NOTA POLÍTICA
VOCÊ CONHECE O EVANGÉLICO MANOEL DA CONCEIÇÃO SANTOS?
MANOEL DA CONCEIÇÃO SANTOS, GUERREIRO DO POVO BRASILEIRO E O GOV.FLÁVIO DINO
“NÓS NÃO VIVÍAMOS NUMA DITADURA, VIVÍAMOS NUM MILITARISMO VIGIADO... O BRASIL NUNCA CHEGOU SER UMA DITADURA DAQUELA DE OU VOCÊ ESTÁ A FAVOR OU ESTÁ MORTO”. ( Zezé de Camargo PULHANDO)
Existem assuntos, que apesar de não atrairem a atenção, quando atravessamos um grave momento político como agora, mas sabendo da fala desse idiota do Zezé de Camargo, minha memória atiça e encontro lá nos infinitos, fatos que fazem parte da história deste nosso País. Guardados, não podemos apagar da história, especialmente quando atravessamos tempos medonhos, cheios de violência, de ataques pessoais, de ódio, de corrupção, de golpe, de mentiras e o resto vocês sabem mais que bem.
A presença de certos “evangélicos”, me fez lembrar alguns que perderam suas vidas durante a ditadura civil-militar, patriotas que transformaram a fé em ações de cuidado e defesa da pátria e ao contrário dos atuais deputados evangélicos que se venderam no impeachment quando apenas tres votaram contra e muito recentemente quando o voto da Bancada Evangélica foi, em sua maioria, a favor do arquivamento da denúncia contra o presidente Michel Temer por corrupção passiva, por dinheiro.
Quando vejo uma foto do ex-Eduardo Cunha, com sua imponência, hoje na cadeia, não sei por quanto tempo, até porque carrega um saco igual as malas do Geddel, penso que aquele senhor é um evangélico, que já percorreu quase uma dezena de cargos nos poderes, e que sempre tirou proveito financeiro por onde passou até chegar a Presidência da Câmara pagando aos colegas deputados, especialmente aos evangélicos, por cada voto que o elegeram e aí assistimos ao show mais grotesco patrocinado por autoridades que foram eleitos para legislar para e pelo país.
E neste momento, gostaria de lembrar a figura de Manoel da Conceição Santos, maranhense, da Assembleia de Deus que aprendeu com o Movimento de Educação de Base o sentido das injustiças que sofria e sobre seus direitos como trabalhador.
Em 1964, com o golpe,foi ferido na perna e depois de seis dias de prisão, teve gangrena e a perna amputada. Preso novamente, foi sequestrado por agentes do DOI-CODI e levado para o Rio de Janeiro. Na “antessala do inferno” do quartel da Tijuca (nome dado pelos próprios agentes), a perna mecânica foi arrancada e ele foi colocado nu na “geladeira”, a solitária, onde era tratado literalmente a pão e água e torturado.
Entre idas e vindas ao hospital para ser mantido vivo, além das práticas convencionais como choque elétrico, pau-de-arara e espancamento, o sindicalista foi pendurado ao teto e teve o órgão sexual preso por um prego em cima de uma mesa. Santos saiu vivo para ser julgado, graças à campanha feita no Brasil e no exterior contra o seu sofrimento. Igrejas católicas e evangélicas da Europa e dos EUA protestaram contra a prisão e o desaparecimento do sindicalista, e enviaram cartas ao general Emílio Médici.
Em 1972, Santos foi condenado e cumpriu três anos de prisão. Quando libertado, foi hospitalizado em São Paulo, com o auxílio dos bispos católicos D. Aloísio Lorscheider e D. Paulo Evaristo Arns e do pastor presbiteriano Jaime Wright. Por causa da tortura, o homem urinava por meio de uma sonda e ficou impotente por anos. Meses depois, a casa onde estava foi invadida por policiais, que o levaram para o DEOPS, onde sofreu novas torturas.
O papa Paulo VI enviou telegrama ao general Ernesto Geisel exigindo a libertação do sindicalista evangélico. No fim de 1975, foi finalmente solto e teve o exílio por salvação. Retornou ao Brasil com a anistia de 1979. Aos 83 anos, continua a dar testemunho de sua vida e de sua fé no Deus da verdade e da justiça que conheceu.
Uma entrevista recente do cantor Zezé di Camargo, que se declara politizado, chamou a atenção. Ele disse a Leda Nagle: “Nós não vivíamos numa ditadura, vivíamos num militarismo vigiado... O Brasil nunca chegou ser uma ditadura daquela de ou você está a favor ou está morto”.
Um retrato dos tempos medonhos que vivemos, difíceis de interpretar. Tempos em que há até mesmo gente que se denomina “de bem” a pedir a volta do regime militar, este mesmo que criou a “antessala do inferno” para Santos e outros como:
Juarez Guimarães de Brito, integrante da Igreja Presbiteriana, sociólogo, trabalhou na Sudene. Atuou em várias organizações de oposição durante a ditadura e foi morto pela repressão, vítima de emboscada no Rio de Janeiro, em 1970.
Os três irmãos Daniel, Joel e Devanir José de Carvalho foram vítimas da ditadura. Daniel e Joel desapareceram aos 28 e aos 26 anos, e Devanir foi morto aos 28 no DOPs. Eram de família migrante de Minas Gerais, integrantes da Igreja Metodista e metalúrgicos no ABC Paulista.
Heleny Telles Ferreira Guariba desapareceu aos 30 anos. Integrava a Igreja Metodista em São Paulo. Filósofa e teatróloga, sofreu censura em seu trabalho depois do AI-5 Lá sofreu a tortura que lhe provocou grave hemorragia. Solta em abril de 1971, preparava-se para deixar o País quando foi novamente presa (em julho) e desapareceu. Uma testemunha viu uma moça no sítio clandestino da ditadura em Petrópolis (RJ), conhecido como “Casa da Morte”. Pelo registro, ela foi torturada durante três dias com choques elétricos na vagina e morreu.
Ivan Motta Dias desapareceu aos 29 anos. Frequentava a Igreja Presbiteriana no Rio de Janeiro e atuava no movimento estudantil. Foi preso no 30º Congresso da UNE, em Ibiúna (SP). Preso novamente em maio de 1971 por agentes da Aeronáutica no Rio de Janeiro, desapareceu. A mesma testemunha também teve informação da presença de Ivan Dias na “Casa da Morte”.
Paulo Stuart Wright, desaparecido aos 40 anos, era da Igreja Presbiteriana e secretário regional da União Cristã dos Estudantes do Brasil (UCEB). Foi o primeiro candidato evangélico à prefeitura de Joçaba (SC), em 1960, pelo PTB. Em 1973, foi sequestrado e levado ao DOI-CODI/SP. Testemunhas declararam que ele foi torturado e morto.
HISTÓRIAS DE VIDA E DE COMPROMISSO COM A JUSTIÇA DE PATRIOTAS EVANGÉLICOS, DIFERENTES DE NOSSOS EVANGELICOS CONTEMPORÂNEOS, QUE COM SEU COMPORTAMENTO INCENTIVAM QUE A POPULAÇÃO FIQUE PEDINDO A VOLTA DOS MILITARES. QUE VERGONHA!
Maristela Farias – Jornalista DRT 1778/PE
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