"Cem Anos Sem Chibata" Documentário mostra a revolta que pois fim ao uso da chibata pela Marinha de Guerra antiga
por Marcos Manhăes Marins
Em Dezembro de 1912, o líder da Revolta que acabou com a Chibata na Marinha de Guerra, João Cândido, foi solto da Ilha das Cobras, absolvido pelo CONSELHO DE GUERRA. Ficou 2 anos preso injustamente portanto. Estavam anistiados pelo Governo os marinheiros de 1910 e foram presos, torturados, mortos, ou no mínimo expulsos.
Na novela Lado a Lado, Camila Pitanga está linda, a fotografia e a direção de arte, impecáveis, mas ali só se mencionou a Revolta da Chibata, assim como se mencionou a Revolta da Vacina: de passagem.
Sequer mostrou o líder maior da revolta, João Cândido, que foi apenas citado em conversas do personagem "Zé Maria" do astro Lázaro Ramos (ótimo ator) com seu colega de capoeira. Por isso, continua sendo MUITO NECESSÁRIO o projeto do longa CHIBATA, que está aprovado na ANCINE e estamos tentando viabilizar para 2013.
A novela Lado a Lado não esclareceu muita coisa. Não mostrou o líder da revolta, João Cândido, imagine só. O personagem "Zé Maria" do astro Lázaro Ramos apenas menciona um tal marinheiro João Cândido que estaria num outro navio. A Globo não mostrou nem quem foi, nem de onde surgiu o líder maior da revolta, o comandante da esquadra rebelde com 4 dos maiores navios do mundo, tripulados com 2.379 marinheiros.
Não mostrou que a CAUSA de existir chibata na Marinha era manter a diferença social enorme entre oficiais e marinheiros. Era ter 90% dos marinheiros negros e pobres, enquanto 100% dos oficiais eram brancos e ricos, fazendeiros ou ex-nobres. Em 1910, 22 anos após o fim da Abolição, 21 anos após o decreto presidencial número 3 da república, proibindo castigos corporais nas forças armadas, a orientação dos Almirantes era chicotear os servidores públicos, militares defensores da pátria, do nosso Brasil, no litoral e no exterior. Almirantes todos velhos de 80 anos ou mais, que tinham vivido suas vidas inteiras mandando chicotear escravos em suas fazendas e acreditavam que era o jeito certo de tratar os trabalhadores da terra e do mar. Nem a Globo mostrou as CONSEQUÊNCIAS da Revolta. Não mostrou que a chibata acabou não pela bondade do governo ou da Marinha, muito pelo contrário.
A chibata acabou, não existiu após 1910, mas pelo derramamento desnecessário de sangue dos marinheiros revoltosos, por pura vingança dos oficiais que se sentiram ofendidos com a audácia dos marinheiros negros. Dos 2379 marinheiros revoltosos, que comandaram sozinhos os 4 navios, com 100 canhões apontados para a cidade do Rio de Janeiro, então capital do país (imagine se a Marinha iria perdoar algum dia isso?), o Governo, a Marinha, o Exército com a aprovação do Senado (aprovou o estado de sítio, com apenas o voto contrário de Rui Barbosa, que também não era santo, mas era contra tudo o que o presidente Hermes quisesse, pois tinha perdido as eleições para ele), comandaram uma matança que até hoje ainda não foi totalmente revelada.
Fontes informam que cerca de 200 marinheiros foram mortos em dependências do Estado Nacional, já rendidos, presos em celas na Ilha das Cobras, amarrados no navio cargueiro Satélite que os deportavam, nos porões dos quartéis e nas ruas, além dos que foram arremessadosdoentes nos seringais do Acre.
UMA COISA é contabilizar 6 marinheiros e 6 oficiais que morreram em situação de combate, durante a revolta de novembro e dias seguintes.No navio Minas Gerais, 3 oficiais e 4 marinheiros. No Navio Bahia, um oficial e um marinheiro. No São Paulo, um oficial. No cruzador Rio Grande do Sul, dias após a anistia, um oficial e um marinheiro.OUTRA bem diferente é a covardia de assassinar homens encurralados.Foram duzentos marinheiros mortos, já presos, rendidos, amarrados, e 2000 expulsos, eliminando o contingente de marinheiros ex-rebelados e anistiados por um decreto presidencial aprovado pela Câmara e pelo Senado Federal em novembro. Uma traição sem igual. Isso não foi mostrado, MAS também acredito não era o objetivo. Por isso é que precisamos filmar O NOSSO LONGA METRAGEM reconstituindo a saga do marinheiro João Cândido Felisberto e sua participação como organizador e comandante da esquadra da Revolta da Chibata em 1910. O nome deste longa-metragem é CHIBATA(A Vida de João Cândido) e tem tentado se viabilizar desde 2006, quando seu roteiro foi registrado na Biblioteca Nacional. Acompanhem o projeto.
