CARTA DE DOM ORVANDIL MOREIRA BARBOSA Á MINISTRA CARMEN LUCIA
Colabore com o Cartas Proféticas que analisa as notícias, busca os nexos com o todo, com as causas e os efeitos e critica propositivamente.
Prezada Senhora ministra Carmén Lúcia,
Presidenta
do STF, Brasília, DF.
Sem
ser desrespeitoso com sua pessoa nem com sua investidura como
ministra e presidenta do STF, dirijo-me à senhora numa linguagem não
protocolar, senhora Cármen.
Sabe-se
que ninguém nem instituição alguma têm o poder da neutralidade ao
ponto de existir a serviço de duas classes antagônicas, com
projetos contraditórios e interesses contrários.
A
pessoa ou instituição move-se a serviço de uma ou de outra.
Daqui
do mundo da maioria, do mundo do trabalho e da produção, presidenta
Cármen, temos a clara percepção de que a senhora e seu STF
abandonaram o povo brasileiro e a justiça com verdade.
Dois
exemplos falam por si. Um é com relação ao golpe de Estado dado
por um impeachment que puniu a Presidenta Dilma Rousseff e a
democracia, afastando ambas do poder com base em argumentos
falaciosos, mentirosos, vazios e criminosos ao rasgar a Constituição.
O
grave desse golpe foi o fato de as seções do senado, claro, nesse
sentido cumprindo o ritual legal, mas de modo injusto, com o próprio
STF, através de seu então presidente, presidindo o golpe e, ainda
se aproveitando oportunisticamente para pedir aumento salarial a
favor dos ministros dessa pobre corte, presidiu seções plenas de
canalhices, de ódio, de falta de respeito, com mentiras das mais
gritantes e ainda ameaçou de prender um senador porque ele acusou
outro de ser desqualificado, no que o parlamentar ameaçado por
Ricardo Lewandowski tinha razão.
Mais
ameaçador, triste e lamentável é o fato dessa corte, que se
rebaixa a cada dia, continuar a respaldar vergonhosamente o golpe.
A
omissão do STF diante dos desmandos absolutamente atentatórios à
honra do Brasil, do povo brasileiro, da democracia e da soberania
nacional ao permitir que homens e mulheres manchem o Congresso
Nacional com calamitosas corrupções e massacre de direitos é
extraordinariamente desumano e vergonhoso.
A
desonra é reforçada pelo seu STF quando respalda o golpe mantendo
Michel Temer à frente do governo do Brasil, ainda que quase 100% de
nosso povo, a maioria absoluta aqui do vale a quem a sua corte virou
as costas na mais descarada desfaçatez nos seguidos sinais de
omissão diante dos atentados à ética nacional.
O
segundo exemplo foi dado pela senhora mesma ao desempatar o placar
que levaria seu STF a punir o sacripanta desonrado Aécio Neves, a
ser investigado, julgado e punido pelo judiciário por ser um dos
maiores e mais indignos cidadãos a ocupar imerecidamente uma cadeira
naquela casa virada antro de canalhas.
Com
sua atitude, presidenta Cármen, a senhora arrastou para nossos dias
e para o Brasil o gesto covarde e imoral de Pilatos ao lavar as mãos
sem responsabilidade e gaguejando, quando deveria assumir sua missão
de fazer justiça.
Portanto,
como um membro do povo brasileiro, que está do lado contrário ao
assumido pelo judiciário, há muito parcial, classista, opressor e
demagogo, venho apelar à mulher que preside esta rebaixada corte.
Como
mulher sua feminilidade combina com soberania, a do Brasil, desde o
golpe, obediente ao mercado e ao imperialismo, pais das guerras, dos
roubos do suor, do subsolo e das riquezas do Brasil, transferidas
para mãos privilegiadas.
Sua
feminilidade, presidenta Cármen, se harmoniza com democracia, agora
sufocada pela assunção da quadrilha golpista ao poder, que usa o
Estado como caminho complexo para roubar malas de dinheiro, a força
do trabalho, para desempregar, para destruir nossa base produtiva e
para nos envergonhar.
Mulher
honrada e séria afina-se com a justiça, essa fêmea que deste a era
mitológica, é capaz de arrancar as vendas das limitações e
entregar-se na defesa dos injustiçados.
Ora,
ministra e presidenta Cármen Lúcia, a senhora preside o STF e, por
este fato e pelo de integrar a suprema corte de justiça, tem a
oportunidade de comungar e solidarizar-se com a alma feminina
estuprada quando a soberania do Brasil fez-se farsa sob farsantes e
desonestos.
Comungar
com a alma feminina ao bradar contra o massacre e estupro da
democracia quando a Constituição, sob a guarda do poder que a
senhora preside, também foi alvo de ejaculações perversas e
iníquas por quadrilheiros imorais.
Sua
alma feminina é conclamada a tomar postura a favor da justiça, que
no pais do golpe foi feita discurso hipócrita e arma de manobra
fascista e parcial.
Daqui
deste lado do Brasil, do meio do povo, dos trabalhadores/as e da
sociedade honrada, conclamamos a que a senhora dê seu brado contra o
golpe de Estado e paute o mais rapidamente a cura da Nação e, aos
olhos desta "Pátria amada, mãe gentil", leve para o
plenário do STF o debate e a decisão sobre a anulação da chaga
denominada de impeachment.
O
Brasil e o nosso povo aqui não aguentamos mais tanta desonra, e dor
causados pelo golpe de Estado através da vergonhosa farsa chamada
impeachment, também contra a presidência exercida por uma mulher
como a senhora.
Prezada
presidenta e ministra do Supremo Tribunal Federal, por favor, em nome
do Brasil e a favor dele assuma seu papel e o lugar que lhe cabe na
história como a mulher que tem coragem e honradez de desfazer o mal
que achincalha nosso País através deste maldito impeachment, que se
tornou legítima ponte para o inferno.
Dom
Orvandil Moreira Barbosa.
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