Especialista mostra que é possível cultivar o otimismo e com isso ganhar saúde, satisfação e sucesso
Foto: Aline Casassa

No fim, tudo vai dar certo. Não deu? É porque ainda não chegou ao fim!
O que faz uma pessoa enxergar a vida com esperança, encontrar o lado bomnaquilo que lhe acontece, pensar que tudo vai funcionar, que ela será capaz de resolver eventuais problemas e fazer de sua vida algo positivo? O psicólogo e professor da Universidade da Pennsylvania Martin Seligman, autor do livro The Optimistic Child (A Criança Otimista, ainda sem tradução no Brasil), decidiu estudar o assunto depois de notar que existem pessoas muito satisfeitas mesmo vivendo em condições precárias e outras nem tanto, ainda que tenham mais posses ou facilidades.

Veja porque estimular competências como sociabilidade, curiosidade e dedicação no seu filho.
Martin começou a se perguntar: que fatores seriam determinantes para a sensação de estar de bem com a vida? Dinheiro? Saúde? Clima? Genética? Ele estudou diferentes países e situações. Descobriu, por exemplo, que ganhadores da loteria têm um período de felicidade e entusiasmo que dura cerca de 3 a 6 meses. “Passada a euforia, a tendência é que em um ano a pessoa volte ao mesmo patamar de satisfação com sua vida que tinha antes”, diz. Isso o levou a descartar o dinheiro como fator assim tão determinante.
Um processo semelhante acontece com pessoas que sofrem acidentes e, de uma hora para outra, ficam paraplégicas. O choque inicial causa tristeza, desilusão, pessimismo. Mas, passado um certo tempo, a pessoa tende a recobrar novamente o nível de satisfação anterior. Martin comparou ainda pessoas de países com maior ou menor incidência de sol, com diferentes tradições, com distintos tipos de educação.
O psicólogo concluiu que todos nós nascemos com um certo “nível de contentamento”, uma faixa dentro da qual nos movemos. Ou seja, geneticamente, temos maior ou menor tendência ao otimismo, bem como à depressão. Mas Martin descobriu também que é possível trabalhar nossas capacidades e investir naquilo que nos faz sentir melhor, para, desse modo, viver no nível mais alto da faixa que nos foi destinada.
Afinal, para que serve ser otimista?
Um estudo realizado com mais de 5 mil adolescentes australianos de 12 a 14 anos e publicado pela Academia Americana de Pediatria mostrou que níveis altos de otimismo reduzem pela metade a incidência de depressão, além de diminuir o uso de drogas, álcool e cigarro. Outra vantagem: os otimistas se envolvem menos em situações de risco, como brigas, dirigir sem carteira de motorista, fugir de casa, ser suspenso da escola ou pichar locais públicos. Outras pesquisas mostraram ainda que otimistas vivem mais, contraem menos doenças e tendem a ser melhor sucedidos em suas carreiras. A grande questão é: como cultivar esse sentimento?
“Eu nasci em uma família muito rabugenta, muito focada na falta. Sou a prova viva de que é possível mudar”, diz Mariana Sá, uma das fundador[[[[[[[[[as do MILC (Movimento Infância Livre de Consumismo) e mãe da Alice, de 9 anos, e de Arthur, de 4 anos, a quem ela tenta educar para viverem mais leves, enxergando o copo sempre meio cheio. “Era muito reclamona, mas percebi que me conectar com o presente e tirar dele o melhor que posso, me faz bem”, diz. Segundo Mariana, o segredo foi abrir mão de querer controlar aquilo que não governa, olhar as coisas em perspectiva e mudar o que está a seu alcance. “Se hoje me pego em um engarrafamento e sinto aquela vontade de começar a reclamar, digo a mim mesma: vamos fazer o melhor engarrafamento do mundo! Então ponho um som, aproveito para cantar, pensar, fazer ligações, olhar as árvores em volta.” A mudança de atitude parece ter funcionado. Outro dia, em um restaurante, Mariana e seu marido não gostaram muito da comida. Eles estavam comentando que era um absurdo cobrar aquele preço por um prato assim, tão gorduroso quando Alice disparou: “Que tal vocês aproveitarem? A comida já está ruim e a gente ainda vai comer com vocês reclamando?”
Aqui vão algumas dicas do professor Martin e da Mariana para que seus filhos fiquem tão espertos – e ligados no otimismo – quanto a Alice.




2. Ponha as coisas em perspectiva




3. Quebre a autoprofecia




4. Celebre a abundância




5. Ouça e encoraje seu filho




6. Leia boas histórias




Nenhum comentário:
Postar um comentário