O EPISÓDIO HISTÓRICO não foi uma coisa menor como pode ter ficado parecendo. Ele foi notícia no THE NEW YORK TIMES, no LE MONDE, no LE FIGARO, em todos os jornais do mundo em 1910. Não ocorreu de improviso, mas foi preparado por 2 anos, inclusive durante a construção dos novos navios, em estaleiros e hotéis da Inglaterra.
NÃO PRECISAMOS de uma super-produção, mas de um filme que conte a melhor verdade, com coragem de rechaçar a versão corrente que a Ditadura comprou da Marinha, e através de livros censurados, as escolas nos vendem, de que num belo dia, um marujo tomou 250 chibatadas e os marinheiros se indignaram e atacaram os oficiais.Ou de que foi obra de alguns poucos maus oficiais. Não, a ordem era geral, e os oficiais despreparados eram a MAIORIA, isso é dito pelos almirantes entrevistados no documentário CEM ANOS SEM CHIBATA.
Se tivesse sido algo ocorrido no calor da indignação momentânea, não se teria conseguido adesão de milhares de marinheiros e de 6 navios que depois concentraram os marinheiros nos 4 maiores. Não teriam conseguido se manter tantos dias, alimentados, e sem ser atacados por terra. Tinham tudo planejado. Isto está comprovado.
E a Revolta não foi só drama e tristeza. Durante os 4 dias em que os marujos estavam no poder absoluto, dançaram maxixe, cantaram, tocaram, só não beberam, porque era uma determinação dos líderes.
NÃO PRECISAMOS de um João Cândido super-herói coberto de GLICERINA para virar um negro fantástico, brilhante, um personagem falsamente sem defeitos ou fraquezas, mas de um homem real, de carne e osso.
E alma. João Cândido teve dúvidas como todos nós. Depois da Revolta no desespero de recuperar trabalho, deixou-se encantar pela promessa dos oficiais da Marinha que se filiaram ao Partido Integralista, o único partido que aceitava mulheres e negros em seus quadros. Se encantou como se encantou DOM HÉLDER CÂMARA e ABDIAS NASCIMENTO(!).
Não precisamos forjar um falso líder de esquerda, só trazer o homem de coragem que, tal como o Ministro Joaquim Barbosa, se expõe/luta, mas comete erros, como todo ser humano. Não é necessário glamour.
Precisamos de um SUPERDRAMA de baixo orçamento, condizente com o Brasil. Criatividade e simplicidade. Coragem e Verdade.
O DOCUMENTÁRIO é um chamamento e uma preparação para o LONGA.Desde 1997, a equipe do projeto desenvolve uma intensa pesquisa.Antonio Pitanga será João Cândido depondo no MIS em 1968.
Na equipe do curta que confirmou fazer o longa: Jorge Monclar, que fez a fotografia de GARRINCHA e Alvarina Souza e Silva, que fez a produção executiva de QUEM MATOU PIXOTE, do José Joffily.
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SEXTA-FEIRA 21 DE DEZEMBRO, horário de Brasília: 22h (horário ideal pra ver de EUA/Canadá onde será 16-19h) Em LOS ANGELES, 16h. Em NOVA IORQUE, 19h. No Peru:18h!
DOMINGO, 23 DE DEZEMBRO, horário de Brasília: 11h (horário ideal para quem está na Europa/África/Ásia)
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Faixa da programação TV BRASIL Int.: ESPECIAL BRASIL
RESUMO DO DOCUMENTÁRIO:
http://tvbrasil.ebc.com.br/docespecial/episodio/cem-anos-sem-chibata-0
"Cem Anos Sem Chibata"
Documentário mostra a revolta que pois fim ao uso da chibata pela Marinha de Guerra antiga.
Cem Anos Sem Chibata
A Revolta da Chibata é lembrada no documentário Cem Anos Sem Chibata, dirigido por Marcos Manhães Marins, e com a participação de historiadores brasileiros e estrangeiros, parentes de João Cândido, líderes de movimentos sociais, marinheiros, almirantes, e do ator Antnio Pitanga.
