todos pela Assembléia Geral das Nações Unidas por proposta da referida comissão, em 1962; relator da IV Comissão da Assembléia Geral das Nações Unidas (tutela e territórios não-autônomos), em 1963.
A serviço do Ministério das Relações Exteriores, consolidou as 14.000 instruções de serviço no primeiro Manual de serviço (1947) desse Ministério, ainda vigente, com refundições. Foi assessor de documentação da Presidência da República, de 1957 a 1960, quando foram publicados 83 volumes documentais do qüinqüênio presidencial, segundo plano sistemário seu. Aposentado, em 1964, com a suspensão de seus direitos políticos por dez anos.
Foi secretário-geral do Primeiro Congresso Brasileiro de Língua Falada no Teatro, realizado em 1956, em Salvador, para o qual apresentou a tese que se tornou base das conclusões - normas da língua falada culta no Brasil - e encarregado da elaboração dos Anais respectivos (Rio de Janeiro e Salvador, 1958). Exerceu as funções de colaborador e pesquisador na Casa de Rui Barbosa, de 1956 a 1958 e de secretário-geral do Primeiro Congresso Brasileiro de Dialectologia e Etnografia (Porto Alegre, 1958), elaborando os Anais respectivos, publicados pela Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, em 1970.
Colaborou na imprensa do Rio de Janeiro e de São Paulo, tendo sido redator do Correio da Manhã (1964-1965). Membro da Comissão Machado de Assis, desde a sua criação em 1958, e da Academia Brasileira de Filologia, eleito em 1960. Editor-chefe da Enciclopédia Mirador Internacional.
Antonio Houaiss
Membro da Comissão para o Estabelecimento de Diretrizes para o Aperfeiçoamento do Ensino/Aprendizagem da Língua Portuguesa, instituída pelo Decreto n. 91.372 de 26 de junho de 1985, com relatório conclusivo de 20 de dezembro de 1985.
Exerceu o cargo de Delegado do Governo Federal para proceder nos países de língua oficial portuguesa (Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe), recebeu o convite de presença à realização do Encontro para a Unificação Ortográfica da Língua Portuguesa (janeiro - fevereiro de 1986), foi membro da delegação brasileira no Encontro para a Unificação Ortográfica da Língua Portuguesa, realizado no Rio de Janeiro de 6 a 12 de maio de 1986, do qual foi o secretário-geral e delegado porta-voz brasileiro.
Em 1988, organizou o Congresso Internacional de Tradutores, realizado no Instituto Internacional de Cultura (Campos - RJ), tendo sido o vice-presidente e o secretário-executivo do Encontro.
Foi nomeado para o Conselho Federal de Cultura, do qual participou até a sua extinção. Em 1990, recebeu o Prêmio Moinho Santista, na categoria Língua.
Ministro da Cultura do Governo Itamar Franco (1993); foi membro do Conselho Nacional de Política Cultural, do Ministério da Cultura (1994-1995), de que foi vice-presidente e renunciou dessa qualidade em abril de 1995. Foi presidente da Academia Brasileira de Letras (1996).
Quinto ocupante da Cadeira 17, eleito em 1º de abril de 1971, na sucessão de Álvaro Lins e recebido pelo Acadêmico Afonso Arinos de Melo Franco em 27 de agosto de 1971. Recebeu os Acadêmicos Antonio Callado e Sergio Paulo Rouanet.

Obras publicadas - primeiras edições
Crítica
Crítica Avulsa - 1960
:: Seis Poetas e um Problema - Estudos de Crítica Literária, Estilística e Ecdótica – 1967.
:: Drummond (inclui Seis Poetas e um Problema) – 1976.
:: Estudos Vários sobre Palavras, Livros e Autores – 1979.

Filologia e bibliologia
:: Tentativa de Descrição do Sistema Vocálico do Português Culto na Área Dita Carioca - Dialectologia e Ortofonia – 1959.
:: Sugestões para uma Política da Língua – 1960.
:: Introdução Filológica às Memórias Póstumas de Brás Cubas – 1961.
:: Elementos de Bibliologia - 1967
:: A Crise de Nossa Língua de Cultura – 1983.
:: O Português no Brasil – 1985.
:: O que É Língua? – 1990.
:: A Nova Ortografia da Língua Portuguesa – 1991.

