O Mestre era homem famoso, mas Lin-Chi era ainda mais famoso do que o Mestre, porque o Mestre era homem silencioso e, através de Lin-Chi é que de fato se tornara famoso. Pois bem, o Mestre morreu — através também de Lin-Chi sabia-se que ele era um Iluminado — e milhares de pessoas se juntaram para prestar-lhe homenagem e dar-lhe o último adeus. Viram que Lin-Chi chorava, as lágrimas correndo como uma criancinha cuja mãe tivesse morrido. As pessoas não podiam acreditar naquilo porque pensavam que ele tivesse alcançado a iluminação — e ali estava ele, chorando como uma criancinha. E o povo pensava…”Isso é certo se a pessoa é ignorante, mas se a pessoa está Acordada, e quando ela própria tem ensinado que a natureza interior é imortal, eterna, nunca morre. . . e então?”
Uns tantos, que eram muito íntimos de Lin-Chi, vieram dizer–lhe: — “Isto não é bom, o que dirão de você? Já corre um boato, as pessoas julgam que estavam erradas ao pensar que tinhas alcançado. Todo o teu prestígio está em jogo. Pára de chorar! Um homem como tu não precisa chorar.”
Lin-Chi respondeu: — “Mas que posso fazer? As lágrimas vêm! É o seu Dharmata. E quem sou eu para estancá-las? Nem rejeito nem aceito: conservo-me dentro de mim. Agora as lágrimas estão fluindo, nada pode ser feito. Se o prestígio está em jogo, que esteja. Se as pessoas pensam que não sou Iluminado, isso é com elas. Que posso eu fazer? Há muito tempo abandonei aquele que faz. Não há mais aquele que faz. Isto simplesmente acontece.
Estes olhos estão chorando por sua própria iniciativa, porque não poderão mais ver o Mestre — e ele era alimento para estes olhos, eles viviam desse alimento. Sei muito bem que a alma é eterna, que ninguém jamais morre, mas como ensinarei isso a estes olhos? Que lhes direi? Eles não ouvem, não têm ouvidos. Como ensinar a estes olhos que não chorem, não lacrimejem, que a vida é eterna? E quem sou eu? Isso é assunto deles.
Se têm vontade de chorar, que chorem.”
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