O documentário de média duração, 52 minutos, contém trechos do único registro de voz de João Cândido, "depoimento para posteridade", dado em entrevista a Ricardo Cravo Albin, no Museu da Imagem e do Som, em 1968. Cem Anos Sem Chibata confronta a história oficial com a historiografia acadêmica
e a tradição oral, para revelar melhor as causas e consequências da revolta que acabou com a chibata pela Marinha de Guerra antiga.
A revolta aconteceu em 1910, na Marinha do Brasil. Naquela época, recorria-se ao recrutamento forçado para a população mais pobre. Além disso, parte do contingente de marinheiros vinha das delegacias e outra de escolas de aprendizes, reunindo nos navios jovens com formações distintas. Com base nesta justificativa, os almirantes da época, senhores idosos, brancos e ricos, que tinham aplicado chibata nos escravos de suas fazendas por décadas, continuavam recomendando aos oficiais os castigos físicos nos praças (marinheiros, cabos e sargentos), em sua absoluta maioria negros. Os motivos iam de desvios de conduta graves a atos de indisciplina banais, e assim a Marinha, 22 anos após a Abolição, desrespeitava o decreto presidencial número 3 de 1889 que havia proibido os castigos nas Forças Armadas da república.
Na história da Marinha de Guerra, não eram incomuns os casos de açoitamento com 500 chibatadas ou mais. Aproximando-se de 1910, o ano em que chegariam ao Brasil os mais potentes navios do mundo encomendados pelo Brasil à Inglaterra, acirravam-se os descontentamentos com as condições desumanas de trabalho, e consequentemente aumentavam as punições. Era também comum a obrigatoriedade dos demais marinheiros assistirem ao castigo perfilados no convés, o que aumentava a indignação e o desejo dos marinheiros de colocarem um fim naquela situação. Tentaram pedir diretamente ao presidente da
República o fim da Chibata. Tentaram a imprensa, mas não foram ouvidos. Iriam fazer uma demonstração de força no dia 25 de Novembro de 1910, a data estava marcada.
Entretanto, a condenação de Marcelino Rodrigues a 250 chibatadas em frente de toda a tripulação, em 21 de Novembro, antecipou para a noite de 22 de novembro a rebelião. Eles tomaram primeiro o controle do navio Encouraçado Minas Gerais. Dos demais navios preparados para aderirem à ação planejada
nos meses anteriores, três o fizeram: o Encouraçado São Paulo, o Cruzador Bahia (ambos chegados ao Brasil em 1910, recém-fabricados na Inglaterra juntos com o Minas Gerais) e o ainda firme Encouraçado Deodoro. O líder da revolta, que comandou a Esquadra Revoltada, tripulada somente por praças,
foi o marinheiro João Cândido.
O comandante do Minas Gerais, junto com outros dois oficiais, acabou sendo morto, e o conflito ganhou dimensões de luta armada, ocorrendo morte também do lado dos marinheiros e de mais dois oficiais nos navios São Paulo e Bahia. Por iniciativa do senador Rui Barbosa, o então presidente Hermes da
Fonseca aprovou uma proposta que atendia os marinheiros e ainda lhes concedia anistia, ou seja, eles não seriam presos.
O presidente da República ficou sem saída, uma vez que os navios estavam ancorados na Baía de Guanabara, com canhões apontados diretamente para o centro da cidade do Rio de Janeiro, então capital do país. Dessa forma, os revoltosos depuseram armas e se entregaram às autoridades. As reivindicações
dos rebelados eram três: o fim dos castigos corporais, a melhoria do soldo e uma melhor tabela de horários.
Os castigos foram realmente encerrados, porém, a anistia não ocorreu. Os líderes do movimento foram presos, entre eles João Cândido. As condições no cárcere eram extremamente degradantes e muitos desses líderes morreram na prisão por asfixia, ou fuzilados no navio cargueiro que os deportava, já
rendidos. No computo total, as fontes revelam que dos 2379 revoltosos, 2000 marinheiros foram expulsos e 200 foram presos e mortos. João Cândido, porém, sobreviveu e acabou absolvido junto com outros nove companheiros em julgamento do Conselho de Guerra realizado em 1912. Faleceu em 1969, pobre,
sem nunca ter recebido indenização pelos dois anos de prisão injusta e pelos maus-tratos a que foi submetido. Na época, através de artigos de jornais, ficou conhecido como o Almirante Negro. Reprise. 52 min.
Ano: 2010. País: Brasil. Gênero: documentário. Direção: Marcos Manhães Marins
Fonte: Lista Racial
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