terça-feira, 25 de março de 2014

A ESQUERDA DE FRANCISCO JULIÃO E A DE LUIZ CARLOS PRESTES


        

                                                                        

Em viagem a Cuba em 1963, os dois líderes esquerdistas brasileiros revelaram posições divergentes em relação à luta armada


Em março de 1963, um ano antes do golpe que depôs o presidente João Goulart, Luiz Carlos Prestes e Francisco Julião estiveram em Cuba. Um dirigia o Partido Comunista; o outro organizara as Ligas Camponesas. Conforme telegrama transmitido pelo encarregado de negócios da embaixada do Brasil em Havana, José Maria Diniz Ruiz de Gamboa, Prestes e Julião se sentaram à mesa com os principais dirigentes da Confederação Cubana de Trabalhadores e se encontraram em separado com Fidel Castro. Ainda segundo o despacho, eles “fizeram ampla exposição sobre a situação política brasileira”.

O diplomata registrou no documento que as opiniões de Julião e Prestes eram bastante divergentes. Julião sustentava que, no Brasil, existiam “condições necessárias para uma revolução”. Reiterando que estava pronto para fazer essa revolução, disse que já havia enviado doze militantes para um breve curso de capacitação militar na ilha.

Já Prestes era mais cauteloso. De volta de uma viagem à União Soviética, afirmava aos líderes cubanos que seria “criminoso” optar pela luta armada no Brasil, nos moldes da Revolução Cubana de 1959. De acordo com Prestes, apesar das contradições, o país respirava democracia: “Não há presos políticos e é possível atrair a burguesia para a formação de uma frente única que conquiste o poder pela via evolutiva”

Consta ainda do telegrama da embaixada brasileira que Prestes e Julião evitaram uma entrevista em comum, “conscientes de que suas divergências são irremediáveis”.

A essa altura, Fidel Castro patrocinava a armação de bases guerrilheiras no interior do Brasil. Desde 1962, quando caiu em Lima, no Peru, um avião da Varig com um correio diplomático cubano, os governos do Brasil e dos Estados Unidos conheciam até mesmo a correspondência de um representante de Castro que visitara Goiás e estivera com eles.








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