Ensaio
:: A Defesa - 1979
:: Brasil: O Fracasso do Conservadorismo - 1985 - com Pedro do Coutto.
:: Socialismo e Liberdade - 1990 - com Roberto Amaral.
:: Variações em Torno do Conceito de Democracia - 1992 - com Roberto Amaral.
:: Socialismo Vida, Morte e Ressurreição – 1993.
:: A Modernidade no Brasil - Conciliação ou Ruptura? – 1995.

Dicionário
:: Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa* - 2001.

Gastronomia e Culinária
:: Magia da Cozinha Brasileira – 1979.
:: Receitas Rápidas - 81 Receitas de (até) 18 Minutos – 1985.
:: A Cerveja e Seus Mistérios – 1986.
* publicação póstuma
___
Referências e outras fontes de pesquisa
:: HOUAISS, Antonio. Língua e realidade social. (Texto escolhido). ABL. Disponível no link. (acessado em 17.12.2014).


CENTENÁRIO DE NASCIMENTO DE MARISA VILLARDEFRANCOS
Marisa Villardefrancos
(escritora española)

María Luisa Villardefrancos Legrande –cuyos seudónimos fueron en traducciones Legrain. Legrand, probable Leonor de Noriega; Marisa; M.Legrand y M.L.V.-, vino al mundo el 15 de octubre de 1915 en el municipio de Vedra al sur de Santiago de Compostela y en el límite entre las provincias de A Coruña y Pontevedra. Su padre Luis Villardefrancos, era empleado municipal y escritor en revistas, y su madre, María de los Dolores Legrande, maestra de instrucción primaria. Tuvo una única hermana, la menor, Gloria, que falleció mucho antes que ella al parecer de un derrame cerebral o un ataque cardíaco, puntos no esclarecidos ya que a Marisa le causaba un profundo dolor mencionar el tema de Gloria a quien quiso entrañablemente, y con quien escribiera algunas obras de teatro.
Marisa contrajo la poliomielitis a los cinco años quedando así marcada de por vida, problema que luego se agravaría, en su edad madura, con la extensión de un reuma deformatorio que llegó hasta inutilizarle las manos, por lo cual en los últimos años de su existencia tenía que dictar sus novelas.
Aprendió a leer y a escribir antes de los cinco años y muy poco tiempo después empezó a escribir cuentos. A los doce fue a ofrecérselos al director de un periódico. Estudió Magisterio y se diplomó en Estudios Superiores de Educación. A principios de los años 40 toda la familia se fue a vivir a Madrid.
Que se sepa, tras la muerte de sus más directos allegados, padres y hermana, no le quedan familiares que puedan hablarnos de ella, lo que dificulta grandemente cualquier investigación sobre su vida en aquellos años juveniles.
Se sabe, eso sí, que su talento le fue abriendo puertas ya que su primera editora fue Consuelo Gil Roësset, quien le fuera presentada por Julio Camba, contando además con la inapreciable recomendación de Wenceslao Fernández Florez.
Empezó escribiendo en las revistas Chicos y Mis Chicas, más adelante también escribe teatro para niños principalmente, luego llegará la radio y con la radio la Cadena SER y la difusión en las ondas de sus novelas Almas en la sombra, El Brezal de las Nubes y El caballero de los Brezos a los que seguiría la trilogía de El teniente médico Jefferson y muchísimos mas, publicadas por Ediciones Cid. Al crearse la Biblioteca de Chicas, editada por Gilsa, Marisa fue una de sus más asiduas colaboradoras, aparte de hacerlo también a lo largo de su vida, en colecciones de diferentes sellos.
La obra de Marisa Villardefrancos es inmensa y sus libros se cuentan por cientos, muchos de ellos los firmó con seudónimo; los de sus últimos años fueron para Editorial Bruguera que según parece por las informaciones recibidas de Vicente Maciá Hernández, amigo suyo hasta el final, le exigía entregarle de 3 a 4 novelas mensuales, esfuerzo más que sobrehumano en una persona sana y mucho más en una que, como ella, estaba enferma.
Esos años fueron muy tristes a nivel salud, cada vez viéndose más y más limitada, y a nivel económico, ya que todo lo que ganaba se le iba en medicinas.
Marisa Villardefrancos
Persona muy sociable y dotada de un gran corazón, tenía multitud de amistades, personas jóvenes en su mayoría, con las que hizo el papel de consejera y mentora, e incluso a veces hasta de madre con su ternura y comprensión, prueba de ellos es que “sus chicos”, como Marisa les llamaba, uno de ellos Vicente Maciá Hernández, no la han olvidado y la recuerdan con gran afecto y devoción.
Marisa Villardefrancos conoció las mieles del éxito y la popularidad porque fue una gran escritora de enorme sensibilidad, que escribía muy bien, documentadamente y con inteligencia. Cultivó la novela histórica con gran conocimiento de causa, historia antigua e historia moderna, pero fue encasillada en la novela romántica, “rosa” en el decir de la época, porque era lo que privaba entonces si pensamos en un tipo de público determinado, pero su novelística está a la altura de una Emily Brontë, un Rafael Sabatini, de una Baronesa D’Orzy, de una Daphne du Maurier, una Pearl S. Buck, o de una Vicki Baum.
En Alicante, donde residía debido a que el clima aliviaba sus dolores, falleció el 20 de junio de 1975 y su muerte tuvo que ver con una negligencia médica; acababa de regresar de un viaje a Madrid y recién llegada tuvo que ser internada de urgencia porque se encontraba muy mal y con una fiebre altísima. Ella era alérgica a la penicilina y los médicos estaban avisados, más a pesar de todo le inyectaron el antibiótico, “apenas le quitaron la aguja murió”.
Marisa era cataléptica por lo cual fue velada tres días por sus amigos y luego el certificado de defunción avaló su óbito.
Después silencio y olvido por parte de editoriales y gran público, una lamentable omisión hacia una escritora que fue de las mejores de su época y que bien merece que se resucite su obra.
___
Referências e outras fontes de pesquisa
:: Obras de Marisa Villardefrancos: guía temática e cronolóxica. Disponível no link. (acessado em 17.12.2014).
:: Portadas dos libros de Marisa Villardefrancos [Selección realizada por Enrique Martínez Peñaranda (Maio 2008). Fonte: arquivo de Enrique Martínez Peñaranda]. Disponível no link. (acessado em 17.12.2014).


