Acendi o cigarro, olhei para o céu e traguei levemente. Me distraí por alguns minutos… então senti cócegas no início da minha coxa. Quando olhei para o lado, ela já mordicava meu ombro enquanto seus pelos pouco aparados explicavam algumas das causas do que senti há pouco.
Seus cabelos aleatórios, enrolados e lisos, dançavam – pouco a pouco – com a brisa gelada e suave que estava a entrar. A vi subir na pontinha dos pés, me puxando pela barba – e beijando-a -, até sentir o cheiro da minha boca. Deslizou sua mão pelo meu braço, até chegar na minha, e pegou o cigarro. Desceu devagarzinho, suspirando pelo meu peito, e acariciando meus pelos, inspirou aquela fumaça, tossiu – timidamente – para o lado e voltou a recostar seu rosto sobre mim.
– Você disse que não fumava – falei, ainda preso as poucas estrelas que sobressaiam das nuvens.
– Também falei que era instável – ela retrucou, enquanto dava outro trago.
Sorri, esperei que ela espirasse e busquei aquele pequeno pedaço de prazer. Corri seu corpo inteiro até ele, ela fez questão disso, e então, sentamos. Comigo guardando-a no colo, enquanto terminávamos de nos conhecer.
“Você é linda.” – eu soltava entre uns carinhos e outros. “Eu também gosto de você.” – ela dizia…
“Fico feliz que estejamos aqui, gosto desse momento.” – eu falava, entre uma semana e outra. “Eu também gosto de você.” – ela dizia…
Porém, num dia, entre um afago e um sorriso, pude escutar um: “Senti saudade do seu beijo…”. Não respondi, dessa vez, apenas a beijei. Foi uma noite calma, esta.
Não tenho certeza de que dia é hoje, mas não creio que faça diferença, de fato. Seus cabelos instáveis, enrolados e lisos, sempre me fazem percorrer todo o caminho até seu universo pessoal. Adoro me perder por lá – diga-se de passagem. Por vezes deito num cantinho, perto de uma árvore, e a fico vendo fotografar pequenas flores e memórias que tivemos.
Levanto, ela já está dormindo… “Acho que estou apaixonado por esta menina.” – penso comigo. Acendo o cigarro, me pergunto onde deixei o beck, e dou dois passos até a janela. Respiro fundo, acaricio minha alma olhando para sua bundinha, e vejo que basta isso, basta se apaixonar pelo momento. Amanhã, outros virão, não os mesmos, não iguais, talvez com muitas afecções parecidas, mas nunca da mesma forma. E cabe a nossa consciência lidar com o presente, independente do passado, mas sem esquecê-lo. Somos eternos momentos, nunca existimos à parte de um.
– Psiu!
Olho para trás, ela está de bruços, perninhas pro alto, pezinhos cruzados e olhando pra mim da forma mais sexy que pôde imaginar – inspirada num clássico francês dos anos sessenta. Sorrio para seu espírito, e ajoelho para beijar seus pés. Deixo o cigarro ser atraído até seu cuidado e me perco mais uma vez em sua alma.
– Você sabe que dia é hoje? – pergunto, alguns minutos depois de algumas horas.
– O dia em que nós nos conhecemos.
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