Mundo América
Nuno Paixão Louro

Quando há pouco mais de um mês Loretta Lynch tomou posse como secretária da Justiça dos Estados Unidos, poucos podiam prever numa das frases do seu discurso, o desfecho que agora conhecemos: "Ninguém é grande demais para a cadeia. Ninguém está acima da lei", disse na altura e, na quarta-feira, 27 de Maio, o mundo percebeu o que queria dizer.
Mas quem é esta mulher de 56 anos, que conseguiu pôr na cadeia oito dirigentes da FIFA e que pôs o mundo do futebol internacional em alvoroço, ao revelar um escândalo que poderá provocar ainda mais estragos?
Loretta Lynch é a primeira mulher negra a dirigir o Departamento de Justiça norte-americano, que corresponde ao nosso Ministério da Justiça, e assumiu o cargo há apenas um mês.
Nasceu em 1959 na Carolina do Norte, nessa época um estado segregacionista, onde as leis para brancos e para negros eram diferentes. Mesmo assim, o pai, Lorenzo Lynch, um pastor protestante, fazia questão de levá-la a assistir a julgamentos, por pensar que a lei podia contribuir para alterar a situação.
Na escola era excelente aluna. Tão boa que, como contou Lorine, a mãe, à BBC, no 2.º ano, com cerca de oito anos, teve de repetir um teste porque as professoras desconfiaram que os resultados eram demasiado bons: "acharam que havia alguma coisa errada, porque ela era afro-americana e os alunos brancos tinham tido notas mais baixas". Porém, no segundo teste, as notas foram ainda melhores.
Não foi este episódio que a demoveu de cumprir o seu sonho de criança: estudar numa das mais prestigiadas universidades americanas, Harvard. Em vez de uma licenciatura acabou por fazer duas – a primeira em Literatura Inglesa e depois, finalmente, Direito.
Em meados dos anos 80 foi trabalhar para o escritório de advogados Cahill Gordon & Reindel, em Nova Iorque. Já no final dos anos 90, foi nomeada pelo então Presidente Bill Clinton para a Procuradoria do Distrito Leste de Nova Iorque.
Como procuradora, tem uma carreira recheada de processos que envolvem desde políticos a polícias, terroristas, mafiosos e até algumas das maiores instituições bancárias do mundo. Era conhecida por manter a calma, mesmo nas situações mais complicadas.
Em Novembro de 2014, Barack Obama indicou o seu nome para preencher o lugar de secretária da Justiça. Em Abril passado, o Senado deu finalmente luz verde à sua nomeação depois de um braço-de-ferro que foi atribuído a questões políticas entre republicanos e democratas, mas que muitos acreditam ter a ver apenas com discriminação racial.
As investigações sobre a FIFA que agora vieram público, são fruto de um trabalho de vários anos que começou ainda no tempo em que Lynch era procuradora em Brooklyn e se intensificaram no período entre 2010 e 2015.
Nenhum comentário:
Postar um comentário