CENTENÁRIO DE NASCIMENTO DE GRANDE OTELO
Grande Otelo
(ator, comediante, cantor, escritor e compositor brasileiro)

Grande Otelo, pseudônimo de Sebastião Bernardes de Souza Prata (Uberlândia, 18 de outubro de 1915 — Paris, 26 de novembro de 1993). Considerado um dos maiores atores do século XX, Grande Otelo foi um artista multimídia, tendo trabalhado no teatro, rádio, cinema e na televisão. Versátil e dono de uma consagrada expressão facial e corporal, destacou-se como ator, cantor, compositor, sambista e poeta. Seus personagens sempre tiveram um grande apelo popular, desde os tempos do Teatro de Revista, quando participou da Companhia Negra de Revistas, até quando interpretou Macunaína no cinema em 1969. Grande Otelo foi pioneiro e desbravador, primeiro artista negro a ocupar espaço de destaque no cinema e na televisão brasileira. 
Desde a infância vivida em Uberlândia, sua cidade natal, Sebastião sempre fora atraído pela rua e pelas manifestações populares, como o carnaval e as congadas. Ainda pequeno foi considerado um menino prodígio, pois atingiu a maturidade artística muito cedo. O filme “O Garoto”, de Charles Chaplin, apareceu como uma influência decisiva no seu encantamento pela carreira de ator. Outra grande influência foi o ator mirim norte americano Allen Clayton Hoskins, que participava da série “Our Gang”. Otelo teve sua primeira experiência como ator aos sete anos, fazendo uma participação no circo que passava pela sua cidade natal.
Na ocasião, Bastiãozinho, como era conhecido, apareceu vestido de mulher interpretando a esposa do palhaço, o que causou enorme comicidade e sucesso.
Grande Otelo, em Macunaíma (1969)
Em São Paulo, aonde veio residir ao lado da família Gonçalves que o adotara, Bastiãozinho ganhou o nome artístico Otelo, que o acompanharia ao longo da carreira. O apelido surgiu na Companhia Lírica Nacional, onde o garoto tomava aulas de canto lírico. Devido à sua voz de tenorino, o maestro julgou que um dia o menino cresceria e cantaria a ópera Otelo, de Giuseppe Verdi. Pela estatura pequena, o apelido inicial foi Pequeno Otelo. Mais tarde, a crítica carioca, através de Jardel Jércolis, o denominou Grande Otelo.
Contrariando a previsão do maestro, o menino não só não cresceu, como resolveu cantar samba e ser ator. Foi então que em 1926, com apenas onze anos, tomou parte, com grande sucesso, numa importante companhia de teatro de revistas, a Companhia Negra de Revista, composta exclusivamente por artistas negros, como Pixinguinha, que atuava como maestro, Donga, músico, e Rosa Negra, atriz e cantora. Mais tarde, na década de 30, foi trabalhando na companhia de teatro de revista de Jardel Jércolis que Otelo chegou como artista ao Rio de Janeiro, realizando seu sonho de infância.
A cidade maravilhosa logo seria adotada como a cidade de Grande Otelo, espaço ideal para o menino de Uberlândia que sonhava em ser um grande artista. Apreciador da vida noturna da cidade, Otelo foi também um de seus atores, seja na famosa gafieira do Elite, no bar Vermelhinho ou nos bares da Lapa. Entre 1938 e 1946, paralelamente a trabalhos na Rádio Nacional, rádio Tupi e outras emissoras, o artista foi contratado do antigo Cassino da Urca, onde realizou diferentes espetáculos, sempre com destaque. Foi lá, em 1939, que Otelo contracenou com a famosa atriz e dançarina norte-americana Josephine Baker, momento citado por ele como um dos mais importantes de sua carreira. Ao longo desta mesma temporada no Cassino da Urca, Grande Otelo compôs, em parceria com seu grande amigo Herivelto Martins, o famoso samba Praça Onze que faria muito sucesso no carnaval de 1942. É importante registrar que na época negros não podiam entrar pela porta da frente do Cassino da Urca, fato que só passou a acontecer depois que Grande Otelo foi contratado para atuar no palco do Cassino.  
Grande Otelo
No cinema, Grande Otelo foi uma das grandes estrelas da Atlântida cinematográfica, tendo protagonizado o primeiro grande sucesso da produtora, o filme Moleque Tião (1943), de José Carlos Burle. Também na Atlântida, Otelo formou, ao lado de Oscarito, a dupla mais famosa e bem sucedida do cinema brasileiro, que estrelou sucessos como Este mundo é um pandeiro (1946) de Watson Macedo, Três Vagabundos (1952) de José Carlos Burle, A Dupla do Barulho (1953) e Matar ou Correr (1954) de Carlos Manga. Em 1949 Otelo estrelou o filme Também somos irmãos ao lado de Ruth de Souza. O filme denunciou o racismo existente no Brasil e foi considerado o melhor filme brasileiro do ano pela crítica especializada, embora não tenha obtido sucesso de público. 
Após deixar a Atlântida em 1955, Grande Otelo ainda participaria de inúmeros filmes, com destaque para o clássico Rio, Zona Norte (1957) do cineasta Nelson Pereira dos Santos, considerado o filme que inaugurou o Cinema Novo. Outros grandes sucessos foram Assalto ao trem pagador (1962) de Roberto Farias e Macunaíma (1969), adaptação da obra-prima de Mário de Andrade, dirigido por Joaquim de Andrade, e que lhe rendeu o prêmio de melhor ator do cinema brasileiro do ano. Curiosamente, Grande Otelo também participou do inacabado It´s all true (1942) filmado no Brasil pelo renomado diretor norte americano Orson Welles, que o classificou como um dos maiores atores do mundo.
Grande Otelo
O teatro, sua primeira paixão, não deixaria de contar com suas belas interpretações. Entre 1946 até o final de sua carreira o artista brilhou em inúmeras peças e trabalhou com os mais diferentes diretores, como Walter Pinto, Juan Daniel, Carlos Machado, Geisa Bôscoli e Chico Anísio. Algumas de suas peças de bastante sucesso foram, entre muitas outras: Um milhão de mulheres (1947), Muié Macho, Sim Sinhô (1950), Banzo aiê (1956) e O homem de La Mancha (1973). Na década de 50, Grande Otelo passou a atuar também na televisão em emissoras como a TV Tupi do Rio e Tv Rio. Em 1965 foi contratado pela rede globo, participando de inúmeras novelas e programas humorísticos. Em 1986 participou da novela Sinhá Moça, de enorme sucesso, onde contracenou mais uma vez com a atriz e amiga Ruth de Souza.
Apesar de inúmeros sucessos, a carreira de Grande Otelo foi marcada por altos e baixos. Sua indisciplina e seu gosto pela boemia e pela bebida fizeram com que faltasse muito a ensaios e apresentações, o que gerou a fama de irresponsável, injusta, em sua opinião. Umbandista, foi através da religião, na cabana de Pai Jatum, que diminuiu o consumo de bebida alcoólica, no final da carreira. Recebeu inúmeras homenagens e prêmios pelo conjunto de sua obra.  Morreu em 1993, vitima de uma parada cardíaca.
___
Referências e outras fontes de pesquisa
:: Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira - Biografia  Grande Otelo. Disponível no link. (acessado em 04.12.2014). 

CENTENÁRIO DE NASCIMENTO DE ORLANDO SILVA
Orlando Silva (1953)
(cantor brasileiro)

Orlando Garcia da Silva (Rio de Janeiro, 03.10.1915 - Rio de Janeiro, 07.08.1978), Filho de Balbina Garcia e José Celestino da Silva, nasceu na estação do Engenho de Dentro, subúrbio carioca. O pai era violonista e, segundo depoimento do cantor ao MIS, participou de uma das formações do conjunto de Pixinguinha, os Oito Batutas, não viajando para o exterior com o conjunto, porque na época já era pai de três filhos. José Celestino faleceu quando o cantor tinha apenas 3 anos de idade. Teve cinco irmãos, mas foi ele o único com vocação musical. Em todas as apresentações de escola, era convocado para cantar, o que fazia escondido por sua grande timidez. Ao voltar do colégio, subia em um pé de amora e passava horas cantando, atendendo a pedidos dos vizinhos. Certa vez em um dos domingos de outubro na Festa da Penha, ainda de calças curtas, começou a cantar e o lugar passou a ser procurado "por ser aquele onde se apresentava aquele menino".
Foi entregador de marmitas, operário em uma fábrica de cerâmicas, aprendiz de cortador na fábrica de calçado Bordalo, situada na esquina da Rua Buenos Aires, entregador de encomendas da Casa Reunier. Quando estava nessa função, sofreu um acidente ao tentar tomar um bonde em movimento, que lhe causou a perda dos quatro primeiros dedos dos pés e transtornos para o resto da vida. Acredita-se que surgiu nessa época seu envolvimento com a morfina, droga utilizada para acalmar a intensa dor causada pela amputação dos dedos.
Orlando Silva, Wanderléa com 13 anos e Paulo Gracindo.
Após seu restabelecimento, foi trocador de ônibus, uma das poucas funções que podia desempenhar sentado. Por sugestão do motorista do ônibus, o português Conceição, se apresentou em um circo que estava em frente à empresa. O filho do dono da empresa, José Correia Lopes (Zezé), impressionado com a voz do cantor tirou-o do ônibus, passando-o para os serviços de escritório.
Seu irmão, Edmundo, grande incentivador de sua carreira, fez com que ele fosse à Radio Cajuti. Na Cajuti, ensaiou com o violonista Brito, preparando números para apresentar à Bevilacqua, o diretor da rádio. Depois de três, quatro tentativas de encontrar o diretor, numa das vezes foi ouvido pelo compositor Bororó, que o levou ao Café Nice para apresentá-lo a Francisco Alves.
Foram até o carro de Chico Alves, e começou a cantar um samba de Ary Barroso. Em seguida cantou a valsa "Mimi". Entusiasmado, Chico marcou um teste na Rádio Guanabara, para ouvi-lo ao microfone. O sucesso foi enorme, e Francisco Alves o convidou a estrear em seu programa. Em 1940, já no auge da fama, iniciou uma grande história de amor com a atriz Zezé Fonseca, relacionamento turbulento que perdurou até aproximadamente 1943. Acredita-se que por essa época o cantor tenha voltado a utilizar a morfina, comprometendo assim sua bela voz e carreira artística. Em 1947, uniu-se a Maria de Lourdes, com quem viveu harmoniosamente até seus últimos dias. Maria de Lourdes faleceu em 1993.
___
Referências e outras fontes de pesquisa
Orlando Silva
:: ALBIN, Ricardo Cravo. O livro de ouro da MPB - A História de nossa música popular de sua origem até hoje. Rio de Janeiro: Ediouro, 2003.
:: AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.
:: CARDOSO, Sylvio Tullio. Dicionário Biográfico da música Popular. Rio de Janeiro: Edição do autor, 1965.
:: DADOS ARTÍSTICOS Orlando Silva. Dicionário CBMPB
:: EPAMINONDAS, Antônio. Brasil brasileirinho. Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro, 1982.
:: MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.
:: SEVERIANO, Jairo e MELLO, Zuza Homem de. A canção no tempo. Volume1. São Paulo: Editora: 34, 1999.
:: VASCONCELOS, Ari. Panorama da música popular brasileira - volume 2. Rio de Janeiro: Martins, 1965.
:: VIEIRA, Jonas. Orlando Silva, o cantor das multidões. Rio de Janeiro: Funarte/Instituto Nacional de Música, 1985.

Documentário: Orlando Silva, o cantor das multidões

Nenhum comentário: